Capítulo 7



Capítulo 07




Draco:

Não era difícil ser amigo da Hermione, nem um pouco. Ela era sim um tanto quanto dramática em algumas coisas e tinha grandes excessos de fala e filosofias de vida estranhas, mas isso de repente se tornou a parte mais legal dela, aquilo que a diferenciava dos demais.
Logo a apresentei para Gina, Harry e Blaise e, agora, o grupo estava completo, tinha para todos os gostos e tipos e Gina já não era a única garota. Para não haver grandes problemas, no começo eu chegava mais cedo para encontrá-la, levá-la até meus amigos e depois trazê-la de volta até o seu campus, mas com o tempo a amizade dela tornou-se algo importante para meus amigos também e, então, revezávamos os dias e dividíamos as tardes. O sorriso doce, quase ingênuo era uma boa recompensa. Os dias ganharam uma nova força, meu contido coração sentia em cada pulsar.
- Vocês acham que só porque cursam medicina são melhores que todos os outros. – afirmou Hermione em meio mais uma discussão boba sobre qual curso era mais importante.
Não era nada sério, isso vivia acontecendo e sempre terminava em risos.
- Administração é curso de indeciso, - retruco Harry – coisa de quem não sabe o que fazer da vida.
- E medicina é coisa de gente que sempre se achou o bonzão e quer brincar de ser Deus um pouquinho. Um bando de gente hipócrita que rouba bala de criança, mente e engana do jeito que o diabo gosta e pensa que a nuvem no céu está garantida por causa de meia dúzia de vidas que pretende salvar.
- Uau! – brincou Gina – Deu até vontade de repensar meus valores agora.
Observei Hermione revirar os olhos enquanto um sorriso se formava em seus lábios.
- Hoje deu empate. – comentei me referindo à briga.
- Sim. – hermione concordou parando ao meu lado e enlaçando seu braço ao meu. – Mas só porque Blaise não estava aqui para competir, pois todos sabemos que ele tem o dom de nos fazer achar que ser modelo é a melhor profissão do mundo.
Todos rimos.
- Sim, Blaise tem o dom. Ele sempre vence. – emendou Harry.
A piada perdendo a graça, o assunto também se perdendo.
Viro o rosto e fito Hermione, lívida, o rosto corado. Ela se vira para mim, afunda seus olhos nos meus e de repente se afasta como se estivesse fazendo algo terrível.
Já não era a primeira vez.



***



Hermione:

E dicionário algum conseguiria dar um significado para aquilo. Não era uma simples amizade, era o ápice de qualquer sonho. Não era apenas Draco, eram Gina, Harry e Blaise. Meus amigos. Por mais que eu tivesse imaginado, esperado e sonhado, nada se comparava àquilo. Pessoas que faziam da minha vida algo que valia a pena, eram tudo o que eu tinha. Para ser perfeito faltava apenas meu pai estar ao meu lado, mas não era possível e Draco aliviava essa dor causada pela ausência constante. Ele me protegia, cuidava de mim. Quase um amor fraternal, quase.
Era uma pessoa boa, quer dizer, ele era absurdamente bom, chegava quase a ser chato, às vezes.
- Tudo bem Mione?
Estávamos todos reunidos na casa de Gina, prontos para uma sessão de filme e pipoca. Draco me perguntava se estava tudo bem, pois íamos assistir “Uma lição de Amor” com Sean Penn e Michele Pfeifer e, ele sabia que filmes ou o que quer que fosse que contasse a história de um pai e sua filha, me matavam de tanto chorar e me deixavam profundamente abalada. Não que ele tenha testemunhado tantas cenas assim, mas ele já me conhecia o suficiente para saber.
- Está tudo bem sim, quero muito ver esse filme.
- Não, é que se quiser eu fico lá fora com você enquanto eles assistem, por mim não tem problema nenhum.
Acredite, não há nenhuma intenção romântica nisso, ele faria isso por mim, pelo Harry ou por qualquer ser respirante da face da Terra. Ele era assim, simplesmente bom. Com a vida e vontade dos outros sempre em primeiro lugar.
- Pode deixar Draco, vou ficar bem. Chorar me faz bem, é bom.
Estampo o rosto com um sorriso escancarado e cedo à vontade de afundar o rosto na curva do seu pescoço, roçando o nariz para lhe fazer cócegas. Rindo, ele pega meu rosto pelo queixo e me fita quase sem respirar. Ouço passos e percebo que é o restante do pessoal voltando da cozinha e trazendo a pipoca e o refrigerante. Não preciso ter olhos atrás da cabeça para saber que Gina nos observa e, então, me afasto rapidamente de Draco.
Como sempre, ele me olha sem entender nada e por mim continuaria não entendendo.
A única coisa que ele tinha que entender é que havia alguém ali que morreria por ele. E acredite, embora eu seja louca e tenha mania de morte, esse alguém não era eu. Eu - por ele – vivia e continuaria vivendo.


***



Draco:

Nos divertíamos juntos, eu e Hermione e, claro, todos os outros. E embora fosse nítido que não era apenas uma amizade superficial, algumas barreiras ainda não haviam sido derrubadas e eu não tinha tanta certeza de que seriam um dia.
O único que eu sabia que me contava absolutamente tudo era Blaise. Harry escondia algo, mesmo que evitasse ao máximo demonstrar qualquer coisa, não era difícil perceber quando seu olhar vagava, quando sua boca dava respostas automáticas, mas seus olhos mostravam o quanto seus pensamentos estavam distantes. Gina comportava-se de maneira parecida a de Harry, mas com a diferença de que ela não se importava em demonstrar, às vezes, até parecia que ela fazia de propósito, como se quisesse que percebêssemos e perguntássemos para que ela pudesse falar e quem sabe fazer um pouco de drama, sei lá, talvez eu esteja sendo maldoso, mas sei que não era o único que pensava assim e, era exatamente por isso, que acabávamos nunca perguntando nada, apenas fingindo que não víamos, se fosse algo realmente sério, ela diria de uma vez, ou não, mas com certeza não faria aquele joguinho. Quem mais escondia coisas era Hermione e isso me enchia de preocupação. Desde o começo achei que ela precisava de um amigo e agora ela tinha quatro, ainda não conseguia entender o que tanto lhe perturbava.
Percebia seu bem estar, ela estava feliz na superfície, estava sempre sorrindo, continuava falando mais que a boca, como costumam dizer, mas seus olhos permaneciam opacos como no dia em que a conheci.
É claro que eu considerava a perda recente de seu pai, pelo o que pude perceber pelo pouco que ela dizia, ela havia perdido a mãe muito cedo e seu pai foi quem a criou, mas nada tirava da minha cabeça aquela certeza que tive no dia em que visitei no hospital, aquela não era primeira vez que ela tentava algo, então antes mesmo da morte de seu pai, havia algo que a machucava.
Mas ela nunca disse nada. Fugia de vários assuntos. Queríamos saber algumas coisas, não por querer futricar a vida dela, apenas por curiosidade e singela preocupação de amigos. Por que ela escolhera administração? Por que ora parecia amar o curso e ora parecia odiar? Por que cortava-se daquele jeito a ponto de ter que esconder os pulsos? Por que nunca nos levava até sua casa? Por que nunca falava de nada de sua vida? Eu sei que muitas coisas acabam parecendo curiosidade banal, mas não era.
Será que Hermione não percebia a importância que tinha em minha vida? Será que não se dava conta do quanto eu queria o seu bem? Por que não confiava em mim?  
Não conseguia entender certas coisas de seu comportamento. Ela tinha o hábito de enlaçar seu braço ao meu, mas no primeiro instante de qualquer contato visual, ela virava o rosto e se afastava como se eu estivesse lhe invadindo.
E o mais estranho de tudo era que isso era apenas comigo e com Blaise, pois com Harry as coisas eram bem diferentes, ela vivia jogada no pescoço dele, tinha o hábito – confesso que invejável – de enchê-lo de beijos nas bochechas e ele retribuía sempre da mesma maneira. Esse comportamento sempre trazia a minha mente a certeza de que amigos não era suficiente para Hermione, ela precisava de um companheiro, um homem que amasse e a protegesse. Talvez Harry fosse esse homem.
Eu não sabia quando as coisas melhorariam, nem se iam mesmo melhorar um dia, só o que eu sabia naquela época é que muitas coisas estavam prestes a acontecer e tive medo, muito medo de não saber o que fazer.



***



Hermione:

Todos tinham ciência de uma coisa: Todos escondiam algo, apenas Blaise com seu dom invejável de não se importar com coisas mínimas ou até mesmo graves, tinha a expressão sempre lívida e despreocupada.
Não sei se isso era tudo, mas como já disse, eu já sabia o que Harry e Gina escondiam, me perguntava se Blaise e Draco também sabiam, mas tudo indicava que não, as mulheres têm mesmo mais sensibilidade para perceber essas coisas.
Gina parecia sempre estar a um passo de contar, provocava algumas situações para que alguém perguntasse algo, mas acho que todos percebiam a sua ceninha e decidiam não perguntar. Sei que com vinte e dois anos, mania de morte e munhequeiras, eu não era a representação perfeita de maturidade, mas Gina no auge dos seus vinte e quatro anos, era tão madura quanto uma criança do pré-primário. Harry era tão óbvio em seus sentimentos por ela que, às vezes, dava ânsia. Sempre ali tão devoto e com cara de bobo, como assim ela não percebia? Ou talvez ela percebesse e por nutrir seu amor platônico por Draco achava melhor fingir cegueira. E também podia ser por consideração a Harry que ela não se declarava logo de uma vez, era uma explicação.

Aquilo estava confuso, ainda bem que Blaise não queria saber de namorada nenhuma e eu e Draco muito menos, pois se não a coisa estaria em estado critico.
Quanto a Draco, ele não era muito diferente dos outros, também tinha os seus segredos. Muitas vezes era evidente que ele pretendia tomar certas decisões, mas aquele instinto de precaução que ele sempre segue o detia. Era algo cansativo de acompanhar.
Já eu, continuava na mesma de sempre, quer dizer, naquele sempre que nasceu depois que Draco entrou naquele quarto de hospital. Ainda sentia falta do meu pai, mas já não doía tanto. Minha vida seguia seu curso normal, com a importante diferença de que agora eu não estava mais sozinha, tinha amigos e devo dar um destaque especial para Harry. Sei que tudo começou com Draco e tudo termina nele também, mas Harry era meu tesouro.
Pensa em alguém perfeito.
Não! Draco não! Ele é o bonzinho chato, já esqueceu?
A resposta certa é Harry. Se Gina fosse um pouquinho mais inteligente veria que estava fazendo a escolha errada.
Gostava de estar com todos os meus amigos, mas com Harry a coisa era um pouco diferente, nada, absolutamente nada me fazia tão bem quanto o seu simples beijo estalado na bochecha ou o seu abraço de urso.
Quer dizer, estou sendo injusta, havia uma coisa que o superava, os olhos de Draco sobre os meus, mas havia sempre Gina a espreita e eu não gostava de olhar em seus olhos e ver o quanto ela o amava e estava com ciúmes daquela simples troca de olhares. E foi por isso que o que me fazia mais bem, acabou se tornando o que me fazia pior. E claro, o fato de eu querer encontrar o meu futuro naquele par de olhos e não me encontrar lá.
É preciso que entenda que não estou sendo injusta com Draco, é claro que ele era o meu melhor amigo em todo o mundo e esse era exatamente o problema: Ela era meu amigo, mas meu coração não queria se conformar com – apenas – isso.


 


 


N/A: Uuuuuufa, postei. Não é um capítulo que me agrada muito, maaaas... O próximo melhora e não demora!! *--*


Bjs e comentem xD



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Comentários (1)

  • Marcella Reginato

    AHHH, já estava com saudade, sério mesmo, embora minha saudade já começa quando eu termino de ler o capítulo e vejo que não tem outro para ler T.T Okkkk, essa fanfic é muito perfeita, ao mesmo tempo que tem todo o drama da Hermione, é uma fanfic calma, meio de comédia, eu diria que é perfeita, rs. Então é isso, aguardo o próximo capítulo, porque já estou com saudade do Harry abraço de urso, Gin e seu amor platônico, Blas o super-modelo, Hermione a dramática pela morte, e o Draco que eu nunca tenho palavras para descrever, porque ele é um fofo e eu amo ele demais *-* Beijos, Comandante Yura

    2011-09-21
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