Quando a lua chama...
O resto do dia passou como um sábado normal. Sirius e Tiago fizeram o trabalho de Herbologia (50 cm de pergaminho revisando a matéria de Herbologia dos anos anteriores) em menos de meia hora, eram muito inteligentes e com o trabalho de Lupin nas mãos tudo ficou mais fácil. Pouco antes do por do sol, perto das seis da tarde, Sirius foi buscar comida para os marotos, já que perderiam a hora do jantar. Sirius sorriu com esse pensamento enquanto descia as escadas em movimento.
Passou por alguns corredores cumprimentado os colegas de sua própria casa e das outras duas, já que não se relacionava com ninguém de Sonserina. Já bastava toda sua família ter pertencido a sua casa e seu irmão Régulo estar cursando seu segundo ano naquela casa. Finalmente ele alcançou as escadas que o levavam ao quadro de uma fruteira e fez cócegas na pêra, que se mexeu e riu antes de revelar a Black uma maçaneta. Ele girou-a e se deparou com um monte de elfos correndo daqui para ali, preparando comida e limpando qualquer pó que surgisse. Assim que pisou do lado de dentro mais de cinco elfos vieram atendê-lo sorridentes, lhe oferecendo biscoitos e chá.
Sirius pegou um biscoito e recusou as outras ofertas, deixando os elfos desapontados. Então ele se virou para um que parecia particularmente magoado com a dispensa de Black e pediu:
-Será que você poderia me arranjar um pouco de comida, para quatro pessoas na verdade?
-Claro senhor, nesse momento! –Disse o elfo fazendo uma reverência extremamente exagerada e correndo pela cozinha. Dois elfos trouxeram uma cadeira para Sirius se sentar e outro insistia que ele tomasse um pouco do chá. Ele fez um aceno com a mão e sorriu para aquelas pequenas criaturinhas tão dispostas a servi-lo. Não demorou nem um minuto e o elfo a quem Sirius tinha pedido reapareceu.
Em seus braços ele trazia quatro pratos gigantescos completamente abarrotados de comida: costelas, batata, pernil, tortas salgadas e doces, pudim... Sirius tirou a varinha do bolso e recitou o feitiço
-Accio caixa! –Quase instantaneamente uma caixa de uvas voou para Black. Ele tirou as uvas de dentro e começou a inserir os alimentos que não fariam bagunça, como a torta salgada e dois pedaços de costela. Ele sorriu e agradeceu aos elfos antes de partir de volta a torre da Grifinória. Antes mesmo de chegar as escadas ele ouviu a voz de um aluno.
-Que cheiro de... Costelas! Não está meio cedo para o jantar-Perguntava ele ao amigo. Sirius apenas tomou o corredor da direita para evitar mais alunos e continuou seu caminho. Ao chegar ao quadro da mulher gorda que o deixou passar após a senha ele subiu apressado para o dormitório, antes que alguém notasse na caixa em suas mãos. Seus três amigos já o esperavam.
-O que temos de jantar hoje Almofadinhas? Espero que seja um jantar digno da senhora Black!
-Cala a boca Pontas. –Sorriu Sirius. Ele se sentou em sua cama e o primeiro a se sentar ao seu lado foi Pedro Pettigrew. –E se contenha Rabicho. As costelas são pro Aluado, que precisa estar sem fome e se comportar. –Brincou ele.
-Parecem muito boas. –Disse Remo Lupin pegando uma delas e colocando na boca. –Qual foi o elfo que te entregou?
-Eu sei lá! Pra que eu ia perguntar o nome dele? Já basta saber o de um elfo doméstico: Monstro.
-Nem todos os elfos são como ele sabia? –Perguntou Lupin.
-Mas ele é sem dúvida o mais marcante. Senhora Black, seu filho rebelde e indigno de esperança trouxe mais um traidor para sua humilde casa, está sujando o chão que eu acabei de limpar! – Disse Tiago numa voz bem imitada do elfo doméstico da casa de Sirius. Todos riram, embora Lupin não estivesse muito empolgado.
A torta salgada acabou rápido demais, mas a doce foi saboreada aos poucos pelos marotos sorridentes e satisfeitos. Remo olhou para a janela e então para o relógio dependurado entre a cama de Tiago e Sirius.
-Temos que ir. –Falou ele apressado.
-Muito bem, Rabicho vai na frente e imobiliza o salgueiro. Aluado, você vai com a capa. Eu e Pontas vamos usar o mapa pra ninguém nos ver. O QUE ESTÁ ESPERANDO RABICHO? –Perguntou Sirius impaciente.
-Ah, sim, claro, desculpem. –Ele encostou a varinha em sua cabeça e começou a diminuir consideravelmente de tamanho. De repente suas orelhas cresceram e também os seus dentes da frente. Sua testa se alongou e ele continuou a diminuir, até que onde ele estava segundos antes não havia nada alem de um rato com um longo rabo. O ratinho passou pela porta do dormitório e se esgueirou pelas escadas de forma que ninguém o visse.
Tiago entregou uma capa grande e aveludada a Lupin, que assim que a vestiu desapareceu. Então ele pegou um pedaço de pergaminho dentro do malão e abriu diante de Sirius. Os dois disseram em uníssono:
-Juro solenemente não fazer nada de bom. –Sirius olhou para Tiago e os dois sorriram enquanto linhas e mais linhas surgiam no papel, como se alguém tivesse derramado um tinteiro sobre o pergaminho. As palavras começaram a surgir “Os senhores Aluado, Almofadinhas, Rabicho e Pontas tem o prazer de apresentar... O mapa do maroto”.
Sirius desdobrou a primeira parte inúmeros pontinhos moviam-se pelo papel, acompanhados de seus respectivos nomes. Ele observou o pontinho que dizia “Remo Lupin” descer as escadas e passar por inúmeras pessoas que não notam sua presença. “Pedro Pettigrew” já estava nos jardins, bem próximo ao salgueiro lutador.
-Vamos? –Sugeriu Tiago. Assim os dois amigos desceram as escadas, Sirius com o mapa no bolso de trás e Tiago brincando com seu pomo de ouro, chamando bastante atenção pelos alunos que passavam. Sirius e Tiago eram extremamente inteligentes, bonitos e populares, e o sorriso travesso que levavam no rosto naquela noite não ajudava a passarem despercebidos. Fingindo que estavam indo jantar eles acompanharam os amigos até o salão, onde desviaram o caminho sorrateiramente e se esconderam em uma esquina. Sirius tornou a abrir o mapa.
Uma quantidade considerável de pontinhos se localizava no salão, aguardando o jantar. Os outros saiam de suas casas para o mesmo fim. Os professores já se localizavam no salão, com exceção de Dumbledore, que caminhava de um lado para o outro em sua sala. O zelador por outro lado, se encontrava na única saída dos meninos: bem no meio da porta de entrada do castelo.
-O que vamos fazer?-Perguntou Sirius.
Tiago olhou ao seu redor –que se encontrava vazio- mas parou os olhos sobre um archote e ele sorriu.
-Vingardium Leviosa! – Instantaneamente a tocha se ergueu do metal que a prendia na parede e começou a flutuar fantasmagoricamente em direção aos meninos.
-Brilhante. –Disse Sirius sorrindo para Tiago. Com um aceno de varinha, Potter fez o archote deslizar pelo ar no corredor a sua frente, a caminho do portão. No mesmo instante eles ouviram a voz do zelador Apolíneo Pringle perguntar “Quem está aí?”. Tiago, observando o mapa, fez o archote ir até o a porta de entrada escutando os gritos “Suas crianças miseráveis apareçam já!” em seguida, fez o archote aumentar a velocidade e voar desesperadoramente pelo corredor, perseguido pelo zelador. Ele dirigiu o archote até uma sala de aula vazia e quando viram que Apolíneo já alcançava a tocha, ele desfez o feitiço. Acompanhado pelos calcanhares por Sirius, Tiago correu o mais rápido que pode e passaram pelo corredor, atravessou a porta e sentiu o gramado sobre seus pés.
O sol já se punha, se escondendo atrás das montanhas distantes e a lua cheia começava a subir pelo céu do crepúsculo.
-Vamos Sirius, não temos muito tempo. –Tiago aumentou a velocidade seguido pelo amigo. Sirius corria a plenos pulmões e de repente, BANG. Sirius cambaleou e perdeu o ritmo, quase espatifando no chão, Tiago não diminuiu.
Sirius olhou ao seu redor com os olhos semicerrados. Alguma coisa o atingira, alguma coisa grande. Mas não tinha nada a sua frente... Nem o menor sinal de vida. Observou cautelosamente a paisagem a sua direita, onde algo o atingira e o ar tremeluziu, literalmente. Foi como se um gás tivesse surgido do nada e começava se agrupar, formando o contorno de algo, de alguém. Sirius, boquiaberto, encarava chocado ninguém menos que Lyra Dellabatti.
-Almofadinhas, você está bem? –Perguntou Tiago já muito a frente. Sirius olhou para Lyra tentando –e não conseguindo- esconder a sua surpresa. Na mesma hora Lyra arregalou os olhos, muito aflita e levou o dedo indicador aos lábios, com um olhar suplicante. Tiago não conseguia vê-la por causa de um enorme arbusto entre os dois, mas Sirius entendeu imediatamente.
-Tudo bem sim, só tropecei.
-Então anda! Vamos perder a transformação... –E recomeçou a correr. Lyra murmurou “muito obrigada” sem deixar som algum sair de seus lábios, pegou a varinha e tocou a própria cabeça, desaparecendo novamente. Sirius sorriu e correu adiante, tentando alcançar o amigo.
O que será que ela estava fazendo por aqui? Perguntou-se Sirius. Mas a sua frente, Tiago tirou sua atenção, saltando em pleno ar se transformando em um deslumbrante veado, com uma galhada maciça e surpreendente. Sirius imitou o amigo, saltando e deixando para trás sua forma humana enquanto sentia os pêlos negros se balançarem contra o vento. Tocou as quatro patas no chão e correu ainda mais velozmente até o salgueiro lutador imobilizado.
Era difícil atravessar aquele corredor subterrâneo extremamente estreito, levando em consideração o tamanho dos dois animagos. Caminharam vagarosamente até que finalmente chegaram à casa assustadora de três andares, com janelas e portas trancafiadas e tampadas por inúmeras tábuas de madeira incrustadas de pregos enferrujados. Antes, era apenas uma casa vazia na vila de Hogsmeade, mas hoje em dia passou a ser conhecida por “Casa dos Gritos”, já que os moradores do vilarejo tremiam de medo dos uivos saídos de uma casa supostamente abandonada.
O enorme cachorro negro e o deslumbrante veado alcançaram o terceiro andar e se posicionaram ao lado do rato-Pettigrew. Sirius puxou a capa da invisibilidade e a manteve segura junto suas roupas e as de Tiago. Lupin, inconsolável, estava parado (ainda em forma humana) olhando para a janela. A lua já alcançara o topo do céu noturno, escuro e estrelado. Sua expressão se desfez e seus olhos se focaram na lua. Lupin começou a tremer freneticamente, sua ires amendoada pareceu derreter, cobrindo todo o olho e se tornando inteiramente negros. Remo aumentou de tamanho, estralou todos os ossos de seu corpo e sentiu a mente se extraviar, deixando todos os pensamentos sãos para trás.
Sirius conteu sua respiração de cachorro por um momento - não era nada confortável assistir Remo se transformar em lobisomem. Mas assim que ele deixou a forma humana e assumiu a forma monstruosa –dois metros de pele cinzenta coberta de pelos espessos e que não encobriam seus ossos quase expostos sob a pele fina- Sirius se sentiu mais seguro, sabia como era daqui pra frente.
O lobisomem sem despregar os olhos da lua soltou um uivo alto, contínuo e completamente arrepiante.
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