..You;



Think of me when you’re out, when you’re out there.
               I’ll beg you nice from my knees.


 


Aquela devia ser no mínimo a milésima carta que Marlene tentava mandar à Sirius em um período de seis dias. Mas ela não podia desistir; não podia perder as esperanças de receber uma resposta qualquer, mesmo que fosse “não me atormente nunca mais”. Qualquer sinal de vida por parte dele seria bom o suficiente pra fazê-la sorrir.

Mas não era isso que ela recebia. Ela recebia apenas o vazio; o vazio da incerteza, da dúvida, de não saber onde ele estaria, o que estaria fazendo, com quem estaria e o que estaria fazendo com essa pessoa, principalmente. Mas e então, o que ela poderia fazer? O erro havia sido seu; ela não havia corrido atrás, ela tinha sido burra o suficiente pra deixar passar a oportunidade de sua vida. E mesmo não gostando de remoer o passado ou, como dizia sua mãe, chorar pelo leite derramado, não podia se conter ao pensar sobre como tinha sido estúpida ao não responder a simples pergunta que Sirius havia lhe feito. Agora ela sentia sua falta, sentia em todas as partes do seu corpo.

Não tentou ligar pra James ou Lily, ou qualquer um de seus amigos. Estava deprimida demais pra isso, então, aproveitou que estavam no período de férias e que assim nenhum deles conseguiria falar com ela caso quisessem. Ficava o dia inteiro debaixo de seu ar-condicionado que colocava a temperatura a 19 graus (muito melhor do que do lado de fora, obviamente); escrevia as cartas para Sirius, mantinha seu celular desligado, pois sabia que os amigos estavam loucos, e como estava na casa de sua prima, e eles não sabiam, era ainda mais fácil ignorá-los. Nem a internet usava, apenas ouvia música e escrevia.


Quando não conseguia escrever uma carta ou escrever sobre eles, cantava alguma coisa. O que seria o mesmo que dizer que, quando não conseguia fazer as lembranças saírem dos dedos, as fazia sair pelos lábios, em forma de qualquer coisa que pudesse os representar.




When the world treats you way too fairly,
              It’s a shame I’m a dream.


 


- Eu não tenho culpa se você pensa que o mundo gira em torno de você, Sirius! – ela berrou; sua voz ecoando sutilmente no corredor do colégio – Aliás, você já devia ter percebido há muito tempo que nada no mundo tem a ver com você!


Ela andava na direção oposta a dele, mas então o sentiu segurar em seu braço com força, a forçando a se virar e lhe encarar. Encarar os olhos magoados de Sirius era o que ela menos queria nesse momento, pois sabia que seria fraca caso eles a implorassem por perdão. Mas precisava fazer aquilo; Sirius não podia sair dizendo qualquer coisa sobre ela o tempo todo e ela assim aceitaria bem. Precisava parar com aquela loucura estranha que tinha de colocar sempre a culpa sobre si mesma pra se desculpar por estar bem com ele.


- Me perdoa? – ele pediu – Eu sei que você não fez aquilo de propósito, muito menos acho que tenha alguma coisa a ver comigo. Só exagero porque morro de ciúmes de você, Lene – a puxou mais pra perto e sussurrou em seus ouvidos: - Você é linda demais pra eu correr sequer o risco de te perder.


Ela ficou paralisada, com os olhos já cheios de lágrimas abertos, enquanto Sirius a segurava perto, com o rosto no meio de seus cabelos, cheirando-os de maneira que a fazia se arrepiar. Ele então olhou pra ela e limpou as lágrimas que caiam de seu rosto, beijando delicadamente os lábios frios dela.


- Sirius - ela chamou seu nome, voz baixa e lenta, e ele a olhou - Preciso que você prometa que - parou pra encará-lo e ter certeza que ele prestava bastante atenção - Nunca mais vai sequer pensar que existe a possibilidade de você me perder. Eu não te trocaria nem por um milhão deles, Sirius.


- Eu sei - fechou os olhos e demorou a abri-los outra vez - Me perdoa por ser tão inseguro também. É realmente difícil quando se trata de você.


- Você acredita, Sirius?


- Em você? Lógico, meu amor.


- Não em mim. Bom, em mim, mas mais especificamente, você acredita no amor que eu digo sentir por você?


- Claro que acredito. - abraçou Marlene forte - É claro, Lene.


- Então, não o desmereça - abriu um sorriso e beijou lentamente os lábios do namorado, o fazendo também sorrir e descer as mãos pra sua cintura.


Tudo bem. Mais uma vez, estava tudo bem.




I think I'll pace my apartment a few times, 
             And fall asleep at the couch.


 

Marlene foi até a cozinha pegar um pouco de chá, acreditem se quiser, pois seu quarto já estava frio. E pra ela não era nem de longe melhor aumentar a temperatura do ar-condicionado um pouco, pois adorava sentir frio, ainda mais em pleno verão. Diferente do que havia pensado, o resto do apartamento estava na mesma temperatura de seu quarto, o que tornou mais fácil. Sua prima era mesmo bem parecida com ela, afinal.


Terminou de fazer o chá de frutas vermelhas e resolveu, enquanto esperava-o esfriar, dar uma olhada nos vinis que sua prima guardava no armário da sala. Sentiu falta de escutar música e decidiu escolher um vinil qualquer pra tocar. Escolheu o álbum Wish You Were Here pra poder escutar a música de mesmo nome, que ficava inclusive no lado dois do vinil, ela já sabia de cor. Era um de seus álbuns preferidos do Pink Floyd.


Enquanto escutava Have a Cigar, pois jamais pularia alguma música daquele álbum, tomou seu chá e olhou as coisas do apartamento; quando a música que tanto queria começou, ela aumentou o som em seu último volume, e dançou ao som das primeiras notas, sentando-se depois no sofá e pondo-se a cantar a letra pra si mesma, enquanto mais e mais imagens vinham em sua mente e a levavam a outro mundo não tão distante. Mais do que cinco semanas atrás, eu diria. Ou talvez não; talvez exatamente cinco semanas, quando ela e Sirius completavam três meses de namoro.




And wake up early to black and white re-runs,
            That escaped from my mouth.


 


 - Marlene? - ouviu a voz da prima a acordar de seus sonhos; ela sorria - Você tava falando coisas tão sem sentido.


- Coisas sem sentido? - perguntou esfregando os olhos e sentando-se no sofá vermelho no qual adormecera.


- Sim. Pareciam, ahm, reprises - deu um sorriso torto - As coisas escapam de você, é tão bonito isso. Mas eu acho que você devia sair dessa casa e pedir ajuda a um de seus amigos. O Sirius não pode ter ido tão longe, nem pode te ignorar pra sempre.


- Mary, obrigada desde já pela preocupação, mas você sabe...


- Não precisa se preocupar comigo, eu estou bem, blablá - disse imitando a voz da prima - Eu estou ficando preocupada de verdade com você, Lene.


- E não deveria. Como anda seu namoro? - perguntou, decidida a mudar de assunto.


A prima respirou fundo, tentando ignorar Marlene a ignorando: - Tudo vai quase bem. Ele é meio egoísta às vezes, então estou tentando fazer ele deixar de ser do jeito mais McKinnon possível - deu uma risadinha.


- Sei bem como é - riu com a prima.


Acho que todas a família McKinnon é igual em alguns pontos. Ou pelo menos as duas; mas de fato, eram, e souberam disso desde a primeira vez que conversaram, anos atrás.


- Sabe o que eu tô afim de fazer?


- O que? - Marlene sentiu medo por algum momento, desnecessariamente, que a prima fosse mais uma vez sugerir alguma coisa que fosse lhe ajudar.


Por mais que soubesse que não culpa dela, e que Marlene própria agiria da mesma maneira caso fosse o contrário, não queria nenhum tipo de ajuda.


- Escutar Beatles! - disse se levantando e caçando entre os álbuns do armário algum de seu interesse - Qual álbum você prefere?


- Abbey Road, por favor.


- Você quem manda!


E as duas se puseram a dançar, rir e cantar todas as música
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s do álbum. Era como se fossem crianças de novo: assim como faziam quando seus pais escutavam essas mesmas músicas, faziam agora.




I could follow you to the beginning, and just relive the start.
       And maybe then we'll remember to slow down
               To all of our favorite parts.


 


- A gente podia ficar pra sempre assim, né? - ela perguntou, ainda olhando pras estrelas.


Estavam deitados na grama dos jardins do colégio enquanto olhavam o céu, pois Marlene tinha insistido que ele estava muito lindo pra ser desperdiçado. Ela estava deitada entre as pernas do namorado, com a cabeça em seu peito, e ele fazia carinhos em seu cabelo, enquanto se dividia entre olhar o céu e ela, ambos magníficos naquela noite.


- Podíamos sim - concordou.


- Seria tão bom se a gente pudesse nunca mais brigar ou discutir, se a gente pudesse parar em momentos tipo esse pra sempre e ir devagar neles - levantou os olhos pra encontrar os olhos de Sirius e ele também a olhava.


- Sem dúvida - sorriu.


Marlene esticou-se pra poder beijá-lo.


- Eu te amo.


- Eu também - ele segurava seu rosto com as mãos.


Ela balançou a cabeça negativamente.


- Eu te amo muito mais - sorria como uma criança.


- Negociável - ele a beijou de novo.




All I wanted was you.




Ela chorava de raiva; como ele podia ter feito uma coisa daquelas? Não era ela a mulher de sua vida?


- Marlene, por favor, me escuta - ele pediu mais uma vez.


E mais uma vez aqueles corredores assistiam aos dois brigando e esperavam que cinco frases depois a briga estivesse terminada e tudo ficasse bem.


- O que você vai dizer? Que não é o que parece? Clichê demais, Sirius.


- Mas não é! Eu te juro que eu não te trairia por nada nesse mundo. Eu amo você!


Ela riu; sarcasmo e provocação em sua forma mais genuína.


- Olha quem está sendo inseguro dessa vez - ele provocou também.


- Não estou sendo insegura, Sirius. Estou sendo sensata. Eu vi o que vi, e o que eu vi foi o suficiente pra entender tudo.


- Marlene! - a segurou pelos braços, mais uma vez - Por favor...


- Não dá, Sirius. Eu aceito que você dê em cima de todas elas, porque eu sei que é o seu jeito, mas eu não aceito que você de fato consume a coisa toda. Ou você é meu, ou você não é.


- Marlene, eu nunca faria isso com você; nunca, nem em um milhão de anos e nem com a mais bonita das mulheres, porque nem ela é tão linda quanto você. - a morena riu sarcástica de novo - Tá legal. Eu sei que você acredita em mim, sei porque eu acredito no amor que você sente por mim, e por mais que você esteja se sentindo mal, eu sei que no fundo acredita. Então, só me resta saber se você acredita, não em mim, mas no amor que eu sinto por você.


Ela ficou em silêncio, sendo pega de surpresa.


- Então, Lene, me diz. Você acredita no amor que eu sinto por você? - ele perguntou, olhando-a em seus olhos.


Ela os desviou, chorando não mais de raiva. Contudo, não respondeu, pois não sabia o que responder. Uma parte dela queria encerrar a discussão ali, dizendo que sim, acreditava profundamente, até porque, precisava daquele amor que ele sentia pra sobreviver. Mas uma outra parte dela queria gritar que não conseguia acreditar, não após ter visto ele nos braços de uma mulher qualquer. Enquanto as duas partes discutiam entre si dentro dela, ela ficou em silêncio de braços cruzados, encarando o nada.


- Como eu imaginava - ele a soltou - Se é que existe algum amor em você, seu orgulho é com certeza maior do que ele - saiu, deixando Marlene sozinha no meio do corredor vazio.


O que era estranho, os corredores teriam pensado caso fossem capazes de pensar, pois jamais um dos dois ficou ali sozinho; sempre saiam juntos, de maneira que davam a entender ao mundo que estava tudo bem, tudo bem. Mas dessa vez não estava nada bem.




All I wanted was you.



Sirius chegou ao apartamento, ainda rindo da prima que fazia piadas sobre o porteiro do prédio. Assim que viu milhões de cartas no chão, que provavelmente foram passadas por debaixo da porta pelo vizinho do apartamento da frente, um velho meio neurótico que não gostava de correspondências na caixa de correspondências e sempre entregava todas de casa em casa, ficou preocupado. Será que alguma coisa teria acontecido com alguém?


Decidiu pegar as cartas e viu que todas elas vinham de um mesmo endereço que ele conhecia muito bem: a casa da prima na qual Marlene passava as férias. Sorriu involuntariamente: ela não havia o esquecido.


Abriu-as rapidamente e pôs-se a lê-las, notando aos poucos que não eram cartas alegres e bonitas sobre como ela o amava; eram cartas tristes, sobre o quão mal ela estava sem ele e sobre como era desesperador não ter nenhuma resposta, mas que mesmo assim ela jamais pararia de lhe enviar cartas até o momento em que ele a mandasse parar. Mas claro, ela também dizia, apenas uma vez a cada dez palavras, que o amava mais do que tudo no mundo e que acreditava no amor que ele sentia por ela, acreditava fielmente.


Percebeu que devia ir atrás dela o mais rápido possível, antes que ela cometesse suicídio ou pelo menos tentasse. Marlene sempre foi dramática, não se sabe até onde ela iria em uma situação dessas, certo? Sempre bom prevenir. Pegou as chaves do carro e disse à Andrômeda que logo estaria de volta, mas que mesmo assim não era pra que ela o esperasse.




All I wanted was you.



- Sirius? - Mary disse ao abrir a porta - Finalmente! Eu estava quase indo lhe buscar pelos cabelos. Não agüentava mais ver Marlene trancafiada no próprio mundo.


- Eu imagino. Foi tudo um engano, eu estive fora esses dias. Pensei que tinha mandado James avisar a ela, caso ela perguntasse.


- Ela não deve ter perguntado. Manteve-se afastada dos amigos nos últimos dias, você sabe como ela é - revirou os olhos.


- Sei bem. Posso entrar? - perguntou.


- Por favor! - abriu a porta com um sorriso enorme nos lábios.


Era bom saber que sua prima ficaria bem; gostava bastante dela pra a ver sofrendo daquele jeito.


Sirius foi direto até o segundo andar da casa, ao terceiro quarto do corredor pequeno. Lembrou-se que tinha esquecido uma blusa de frio, pois a casa da prima de Marlene sempre fazia frio, até mesmo no verão. Logo estaria sentindo um pouco aquela temperatura.


- Marlene? - perguntou, abrindo apenas um pedaço da porta e vendo a menina deitada na cama, escrevendo provavelmente mais uma carta - Posso entrar? - sorriu.


Mas não teve tempo sequer de respirar, pois logo ela já estava agarrada em seu pescoço, chorando e soluçando como nunca, dizendo que o amava e pedindo perdão.


- Hei - ele disse limpando o rosto dela - Não precisa exagerar tanto. Eu te perdoo sim. É compreensível, você estava com raiva. Além do mais, o primeiro erro foi meu.


- Não foi não, você não fez nada - ela ainda chorava, balançando a cabeça negativamente de maneira rápida e, de fato, exagerada.


- Escuta - ele segurou o rosto dela, pra que ela não o balançasse mais - Eu só não te respondi, porque estava viajando. Acho que o James tentou te avisar, como eu pedi, mas você não quis saber muito dele - deu um sorriso torto.


- Oh - abriu um sorriso aos poucos - Isso é tão bom! Você não me odeia - abraçou ele mais uma vez.


- Lógico que não. Eu nunca seria capaz de te odiar, Marlene. Eu amo você.


- Eu te amo muito mais, e dessa vez não é nem negociável. Não quero estar sem você nem por mais um segundo - o beijou.


Ele colocou as mãos em sua cintura, como sempre levando a distância entre eles a zero, e sentiu o cheiro de Marlene, o cheiro que havia sentido tanta falta.




All I want is you.

                                                                        
x 


N/A: Oi pessoas! Nem li a N/B ainda, mas já tenho certeza que ela ficar mais linda que a fic, então, adiantando meu trabalho... Mais uma vez, a N/B humilha a fic inteira, tadã! 

Estou bem feliz, HEHE. Por quê? ACABAMOS DE GARANTIR NOSSA PRIMEIRA PERUCA PRO COSPLAY DE ABRIL, YES! Eu já tenho meus cabelos de Kanna Bismarch QUASE NAS MÃOS! Sabem como isso é emocionante? Então! Mas enfim. 

Mais uma fanfic que eu escrevo devido ao vício compulsivo (?). Eu fiquei escutando essa música loucamente, pagando pau e chamando de filha da puta mentalmente a Hayley, porque ela CANTA PRA CARALHO O: E daí eu tive que prestar atenção na letra pra ver se rolava uma fic, e acabou rolando, mesmo eu achando que não interpretei a música muito bem... De qualquer forma, eu amei escrever, porque eu amo escrever SMs, independente de quando, como, onde e porque. Acho que minha paixão por esse casal é além do normal pra uma paixão platônica (?) Q Cara, sei lá, eu só sei que não consigo escrever sobre mais nada ;___; Com exceção de Alice, porque Alice é um projeto muito legal (mas eu não devia dar spoiler nem nada, AAAAAAAAAH)

ENTÃO. Pessoinhas, comentem, porque é um jeito legal de saber se vocês gostam ou não do que eu escrevo, o que me estimula a postar (não escrever, porque, sinceramente, pra escrever eu não preciso de estimulo nenhum; eu escreveria até dormindo se eu pudesse, virou um vício já). além do mais, os comentários me deixam muito, mas muuuuito felizes, mesmo! Eu não devo demorar a postar uma outra fanfic qualquer, porque eu já to com outras duas em andamento (minha mente travada, tsc tsc) e tals. É isso. Beijos pra vocês e... juízo!


N/B: estou escrevendo minha humilde N/B ouvindo a música pela primeira vez, oi *_______* 
então né, se os corredores fossem providos da capacidade de pensar eles pensariam OH MEU DEUS QUE FIC MAIS FODA LINDA E PERFEITA A LENE É TÃO LINDA, QUE EMOCIONANTE VER ELA FORA DO TRONO, SIRIUS NÃÃÃÃÃÃÃO NÃO VAI NÃONÃONÃO FICA AQUI SEU BURRO IDIOTA E RECEBE AS PORRA DAS CARTAS, CARALHO pare de humilhar o resto do mundo MMck, ELE NÃO FEZ NADA PRA VOCÊ 

sem mais.
 


 


 

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