Capítulo 15



Capítulo XV


Narrado por: James Potter
Local: Spring Restautant
Horário: 14:34h
Quando:
29/FEVEREIRO – quarta-feira


Lily me ligou gritando. Não era nada tão desesperador. Era para eu ficar feliz. Foi ela quem me disse.


Eu fiquei, antes mesmo de ela me dizer por que me telefonou, no meio de seu trabalho, devo dizer. Não que isso seja um problema; ela me ligava com freqüência absurda no meio do trabalho. Mas aquela vez era diferente. Ela não estava me ligando para me dizer o que estava fazendo e dizer que me amava.


Claro que no final ela me disse que me amava, mas isso foi depois, claro.


- Hey, hey, respire, Lily! – eu ri, enquanto eu sabia que a Hannah me observava do balcão dela (e como sempre estava folheando revistas de moda).


- James, James! – ela disse (gritando) – Ah, meu Deus!


- Pode me dizer agora? – eu continuei a rir.


- A Mojo! – ela me disse.


- Não! Está brincando? Você foi admitida? O Percy conseguiu?


- Ele conseguiu, James! Ele conseguiu! – ela berrou – Eu nem acredito!


- Eu disse que você iria conseguir, não disse?


- Disse, disse, sim. Obrigada com acreditar em mim.


- E agora? Vai pedir demissão da Fifteen?


- Não. Estou com um plano aqui.


- Opa. Que plano é esse?


- Vai estragar a surpresa.


- Você vai continuar a cuidar de layouts? Mas eu achei que você detestasse fazer isso!


- Detesto. Não tem nada a ver com layouts. Opa, preciso desligar, a Maggie está aqui. Beijo. Te amo.


- Eu também te amo.


Minutos depois, ela me ligou de novo, só para falar sobre seu dia (coisa que ela sempre fazia, mas que nunca conseguia me aborrecer).


Então, é, ela agora tinha um novo emprego. Eu não sabia até que ponto isso era realmente bom, porque eu não queria que ela se desgastasse tanto no trabalho. Não que eu fosse me tornar uma espécie de “Max 2”, porque eu sabia o quanto aquilo era importante para Lily. Mas, sabe como é. Ela já trabalhava tanto, e se não fosse realmente largar a Fifteen, então teria dois empregos. E eu bem sabia que a profissão de jornalista não era nada fácil. Certamente era bem mais cansativa do que ficar tocando um restaurante.


Mas eu estava feliz. Feliz por Lily, claro.


Ela enfim tinha conseguido o que almejava. Então, por que eu não ficaria feliz?


Eu sabia que ela torcia para mim tanto quanto eu torcia por ela. Então, não havia por que eu não apoiá-la.


Uau, eu estava “namorando” (bem, sendo amante, na verdade, se pararmos para pensar direito) uma jornalista escritora com dois empregos.


Não são muitos caras que ficam na boa com essas coisas.


Mas eu tinha realmente um diferencial.


Eu era apaixonado por Lily há mais de seis anos. E seis anos, devo dizer, são muitos anos, hein. 


~~~~


Narrado por: Lily Evans
Local: Cobertura Albert Towers
Horário: 20:16h
Quando:
29/FEVEREIRO – quarta-feira


Eu e James estávamos bem. Eu fugia de casa e ele fugia do restaurante. E aí, nós nos encontrávamos na cobertura.


Era simples.


Bem, parecia simples.


Porque muitas vezes Max estava em casa e eu tinha que manipular uma mentira para me encontrar com James. Então, eu inventava que tinha que passar na Fifteen de novo, ou então ir ajudar a Kathleen com os relatórios dela (o que, até certo ponto, era realmente verdade, principalmente nos dias de final de mês).


E naquela noite, lá estava eu mais uma vez tentando sair de casa.


Não sei se Max era burro, ou apenas distraído, mas ele não percebia que eu me arrumava toda só para sair de casa mais uma vez. Eu chegava do trabalho, fazia o que tinha que fazer em casa e saía novamente, vestida inteiramente como uma mulher de verdade, sabe? Uma coisa que eu achei que nunca fosse acontecer comigo. A Kathleen, claro, estava começando a desconfiar, porque às vezes ela entrava em minha sala da Fifteen e eu estava conversando com o James pelo celular, ou então eu ia muito bem vestida para o trabalho (porque depois de ficar horas e horas sentada na minha cadeira eu ia direto para a casa do James, para evitar discussões com Max, uma coisa que estava se tornando muito freqüente). Ela sempre ficava, tipo:


- Ai, caramba, quem convidou você para jantar hoje? Porque, sério, Lily, parece que você vai sair com o Príncipe William.


Então, eu disfarçava do meu melhor modo, e apenas dizia algo como:


- Só me deu vontade de colocar essa roupa. Por quê?


- Já disse – ela falava -, está muito uau. Sabe? Muito além do que você é, aliás. Você nunca se vestiu com tanta, digamos, classe. Quando você se tornou uma mulher e não me contou?


- Hahaha – eu respondia, de maneira entediada – Bem isso tudo isso é um elogio, bem, obrigada.


- De nada – ela respondia – Mas, sério, aonde vai vestida assim? Encontrar com James?


E foi bem naquela tarde que eu decidi que não adiantava mais mentir para a minha melhor amiga. Melhor amiga são ótima detetives e eu sabia que e uma hora ela iria descobrir o plano todo.


- Sim – eu respondi, enquanto me olhava no grande espelho do elevador.


- Vocês vão sair de novo? Awn – ela juntou as mãos, deslumbrada – E aonde vão?


- Kathleen... preciso contar uma coisa à você. E quero que seja muito, muito madura mesmo, okay?


- Ah, meu Deus, o que foi? Você vai mesmo pedir demissão, é isso? – ela levou uma das mãos à boca.


- Não, não é nada disso. Não envolve o meu trabalho. Mas se quer mesmo saber sobre isso, eu já lhe disse, não? Não irei abandonar você aqui com a megera. Mas vou mudar um pouquinho as coisas. Só preciso da hora certa.


- Ah, ufa. Achei que você fosse realmente me abandonar – ela sentiu-me mais aliviada.


- Não. Não farei isso.


- Então, o que tem para me contar? É sobre, hm, você e o James?


Olhei-a surpresa.


O que eu disse sobre a história de melhores amigas detetives? Bem, era mesmo verdade. A Kathleen provava aquilo.


- Bem, é.


- Hm, vocês... – ela me olhava com curiosidade.


- Bem, houve um dia em que eu briguei com o Max e fui para a casa do James.


- Sei, e lá vocês...


- Shhhhi. Fale mais baixo, sua retardada. É, nós fomos para a cama, certo?


- E agora vocês estão juntos? Como eu sempre achei que vocês iriam ficar?


De verdade, eu odiava quando a Kath bancava a sabichona.


- É, okay? Nós estamos nos encontrando com bastante regularidade.


- Bastante regularidade, é? – ela riu, repetindo.


Apertei os olhos.


Eu não sabia por que certas pessoas não podiam encarar as coisas com seriedade digna. A Kathleen era uma dessas pessoas que agiam como se todos os assuntos fossem engraçados e como se ela tivesse dez anos.


- É – enfatizei, irritada com o tom de sua voz.


- Eu disse que isso, mais cedo ou mais tarde, iria acontecer, não? – ela comentou, olhando para as unhas.


Rolei os olhos.


- Naquele tempo em que você me dizia essas coisas, eu só estava mentindo, sabe? – senti-me um tanto quanto frustrada – Eu nunca deixei de pensar no James. Ele sempre fez parte de todas as horas desses seis anos em que passamos separados.


- Aí vocês se reencontraram e a magia explodiu! – ela disse toda animada.


Rolei os olhos mais uma vez.


Kathleen parecia aquele tipo de menininha que experimentava o amor pela primeira vez. Sabe como elas são? Todas elas são sonhadoras e idiotas a ponto de ficar imaginando um mundo de amor feliz.  


- Cala a boca, vai – eu ri, porque não restava muito para fazer, sabe – Sem magia sem nada muito fofo. Só, sei lá, aconteceu.


- Você ficou escondendo o seu sentimento dele esse tempo todo, daí o seu coração não agüentou mais e expulsou o sentimento de lá e daí vocês foram para cama – Kathleen disse.


- Ah, é. É isso aí – eu disse, mais brincando do que confirmando mesmo – Sério que você pensa isso tudo mesmo? Porque, sabe como é, eu só menti para todo mundo o tempo todo, e daí eu acordei e, hm, fui para a cama com ele.


- Foi isso que eu disse.


- Não, você começou a falar sobre o meu coração. Aliás, como você sabe o que se passa no meu coração?


- Eu leio muitos livros românticos. Tipo, o seu.


- É.


- Aliás, o James chegou a ler seu livro?


- Foi ele quem me deu a “idéia” de lançá-lo, lembra?


- Eu sei, mas ele leu mesmo?


- Deve ter lido.


- Uma coisa que ainda não acredito é que o Max leu o seu livro. Ele demorou séculos e do nada resolveu ler.


- Eu sei. Tão imprevisível, não?


- O Max é um completo idiota. Me desculpe, mas é verdade.


- Tudo bem. Ele é. Eu sei que é.


- Como anda a coisa do casamento?


- Kath... – eu comecei, com uma cara que deu para ver, assustou a Kathleen.


- Ah, não me diga! Você terminou com ele? Você terminou com o Max? – ela deu uns pulinhos enquanto andávamos em direção ao estacionamento.


- Não, ainda não.


- Ainda não? E quando vai terminar?


- Preciso conversar com Maggie e me estabelecer na Mojo, para depois pensar no Max.


- Acho que ele deveria vir primeiro, porque, sinceramente, ele não está com nada.


- Eu decido isso, okay? – falei.


- Só não demore, porque pode ser tarde demais.


- Nunca é tarde demais.


- Quem lhe disse isso? O James? – ela ironizou.


- Não, eu cheguei a essa conclusão sozinha. Porque eu demorei seis anos, quase sete, para voltar com o James, e não foi tarde demais para nós.


- Aaaawn – foi o que Kathleen disse.


- Deixo-a em casa? – perguntei.


- Pode ser. Depois vai se encontrar com James onde?


- No apartamento dele.


- Ah, por causa do Max – ela concluiu.


- É. Está cada vez mais difícil sair de casa depois que chego do trabalho, então decidi que é melhor eu ir direto para a casa dele, sem passar em casa. Por isso estão tão, hm, “bem vestida” – eu disse, olhando para o meu vestido cor de rosa.


- Então, okay. Você deveria usar mais roupas fofas assim. Não só pelo James, sabe?


- Tudo bem – rolei os olhos e dei marcha ré.


Deixei a Kathleen em casa (e eu tinha certeza de que ela iria comemorar sozinha pelo meu reatamento com James) e segui para o condomínio de James, ansiosa, porque eu sempre ansiava vê-lo.


Quando ele me recebeu, eu não me contentei em apenas sorrir para ele. Eu o abracei e o beijei. No meio do corredor.


Mas enfim.


- Então – ele me disse.


Eu o puxei para o sofá.


- Precisamos nos ver com mais freqüência – eu disse – Três vezes por semana é muito pouco.


- Foi você quem estipulou isso – ele me disse, rindo e acariciando meu pescoço; ele mal sabia o quanto eu realmente sentia falta dele. Não só do corpo dele, mas da presença dele. Eu ainda me lembrava dos dias que eu tinha passado com ele, antes de eu ir para Liverpool. Tinham sido os meus melhores dias.


- Eu sei, precisamos mudar isso. Se nos vessemos de domingo, talvez eu possa ficar mais feliz.


- Mais feliz? Achava que isso era impossível – ele sorriu.


Eu mostrei a língua para ele.


- Não vai me contar o seu plano?


Fiquei confusa.


- Que plano? – perguntei.


- Para continuar na Fifteen sem fazer layouts – ele me respondeu.


- Ah. Então. Ainda estou pensando. Mas acho que já sei qual é a saída perfeita.


- E qual seria?


- Bem, a Maggie não pode perder uma colunista, então eu achei que a minha coluna pudesse se modificar um pouco.


- Você vai escrever apenas sobre um só assunto?


- Não, vou fazer a minha coluna ser uma coluna de conselhos, sabe?


- Alguém escreve sobre algum problema e você dá a solução?


- Exatamente. Eu fiz isso em Veneza.


- É?


- É, eu comecei a ajudar umas mulheres que se intitulavam de Flocos de Amor, e o que elas faziam eram responder cartas para melhorar as situações das outras pessoas.


- Pode ser uma idéia. Acha que a Maggie aceitaria?


- Então, eu não sei. Sem contar que eu me demitiria da sessão de layouts, sabe?


- Isso seria bom. Você, possivelmente, mais teria de trabalhar em casa do que realmente na Fifteen.


- É. Mas, hm, tudo bem para você, não? Digo, eu estar trabalhando em duas revistas.


- Lily, eu quero vê-la feliz. Se isso a faz feliz, então eu também estou feliz.


Eu me enrosquei nele, nos braços dele e fiquei ali, apenas sentindo o calor de nossos corpos juntos. Sentia saudade daquilo. Era tão bom, tão reconfortante depois de um dia horroroso.


- Eu sabia que você ia me entender – eu disse, suspirando e encostando a minha cabeça em seu peito.


- Eu sempre procuro lhe entender.


- É, eu sei. Obrigada.


Aquilo me fazia sentir uma porcaria, porque eu bem me lembrava o quanto eu o tinha magoado na época da escola.


Como eu era covarde, sinceramente. Eu precisava fazer algo, e rápido. Muito rápido. 


~~~~


Narrado por: Lily Evans
Local: Prédio da Fifteen
Horário: 09:24h
Quando:
07/MARÇO – segunda-feira


O meu plano estava em minha cabeça. Ele, até certo ponto, era bastante fácil. Talvez porque, claro, ainda não estava sendo executado.


E eu sabia que conversar com Maggie não era nada produtivo nem fácil. Era na verdade como se jogar na jaula dos leões.


Mas sabia que ela poderia me atender antes de eu ir embora. Ela nunca deixava ninguém esperando, por menos que ame a pessoa. Tipo, eu. Ou a Kathleen. Ou todo mundo que trabalhava para ela.


- Lily? A Margareth disse para você subir até à sala dela. E tem que ser agora, porque o Rick vai aparecer daqui a pouco – a Joanne, recepcionista da Maggie, me disse ao telefone.


Eu estava tomando um cafezinho e lendo alguns e-mails (inclusive alguns do James, porque e-mails estavam se tornando a arma mais poderosa de todas em relações aos nossos encontros) enquanto aguardava qualquer resposta de Maggie quanto ao encontro que eu queria com ela.


Tudo bem que eu tinha marcado aquele encontro na tarde anterior, mas mesmo assim. Maggie nunca deixava as pessoas esperando por ela mais do que uma semana.


E quando se tratava de Rick, o negócio era bem rapidinho, viu?


Eu, Kathleen e quase todo mundo do prédio ficava dizendo (pelas costas de Maggie, claro, porque não queríamos ser realmente despedidas) que ela e Rick estavam tendo um caso, porque ele realmente se enfiava muito na sala de Maggie, mesmo na hora do almoço. Aliás, principalmente na hora do almoço. Pelo visto eles aproveitavam que quase todo mundo estava fora do prédio para se beijarem e fazer mais sei lá o quê. Quero dizer, a sala da Maggie não era muito maior do que a minha, então não dava para saber se dava para ir para o sofá com alguém, porque Maggie também tinha um sofá. Um cor de chocolate encoberto com xales de rendinha.


Mas, bem, deixando um pouco o Rick e a Maggie em paz (por enquanto), entremos então no assunto Lily Evans Quer Pedir Demissão da Sessão de Layouts.


Porque era isso o que eu estava prestes a fazer na sala quente de Maggie.


Além daquela outra coisa, claro.


Então, eu desliguei o meu laptop, terminei de beber o meu café já frio, e saí caminhando até o último andar. Se bem que, na verdade, eu apenas peguei o elevador. Não precisei caminhar muito. Só da minha sala até o elevador, e do elevador até a sala da Maggie.


E considerando o quanto eu sempre tinha que estar andando o dia inteiro todos os dias, sempre para cima e para baixo com papeladas e informações e fotocópias, aquele foi o trajeto mais curto do dia. E o que eu mais ansiava, claro.


Cheguei lá no andar da Maggie (é o andar era dela) e sorri para Joanne. Joanne não ganhava mais do que eu, mas trabalhava muito mais. Às vezes ela se juntava a mim e à Kathleen nos almoços.


- Oi, Jo, será que posso entrar? – perguntei, tentando visualizar algo por detrás da porta de vidro fosco. A verdade é que portas de vidro foscas são bem frustrantes. Não dá para ver quase nada.


- Ela está ao telefone. Espero que não esteja falando com o Rick – Joanne riu baixo, enquanto anotava algo na agenda.


Eu ri também.


Aguardei um pouquinho ali em uma das poltronas estofadas com esponja à base de soja, porque ela do tipo “verde”.


Logo a Maggie apareceu com uma cara nada boa (que surpresa) e com um relatório, o qual o entregou para Joanne.


- Ligue para Ashton e o faça trazer o resto das informações, Joanne – Margareth mandou com um ar superior, aposto, só para me fazer voltar para de onde saí. Mas eu não iria voltar para minha sala. Nada disso, eu estava disposta a dar mais aquele passo em direção à minha felicidade. E a minha felicidade não pedia mais trabalhos de layouts.


- Claro – Joanne respondeu com a cabeça baixa.


Apertei os olhos para Joanne. Ela não deveria fingir submissão, sabe. A Maggie era a chefe, tudo bem, mas não era melhor ou pior do que todo mundo que trabalhava ali também. Não estávamos na África, minha filha.


- Entre, Evans – Maggie fez um aceno com uma das mãos, esperando que eu atendesse seu pedido para eu entrar em sua sala.


Entrei.


Sua sala tinha mudado. Eu não era muito de entrar ali, muito menos para fins do tipo que eu estava pretendendo. Tinha um novo quadro todo colorido com um gato sorrindo (que era horroroso) e um novo sofá. Era cor de cáqui. Vai ver o Rick e ela tinham quebrado o outro de tanto usarem.


Sentei-me em uma das cadeiras confortáveis.


- Fale rápido, Evans, porque estou esperando o chefe de departamento de designe chegar.


Que era o Rick. Bem, ela podia mentir o quanto quisesse, mas não podia achar que o resto de nós éramos burros


Ou cegos.


- Hm. Tudo bem – comecei a falar naquela vozinha detestável de medo.


Por que eu não enfrentava aquela mulher?


Ela sentou-se na cadeira dela (que era muito melhor do que a que eu estava sentada) e ficou olhando para mim.


- Comece a falar, criatura – ela disse, com uma careta.


Pisquei.


- Margareth... eu trabalho aqui há mais de um ano.


- Se quer aumento a resposta é não. Pode sair agora?


- Não vim pedir aumento! – exclamei. Como ela tinha tanta audácia de achar que conhecia os meus pensamentos? – Quero me desfazer da sessão de layouts – empinei meu nariz tanto quanto o dela estava empinado.


- Por quê, Evans? – ela rolou os olhos, desinteressada.


- Quando vim para cá trabalhar na Fifteen, minha resposta foi bastante clara quanto a o que eu pretendia fazer aqui dentro.


- Sei – Margareth começou a remexer em uma gaveta, mostrando-se zero interessada - Mas você nunca reclamou quanto a nada. Por que quer reivindicar algo logo agora?


- Por que eu cansei de achar que você vai dar algum valor a mim – eu disse.


Ela ergueu uma sobrancelha e levantou o rosto.


- Eu dou valor à você, Evans.


- Então não demonstra isso – eu falei, com frieza na voz.


- Bem, o caso é...? Você está pedindo demissão? – ela franziu o nariz - Não quer nem continuar com a sua coluna? Ela é uma das mais acessadas na rede.


- Quero ainda a minha coluna, mas quero uma mudança nela.


Deu para perceber que Maggie já tinha escutado muito de mim e queria um tempo à sós.


- E qual seria, Evans? – ela perguntou com um que de ironia.


- Quero que seja uma coluna de auto-ajuda.


- Como a da Carmmel Thomp? – Margareth ficou muito surpresa.


- É. Quando eu fui à Veneza no final do ano, ajudei umas mulheres que faziam isso, sabe? Respondiam cartas de alguém pedindo algum tipo de conselho.


- Muito bem – ela respirou fundo, como se estivesse se privando de um ataque de fúria - Posso fazer isso para você. Mas sem aumento algum – acrescentou, avisando-me com um olhar ferino.


- Tudo bem. Isso significa que terei de diminuir a minha carga horária.


- Certamente.


- Na terça que vem começo a trabalhar na Mojo – falei.


- Você vai trabalhar na Mojo? – sua voz continha nojo e admiração.


- Vou – levantei-me, pronta para sair dali, muito orgulhosa de mim mesma – Até mais – acenei.


- Evans? – ela me chamou, quando eu já estava à porta.


- Hmm?


- Eu nunca aceitaria se você pedisse demissão. Você é uma das minhas jornalistas favoritas – ela me disse, sem levantar os olhos do papel que lia.


- Obrigada – eu sorrir, sem ter muita coisa a dizer.


E com aquilo, despedi-me de Joanne e retornei à minha sala.


Naquele momento, eu estava me sentindo a menina mais feliz do mundo.


Quem sabe, só por sorte, a minha primeira entrevistada para a Mojo podia ser a Taylor Momsen. Eu não reclamaria muito. 


~~~~


Narrado por: Lily Evans
Local: Prédio Lancelot
Horário: 23:32h
Quando:
07/MARÇO – segunda-feira


Fase um: completa.


Fase dois: ainda a ser executada.


Tudo bem. Eu estava quase tentando me fingir de calma, pois eu sabia que precisaria de muita calma para lidar com Max. Ultimamente todas as noites alfinetávamo-nos e acabávamos nos magoando mais ainda um com o outro. E só Deus sabia se daquela vez eu conseguiria fazer o que era necessário.


O Max, como todas as noites, estava no escritório. Se antes ele já ficava lá por gosto, imagine agora que estávamos nos dando super mal? Ele estava quase morando lá dentro. Tinha passado até mesmo a dormir lá no sofazinho.


Tomei o meu banho quente, como sempre fazia quando chegava da rua e coloquei o pijama amarelo de golinha.


Fui para perto da porta do Max.


- Max?


- Oi – ele disse, sem entonação na voz.


Ele tinha ficado relativamente mais concentrado do que já era depois de todas as nossas brigas.


- Bem, o assunto é delicado, sabe.


- Fale – ele olhou para mim sem expressão.


Talvez ele já previsse o pior.


- É sobre... o nosso casamento.


- Eu já sei. Você está confusa. Certamente está titubeando quanto a isso, mas eu juro que...


- Não quero mais casamento, Max – eu disse, sentindo-me enjoada por algum motivo estúpido.


- Você está desistindo? Desistindo de tudo? – ele me olhou com um brilho diferente nos olhos.


- Max... – eu suspirei.


- O que aconteceu? Você desistiu mesmo de mim? Ou aconteceu algo pior?


- Pior... hm, quanto? – fiz-me de idiota - O que está sugerindo? – perguntei.


- Ora, Lily! – ele gritou, fazendo-me assustar. Caramba, o Max não reagia bem à nada – Eu sei o que está acontecendo! Você se apaixonou por ele!


- Por quem? – por mais que eu já soubesse a resposta não custava nada arriscar.


- Pelo seu amigo Jasse, Jesse, John... sei lá! – ele continuou a gritar.


- James – corrigi, mantendo o meu tom calmo e baixo.


- Ah, meu Deus! É verdade? – ele colocou as mãos na cabeça.


- Não estou apaixonada por ele...


- Não? Ah, pelo menos isso de bom n...


-... eu sou apaixonada pelo James – falei, continuando como se ele não tivesse dito nada.


- Você o quê?


- Desde o meu último ano de Ensino Médio. Eu e ele já namoramos, mas aí eu me acovardei e fui estudar em Liverpool.


- Mas você disse que nunca teve nada com ele, Lily! – ele berrou.


- Eu menti. Menti também por todos esses anos que estou com você. Acho que nunca o amei de verdade. Não com a intensidade que amo o James. Eu sinto muito.


Ele ficou quieto, então eu vi que Max não estava nada bem.


- E há dois meses eu transei com ele. Foi meio sem querer, mas aconteceu. Eu sinto muito por isso também. Antes tinha decidido não lhe contar essa parte, mas aí percebi que se não fosse cem por cento verdadeira com você, eu iria me sentir culpada.


- Você... – ele engoliu em seco, parecendo enojado.


- Não posso me casar com você quando claramente amo outro.


- Eu nem quero isso. Mas eu achei que você...


- Eu adoro você. Adoro você como amigo. A questão é que você só me sufoca e continuar com esse relacionamento idiota é... um desperdício, sabe? Para ambas as partes.


- Eu não acredito – ele disse, agora usando a sua voz mais baixa do que a minha.


- Eu sinto muito. Não queria que as coisas acabassem tão tensas para nós, mas tem que ser assim.


Max não disse nada.


- Você vai continuar por aqui até quando? – ele me perguntou.


- Até eu conseguir um caminhão para tirar as minhas coisas daqui.


- Vai morar com ele, não? – ele riu com amargura.


- É o que o meu coração pede – falei.


- Muito bem. Demore o quanto quiser para... se mudar.


- Obrigada – eu disse.


E saí dali, indo parar no quarto.


Olhei-me no espelho.


Eu não via uma vadia ali.


Eu apenas via uma menina que tinha conseguido a felicidade. Agora por completa



____

N/a: oi oi *-* dessa vez não consegui escrever tão rapidamente, mas né (eu não paro de escutar The Pretty Reckless *-*), vocês me perdoam (: yeey, a fic está acabando. Agora só falta um capítulo o/ espero que estejam gostando. Beijo beijo ;*

Nina H.


11/03/2011

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