Mesa de Saloon;



- Sirius Black – a voz do guarda soou forte e firme aos ouvidos de Sirius. Provavelmente o guarda se achava mais importante do que realmente era.


O moreno caminhou o mais rápido que pôde até onde o guarda estava, esperando que ele o liberasse. Alguns papéis, muita burocracia e ele estava livre. Livre! Há quanto tempo não sentia isso. Era muito bom se sentir fora dali, com toda sua liberdade, podendo fazer o que quisesse outra vez. Pensou em como ligaria pra ela, mas lógico, ela já estava ali, poupando-o de qualquer tipo de preocupação. Ele devia ter imaginado que no seu primeiro dia livre ela não iria deixar de vê-lo, até porque, tinha sido a promessa dela.


Um conversível vermelho? pensou com si mesmo. Ela nunca teve um conversível vermelho, de onde ele veio? Claro. Como ele não pensou nisso antes? Aquele carro deveria ter sido roubado há nem cinco minutos.


- Sirius! – ela gritou assim que o viu, correndo em sua direção – Senti tanto sua falta! – já estava com as pernas em volta da cintura dele, abraçando-o o mais forte que podia.


Ele sorriu; ela não havia sequer se esquecido dele. Isso era bom, muito bom.


- Eu também senti – aspirou o perfume de seus cabelos – Bastante.


E não era nem de longe uma mentira. Ele havia sentido de fato falta dela. Estava tão apaixonado que era até quase fofo... Quase.


- Hoje é um dia especial – anunciou enquanto se jogava no banco do motorista e tirava os saltos, para que pudesse dirigir – Vamos comemorar sua liberdade!


- Vamos? – perguntou interessado.


- Claro que vamos! Em grande estilo, inclusive – disse pegando já um maço de cigarros e uma garrafa de gim. Ele sorriu, feliz demais, e Marlene riu um pouco, acelerando o carro em seguida como sempre fazia.


Sirius jurava que se ela não fosse mulher demais, ela daria um belo homem. Digo, ela tinha jeito pra coisa. Talvez ela fosse a pessoa com ovários mais foda que ele tivesse conhecido (ou até sem, mas isso já era demais pra que ele admitisse).


Alguns minutos e estavam em um posto de gasolina, pois ele queria ir ao banheiro e ela queria abastecer. Ele achou aquilo bastante suspeito, pois pode perceber que ela tirava notas altas da carteira, mas decidiu não se incomodar. Não conseguiria também, mesmo se quisesse. Foi ao banheiro imundo do posto, tentando não se incomodar, também, com o homem que o encarava. A princípio suspeitou que ele fosse gay, mas depois achou que ele talvez só fosse esquisito mesmo.


Quando voltou, parou pra analisar a cena que via e riu: Marlene estava apoiando os braços no conversível, fumando um cigarro. Naquela posição ela ficava... perigosa demais, então Sirius não deixou de achar engraçado a cara que os frentistas do posto faziam enquanto admiravam Marlene; faltava-lhes apenas babar, de fato. E ela não parecia deixar de notar, tampouco parecia se importar com isso. Tinha os óculos escuros no rosto, seu short jeans preferido e uma regata creme qualquer, pois estava um calor dos infernos; nos pés, como sempre, seus saltos altos vermelhos.


- Você percebeu que é o sucesso do posto de gasolina, Marlene? – ele perguntou em seus ouvidos, aparecendo repentinamente atrás dela, que levou um pequeno susto com a presença dele ali.


- Ah – deu de ombros – Sou um sucesso em qualquer lugar que vou. Já me acostumei – abriu um sorriso convencido.


Ela era, com certeza, a mulher perfeita para Sirius.


Pegou a carteira quando um dos frentistas veio lhe avisar que tinham terminado de encher o tanque. Deu-lhe em notas altas o valor e ainda insistiu que ficasse com o troco: não precisaria de dinheiro algum mais tarde.


Sirius, mais uma vez, teve a certeza que Marlene aprontaria alguma coisa, mas deixou o sentimento pra lá; não lhe interessava mesmo, de qualquer forma. Qualquer confusão que ela arrumasse agora, arrumaria sozinha. Ele sempre estaria lá pra ela, mas não gostaria de ser mais cúmplice. Não pelos próximos meses, pelo menos.  Tolo, ela pensaria caso pudesse ler os pensamentos dele. E quase podia, pra falar a verdade.


- Você parece tão feliz – ele disse em meio aos gritos de Marlene, que tentava cantar a música que tocava na rádio.


- Porque eu estou – sorriu ainda mais – Você acabou de ganhar sua liberdade de volta, Sirius. Isso me deixa feliz – parou o carro de repente e olhou pra ele – Sabe, eu me senti meio culpada nos últimos meses.


- Não precisava – ficou surpreso por ouvir aquilo, mas apenas o deixou mais vidrado na mulher.


- Você é tão lindo – beijou rapidamente os lábios dele e logo se afastou, pegando um casaco preto que aparentava ser caro demais e calçou os sapatos – Espera aqui por mim, eu já volto – mais um beijo rápido e já estava do lado de fora, com os óculos grandes no rosto e o casaco quase todo abotoado.


Sirius olhou a sua volta e notou que estavam fora da cidade, ou pelo menos quase. Aumentou o volume do som e bebeu mais um pouco de gim pra relaxar; tentou pegar um cigarro, mas não conseguia encontrar o maço em lugar algum. Talvez Marlene tivesse levado com ela. Estava quase adormecendo, quando ouviu um barulho parecido com um tiro. Levou um susto tão grande que chegou a saltar do banco.


Talvez eu esteja ouvindo coisas, pensou. Mas logo depois um outro som igual, e a partir daí os tiros continuaram sem pausa. Estava bem claro: aquilo era obra de Marlene. Como ele podia ter achado que teria alguma paz? Mais uma o destino havia o enganado: seu primeiro dia livre começaria em fuga outra vez.


Dito e feito. Marlene apareceu correndo, jogando um saco enorme de dinheiro no banco de trás, pulando no banco do motorista e acelerando de um jeito que só ela poderia fazer, ainda mais com os saltos no pé. Assim que conseguiu, tirou os saltos e os jogou também no banco de trás. Ela fazia curvas sem tirar os pés do acelerador; o carro já estava a muito mais do que 150 por hora. Mas ela estava acostumada a dirigir em uma velocidade tão alta, e Sirius sabia disso.


- Sabe, - ele disse quando já estavam bem longe do lugar onde tinham parado – Você devia ter me avisado que nossa rotina seria assim antes de eu me apaixonar por você.


Marlene não respondeu, apenas sorriu; um sorriso que, apesar de brincalhão e esnobe, era feito de pura felicidade. Felicidade pelo motivo mais simples do mundo: ele havia dito, mais uma vez, que estava apaixonado por ela.


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Quatro meses, cinco dias e 16 horas antes;


 


- Alô? – Sirius tentou procurar algum lugar mais calmo, mas independente de onde você estivesse o som impossibilitava-o de ouvir o que dizia ou o que a outra pessoa – que ele ainda não sabia quem era – dizia.


- Amor? – ele reconheceu a voz fina da namorada na outra linha.


- Não tô conseguindo te ouvir muito bem, velho – falou, já sem paciência.


Não é que não gostasse de Gabriela, é só que... ela não era mulher o suficiente, além de ser dependente demais dele. Mas ainda assim, gostava dela de algum jeito, ou pelo menos se importava, e era o que o mantinha naquele relacionamento. Claro que manter a cabeça dela intacta já era outra coisa.


- Eu queria saber se você vai vir pra cá de madrugada ou de manhã – ela implorava; não era como querer saber, era mais como “preciso que você venha, diz que vem?”.


- Tudo bem, eu vou.


Sirius já não insistia em não ir, até porque, isso só fazia Gabriela ficar triste. E se era pra ela ficar triste namorando ele, podiam terminar porque ele continuar ali não faria sentido algum.


- Obrigada. Te amo, Six – disse antes de desligar o telefone, para poupar a si mesma de só escutar um “de nada, amor, até amanhã”.


Era difícil pra ela, mas ela o amava, então, fazer o quê?


Ele respirou fundo, tentando não se estressar por aquilo. Ultimamente, a mais mínima cobrança de atenção da namorada o irritava, e ele não tinha uma razão pra se sentir assim. Vai ver ele estava mesmo na TPM, como Lily havia dito dois dias atrás quando eles brigaram por causa do leite.


Decidiu sentar no balcão e beber alguma coisa enquanto olhava as pessoas dançando. Tinham algumas mulheres realmente lindas, do tipo que te fazem querer ir até elas no mesmo momento e insistir até que elas pelo menos dancem com você. Mas nenhuma delas era tão linda quanto a morena que ele viu
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no canto da esquerda, próxima do banheiro, aliás... na fila do banheiro! Ela olhava as próprias unhas, parecendo impaciente. Ele ficou analisando a mulher por alguns minutos, até porque era o mais interessante pra se olhar em todo o estabelecimento.


Ficou realmente estarrecido, tamanha era sua beleza. Tinha cabelos pretos ou castanhos, e eles eram compridos, ondulando um pouco quando chegavam mais perto do final; usava saltos vermelhos muito altos e um vestido colorido muito curto e solto, que dava a ele uma noção do quão perfeito o corpo da mulher era. Mas, sem dúvida, nada se comparava ao seu rosto. Ela havia acabado de levantá-lo para encarar justamente Sirius, que ainda a encarava, e ele ficou surpreso ao ver aqueles traços perfeitos; era impossível colocar algum defeito nela.


Ela sorriu e ele automaticamente sorriu de volta. Foi quando a mulher da frente a cutucou e disse que, pelo visto, um banheiro tinha acabado de vagar. Não sem antes dar mais um sorriso a Sirius, entrou na cabine vazia.


- Rémy Martin, por favor – pediu, sentando-se no bar – E um isqueiro.


Pegou do bolso o maço de cigarros que carregava sempre consigo e pegou um para que pudesse fumar. Ainda olhava as pessoas dançando, mas como seus olhos estavam fixados em um casal no canto direito, não viu quando a morena se sentou ao seu lado.


- Pall Mall? – ela perguntou, fazendo com que Sirius olhasse pra ela, assustado.


Merlin, pensou, ela é ainda mais linda de perto.


Ela, por sua vez, riu da cara que Sirius fazia.


- Um modo luxuoso de cometer suicídio, mas eu ainda prefiro o bom e velho Benson & Hedges – completou.


- Tá brincando? – ele sorriu – Pra começar, você fuma? – aquilo não podia ficar melhor.


- Tá brincando? – o imitou – Só não suporto Lucky Strike.


- Não é um dos meus favoritos também – bebeu mais um gole de seu Rémy Martin, oferecendo a ela em seguida.


- Conhaque? – perguntou, cheirando a bebida e logo fazendo uma careta – Prefiro gim.


- E qual o seu preferido?


- Depende da ocasião, mas eu normalmente bebo um Old Tom, porque é o mais forte – ainda sorria de um jeito que Sirius nunca havia visto uma mulher sorrir; era parecido demais com... ele – De qualquer forma, London Dry ainda é clássico.


- Com sua licença, então – fez uma reverência de brincadeira e chamou o barman, pedindo-lhe por um copo de gim, e quando ele lhe perguntou qual, olhou para a mulher – Hoje seu humor está apto para um...?


- Pink 47, por favor – disse ao barman, que balançou a cabeça afirmativamente e foi pegar a bebida.


- É. Você não é uma mulher normal – ele sorriu.


- Não. Mas você diz isso só pelo Pink 47? Era uma mania de uma amiga minha, e eu acabei pegando ela também. É a marca que eu normalmente prefiro dentre os London Dry em geral.


- Na verdade, não pela marca, mas pelo fato de fumar e beber gim. Claro que muitas fumam, mas, sei lá – deu de ombros e colocou o toco do cigarro que havia terminado no cinzeiro.


- Ah. Você acostuma com o tempo – sorriu e agradeceu ao barman que chegou com sua bebida, dando um gole considerá agradeceu ao barman que chegou com sua bebida, dando um gole considerável;


Ficaram ali conversando mais algum tempo sobre cigarros, filmes e bebidas, e Sirius já estava maravilhado com aquela mulher. Ela era mesmo impressionante. De repente, começaram músicas bem animadas dos anos 70 e ela o chamou pra dançar. Ele aceitou, claro. Qualquer desculpa pra ficar mais perto dela seria ótimo, ou mesmo pra ficar com ela; havia adorado sua companhia.


Quando começaram a dançar, ele rapidamente notou que não seria necessário apenas os passinhos que costumava fazer quando dançava com Gabriela; seria necessário que ele se esforçasse pra acompanhar a mulher, que era praticamente um John Travolta em ação. Ou até melhor, considerando que ela era um John Travolta com peitos, segundo a mente de Sirius. Meu Deus, ele estava completamente apaixonado por aquele jeito, aqueles olhos de menina, tudo. Lógico que ele não havia percebido de cara, mas de cara soube que não poderia deixar aquela mulher, qualquer fosse seu nome, passar.


Dançaram até que ficaram muito cansados e ela o chamou pra ir em seu apartamento, que era ali do lado. Já estavam bêbados, lógico. No elevador, enquanto olhavam um para o outro em meio a risinhos dela e sorrisos dele, se agarraram. Quando chegaram à sala de estar do apartamento da morena já estavam praticamente sem roupa e sem sapatos. Não demorou muito pra encontrassem o quarto, mas bateram em alguns objetos antes; nada muito importante.


 


Quatro meses, cinco dias e 5 horas antes; ou 5 horas depois.


 


Acordaram com fome, em meio a uma casa parcialmente destruida, ou pelo menos com objetos quebrados em alguns cantos pelos quais eles passaram na noite anterior. O que significa a casa inteira com exceção do banheiro.


Ela estava calçando os sapatos pretos e abotoando um casaco cinza quando ele notou que ela planejava sair.


- Onde nós vamos?


- Lá embaixo - sorriu - Precisamos tomar café, sabe?


Entendendo o por que de estarem saindo, Sirius começou a colocar suas roupas. Quando ficaram os dois prontos, sairam.


- Eu me lembrei de uma coisa - ele disse enquanto ainda estavam no elevador - Não perguntei seu nome ontem.


Ela sorriu, sem lhe responder por algum tempo.


- Elizabeth.


Teve a sensação de que ela estava mentindo, mas achou que era loucura de sua parte achar que a mulher mentiria o próprio nome. Porém, assim que chegaram ao café, um senhor a cumprimentou como Mary, e ele ficou sem entender. Quando se sentaram, já com o café na mesa, ele decidiu perguntar.


- Mary ou Elizabeth?


- Maria Elizabeth, o que faz com que ele me chame de Mary - deu de ombros - Eu moro aqui há muito tempo, ele tem o direito de criar apelidos fofos, não é? - sorriu e deu um gole em seu chocolate quente.


Sirius concordou, mas ainda achou aquilo bastante estranho. Sem motivo nenhum, inclusive; ele mesmo sabia que era neurose de sua parte, mas aquela mulher parecia ter algo realmente a esconder.


 


Três meses, quinze dias e 2 horas antes; ou quinze dias e 3 horas depois.


 


- Qual o nome dela? - a loira perguntou, parando de gritar e encarando Sirius.


- Como?


Ela respirou fundo e soltou o ar lentamente.


- Você não terminaria comigo se não existisse outra mais importante, Sirius. Você sabe tão bem quanto eu que esse namoro é prático pra você.


Ele se sentiu mal; claro que sabia que ela sabia, sempre soube. Das traições, mentiras, falta de interesse, afins. Mas ela jogando isso na cara dele era meio diferente. Fazia com que ele se sentisse um canalha por ter usado ela por tanto tempo. HA-HA, que irônico. Sirius Black canalha?


- Maria Elizabeth - mentiu, pois sabia que era o que devia fazer - Me perdoa, Gabi.


- Não, tá tudo bem. Sério - limpou uma lágrima que insistia em cair de seus olhos - Acho que no fundo eu sempre soube que esse momento ia chegar. Você não podia passar sua vida inteira sem se apaixonar por ninguém.


Ele não respondeu, apenas a abraçou, enquanto ela chorava e soluçava. Alguns minutos depois e estaria fora daquele lugar, com sua verdadeira mulher o esperando na porta; pois era lá que ela estava, na porta do prédio de Gabriela, esperando que Sirius terminasse o relacionamento com a loira pra que eles pudessem fazer a viagem deles.


E de fato não demorou muito. Dez minutos pra que ela se acalmasse e deixasse ele ir, e ele logo já beijava os lábios da morena.


- Então... Como ela aceitou a notícia? - sua voz tentava soar indiferente, mas os olhos a denunciavam quanto a diversão que estava tendo.


- Você se diverte com isso, né? - riu - Você não presta.


- Claro que presto. Não estou nem me divertindo, aliás - disse séria, mas logo abriu um sorriso.


- Sei - irônico - E ah, ela aceitou até melhor do que eu esperava. Pra mim ela ia ameaçar se suicídar ou coisa assim.


- É um sinal divino que nós deviamos ficar juntos, então - o abraçou - Um dos, no caso.


- Ah, temos mais sinais, é? - ele parou de andar, ficando de frente pra ela, com aquele sorriso muito parecido com o dela - E quais são?


- Quer saber o maior deles? - esperou que ele assentisse pra prosseguir - Eu estou apaixonada por você - falou mais séria do que normalmente, o que fez Sirius entender que ela estava dizendo a mais pura verdade.


- Eu também estou completa e perdidamente apaixonado por você, Marlene - sorriu.


- Bom, a parte do "completa e perdidamente" é por sua conta, eu não sou tão gay assim - riu, abraçando o futuro namorado e o beijando.


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O sol começava a se pôr mais uma vez, e Sirius e Marlene ainda estavam na estrada, agora a muito mais do que 180 por hora, muito mais rápido do que jamais estiveram, Sirius tinha certeza. E não é como se ele não gostasse do vento batendo em seus cabelos violetamente e da sensação de estar quase voando, mesmo que não fosse ele dirigindo (aliás, ele ficava mais apaixonado quando via a mulher dirigindo daquele jeito); é só que ele não gostava de não poder aproveitar essas sensações, tendo que se preocupar com as sirenes que escutava há tantas horas.


Havia um tempo que ele não via a coisa tão feia. Parecia que cada hora entrava mais um carro da polícia naquela perseguição e que nunca sairiam daquilo vivos. Pelo menos ele acreditava que não. Mas Marlene, ah, essa ainda sorria como se estivesse se divertindo bastante com aquilo tudo. Ele olhou em seus olhos, pensando como sentiria falta deles quando o destino os alcançasse. Pensando nisso, notou que a estrada estava praticamente toda bloqueada por autoridades. E perto estava um posto de gasolina, ou pelo menos parecia um posto de gasolina.


Marlene passou pelo posto e logo fez um curva brusca, o que fez com que Sirius segurasse pra não cair e segurasse o saco de dinheiro pra que o mesmo não voasse. Não entendeu porque Marlene tinha feito aquilo e agora andava em direção aos policiais, que cada vez ficavam mais perto. Mas duvidou que ela planejava se entregar, até porque não havia diminuido a velocidade.


- Sirius, segura aqui - pediu pra que ele tomasse conta do volante enquanto pegava o isqueiro - Segura igual homem, Sirius! - berrou.


Ele segurou firme, o mais contorcido que era possível. Ela mandou que ele passasse pelo posto, por dentro dele e foi exatamente o que ele fez. Duas viaturas estavam bem atrás deles, apenas metros de distância, e assim que eles sairam do posto as viaturas estavam entrando. Surpresa grande a de Sirius quando viu Marlene jogar o isqueiro no momento certo pra que as viaturas e o posto inteiro explodissem, além de umas outras atrás que paravam, pois o caminho agora estava interditado.


Ainda assim, continuaram dirigindo por horas. Nenhum sinal de polícia por um dia inteiro e resolveram passar em qualquer lugar da estrada pra comer e comprar outro isqueiro.


- Ainda não consegui entender como você sentiu o cheiro de gás. Nós passamos pelo posto rápido demais - ele disse, eternamente impressionado com o que a namorada havia feito.


Marlene riu um pouco e bebeu mais um gole de sua água, pegando o isqueiro e dando o fora dali com Sirius.


- Aliás - disse, quando já estavam no carro e ela já havia colocado os óculos escuros - É o costume. Com o tempo você pega o jeito da coisa - sorriu.


Com o tempo, pensou. Ela realmente esperava que ele continuasse naquela vida louca com ela. E bom, tendo ela, não era mesmo uma má idéia. Pelo menos não na visão de Sirius.


Quando já podiam dirigir um pouco mais devagar, ou seja, há pouco menos que mais de 200 por hora, ela pediu que ele lhe desse um cigarro. E ele, assim que lhe entregou o cigarro aceso, notou que seu relógio havia sumido.


- Deve ter caído em algum lugar - ela falou, soltando fumaça e deixando a ponta do cigarro voar para a estrada atrás deles.


- Não foi uma grande perda - deu de ombros, sentando-se cansado no banco - Você pretende parar onde?


- Por aqui mesmo, no meio daquilo ali - apontou para o pseudo deserto cheio de plantas que havia do lado da estrada - Não acham a gente com certeza se nós estivermos no meio daquele matagal.


- Matagal? - ele riu. Não era nem de longe um matagal, mas com certeza eles não seriam achados.


Alguns minutos depois e estavam parando o carro de novo, pegando cobertores que Marlene havia trazido no porta-malas e comida que haviam comprado, mais a garrafa de gim de sempre e os cigarros. Deitaram no próprio carro, no banco de trás, e se enrolaram no cobertor e um no outro.


- Sabe, - ele começou, olhos fixos nas estrelas - Mesmo você me colocando em uma porrada de confusões, eu gosto de você. Aliás, o caralho, eu amo você.


- Ah, eu sei - riu - Eu amo você muito mais, mesmo você me enchendo o saco por fazer da nossa vida maravilhosa.


- Maravilhosa? Quais são seus critérios pra descrever isso como fazer da nossa vida maravilhosa?

Ela riu um pouco mais: - Cala a boca, Sirius - beijou o namorado - Amanhã vamos comprar passagens pra Austrália, tá?


- Austrália? Ahm?


- Não acha que vamos ficar aqui pra sempre, né? Eu já providenciei todos os documentos falsos e as passagens. Pensei que teríamos mais tempo, mas essa perseguição foi um pouco mais tensa do que a última. Acho que não planejei as coisas muito bem. O posto foi uma obra divina.


- Mais a sua capacidade de cheirar coisas, lógico - apertou seu nariz - E ótimo, vamos pra Austrália torrar o dinheiro roubado. Quanto tem ali, aliás?


- Mais, muito mais do que um milhão de dólares - sorriu vitoriosa, sendo acompanhada por Sirius.


Eram um casal politicamente incorreto, lógico. Mas pelo menos eram... deliciosos.


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- Esse relógio é masculino - o policial lembrou - É um modelo masculino. Meu irmão tem um igual.


- Pode ser do homem que a acompanhava.


- Havia um homem no carro? - perguntou o terceiro surpreso.


- Sim, havia. Eu notei logo no começo, mas depois foi ficando difícil perceber, de fato. Ele pareceu bem coadjuvante.


- Talvez fosse uma vítima.


- Por que ela fugiria com uma vítima? - o policial revirou os olhos.


- Verdade... Bom, só nos resta continuar a procurá-la.


- Nem uma pista de onde ela poderia estar, não é?


- Não... - murchou.


Andavam em direção a viatura outra vez, quando o menos deles apontou para os céus.


- Deve estar indo pra Oceania, é o caminho dos aviões que vão pra lá também - olhou para o avião - Que inveja.


Levou um tapa do mais gordinho.


- Para de sonhar e vem trabalhar, George!


- Sim senhor! - disse prontamente, entrando no carro em seguida.


Logo estavam procurando pistas dela de novo. HA-HA.

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N/A: Oi pessoas, mais uma short, tadã. Eu gosto muito dessa música e queria escrever uma fanfic com ela desde.. sempre. Então, finalmente eu consegui botar meus dedos pra trabalhar e tadã, saiu isso daí. Eu gostei dela, até *-* Comentem e tals (de praxe). E bom, vejo vocês na próxima, HEHE. Beijos.

P.S: Beta disse que vai passar aqui amanhã <3
 

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