one.



Quando eu era pequena, costumava pensar sobre as cores, sobre contos de fada, sobre amor, sobre fantasias idiotas de eu-te-amo-mais-que-tudo. Mas príncipes não existem. Contos de fada são historinhas que alguém resolveu inventar, pra alimentar esperanças de garotas estúpidas de que a vida não é só isso, que existe uma coisa tão acima da lógica, tão acima de todos, capaz de desafiar o orgulho e a auto-preservação.


E eu? Bom, eu sou uma dessas garotas estúpidas. Às vezes eu acho que tudo é uma coisa da minha cabeça, que amanhã eu vou acordar sem isso, que vou sorrir e seguir com a minha vida.


Talvez eu tenha passado da fase de negação, feito uma idiota, que gasta a vida pra viver uma coisa que não existe.


É contra as leis naturais. É contra a regra de cruzar uma linha que criamos juntos.


Somos tão irmãos quanto amigos, é o que ele fala.


Amigos não desejam amigos. Ele sabe que não. Ignoro meus pensamentos e o encaro, com seus jeans surrados e sua blusa vermelho sangue.


Harry gosta de vermelho. Eu sei que gosta. É a cor dos cabelos dela.


Eu baixo a cabeça, respiro com pesar.


“Tudo bem?”


“Aham” Murmuro. A verdade é que toda a conversa começa com uma mentira. ¹


Tenho medo de ver o que eu estou nos transformando. O silêncio nos afasta, mas logo ele conta o que o atormenta.


Ele diz que a ama e quer a minha ajuda. Ele é doce, tão real, que eu sei que vou ajudá-lo.


No fim, ele me abraça, mas eu abraço mais forte.


“Herms, você é a irmã que eu nunca tive, não sei o que seria de mim...”


E ser irmã dele é bom, porque é melhor que não ser notada. Mas dói. É patético saber que me acostumei, porque não consigo ir embora. E dói de um jeito que  me sinto capaz de morrer, porque morrer é fácil  e suportar é humilhante.


Quero que o abraço dure mais, quero que sua respiração permaneça contra o meu rosto. O abraço é tudo o que me mantém por perto.


Ele é uma dessas pessoas que nos esquentam com um aperto de mão.


Sei que o jeito que eu o abraço é quase desesperador, mas nesse momento as lágrimas que rolam são como uma anestesia.


Ele diz algo sobre eu ser emocional demais, que às vezes parecia estranho, mas que estaria sempre comigo caso alguma coisa estivesse acontecendo.


Abro um sorriso e digo que não é nada. Pra ele provavelmente não é.


Então ele vai. Atrás dela. Foi o que eu o aconselhei a fazer, caso quisesse reconquistá-la.


Agora eu me sinto de novo sozinha, convencendo-me de que tudo está bem.


Rony senta na poltrona ao meu lado, mas eu ainda me sinto só. Ele implica comigo. Porque ele sabe que nós não passamos dessas alternativas inúteis.


Ele me ama. E eu espero que seus lábios me aqueçam.


Ele aprofunda sua língua contra a minha. Eu retribuo. Meu estômago dá voltas.


Eu sei que tenho Rony em minhas mãos, mas não o amo. E eu me odeio por isso.


--


n/a: Escrevi essa coisa faz uns meses, num dia de fossa. Sei que muitos vão odiar.


¹ Trecho de autor desconhecido.


A citação do resumo da fanfic pertence ao Caio F. s2

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