Capítulo 6
30/JANEIRO – 08:47h – QUINTA-FEIRA – ANTES DO SINAL BATER
Eu estou muito muito muito feliz, é verdade, mas acho realmente não ninguém deva me olhar torto ou tentar gritar comigo hoje. Quero dizer, eu não deveria estar ligando para as outras pessoas, considerando que vou viajar com um cara que conheço há sete dias, que por sinal acho que está se tornando um dos meninos mais legais do mundo que já conheci na vida, para uma cidade totalmente desconhecida (por mim) com a finalidade única e especial de comparecer a um show de uma das melhores bandas da atualidade. É de se pensar que com toda essa maravilhosa notícia (a melhor notícia dos últimos tempos para mim), eu somente sorria e diga um “haha, aham” para todos que se atreverem a me importunar, mas as coisas não funcionam desse jeito. Na verdade nunca funcionaram, pelo o que me lembre. E por mais que eu queira não me importar, sempre acabo me importando. Acho que tenho um complexo.
E, tudo bem, eu fiz uma coisa que não deveria fazer. Ou melhor, não fiz uma coisa que deveria fazer.
O Jason ficou de me ligar ontem à noite, mas não ligou (ah, ele nem esqueceu. Aposto como fez de propósito, só para bancar o ofendidinho. Que crianção. Desculpa, sei que ele é meu namorado, e eu o amo muito, mas às vezes ele é muito como um bacalhau morto), então, se ele não me ligou, eu não liguei para ele. Sei que fiz o jogo dele, mas Jason me deixou com muito odinho mortal depois de aparecer lá em casa do nada e ainda tratar o James como um cachorro de pirata sarnento. Nossa, como sou dramática e exagerada. Bom, eu sou mesmo. Acostume-se. Essa é a Lily Evans que vos faz ler tantas coisas ridículas. Sinto muito, pessoal. Mas... Bem, também não retornei o telefonema só para o meu namorado ver o quanto é ser tratado com patadas. Quero dizer, não com patadas, mas... com frieza. É. Isso. Aí.
E daí que eu mal pisei no pátio arborizado da escola – nem pude correr até a Alex para darmos gritinhos ao vento pelo show ou dizer um oi para todos – e o Jason me parou no meio do percurso com uma expressão de quem estava muito a fim de me bater (não que ele vá fazer isso algum dia, porque... bom, acho que não, pelo menos) ou de atirar alguma coisa em mim. Ele estava com raiva. Ha. O Jason com raiva. Dá licencinha, mas foi você que entrou na minha casa e foi super grosso com a minha visita e ainda por cima (imperdoável!) disse que “Piratas do Caribe” é um filme tosco. Desculpe, querido, mas tosco é o seu boné de Chris Brown que você nunca tira da cabeça, tá legal?
- Você não me ligou – ele atirou, com um olhar de dar medinho até no Papa.
- Você é que disse que me ligaria, lembra? – que saco, cara. Qual é o problema dele?
- E daí? Eu me esqueci. Você podia ter me retornado – ele retrucou todo achando que estava com a razão.
Eu quis dar cadernadas em meu rosto. Fala Sério. Por que tenho de ser atacada verbalmente pelo meu namorado logo pela manhã? Se algum dia eu chegar perto de ser presidente ou senadora ou prefeita ou sei lá mais o quê, vou totalmente fazer uma lei que proíba a ofensa verbal antes das dez da manhã. Sério mesmo, porque ninguém merece.
Eu estava superafim de mentir. De lhe dizer a mesma resposta, mas o ódinho mortal voltou com a maldade da Paris Hilton com o Perez Hilton e eu simplesmente lhe disse a verdade.
- Jason, você consegue me irritar muito de vez em quando, sabe. Eu não lhe liguei porque achei que você não merecia – pronto falei, agora ele vai fazer sei lá o que comigo.
- Mas o que foi que eu lhe fiz para você agir como essa maluca?
- Eu não estou maluca – informei-o, furiosa – E não acredito que está me perguntando isso! Será que você não parou para pensar nem por um minutinho o que fez ontem lá na minha casa? Ou o modo como agiu? – estourei.
- E eu deveria ter agido como? Ter apertado a mão daquele cara que eu nem sei quem é como se fosse o meu melhor amigo? – Jason riu de um modo que me fez lembrar Taylor. Aquilo me deixou ainda mais nervosa.
- Não, mas como se fosse o meu amigo – respondi, com o meu mau-humor piorando a cada segundo.
- Fala sério, você disse que ele só é seu parceiro de viola! Você não me disse que é seu amigo – Jason se chocou como se eu tivesse dito que o estava traindo com o Robert Pattinson.
Relevei o “viola”. Será que ninguém sabe quais aulas freqüento depois da escola?
- Acontece que qualquer pessoa da aula de violão ou de guitarra é meu amigo. Sabe por quê? – eu juro que estava tentando agir como uma lady super controlada, mas quem disse que sou controlada? Eu sou super estressadinha quando quero.
- Não, por quê? – ele me enfrentou.
- Porque é lá que sei que há amizade de verdade. Daquelas amizades que assistem “Piratas do Caribe” e não me dizem que sou a maior criança ou que o filme é tosco e que não querem desperdiçar uma tarde preciosa comigo vendo piratas correr de um lado para outro do oceano – falei.
- Ah, Lily, tenha dó. Acho que você esqueceu de tomar algum remédio hoje, não é? Fala Sério, você nunca foi assim!
- Você também não! – rebati.
- Tá bom, não dá para conversar com você. Para mim chega. Vou para a aula, para qualquer lugar. Quando você estiver menos atacada, procure-me, ok? – ele riu de um modo como se não estivesse acreditando no que estava acontecendo. Sem bem que eu era a que menos estava acreditando.
Então, sem nem mesmo eu dizer um “ok, tchau”, o Jason mudou seus pés de rumo e começou a entrar no prédio. Mas eu dei um grito mental e quis me bater. Droga.
- Espera, Jason – pedi.
- O que foi, hein? – ele me perguntou como se estivesse carregando uma baleia azul nas costas.
- Eu vou viajar no fim de semana. Não iremos poder sair – falei, torcendo para que ele somente dissesse “ok” e fosse embora de vez, antes que mais outras coisas acontecessem.
- Para onde você vai?
- Hum... Beadlow.
- O que você vai fazer lá? – ele estranhou muito, como se soubesse que é tudo mentira.
- Hum... passear com a minha avó – arrisquei.
- Você odeia a sua avó, Lily! – observou ele.
- É, mas não sei se contei a você, mas ela está hospedada lá em casa. Você até viu o meu avô, lembra? Então, ela quer que eu vá para Beadlow sei lá para quê. Não tenho saída – a cada segundo, mais confiança eu adquiria para continuar a mentir sobre aquilo.
Acho que nem ao menos corei um pouquinho, como sempre acontece quando minto. E isso me deixou muito aliviada.
- Sério mesmo?
- Claro! Pode perguntar para D. Julia – confirmei. Isso, Lily, enrosque-se no anzol. Ele vai pescar você rapidinho.
- Hum, acho melhor não. Sabe que ela não gosta de mim – ele rejeitou, com um jeito meio sem graça, agora.
- É verdade – concordei. Yes! É isso aí. Ele nunca vai descobrir a verdade. Nunca vai descobrir que não vou sair com ele para viajar com o cara que ele recém-odeia só porque é um ciumento obsessivo.
- Bom, vou indo – Jason fez um sinal com a cabeça.
- Certo. Também vou – sorri nem um pouco a vontade.
Jason saiu na frente e foi caminhando em passos largos. Rolando os olhos e gritando comigo mesma mentalmente, desisti.
- Jason? – berrei. Ele se virou para me olhar com uma expressão séria, mas ao mesmo tempo de alguém que esperava o presente de Natal – Eu amo você – falei menos alto, encolhendo os ombros. Acho que eu estava pedindo... desculpas. EU ESTAVA PEDINDO DESCULPAS? POR QUE EU ESTAVA FAZENDO AQUILO? NÃO ERA ELE QUE DEVERIA ESTAR FALANDO DAQUELE JEITO ESTÚPIDO DE MANTEIGA DERRETIDA?
Ele me lançou o meu sorriso. Morri, meu Deus. Awn, apesar de tudo, Jason é fofo como um cão Pitt Bull.
- Eu acho que eu amo mais – ele falou, agora retrocedendo e se aproximando de mim.
- Até parece – brinquei.
- Quer ver? – sua sobrancelha grossa subiu.
- Não aqui – falei. Ele me deu um beijo na bochecha e me abraçou. Foi meio estranho, porque acho que ouvi a voz irônica e escandalosa de Sirius gritando “ISSO NÃO É BEIJO DE VERDADE, LILY! BEIJA-O DIREITO, ENCRENCA!”. Se for ele – não somente minha imaginação -, vai voltar para casa atropelado.
A ira foi se dissipando e entrelaçamos nossos dedos. Passei pelos meus novos amigos – até mesmo Nichole estava no grupinho – e acenei. Não quis parecer muito esnobe, mas não pude parar para conversar, porque não queria desgrudar do calorzinho bom de Jason.
30/JANEIRO – 09:35h – QUINTA-FEIRA -AULA DE LITERATURA INGLESA
NOTA PESSOAL: implorar para a minha avó confirmar a história de que eu vou com ela para Beadlow. Não que eu esteja muito preocupada com isso, já que o Jason não gosta muito dela (e a recíproca é verdadeira). Só por precaução.
30/JANEIRO – 09:56h – QUINTA-FEIRA - AULA DE LITERATURA MUNDIAL
Por que temos DOIS períodos seguidos de literatura? Daqui a pouco vou enfiar o meu lápis nos meus dois olhos.
Agora falando sério, por que eu não falei a verdade para o Jason sobre a viagem até Beadlow? Nós prometemos um ao outro que nunca mentiríamos ou esconderíamos algo. Então, agora acho que não estou sendo muito verdadeira com ele. Mas, bom, será mesmo que estou me importando? Afinal, não tenho nem 2% de chance de ele descobrir o que realmente vou fazer lá e com quem. E o que ele tem a ver com o fato de eu sair com o James? Se o James fosse um terrorista americano que odiasse os iranianos, tudo bem, mas ele é bem bonzinho. Na verdade, é um dos meus melhores amigos. Será mesmo que o Jason pode me dizer com quem devo andar ou viajar? Eu não faço isso com ele, e olha que Jason anda com um monte de meninas tipo a Taylor e a Jamie por causa do time. Nenhuma vez tive um surto de ciúmes, mas porque sei que posso confiar nele (caso contrário não o estaria namorando, claro).
Ah, deixa para lá. É melhor eu prestar a atenção na aula, antes que o Sr. Ali resolva arrancar esse caderno das minhas mãos e ler tudo em voz alta. E ele totalmente faz isso. Já fez com a Taylor e a turma toda ficou sabendo que ela tinha ido para a cama com o Steven (mas isso foi antes de estar com o Zac. Foi na época do Justin. Depois disso eles terminaram, e ela “achou” o Zac).
30/JANEIRO – 10:08h – QUINTA-FEIRA - AULA DE BIOLOGIA
Estudar o corpo humano é muito chato, ainda que muito útil. Se começasse a prestar mais atenção no que a Sr Vell fala, provavelmente, eu salvaria um cara de um aneurisma fatal ou de um AVC. Ah, mas posso aprender tudo isso na TV ou na internet, então posso ficar viajando enquanto olho para fora da janela ou observando o time de futebol se aquecer. Aliás, até parece que não ficar ouvindo de fato qualquer professor de biologia vá fazer com que eu tire uma nota baixa. Apesar de não estar escutando tudo atentamente, acho que eu aprendo por osmose ou sei lá. Vai saber.
Por que não chega logo a hora do almoço? Estou morrendo de fome. Acho que meu estômago está rosnando para todos ouvirem aqui. Sem falar que preciso surtar um pouco com a Alex pelo show. E com o James, apesar de ele ser um menino e saber não surtar. Acho que o máximo de um surtamento que ele sabe demonstrar é um sorriso. Mas o Jason mal consegue fazer isso, então está valendo.
Eu deveria começar a perseguir a Lady Gaga. Ser a Lady Gaga é mais legal do que ser eu mesma. Pelo menos ela não precisa estudar nem ainda conviver (indiretamente) com a ex-melhor amiga, a quem traiu. Porém, se eu fosse a Lady Gaga estaria ocupada demais fazendo um show ou fazendo aulas de dança ou academia ou dando entrevista para poder viajar até Beadlow com um dos meus amigos para assistir ao show do Oasis, nesse fim de semana. Sem contar que se eu fosse ela, teria que usar aquelas roupas sinistras que todo mundo gosta (mas que com certeza NINGUÉM teria coragem de usar) e dançar daquela forma tão ambígua nos clipes.
30/JANEIRO – 11:32h – QUINTA-FEIRA - AULA DE QUÍMICA
Fala sério, ONDE vou usar essas fórmulas? Para que preciso saber sobre essas reações esquisitas que não aprendo nem decorando? Nem quero fazer química na faculdade ou me tornar uma cientista super sayajin. Se o James estivesse aqui, pelo menos poderíamos nos falar por papelzinho, mas ninguém faz aula de química comigo. Só a Sam, mas ela nem é mais minha amiga. Na verdade nunca foi, mas como eu andava com a Taylor, tínhamos uma relação, ao menos, harmônica. Ela ficava contando sobre os esmaltes e eu fingia que a ouvia. Acho que ela nunca notou que eu nunca ouvi de fato mais do que “Uh, isso daqui é um saco...”. Aliás, é a única frase que Sam diz. Acho que ela tem sérios problemas. Tipo, autistimo. Ou Dislexia. Ou as duas doenças O:
30/JANEIRO – 12:05h – QUINTA-FEIRA - ALMOÇO (FINALMENTE)
Awwwn, eu deveria parar de pensar que o Jason tem problemas ao tentar demonstrar os sentimentos.
Finalmente a aula de química acabou (e eu levei um advertência por passar o período todo escrevendo coisas que não tinham relação com o conteúdo da aula) e quis totalmente sair correndo para a mesa dos rejeitados. Eu ainda estava no corredor, tentando achar um modo de fazer com que o resto dos alunos parassem de me chutar e de me dar bolsadas – coisas comuns que sempre acontecem quando toca para a hora do almoço, quando alguém me puxou para um canto. Pensei que fosse o Sirius ou o James, porque eram mãos de menino. Mas descobri que não era o Sirius ou o James, era o Jason. Eu fiquei: “Jason, você está bem? O_O”, porque ele nunca me procura na escola, principalmente antes do almoço; ele só sai correndo para se encontrar com o time para conversar sobre lances e jogadas que eu nunca entendo. Eu totalmente ia perguntar isso, mas ele saiu falando antes que eu pudesse dizer alguma coisa.
- Ei, eu tive uma idéia. Já que não vamos nos encontrar no fim de semana podíamos nos ver amanhã à noite. Vou dar um jeito de sair do treino mais cedo e passo na sua casa. Que tal? – sua voz estava muito animada, como se nem tivesse me odiado a noite inteira.
Só que eu fiquei ainda mais “Jason, você está bem? O_O”. Tipo, sério? Ele nunca faz isso! O Jason totalmente dispensa as tarde e as noites de sexta-feira, para se “sacrificar” pelo time nos treinos! O que há com ele? O bichinho do romantismo, repentinamente, o mordeu? Que estranho.
- Hum. Wow, sério? Mas... – tudo bem, eu estava duvidando desse planinho misterioso e do nada dele.
- Podíamos jantar em algum lugar e depois fazer alguma coisa – sugeriu.
- Ah. Parece bem legal – falei.
Jantar e depois fazer alguma coisa é sempre tudo o que fazemos quando estamos juntos. Ele não consegue jantar na minha casa assistindo a um filme ou a um documentário sobre os golfinhos. E depois, sempre ou vamos para o boliche ou para a pista de patinação. Já decorei nossos encontros.
Em todo caso, acho que devo criar alguma expectativa quanto a esse encontro. Sair com Jason em plena sexta-feira é caso de post no Twitter.
- Legal, vou ver se consigo passar na sua casa lá pelas 7h – ele parecia bastante propenso a me dar um abraço ali na frente de todo mundo, mas acho que não queria que ninguém do time visse.
- Tudo bem – concordei.
Ele sorriu.
- Vou indo ali – disse-me e se mandou. É impressionante. Acho que ele tem vergonha de me namorar. Jason sempre consegue escapar na escola quando está comigo. É tão estranho e um pouco decepcionante. Às vezes me sinto rejeitada, mas sei que é somente o jeito dele.
30/JANEIRO – 12:35h – QUINTA-FEIRA - ALMOÇO
Depois de ter me encontrado com Jason, segui para o refeitório, como todos. Zora foi a primeira a chegar em mim, na fila das saladas. Eu estava pronta para depositar as folhas de sei-lá-o-que num molho todo esquisito em meu prato (achei que fosse alface com molho de sardinhas, porque sempre tem isso), quando ela bateu no meu braço.
- Não coma isso, estão dizendo que o molho é xixi do gato da cozinha.
Olhei-a enojada e larguei tudo na bacia.
- Eca – falei.
- Pois é, eu deveria espalhar cartazes pelos corredores alertando sobre essa comida de cachorro que nos fazem engolir todas as manhãs – ela disse com um tom irritado.
- Ah, faz sentido. Isso explica o meu pêlo sedoso e brilhante – falei, observando a bacia da maionese.
- Acho que essa gente da cozinha nem deve usar luvas. É como entrar na cozinha do Mc Donald’s. É caso de inspeção sanitária.
- É mesmo – concordei – Mas adivinha quem vai para Beadlow? – não me lembro se contei a ela.
- Você, eu sei. O Sirius me falou.
- Como o Sirius sabe?
- Dã, ele é o melhor amigo do James. É impossível o James saber de alguma coisa e o Sirius não ficar sabendo também.
- Ah é verdade.
- Mas e aí? Sério que vocês vão mesmo ir de trem e tal? Que viagem linda. Tira fotos da estrada para mim, hein – Zora brincou. Acho que ela não está muito bem-humorada hoje. Deve ser TPM. Quero dizer, ela brinca sempre, mas hoje seu tom de voz está muito tipo “você é um saco, sai da minha frente”.
- Vou tirar do show, né – falei.
- Por que o pai dele não mandou ingressos do Mika ou da Leona Lewis ou do David Cook? Quem é que se importa com o Oasis?
- Hum, eu me importo. Todo mundo sabe que gosto deles – respondi, ficando seriamente sem paciência com ela.
- Fala sério, você e o James são iguaizinhos – Zora rolou os olhos, parecendo profundamente entediada.
- Sei lá – dei de ombros.
Sentamo-nos e logo Nichole e Alex também apareceram.
- Cara, acho que tenho de fazer um manual de sobrevivência para você – Alex riu, olhando para Nichole.
- Por quê? – Zora quis saber – Ela deu oi para o Dillan Coop? – ela colocou as mãos na boca, chocada.
- Não. Ela jogou um papelzinho na Cassie Goelr – Alex falou.
- Wow, é pedir para morrer. Mas claro que poderia ser pior. Imagine se fosse na Taylor – Zora riu e olhou para mim de um modo que não gostei. Tinha desdém demais nos olhos dela. Fiz uma careta.
- Uau, acho que todos vocês odeiam essa Taylor, não é? – Nichole perguntou. Hoje ela está com um sobretudo roxo, um vestidinho preto muito curto, meia arrastão e uma bota Peter Pan. Acho que até mesmo ela sabe se vestir melhor do que eu. Não que eu não ache isso, mas geralmente não convivo com muitas meninas góticas.
- Mais ou menos. Na verdade é ela quem nos odeia. Mas a Lily pode totalmente odiá-la mais do que todos – Zora piscou para mim.
- Ah. Mas por quê? – Nichole fez uma cara tão inocente que quase me fez rir.
- Não é bem assim – Fiz cara feia para Zora e olhei para Nichole: - É que eu tenho uma coluna no jornal da escola e semana passada escrevi sobre os drogados – expliquei.
- Humm. E o que isso tem a ver com a Taylor? – ela perguntou.
Nossa, que menina lentinha hein. Acho que a tartaruga a vence na corrida.
- Tudo. A Taylor mata praticamente todos os primeiro períodos para se encontrar com os amiguinhos dela atrás do campo de basebol para fumar alguma droga – Zora falou.
- Woooow. Sério? – Nichole olhou para Taylor, que estava na mesa dos populares retocando a maquiagem, com uma pena digna de filme – Ela parece ser tão legal.
- Ha, vai por mim. A última coisa que a Taylor é, é legal. Principalmente com pessoas como nós. Você não se lembra de ontem, não? Ela praticamente a massacrou na frente de metade da escola – Zora perdeu o bom-humor de vez.
- Ah, é verdade. Mas coitada, cara. Será que ela não deveria procurar ajuda? – Nichole retornou.
- Ela está indo a um psicólogo, mas se psicólogos fossem a solução para todos os problemas do mundo não existiriam adultos problemáticos, não é? – Alex respondeu.
- Minha mãe faz terapia todas às quintas. Ela nunca melhorou da mania dela de esfregar as paredes durante os fins de semana – Zora falou.
- Que síndrome – riu Alex. Zora balançou a cabeça, confirmando.
*
Agora todos estavam à mesa, todos falando ao mesmo tempo, todos descontrolados e como sempre. É impressionante pensar o que eram meus almoços. Eles nunca tiveram tanta importância quanto têm agora, não somente pelas babaquices que falamos ou temos de ouvir, mas também porque ali, parece que é o meu único momento de paz verdadeiro. É o momento em que eu olho para meus novos amigos e constato: nunca tudo esteve tão certo, tão feliz e tão tranqüilo. Ainda que a mudança tenha sido radical, nada tão confortável do que estar ao meio de pessoas que me sinto segura, ainda sendo totalmente uma babaca. Porque também, em todo caso, sempre tem o Sirius para fazer ou dizer alguma besteira maior do que as minhas.
Eu tentava convencer a Zora (ainda) de que Oasis não é uma banda ruim. Sério, acho, realmente, que algumas pessoas deveriam andar com plaquinhas no pescoço que informassem seus respectivos humores, porque fica muito difícil conviver com uma bomba relógio sentimental. Tipo, só uma dica, sabe. Sem contar que eu não desconto as minhas frustrações, ou seja lá o que estiver sentindo, nos que estão ao meu redor. Totalmente não saio por aí me revoltando com cada um que cruza o meu caminho, acho um pouco chato e desrespeitoso. Quero dizer, tudo bem eu conversar com um amigo sobre as minhas confusões diárias, mas isso é muito diferente do que a Zora está fazendo, por exemplo. Eu só não lhe pergunto o que está rolando, porque é bem capaz de ela tentar arrancar meus braços e usá-los em algum experimento do mal que só ela sabe. Bom, amigos também agüentam as bobagens de outros, certo?
- Ok, Zo, mas você não pode querer ficar classificando uma banda baseada na vida pessoal dos integrantes, não é? Se fosse assim, seria impossível de eu amar o Nirvana, então – ah, eu estava muito perto de querer ser grossa com ela.
- Tá, mas você pode ter uma idéia geral do que pode vir...
- Nada a ver. Então, o quê? Toda vocalista religiosa tem que cantar música de igreja? – eu questionei. Zora fechou ainda mais a cara. Upa, eu a peguei.
- Ah, cala a boca – ela me revirou os olhos, sentindo que não tinha mais como me vencer ou me convencer.
- Sacou?
- Saquei, Lily, agora cala a boca, que eu quero continuar a almoçar, por favor, ok? – Zora me respondeu, super humor-zero.
Tenho que acrescentar que me senti um pouco magoada. Não sei por quê. Mas, bom, considerando que era a Zora, provavelmente quando melhorar vai me comprar uma barra de chocolate Hershey’s. Mas não pensei muito nisso, depois de James me cutucar. É impressionante o quanto ele adora fazer isso, principalmente se seus dedos alcançam minhas costelas. Até ali não tinha falado com ele e isso pareceu uma boa coisa quando finalmente o olhei. É tão normal querer falar com James depois de qualquer coisa.
- E então, acho que tudo isso teve um dedinho da sua avó, não é? – ele me perguntou e eu fiz cara de abobalhação.
- Tudo isso o quê? – é engraçado o quanto James sempre consegue lançar um assunto pela metade.
- O show do Oasis – James me falou.
- Ah. É, um pouco, mas como você sabe?
- É um tanto óbvio. Parece que ela nutre um sentimento muito estranho por mim – James riu.
Ah, não é bem assim. Ela nutre esse sentimento por James porque acha que pode nos juntar como um casal, já que detesta meu namorado.
- É – concordei, mas só para falar algo.
- A sua mãe está mesmo aceitando a idéia de nós viajarmos sozinhos de trem?
- Não muito, mas ela finge que não está ligando. É claro que está morrendo. Ela nunca me deixa viajar com um cara. O Jason me convidou para ir para Bournemouth ano passado e ela fez um escândalo, mesmo já estarmos namorando há tanto tempo que é difícil de acreditar – eu contei.
- Ah, mas talvez ela agiu assim porque é meio diferente, não é? Ele é seu namorado – James disse.
- E daí? Por isso mesmo que ela tinha que ter deixado. Quero dizer, não que eu ame praias.
- Hum, mas existem coisas que você só faz com o seu namorado – ele parecia ter perdido seu humor.
- Tipo o quê? Jogar damas? – eu ri. Que papo era aquele?
- Claro que não – James rolou os olhos.
Que coisa estranha. Tipo, todo mundo ali na mesa conversando sobre qualquer assunto indiferente (como planos para detonar com a Taylor, que eu nem estava a fim de escutar ou como a música lírica mudou o mundo) e o James com esse papo sério demais. Como se estivesse preocupado com o que eu faço com o Jason aos fins de semana. Quero dizer, meus fins de semana com Jason se resumem a ir ao cinema assistir a algum filme de terror muito ruim ou de torturas, ir a jogos de basquetes, ir à pista de patinação (só para Jason poder conversar com David sobre basquete) e ir a restaurantes comer pizzas ou hambúrgueres. E raramente ficamos em casa jogando damas. Se eu vou a casa dele (ele nunca fica mais de 10 minutos na minha casa, não faço idéia do por que), fingimos que estamos assistindo a jogos de basquete na TV, mas só ficamos nos beijando. É engraçado o quanto é diferente ser pais de um menino, porque os pais de Jason não estão nem aí para o que fazemos ou a que horas vamos chegar. Eles só dizem: “Divirtam-se”. Minha mãe sempre quer saber o que vou fazer com o meu namorado e a que horas vou chegar. Se ela pudesse, acho que nos seguia só para averiguar se não estou mentindo sobre nossos encontros.
Só que então eu saquei a que James se referia. Eu quis rir ainda mais.
- Ei. Você não pode pensar isso. Mas com certeza a minha mãe pensa. Bom, tanto faz – eu o bronqueei, mas não foi de verdade. O meu riso estragou tudo.
- Ah – ele fez, com uma expressão incógnita.
- Acho que deveria ser mais fácil convencê-la me deixar viajar com Jason do que com você, um cara que praticamente acabei de conhecer – eu decretei – Mas sei lá. Minha avó quando quer as coisas é a pior pessoa do mundo. Tão chata, que dá vontade de afogá-la no vaso sanitário.
- Bom, pontos a ela – James comentou, voltando a sua batata cozida.
O James é esquisito. Mais esquisito do que eu. E às vezes é meio que um inferno, porque tudo bem eu ser esquisita, porque sei como penso, mas não é muito legal ele ser o esquisito, porque é um pouco difícil imaginar ou ter a certeza sobre o que James pensa. Mas tudo bem. Eu gosto de correr o risco e ficar imaginando o que se passa nas mentes alheias. Dá-me o que fazer.
Sabe do que muitas vezes sinto falta? De um copo de milk-shake.
30/JANEIRO – 16:34h – QUINTA-FEIRA - AULA DE GUITARRA
Sem James aqui, todos os acordes parecem impossíveis. Já me acostumei ao vê-lo rir quando erro e me corrigr. Ou então dizer: “Não olhe para mim, feche os olhos e sinta a melodia, Lily!”. Essas coisas já são tão comuns. É meio estranho estar aqui olhando para todos os outros e imaginando o que James está fazendo agora, já que não faz essa aula. Será que está lavando a louça? Assistindo Os Simpsons? Escrevendo músicas? O Sr. Martin não pára de vir até mim e me perguntar se estou com algum problema, porque ao invés de tocar só fico observando todos e imaginando o que James está fazendo.
Aaah, eu quero ir embora ;/
30/JANEIRO – 17:51h – QUINTA-FEIRA - AULA DE VIOLÃO
Uh, finalmente. Acho que minha guitarra está com tanta vergonha de mim, que se tivesse vida, já teria tentando me jogar de algum prédio.
E é a maior verdade: eu e James juntos tocando violão somos de mais. Lá vem o Sr. Martin. Espero que não seja para dizer ao James o quanto eu fui um fracasso na aula de guitarra.
- Eu tenho uma proposta para vocês – sua expressão não estava tão séria como sempre é e isso me aliviou um pouco. Talvez não seja a pior proposta do mundo.
- Hummm – James entoou, enquanto eu somente o fiquei encarando.
- Acho que seria uma boa idéia se vocês tocassem e cantassem a canção.
Eu o olhei mais um pouco e ri.
- Sr. Martin, eu sou péssima nisso. Eu vou acabar com a música – eu falei.
- Lembro-me que você cantou e dançou naquele festival de fim de ano – Sr. Martin me disse.
- Mas isso foi há dois anos. A minha voz está ainda pior do que já era – assinalei.
- Duvido – Sr Martin e James disseram juntos. Olhei-os torto.
- Não, é sério. Eu não vou cantar, não mesmo. Tipo, eu sei que a música é linda só no violão, mas eu não sou cantora – eu estava tão irredutível que queria explodir.
- Se dê uma chance – Sr. Martin me disse.
- Não, não, não. Eu vou estragar completamente a apresentação – constatei. E é capaz de isso ser verdade. Quero dizer, eu não canto nem no chuveiro, ok? Até parece que vou cantar para a escola inteira.
- Bem, você tem até terça-feira para se decidir; caso não queira, colocarei a Dana para cantar. Mas apreciaria muito mesmo se você cantasse, já que está no violão – Sr Martin me disse.
- Pode já informar a Dana que o posto é dela. Não vou fazer isso nem que me paguem, sério – balancei os cabelos.
- É uma pena, mas você vai ter até lá para pensar – ele disse, saindo de nossa frente e indo ao encontro de Robbie.
- Você acredita? – eu comentei com James, rindo ainda chocada.
- É uma boa idéia – ele me disse.
- Não. Nem pensar. Não venha tentar me convencer – coloquei minhas palmas das mãos para fora fazendo uma cara aborrecida.
- Qual é o problema? – ele quis saber, como se eu estivesse me recusando a comer chocolate.
- Eu já disse. Sou péssima nisso. Não posso ir lá no palco e fingir ser a Hayley Williams. Não vai dar certo – falei. Será que eu falo uma língua totalmente desconhecida, que ninguém me entende?
- Bem, se você treinar...
- Tudo bem, mas não vou ser boa o bastante nisso em três semanas. Essas pessoas que cantam levam muito tempo para acertarem o tom e tudo o mais. Imagine eu.
- Por que você odeia arriscar?
- Porque eu sou assim, oras!
- Imagine se John Lennon não tivesse arriscado. Ele jamais alcançaria seu sonho e jamais seria lembrado para sempre.
- Oooh, coitado do John – ironizei, fazendo uma expressão total exagerada -, mas eu não quero ser famosa em uma banda, ok? Eu só quero, sei lá, ir para a África ajudar aquelas pessoas que nem sabem da existência de camisinha no mundo.
- É um futuro bom, mas pense no presente. Se você não tentar, nunca saberá o que todos pensaram ou falaram sobre você lá no palco.
- Não preciso ser vidente para saber. Todo mundo vai pensar: “UUH, aquela traíra agora pensa que pode cantar, HAHAHA” – falei, imitando a voz de uma das patricinhas. Acho que me inspirei na Taylor.
James sorriu e suspirou.
- Você é sempre tão difícil – ele observou.
- Acertou. Quer algum prêmio? – ironizei.
- Quero.
- Eu não vou dar nada a você – fechei a cara.
- Vai sim. Você vai lá no palco cantar.
Sabe, acho que esse cara merece algumas porradas de vez em quando. Sério mesmo. Só para ver se ele deixa de ser tão irritante.
- Não. Vou. Cantar – crocitei, agora muito chateada com ele.
- Quer apostar? – James sorriu de um modo todo conspirante e sugestivo.
- Quer apanhar? – devolvi.
Ele riu e me bateu na cabeça, mas bem fraquinho.
Então o assunto morreu ali, com os nossos lábios sorrindo um para o outro.
Quero dizer, morreu ali para nós, àquela hora, mas para mim, é somente o começo. Eu, euzinha, Lily Evans, cantando na frente de Taylor e de todas aquelas meninas que acham que a melhor coisa que o mundo inventou foi o Twitter e de todos aqueles meninos que só pensam nos seus cabelos ou nos músculos? Argh, nem pensar. Aliás, não sou muito fã de caras muito musculosos. É um pouco contraditório, considerando que namoro o capitão do time de basquete super musculoso, que todas as outras meninas sonham em ter algum dia.
Enfim, esquece o Jason.
Eu não vou cantar como se fosse feita para isso. O que o James e o Sr Martin fizeram a tarde toda para concordarem com essa idéia? Ouviram muito música clássica ou a Christina Aguilera? Não, porque sempre que escuto demais a Christina Aguilera, parece que meu cérebro pára de pensar.
Se o James continuar a rir de mim desse jeito (como está rindo agora), vou acertar seu lindo narizinho. Opa, desde quando acho narizes bonitos? Vai saber.
30/JANEIRO – 19:45h – QUINTA-FEIRA - CASA
Será que se eu começar a criar caso com a minha avó sobre eu não ter uma TV no meu quarto, ela se prestaria a impacientar a minha mãe sobre isso? Porque se ela conseguiu fazer esse milagre sobre a viagem, é bem capaz de conseguir qualquer outra coisa. E preciso mesmo de uma TV no meu quarto, já que D. Julia acha que a TV da sala agora é propriedade dela. É um saco, porque ela nunca assiste a MTV, e meu avô é obrigado a ficar vendo aqueles programas de velha dela.
30/JANEIRO – 22h – QUINTA-FEIRA - CASA
Cara, se eu não for dormir agora, é bem capaz de adormecer aqui em cima dessa resenha super chata do Sr. Avezed, o que não vai ser muito bom amanhã, logo pela manhã. Estarei toda dolorida e incapacitada de fazer algo. E amanhã vou sair com o Jason, então, não posso me esquecer de colocar meu armário de roupas abaixo para encontrar aquele meu casaco superdivertido de leopardo, que Taylor me deu no último Natal e eu amei.
Ok, boa noite aí.
31/JANEIRO – 08:17h – SEXTA-FEIRA - CASA
Minha avó está muito bem-humorada. Não que ela não tente me azucrinar por qualquer coisa, tipo que esse meu All Star deveria ser jogado no lixo. Mas definitivamente não está tão chata quanto sempre foi. Bem, quase sempre. Dá para ver que minha mãe está evitando falar sobre a minha viagem com o James, mas D. Julia sempre a menciona quando acha que as coisas estão muito calmas aqui dentro, porque daí minha mãe não se agüenta e tem uns ataquezinhos.
- Eu acho que é uma bela oportunidade de você conhecê-lo melhor, já que possivelmente James será seu amigo até o final das aulas – minha avó me disse da bancada da cozinha, enquanto eu procurava a caixa de leite dentro da geladeira. Ela já disse essa frase umas dez vezes desde antes de ontem. Parece que essa é a melhor desculpa dela para começar a falar sobre o assunto. Minha mãe está fingindo que não está escutando, enquanto lê as cartas que acabou de trazer da caixa de correspondências.
- É, D. Julia, pois é – eu sempre falo.
- Você não acha, Kristen? – lá vai a bruxa atormentar mamãe.
- Claro, mãe, claro – é o que minha mãe sempre responde, mas com uma voz toda desdenhosa. Não que minha avó se importe.
Ainda acho que a nave-mãe deveria fazer o favor de aterrissar aqui em casa e levar a D. Julia de volta para o planeta dela.
31/JANEIRO – 09:21h – SEXTA-FEIRA - AULA DE INGLÊS
É engraçado olhar para James ou para Alex e perceber que agora devo tudo a eles. Não só o fato de que ao sorrirem me fazem um pouco mais feliz, mas também o fim de semana e todo esse amor que venho sentindo em meu coração.
E aí? O que você tanto escreve?
Hum, nada de tão interessante. Você está copiando a aula?
Estou, sim. Você a quer depois?
Vou querer, já que não estou muito a fim de ficar vendo toda a cusparada do Sr. Hugh em cima dos alunos da primeira fila :)
Ok. Então, você já pensou sobre a apresentação?
O que eu deveria pensar?
Sobre você cantar, lembra?
Ah, James, nem vem de novo, hein! Aliás, já pensei, sim: NÃO VOU CANTAR E ACABOU!
Tenho como convencer você?
Não, não tem. Sinto muito ;/
Bom, teremos muito tempo sozinhos no trem para eu torturar você HOHO
Ahn, seeii DD:
- Srta Evans e Sr Potter, gostariam de vir até aqui para lerem o que tanto conversam nessa folha? – ouvi a voz cuspada do Sr Hugh encher o local, alta demais.
Olhamos para o professor. Coloquei meus livros em cima da folha que rabiscava com James.
- Desculpe, Sr. – James disse com voz contida de riso.
- Hum, prefiro guardá-la – falei, ficando vermelha. Odeio ser ruiva às vezes.
- Acho muito bom. Então, algum dos dois quer me explicar qual é a diferença de um complemento nominal de um objeto direto?
- Hum, o nome? – James arriscou, e a classe riu.
- Não, Sr. Potter. E não me venha com essas gracinhas – Sr Hugh ficou vermelho e empinou a cabeça. Voltou à aula em questão de segundos.
Alex olhou para mim, sorrindo. Quase estourei alguma artéria cerebral tentando esconder meu riso.
31/JANEIRO – 10:56h – SEXTA-FEIRA - AULA DE QUÍMICA
Respira. Inspira. Respira. Inspira. Ok, Lily, de novo.
Por que Química é tão chato? Por que ao invés de Química não aprendemos sobre a História da Música? Ou sobre a História de Charles Chaplin? Sei lá. Algo mais produtivo e mais empolgante do que essas fórmulas aí.
* SO3 + H2O --> H2SO4 (= CHUVA ÁCIDA)
31/JANEIRO – 10:06h – SEXTA-FEIRA - AULA DE QUÍMICA
Oh, não. Química de novo.
Reações com ÁLCOOL:
- Esterificação: forma Éster
* Ácido + Álcool ---> Éster + água (H2O)
* A esterificação é considerada uma desidratação intermolecular (de duas moléculas sai uma de H2O)
31/JANEIRO – 11:56h – SEXTA-FEIRA - ALMOÇO (SAÍMOS MAIS CEDO DA AULA DO SR. REGAN)
ALELUIA o almoço! Acho que sexta-feira é um dos dias mais chatos da semana.
- Ei, ei, ei – ouvi a voz de Zora vindo de encontro aos meus ouvidos.
- Oi, Zo – falei quando ela já estava ao meu lado. Ela carregava um monte de folhas nos braços. Eram Pink e estavam escrito em preto gordo: “Vamos fazer alguma coisa?” e embaixo tinha um desenho de umas pessoinhas de palitinhos – O que é isso? – apontei para os papéis.
- Movimento Salve o Planeta das Pessoas Idiotas. M.S.P.P.I. – respondeu-me, com pulinhos e um sorriso super feliz no rosto.
- Sério? – eu estava querendo rir.
- Claro. Faz parte do nosso plano.
- Ah. Foi o Sirius que desenhou as pessoas-palitinhos?
- Sim. Parece que ele tem a habilidade de uma criança de cinco anos para desenhar, não? – Zora riu, mas acho que aquilo não a incomodava – Ele me mandou por fax ontem, quase às 23h, de modo que eu estava completamente não a fim de melhorar o desenho. Mas tanto faz.
- Mas o que tudo isso pode ajudar no plano de vocês? E, sério, precisa mesmo ferrar com a Taylor? – implorei.
- Claro que sim. Ah, não vai contribuir totalmente com algo, só quero fazer com que todos riam um pouco.
- Sei. Então... qual é o plano de verdade?
- Não vou contar. Vai ter que esperar. Sinto muito, meu bem, mas nossos planos nunca são revelados antes do tempo – ela me disse, então olhou ao redor para talvez tentar encontrar o Sirius, mas somente eu e ela estávamos ali no corredor – E aí, quer me ajudar a pregar esses papéis?
- Hum, acho que não. Já já bate o sinal e a Taylor...
- Cara, não pense nela. Que porcaria isso. Quem disse que você não pode fazer as coisas que quer só porque a Taylor não iria gostar ou não iria deixar? – UUH, ataque geral, agora. Zora parecia que queria me bater.
- Só não quero que ela me odeie mais ainda, entende.
- Não, não entendo. Cara, você é muito covarde – ela me disse e então o Sirius estava vindo de encontro a nós – Ah, você está aí. Ande logo, essas coisas têm de estar espalhadas pelos corredores até antes do almoço.
- Sim, Sra. Sargenta – Sirius bateu continência – É melhor irmos rápido mesmo, porque tive que inventar para o Sr. Jackson que meu nariz estava sangrando para poder sair da aula dele. E se ele me vir aqui com você...
- Ele vai lhe dar uma detenção – Zora complementou.
- Exato – ele me olhou – Você vai nos ajudar, Encrenca?
- Não, a Lily é covarde demais para nos ajudar – Zora lhe disse. Joguei um olhar de peixe em sua direção.
- Vou ajudar, sim – mostrei a língua para Zora, e ela deixou cair em minhas mãos um monte de folhas Pink.
- É assim que se faz, Encrenca – ela me atirou. Eu, Sirius e Zora começamos a correr pelos corredores como cães de corrida.
31/JANEIRO – 12:05h – SEXTA-FEIRA - ALMOÇO
- Caramba, quem foi o idiota genial que fez essas coisas? – Peter perguntou, sentando-se a mesa com um papel Pink nas mãos gorduchas.
- Eu e o Sirius – Zora respondeu, enfiando mais carne de porco na boca.
- Muito legal. Mas bem que você podia ter melhorado esse desenho, hein, Sirius? – ele riu. Sirius semicerrou os olhos.
- Por que você não o fez, então? – Sirius revidou.
- Eu não estou macumanado com a Gênia dos Planos, aí – Pete falou, olhando mais um pouco para o papel – Mas e aí, o que isso significa?
- Significa que vamos abrir uma chapa para presidentes realmente inteligentes e que não queiram só zoar a escola – Zora respondeu de novo.
- Sério? – eu e Peter indagamos.
- Não, seus babacas – Zora riu.
- Ah. Bom, se decidirem fazer isso, espero que seja bem melhor do que toda aquela baboseira da Stefani com a Deus Quer Você Conosco. Todo mundo se finge de santo, mas na verdade só pensam naquilo – Peter disse.
- É, são um bando de falsos – Sirius concordou, impressionantemente.
- Quando é que vocês irão acabar com a Taylor? – Alex quis saber.
- Ainda não sabemos – Sirius disse, com a boca cheia de couve – Mas espero que seja bem rapidinho. Adoro acabar com as pessoas.
- Vocês gostam de vingança, hein? – Nichole comentou.
- Não, isso é só o troco. Seria vingança se a enfiássemos em um saco preto e a levássemos para a ilha de Lost.
Todos nós rimos.
- Você acha que eles irão fazer a Taylor querer me matar? – perguntei a James, depois que Sirius começou a confabular sobre o final da série Lost.
- Eles só querem se divertir – ele me falou, em um tom de quem quer tranqüilizar.
- Tenho medo da Zora – falei.
- Esquece. É só brincadeira.
- Não sei, não.
Quando eu ia começar a falar da vez em que Zora filmou a Sam vomitando em cima da Ashley Yenh e colocou na internet, James atropelou meus pensamentos.
- O que você acha de hoje você ir lá para casa para ensaiar? Só para você não se irritar com a sua avó? – ele me perguntou. Ele parecia ansioso pela minha resposta. Quase lhe disse “Tudo bem, parece bem legal”, só que me lembrei que vou sair com o Jason.
- Aaah, não vai dar para ensaiar hoje. Vou sair com o meu namorado – falei.
- Aaah – James fez uma cara engraçada. Como se estivesse decepcionado – Mas você disse que vocês só saem aos fins de semana.
- É, mas como não vou estar aqui nesse fim de semana, ele me propôs que saíssemos hoje – dei de ombros. Para falar a verdade, não estou muito triste por não poder ensaiar com o James hoje. Meus dedos estão um lixo de tanto tocarem.
- Humm. É uma troca justa – ele comentou, ainda com aquela cara de cachorrinho sofredor.
- É, e um pouco estranha. Sextas-feiras são sempre sagradas para ele, principalmente porque às 21h sempre reprisa o jogo da Liga da semana e ele se recusa a perder um.
- Uau. Pelo menos eu assisto a MTV de vez em quando – James falou.
- Nem TV eu estou podendo ver, ultimamente. Minha avó acha que a TV da sala é dela, agora – minha voz saiu um pouco irritada.
- Nossa. Se quiser, pode ir lá em casa ver a MTV – James me convidou, rindo.
Achei estranho.
- Tudo bem – dei de ombros. E então me virei para Nichole, que falava sobre a Gwen Stefani com o Remus (que estava totalmente entediado e só sacudia a cabeça por educação).
31/JANEIRO – 13:58h – SEXTA-FEIRA - AULA DE GEOGRAFIA HUMANA
Ei. O James me disse que você vai sair com o Jason hoje. Que bom ;D
O James lhe conta tudo? Se eu tivesse uma irmã ou um irmão nunca contaria nada a ela/ele O:
Acho que sim. Mas e aí, você não achou estranho? Você sempre diz que o Jason não é de sair em dia de semana!
Na verdade, é a primeira vez que saímos em dia de semana.
O que acha que vocês irão fazer?
Comer no Salisbury Tavern e depois vamos jogar boliche ou sei lá.
Vocês sempre fazer os mesmos programas?
É, só mudam quando ele acha que se cansou de ficar fora do quarto dele, então vamos para a casa dele e ficamos por lá fingindo que estamos assistindo TV.
Ah. Que estranho.
Sim. É totalmente chato, apesar de tudo. Quero dizer, eu o amo muito, sabe, mas ele não tem muita criatividade para me surpreender.
Acho que, na verdade, isso é um problema generalizado, completamente do sexo masculino.
Concordo!
31/JANEIRO – 14:12h – SEXTA-FEIRA - AULA DE GEOGRAFIA HUMANA
Você acha que o fato do Jason me convidar para sair implica alguma coisa que não tenha a ver com ir a restaurantes de hambúrgueres e boliche?
Por que você acha isso?
Não estou achando nada. Estou lhe perguntando.
Bom, eu não sei nada sobre relacionamentos. Mas o que você acha que ele pode estar querendo?
Não sei. Talvez... Aquilo?
Aquilo o quê? Vocês nunca jogaram damas? O:
Poucas vezes. Mas não é a isso que estou me referindo. É sobre aquilo que a Deus Quer Você Conosco não quer que nós façamos.
Ah, acha mesmo que ele quer transar com você, assim, sem avisar nem nada? OOO:
Bom, ele é um cara. Até parece que os caras avisam quando querem transar, não é?
É, acho que não. Mas e aí? O que vai fazer se isso for verdade?
Não vou fazer nada. Só vou dizer “não”. Simples :)
Humm. Bastante racional.
Tomara que ele pense o mesmo.
31/JANEIRO – 19:07h – SEXTA-FEIRA - CASA
Minha avó não pára de dizer que o Jason está atrasado e que isso é uma enorme falta de consideração. Ela me falou para ligar para ele e dizer que o encontro está cancelado, mas é óbvio que nunca escuto o que D. Julia me aconselha, então não ligarei para Jason. Seria ridículo.
31/JANEIRO – 19:18h – SEXTA-FEIRA - SAINDO DE CASA
Jason chegou. Minha avó está falando consigo mesma um monte de palavrões.
Há cinco minutos repetiu que estou parecendo que vou a um Safári com esse meu casaco de leopardo, mas não estou ligando. A Taylor sempre me disse que estampa de leopardo nunca vai sair de moda. Então, tá.
31/JANEIRO – 21:05 – SEXTA-FEIRA - CASA DE JASON
Jason não saiu do carro para me beijar ou para abrir a porta para mim, quando saí no vento. Mas me beijou quando eu já estava lá no ar quentinho do ar-condicionado. Ele estava fedendo a algum daqueles perfumes horrorosos que odeio.
- E então, aonde vamos? – eu sorri, ao nos separarmos.
Ele procurava em CD de rap ou hip hop no porta luvas.
- Não sei ao certo, mas lembrei do Eureka, aquele restaurante de comida tailandesa que você sempre diz que gostaria de ir – Jason me disse, ao encontrar o CD do B.O.B.
Fiquei surpresa e feliz. Apesar de ele não ter me elogiado pelo perfume ou pelo batom ou pelo casaco, ele se lembrou do restaurante.
- Ah, seria maravilhoso se formos lá – eu comentei com os olhos ativos demais.
- É, achei que você iria gostar da idéia – ele arrancou com a BMW – Ei, sabia que esse CD tem a participação daquela menina esquisita que você gosta?
Eu estava tão animada por irmos ao Eureka, que mal o ouvi. Hã?
- O quê? – olhei-o perdida.
- É, passa para a canção 4 – ele falou, indicando o aparelho de som com a cabeça louro-queimada. Apertei o botãozinho até a faixa 4 e esperei.
- Ah. É verdade – falei, assim que ouvi a voz da vocalista do Paramore. Ainda assim, esse fato não fez tanta diferença assim, naquele momento. Aliás, eu já sei sobre essa participação da Hayley, só ainda não tinha ouvido a canção.
- O que você quer fazer depois de comer? – Jason me perguntou, de olho nas ruas.
Pensei na pergunta. Medo.
- A..Ahn, tanto faz – sorri e dei de ombros. Eu queria fazer alguma coisa depois de comer?
- Podemos dar uma passadinha na festa da Karmell – ele sugeriu.
Desanimei. Festa?
- Ah, não estou a fim, não – falei sem graça.
- É só por um minuto. É aniversário dela. Depois podemos ir lá para casa. Juro que não é para vermos basquete – Jason riu e piscou.
- Ah, certo – acho que fiquei um pouco mais pálida do que o normal. Acho que tudo bem se assistirmos qualquer jogo de basquete. Qualquer coisa que não envolva aquilo – Seu pais estão em casa? – perguntei.
- Meu pai, não, mas minha mãe iria a um evento de sei lá o que e não vai mais. Parece que cancelaram – Jason me informou.
- Hummm – entoei, sentindo-me um tanto mais aliviada.
- O que foi? – ele me perguntou, com a expressão séria, como sempre.
- Nada – eu ri, dando de ombros. Por que ele sempre acha que tem alguma coisa de errado comigo?
Silêncio até chegarmos ao restaurante. Jason sempre parece não ter nada a falar. É como se não tivéssemos aquela conexão ou química que a Taylor falava que sente com o Zac.
Novamente, ele não abriu a porta do carro para mim nem nada assim, só foi andando na frente para perguntar ao carinha de roupa engraçada, que estava parado na frente do mini-prédio, segurando o cardápio nas mãos, se ainda tinha mesa para nós.
- Por aqui, senhores – o carinha da roupa engraçada nos disse, enquanto o Jason me empurrava levemente para a sua frente. Odeio quando ele faz isso.
Sentamo-nos na única mesa ao lado da janela e Jason ficou feliz por poder vigiar seu carro. Pedimos o que eu sabia que poderíamos comer (porque a comida típica utiliza minhocas, gafanhotos e baratas, e, sinceramente, não vou comer essas coisas): uma sopa, uma salada, um prato picante (Curry) e vários molhos em geral à base de "nam pla" (molho de peixe) onde são mergulhados vegetais ou frutos do mar. Tudo acompanhado de arroz, que é a coisa mais farta que eles têm por lá. Jason reclamou bastante do Curry, porque odeia pimenta, mas ele nem o comeu.
- Comida Tailandesa é uma porcaria, hein? – ele comentou, enquanto entrávamos novamente no carro, rumo à festinha uh-hul da Karmell.
- Só porque você não gosta – falei, sentindo-me um pouco enjoada.
- Como é que você pode gostar? Aliás, você nem come isso todos os dias.
- Meu pai era de origem tailandesa, lembra? Aos fins de semana nós comíamos essas coisas – revirei os olhos. Acho que Jason não é capaz de armazenar qualquer informação que eu lhe diga. Nem mesmo quando a informação é sobre mim.
- Bizarro – foi tudo o que Jason deixou escapar.
Fiquei quieta ouvindo o tal do B.O.B cantar o percurso inteiro, que demorou um tempinho, já que a casa da Karmell é praticamente do outro lado da cidade.
Jason se perdeu dentro do sobrado de Karmell e me deixou sozinha em um canto, lendo revistas sobre cachorrinhos e gatinhos. Vi Taylor passar perto de mim, mas ela não me percebeu. Acho que ela pediu a ajudinha da escada móvel para pular a janela de seu quarto e ir para a festa. Karmell somente falou um “Valeu”, com uma voz totalmente superficial, como se estivesse com nojo de mim, quando eu lhe desejei um Feliz Aniversário. Acho que ela também esperava um presente. Talvez um novo Porshe ou uma caneta de ouro. Se fosse o meu aniversário, já me contentaria com um pôster do Paramore, mas claro, Karmell idolatra a Christina Aguilera, de modo que de jeito algum ouviria qualquer canção do Paramore.
- Vamos? – finalmente o Jason me achou e estendeu os dedos em minha direção. Suspirei totalmente entediada e cansada.
- Vamos, sim – respondi, levantando-me da poltrona vermelha e deixando as revistas em cima desta – Então, falou com todos?
- Acho que sim. Você foi falar com a Karmell? – ele me indagou como se estivesse aborrecido.
- Claro – surpreendi-me. Por que não parabenizaria a menina? Tipo, sei que ela, como todas as outras meninas que veneram a Taylor, está me odiando, mas e daí? Não vou entrar em sua festa e não falar com ela, não é? Tanto faz.
- Ah. Ela me disse que você parecia que tinha voltado da África – Jason comentou, totalmente segurando o riso. Olhei para seu casaco fofo – ele é fofo, ok? – e fiz uma careta.
- Não ligo – falei determinada.
- É, você pode tentar se fantasiar de leopardo ou onça, mas você sempre vai ser a minha raposinha – Jason me disse, abraçando-me e me pressionando contra seu carro. Eu ri e tirei o cabelo dos olhos. Awwwn. Eu o amo tanto!
- Hum, Yeymii – fiz um gesto de leão atacando e ele me beijou.
*
Estou deitada aqui na cama do Jason. Seu quarto parece um santuário do basquete. É bastante bizarro. Meu quarto só tem um pôster do Johnny Depp e um da Hayley. O resto é vermelho, por causa das paredes. Aqui é TUDO foto de lances e jogadas de basquete. Meninos são estranhos.
Ele está na frente da TV de plasma, totalmente alheio a mim e absorto no jogo. Tudo bem que ele me disse que não veríamos jogo – e ele até tentou -, mas voltou à estaca zero. Jason acha definitivamente incabível não ligar a TV às 21h em uma sexta-feira para acompanhar o jogo da liga da semana. Sabe, eu deveria começar a jogar isso em sua cara. Vamos ver se ele vai apreciar. Ele reclama tanto que eu não largo a MTV, mas e daí? Pelo menos é musica e sem música eu não vivo. Quer saber? Vou pegar um táxi e voltar para casa. Quem sabe consigo arrancar a minha avó da sala para ver os clipes da Mariah Carey e do Muse.
- Jason? – chamei. Ele não respondeu – Jason? – agora minha voz estava tipo “Me responde, seu babaca!”.
- O quê, Lily? – ele estava aborrecido.
- Vou pegar um táxi e ir para casa, tudo bem?
- O quê? Mas que porcaria é essa? Manda para o Jerry, seu otário! O que é, Lily? – agora ele me olhou, distraído.
- Vou ir para casa – repeti, falando alto.
- Não, espera aí, o jogo já vai acabar – Jason me disse.
- O jogo acabou de começar, Jason. Eu estou cansada, quero dormir – ok, nem quero dormir. Mas eu quero ir embora.
- Tá bom, tá bom. Pega o telefone e disca para o táxi – ele apontou para o telefone, com os olhos na TV.
- Não, tudo bem, pego um táxi na rua – respondi, já indo para o corredor da casa.
- Ah. Ok, então. Você é quem sabe. Amanhã nos falamos, então – ele acenou. Eu não me agüentei e fui até sua boca e o beijei. Sinceramente, Jason não me devolveu o beijo com tanto entusiasmo. Ele queria ver o jogo.
Saí de seu quarto, despedi-me da Sra. Folks e me encontrei na rua. Logo um carro negro com uma plaquinha em cima parou no meio-fio quando acenei. Foi bem na hora que entrei no veículo que comecei a querer imaginar o que James estava fazendo em sua casa. Por um segundo, desejei que ele estivesse ali comigo.
**************************
N/A: Oii :) Acho que demorei um pouco mais para escrever esse cap. Mas a culpa é totalmente da sexta-feira passada. Ela me deixou totalmente sem inspirações. Em todo caso, obrigada por tudo e comentem, meus amores <3
Ah, Lary_sl, desculpe, mas já tenho meus planos quanto à Lily e ao James, não se preocupe. Continue lendo que você logo ficará sabendo. #Beijo
Beeeijos :*
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