Dezenove



Dezenove.


Lições do amor - o amor ensina mais do que se pode esperar.



Não receber nenhuma ligação de alguma autoridade indicava que o filho tinha se comportado bem em sua ausência, como ele prometera. Isso a deixara aliviada. Pois sabia que depois dos últimos acontecimentos, seria questão de tempo para que ele voltasse a ser como antes. E assim que entrara em casa, após o marido deixá-la ali e foi para o escritório, encontrou o silêncio.


Imaginou que Harry já tivesse ido para a aula. Mas ao encontrar a mochila sobre o sofá, constatou que não tinha saído ainda. Olhou no relógio, suspirando ao pensar que ele ainda poderia estar dormindo. Dessa forma chegaria atrasado novamente. Subiu a escada e seguiu para o quarto do filho no intuito de acordá-lo. No entanto, ao abrir a porta, a imagem que vira impediu qualquer tipo de ação de sua parte.


Harry estava deitado na cama, sem camisa. E ao seu lado, reconhecera a garota enrolada no lençol. Os cabelos ruivos e lisos foram suficientes para fazê-la identificar quem era. Fora um tremendo engano imaginar que Harry tinha se comportado em sua ausência. E Gina Weasley, praticamente nua na cama do filho, evidenciava isso. Lílian bufou furiosa ao cruzar os braços. Tinha vontade de expulsar Gina dali, mas iria reprimir seu impulso de fúria. Sempre fora educada e assim seria também naquele momento.


Ela respirou fundo tentando acalmar o coração enraivecido. Não podia acreditar que o filho havia levado Gina para dormir ali. Isso nunca acontecera. E agora ficara bem claro que o moreno tinha realmente terminado seu relacionamento com Hermione, e que visivelmente ele não havia formas de voltar. Corada, pensou em dar meia volta, mas suas pernas não a obedeciam.


Seu olhar caíra sobre a garota na cama, que abria os olhos lentamente. Um sorriso surgiu nos lábios de Gina ao fitar Harry ao seu lado. Mas logo esvaíra, dando lugar para o espanto em seu rosto ao ver a mulher parada na porta. Rapidamente, puxara o lençol para se cobrir mais. Não sabia o que dizer, pois fora pega de surpresa por Lílian ali. Mas não fora necessário pensar por muito tempo.


Harry abrira os olhos com os movimentos rápidos de Gina. Ainda sonolento, olhou para a garota. Estava confuso com o espanto em seu rosto e acompanhara o olhar dela. Soltou um muxoxo ao ver a mãe ali. Não imaginava que ela retornaria tão cedo de viagem.


- Mãe, o que faz aqui? - indagou de cenho franzido, vendo-a erguer uma sobrancelha. - Pensei que só voltaria amanhã.


- Pensou errado, Harry. – Lilian dissera séria. – O que Gina faz aqui? Eu lhe dei um voto de confiança, e é assim que retribui?


- Eu... Eu acho melhor ir embora. - Gina disse ainda surpresa com tudo isso. Mas não abandonando o sorriso nos lábios pela noite que tivera com o moreno. Ainda com o lençol enrolado em seu corpo, se levantou e pegou suas roupas. Logo se trancou no banheiro.


- Eu não a trouxe pra cá. - disse ao passar os dedos pelos cabelos desgrenhados, sentando-se na cama. - Ela simplesmente apareceu.


- Simplesmente apareceu... – ela o remedou, bufando. O rapaz a olhara envergonhado, nunca antes isso havia acontecido. Nunca Lílian o pegara com uma garota em seu quarto. – Não preciso dizer o quanto estou decepcionada com você, não é?


- Não precisa. - murmurou após um suspiro, abaixando seu olhar. - Eu sinto muito.


- É melhor que sinta sim. Eu não quero que isso se repita... Quero respeito enquanto estiver morando sob o mesmo teto que eu. Estamos entendidos?


- Sim, senhora. - Harry apenas assentiu, ainda sem coragem de olhá-la.


Percebeu a mãe deixar o quarto. E o pior, com um olhar de decepção e raiva sobre si. O moreno revirou os olhos, jogando-se na cama novamente. Maldita hora em que deixara Gina Weasley entrar na noite passada.


**


Seus passos eram firmes, demonstrando toda sua raiva assim que terminou de trocar de roupa e deixar o vestiário. Estava furioso enquanto caminhava pelos corredores do colégio. Não podia acreditar que fora expulso do jogo por se defender e que estava suspenso do próximo. Mas não permitiria ouvir desaforos do capitão do time adversário. Tão pouco suportaria ouvir suas piadas sobre sua vida pessoal. E os socos que dera no outro fora muito mais do que merecido. Pouco lhe importava se isso lhe rendesse uma detenção. Mas perder o próximo jogo era de deixá-lo irritado, pois teriam olheiros de universidades nele.


Virou mais um corredor, praguejando e tentando controlar sua raiva. Ignorava as gotas de sangue que caíam de seu nariz machucado e lábio cortado, manchando sua camisa. Apenas estava indo para a enfermaria porque foi obrigado pelo treinador. Do contrário, estaria lá fora esperando pelo fim do jogo para que pudesse terminar seu acerto de contas com o outro.


Entrou no local, tentando amenizar a raiva que sentia. O que não fora difícil ao deparar-se com quem estava na recepção da enfermaria. Harry respirou fundo quando seu olhar encontrara com o de Hermione. Fazia certo tempo que não a via. E fazia ainda mais tempo em que não ficavam tão próximos. Fora questão de segundos para que se lembrasse do lugar em que estavam e olhá-la de forma preocupada.


- Você está bem? - Harry perguntou, recebendo um olhar confuso da morena. - Estamos na enfermaria...


- Estou bem... Você é quem parece que não está. – ela respondeu, fitando-o de forma preocupada. Queria tocá-lo para se certificar que estava bem, mas julgou não ser de bom tom. Ele a repudiaria com toda certeza, então se conteve. Além de sentir uma náusea vendo todo aquele sangue. – O que aconteceu?


Harry suspirou fundo, sentando-se um pouco mais afastado de Hermione. Passou a mão na face, limpando um pouco do sangue.


- Briguei com o capitão dos Baltimore. Fui suspenso do próximo jogo porque o infeliz começou e eu me defendi. Dá pra acreditar? - riu-se, irritado.


Hermione respirou fundo, e sorrindo timidamente, assentiu. Ela bem sabia o quanto o ex-namorado, poderia ser explosivo. E não se admirou de esse fato tê-lo levado até a enfermaria. A raiva que Harry sentira, aos poucos ia embora quando avistou o sorriso da morena.  O rosto dela corado, só a deixava mais bonita, assim como as curvas de seu corpo que amadureciam por conta da gravidez.


- Eu só vim buscar vitaminas... – ela falou sentando-se ao lado dele. – Srta. Rendall foi ver se as encontra no almoxarifado. Pode agüentar um pouquinho?


- Claro. - assentiu, esboçando um pequeno sorriso. Era impossível permanecer furioso com Hermione por perto. E seu tom de voz doce, assim como o sorriso, era suficiente para fazê-lo suportar qualquer coisa. Até mesmo ignorar os ferimentos que ainda latejavam.


- Talvez se você encostar a cabeça no respaldo e olhar pra cima ajude a estancar o sangramento. – Hermione sugeriu, prevendo o momento em que ele iria tratá-la com rudeza. Mas mesmo assim, não iria parar de querer ajudá-lo.


No entanto, o momento que imaginara não viera. E Harry apenas fizera o que Hermione sugeriu. E de fato sentia-se melhor com aquilo, pois agora a dor não o incomodava tanto assim.


- Deveria ter pensado nisso antes. - comentou, sorrindo e olhando para a morena pelo canto dos olhos. - Obrigado.


- Não precisa agradecer... – ela murmurou, fitando-o de soslaio também. Então decidiu ficar em silêncio e esperar a enfermeira com suas vitaminas. E torcia para que ela as encontrasse, já que não tinha como comprá-las.


Harry respirou novamente. Com um pouco mais de facilidade devido à posição em que estava. Mas não podia deixar de sentir-se desconfortável com aquela situação. Principalmente com aquele silêncio irritante. Entretanto, deveria ter se acostumado com isso. Afinal, os diálogos eram mais fáceis quando estavam namorando.


- Estaria sendo curioso demais se perguntasse para quê as vitaminas? - perguntou em uma tentativa de iniciar uma conversa.


- A médica receitou. Porque estou um tanto fraca... – ela respondeu, evitando olhar para ele. – Ela disse que é para que o meu bebê cresça saudável, e não encontrei as vitaminas na farmácia. – emendou mentindo sobre a última parte. – Então Katie me sugeriu pedir a Srta. Rendall. Ela sempre é muito boa comigo.


- Ah, claro. O bebê. - Harry murmurou mais para si mesmo. Toda vez que Hermione tocava em tal assunto, lembrava-se do dia em que ela lhe dera a notícia da gravidez. Justamente no mesmo dia em que ele a encontrara com outro, terminando a relação logo em seguida. E era difícil não pensar que ele não era o pai dessa criança.


Hermione notou o desconforto dele, e logo juntou isso ao fato que os separou. Harry nunca iria acreditar que aquele bebezinho que crescia dentro dela, era seu também. Acreditava cegamente que ela o havia traído, e por mais que tivesse se passado muito desde que terminaram isso doía muito. Porque não era apenas do amor que sentia por ele, que o moreno duvidava, mas também duvidava de sua integridade e lealdade.


Apertou as mãos uma na outra, e não pudera conter as lágrimas. Tornara-se muito emotiva depois que descobrira estar grávida, mas tudo isso era normal, e se unia com seu sofrimento. Ainda sem olhá-lo, Hermione caminhou até o balcão ficando de costas para Harry. Não queria admitir que sofresse, nem deveria chorar na frente dele.


O moreno estranhara o rápido silêncio que se fizera novamente. Segundos depois escutara os soluços, notando que Hermione já não estava mais ao seu lado. Percorreu os olhos pelo local, encontrando-a no balcão. Os ombros balançavam, e a cabeça baixa deixava claro que ela estava chorando. Harry suspirou fundo, sabia que não deveria ter tocado em tal assunto.


Levantou, caminhando até Hermione e a tocando no ombro. Rapidamente ela secara as lágrimas de seu rosto. Escondendo o choro. Mas era impossível quando ainda havia marcas, assim como os olhos castanhos marejados.


- Me desculpe por tocar nesse assunto... - disse a única coisa que pensara, olhando-a.


- Que assunto...? – ela perguntou num sopro de voz.


- Sobre... - suspirou novamente. Falar sobre isso era difícil para ele também. - Sobre sua gravidez. Eu sei que isso não é da minha conta. Não deveria fazer perguntas sobre sua vida particular. Sinto muito.


Hermione limpou mais uma lágrima que descia dos olhos. Não suportaria aquelas palavras outra vez, nem a rejeição que delas emanava. Já cultivava o amor que daria ao seu filho em dobro, e tudo que Harry lhe dizia matava uma pequena parcela dele.


- Não é mesmo da sua conta... – murmurou se virando sem olhar para o moreno uma segunda vez. Estava machucada demais, muito mais do que ele com todas aquelas feridas físicas. 


- Eu sei que não. - assentiu, reprimindo a vontade que tinha de abraçar Hermione e consolá-la. - Não vou te aborrecer com esse assunto.


Desistira das suas vitaminas naquele instante. Não poderia mais ficar perto de Harry, ele só a fazia sofrer, e isso era prejudicial a sua saúde e a do seu filho. Engoliu o choro outra vez, e saíra correndo da enfermaria. Harry revirou os olhos, soltando um muxoxo. Perguntava a si mesmo se tinha dito algo que não devia. Mas não conseguia lembrar-se de nada. A única coisa que fizera foi se redimir por uma pergunta que não machucou apenas Hermione, mas ele também.


**


Hermione bem que tentou ficar sozinha com o seu sofrimento depois do reencontro que tivera com Harry. Mas foi impossível quando encontrara Katie e Rony em um dos corredores. Então seguiram para o pátio dos fundos, ocupando uma das mesas ali. O lugar estava vazio, já que grande parte do colégio ainda assistia ao jogo que prosseguia sem o capitão do time.


Teve um pouco de dificuldade em narrar o que aconteceu. Ainda estava se acostumando com a presença de Rony. Mas sentia-se bem pelo apoio que ele lhe dava. Mesmo que isso tivesse custado sua amizade com Harry.


- Eu juro que se não canalizar minha raiva por Harry Potter em outra coisa eu vou ter que fazer terapia. - Katie murmurou entre dentes, assim que Hermione terminara de contar tudo. - Como ele pode ser tão idiota?


- Às vezes nem eu acredito. – o ruivo comentou, e suspirou. Não estava jogando porque sofrera uma falta dura no treino, então o médico lhe mandara ficar de molho. No entanto, ele tinha tanta pena de Hermione por conta do comportamento irracional de Harry. Ela parecia cada vez mais vulnerável.


- Ele não tem culpa se ouve tudo, e acredita em tudo que as pessoas dizem para ele. Mas ele não vê que me magoa toda vez que se aproxima, então vai embora dizendo coisas ruins. Que me machuca não querendo nosso bebê. – Hermione falou chorosa.


- Não tem culpa? Ele tem toda culpa Mione. - a amiga disse, como se fosse óbvio. - Se naquele corpo musculoso por causa do futebol americano sobrasse espaço para um cérebro... Sem ofensas... - disse, olhando para Rony rapidamente. - Ele pensaria que você nunca sequer chegou perto do Mark. E que jamais, nunca, você o trairia. Porque você não é desse tipo de garota.


- Só queria que ele acreditasse em mim. Que me amasse tanto quanto eu o amo. Mas sei que um dia vou esquecer tudo isso. E Harry não vai mais fazer parte da minha vida. – a morena disse, fungando.


Rony e Katie trocaram um olhar triste. Toda a situação de Hermione os envolvia por completo, e a garota não sabia o que seria dela se não fosse pelos amigos. Não conseguiria ser tão corajosa.


- Bem, por enquanto, eu posso acabar com um desejo seu. – Rony disse, e riu. Por um momento Katie também sorrira. O ruivo abrira um saco de papel, o qual desde que chegaram ele havia colocado sobre a mesa. Dele retirara uma caixinha vinho e dourada. – Eu trouxe isso para nós... Mas especificamente para você. – emendou e corou. – Katie me contou sobre o seu desejo de bolinhos de trufa daquela confeitaria no centro.


- E eu sugiro que você aprecie enquanto ainda tem desejos por coisas gostosas. Porque depois você vai querer comer aquelas coisas nojentas e asquerosas que ninguém vai querer ficar perto de você. Só a gente. - Katie brincou, arrancando um sorriso da amiga.


- Já tive vontade ontem à noite de comer batata frita com marshmallow. – ela falou rindo, esquecendo-se da tristeza. Katie fizera uma careta.


- Eu já comi, é bem gostoso! – Rony concordou. – Ainda mais quando se mistura... Mistura-se caramelo em calda.


- Não dá idéias. - Katie murmurou, cutucando o ruivo ao seu lado de leve. - Senão Hermione vai querer experimentar isso na minha frente. E não estou com uma boa tolerância pra esse tipo de comida hoje.


- Fico só com os bolinhos, não se preocupe. – a amiga respondeu rindo. – Obrigada, Rony. De verdade...


- Não tem que agradecer Hermione. É o mínimo que posso fazer. – o jogador dissera, e Katie o olhara apaixonadamente, não contendo um suspiro.


A garota não pudera deixar de sorrir, demonstrando o quanto estava feliz com o brilho em seus olhos azuis. Cada dia apaixonava-se mais por Rony. E o que ele vinha fazendo por Hermione apenas aumentava tal sentimento cada vez mais.


- Não precisam ficar só olhando... Podem comer também. – Hermione dera o consentimento, e então os amigos riram, pegando cada um, um bolinho.


**


- Você não sabe o que eu acabei de ouvir no pátio dos fundos. - uma garota disse ao se aproximar da amiga. Pronta para anunciar a fofoca recente que descobrira. - Hermione Granger está grávida. E jura que essa criança é do Potter.


- Do Potter? – a outra indagou com um sorriso malicioso. – Não acredito que ele teve coragem de transar com aquilo.


- Nem eu acredito em tal absurdo. Apesar de morrer de inveja, prefiro a Weasley. - fizera uma careta, sorrindo novamente. - Acho que o pessoal do time vai adorar saber disso. Assim como as líderes de torcida. Adoram tirar sarro da Granger. Aliás, é óbvio que o Potter não é o pai. Ela não estava com outro o tempo todo?


- Estava. Ela estava com Mark Jacobs! – a amiga exclamou. – Mas aposto mesmo que o pessoal vai gostar de saber disso. Que tal irmos logo contar?


A outra apenas sorriu antes de seguir para o campo com a amiga. Durante o caminho debateram sobre a fofoca. Arrumando qualquer garoto que fosse para ser o pai dessa criança. Menos Harry Potter, que era descartado da lista. Mesmo o fato de ele ter namorado Hermione não as convencia de tal. Afinal, julgavam que Harry sempre fora demais para ela. E que em hipótese alguma ele podia ser pai dessa criança.


Entraram no campo, encontrando os jogadores reunidos. Pareciam chateados com o resultado final do jogo, que dera empate. E a expulsão do capitão acarretara tal. Mas as garotas sabiam que o que iriam dizer animaria as coisas por ali.


- Kelly e Rachel. - Thomas sorriu, cutucando Draco ao seu lado e indicando as garotas. Logo a atenção de grande parte do time estava nelas. - Desculpe, garotas. Mas comemorações só no próximo jogo. Isso é, se ganharmos.


- Garanto que o que vamos dizer vai animar vocês. - Rachel disse, sorridente.


- Vai animar e muito! – Kelly acrescentou no mesmo tom da amiga. – Soubemos de uma fofoca das boas.


- Fofoca? – o loiro sorriu e indagou.


- Muito mais que uma fofoca. Uma bomba. - a outra completou, recebendo olhares curiosos. - Hermione Granger está grávida. E, segundo ela, o bastardo é do Potter.


- O quê? - Thomas e alguns jogadores perguntaram entre risos, surpresos. Era impossível acreditarem naquilo.


Os risos se tornaram mais altos, e os jogadores olhavam para Harry do outro lado, com Gina. Não podia ser verdade o que as garotas lhe diziam. Ele não podia ter cometido a burrice de engravidar Hermione. Era inaceitável.


- Vocês tem certeza? – perguntaram e as meninas assentiram. – Que otário!


- Até que a Granger é gostosinha. - Thomas comentou, recebendo olhares. - Vai dizer que vocês nunca repararam naquele corpo por baixo de toda aquela roupa que ela usa? Dá pra alguma coisa...


- Tom, você é nojento. - Rachel fizera uma careta. Era inaceitável para uma líder de torcida como ela ouvir tal elogio para Hermione Granger.


**


A notícia da gravidez de Hermione já era a fofoca do momento por todo o colégio. Fora questão de minutos para que todos ficassem sabendo. Os comentários e sussurros nos corredores indicavam assunto novo para quem não sabia. E o espanto era visível no rosto de cada um. Algumas pessoas surpresas por alguém tão quieta e doce como Hermione engravidar naquela idade. Outros surpresos por ela apontar Harry Potter como pai, sendo que ela o traía. O fato é que todos estavam em defesa do capitão do time de futebol.


A ruiva começara a ouvir a notícia com certo ar de tédio. Desde que tinha separado Harry de Hermione, as notícias sobre ela não lhe importava. No entanto, quando as amigas disseram que a cdf acusava o capitão da paternidade, o assunto tornara-se interessante. E desconfortável para Gina. Não podia acreditar que Harry tinha sido tão idiota ao ponto de engravidá-la. Porque diferente dos outros, Gina tinha quase certeza de que aquele filho era dele.


- Ela ainda insiste em dizer com todas as letras que o seu Harry é o pai. - Rachel dizia com desdém, enquanto a ruiva mantinha-se séria. - Vê se tem lógica? Aquela Granger é ridícula. Uma maluca por populares. Ainda inventa esse lance de gravidez pra tentar prender o Harry. Isso é tão clichê.


- Ela é mesmo idiota... – Gina murmurou, tentando disfarçar o teor que aquelas palavras tinham. E no quanto elas lhe afetaram. Forçou um sorriso e fitou as amigas. – Mas é claro que esse bastardinho não é do Harry. Vai ver Hermione nem sabe quem é o pai. Só está fazendo isso pra arranjar um jeito de fazer sua vida... Porque convenhamos, Harry é rico o bastante pra pagar uma pensão que iria sustentá-la para o resto de sua vida medíocre...


- Até que a Granger não é tão tapada como todos pensávamos. - Rachel comentou, enrolando uma mecha de seu cabelo castanho nos dedos. - Aposto que o pirralho é filho do Mark. - voltou seu olhar interessado para a amiga. - Harry já sabe desse absurdo?


- Eu ainda não conversei com ele sobre isso. Mas se todos sabem do boato, com toda a certeza ele sabe também. – comentou incomodada agora mais do que nunca. Pois precisava colocar mais artifícios em sua mentira, para que Harry jamais acreditasse que aquele filho pudesse ser dele. - Deve estar pensando como nós...


- Deveria ter imaginado que essa fofoca sairia da boca de alguém como você. - a voz furiosa surpreendera as líderes de torcida. E ao se virarem, depararam-se com Katie ali. Seus olhos azuis fitavam ferozmente a ruiva. - Como você pôde? Será que não tem vergonha na cara ao ponto de se intrometer no que não é da sua conta?


Gina levantou-se a fitando com igual sentimento. As duas se enfrentavam nos olhares de desprezo. E um sorriso fútil e zombeteiro surgira nos lábios da ruiva. Ela cruzou os braços e erguera a sobrancelha fina.


- É claro que é da minha conta. Harry é meu namorado, e eu não vou admitir que ele seja envolvido nisso. Afina, Hermione é uma vadia. Uma das piores já que se diz tão comportada e tímida. – rira alto. – Essas são mesmo as piores...


Katie fechou os punhos, respirando fundo e tentando manter o controle. Embora sua vontade fosse de socar Gina. Ainda controlava-se porque não queria se igualar ao nível da ruiva. E também em respeito a Rony, que por mais que não merecesse, a tinha como irmã.


- Escuta aqui, sua líder de torcida de quinta categoria... - sibilou, apontando o dedo em riste para Gina. - eu não me importo com o que você tem com aquele imbecil do Potter. E se você acha que ele está namorando com você, ta muito enganada querida. Mas eu não vou permitir que continue falando de Hermione pelas costas. Muito menos referir-se a ela dessa forma quando não está aqui pra se defender.


- E como quer que eu me refira a ela, queridinha? – indagou hostil. – Ela está grávida. Acabou com a vida dela, agora quer acabar com a dos outros também... Ela é uma cretina!


- Isso não é da sua conta. - Katie bradou, cutucando-a com seu dedo indicador. - Hermione não está exigindo nada de ninguém. Muito menos daquele cretino que você chama de namorado. Então eu sugiro que você feche essa sua boca de cobra e pare de soltar seu veneno. Um dia você vai morder a própria língua, Weasley. E eu espero que morra envenenada por isso. - virou-se com o intuito de sair.


- Onde pensa que vai, sua maluca? – Gina indagou, puxando-a pelo braço. – Isso não vai ficar assim. E diga pra sua amiguinha vagabunda que ela não vai ficar com o Harry. Porque ele é meu, e eu faço tudo para que continue assim!


O controle que Katie vinha mantendo até aquele momento desapareceu ao ouvir o insulto de Gina para Hermione. Tinha se esquecido de tudo que a fizera manter a calma. Então, ao se virar, desferiu com toda sua força um tapa no lado esquerdo do rosto de Gina. O suficiente para deixar sua mão ali marcada e chamar a atenção de algumas pessoas que estavam ali no pátio.


- É a última vez que você insulta a Hermione na minha frente. - bradou entre dentes.


Gina bufou levando a mão a face, ouvira os murmúrios das amigas sobre o seu, e ouvira também os risos de algumas pessoas. Isso fora suficiente para enfurecê-la ainda mais.


- Você é tão ou mais cretina que sua amiga! – berrou, avançando contra Katie, lhe devolvendo o tapa.


Como se não bastasse à ofensa anterior, aquele tapa foi o suficiente para fazê-la perder por completo o controle. E logo já estava em cima de Gina, puxando os cabelos ruivos com força e desferindo socos e bofetadas quando lhe era necessário. Gina tentava se defender ao agarrar os cabelos castanhos, porém seus tapas eram mais leves e não tinham força ante a fúria de Katie. Segundos depois já estavam no chão, com um aglomerado de pessoas em volta incentivando a briga.


Elas rolavam de um lado para o outro, ambas agarradas nos cabelos da outra. Katie usava sua força para manter Gina contra o chão, proporcionando assim uma vantagem contra ela. Puxou o uniforme vermelho da líder de torcida e o rasgara na manga, assim como rasgara a fita que ela usava outrora no cabelo. Totalmente desfeito. As unhas também eram armas, e ambas sairiam machucadas daquela investida.


As pessoas em volta pareciam não querer interromper a briga. Pelo contrário, era um motivo de diversão para todos. As roupas sujas, amarrotadas e rasgadas, os cabelos desgrenhados, insultos e bofetadas eram cada vez mais intensos. E pareciam que nunca teriam fim. No entanto, a aparição de Rony e Harry fora o suficiente para acabar com parte da diversão. Com dificuldade, Harry separou Gina de Katie e a manteve em seus braços. A ruiva lutava para se soltar, enquanto Katie apenas ofegava e Rony a segurava por precaução.


- Sua maldita! – a líder de torcida gritou. – Me solta, Harry, eu vou acabar com a raça dessa cadela.


- Cale essa boca Gina! – Rony mandou bravo, e atônito com tudo. Não pensaria nunca que as duas fossem se atracar dessa maneira. Mas não duvidava que Katie tivesse um bom motivo para tal.


- Eu que sou a cadela? - Katie riu-se irônica enquanto ajeitava seus cabelos e dava uma olhada nos poucos ferimentos em seu rosto. E seu riso tornara-se maior ao constatar o rosto e braços de Gina arranhados. - Cadela seria um elogio pra você, Gina. Não passa de uma cobra manipuladora. Você é uma cretina.


A ruiva tentou avançar contra ela outra vez, mas Harry a detivera com força. Assim como o amigo não entendia o porquê daquela briga. Os dois trocaram um olhar, e com ele combinaram as ações seguintes. Cada um levaria uma das garotas para longe.


- Vem comigo Katie... – Rony murmurou carinhoso, enquanto afagava o rosto dela.


- Querendo dar o golpe também, sua brega? Cuidado maninho, você pode ser o próximo papai... – Gina disse maldosamente.


- Já chega! – ele bradou na direção da irmã, então levou Katie dali. Mesmo sobre os protestos dela.


Mais uma vez Gina tornara-se a atração do momento no colégio ao se envolver em uma briga com outra garota. E como sempre coube à Harry, retirou-a dali antes que causasse mais danos. Não queria dar motivos para que fofocas se prolongassem. E tudo o que Gina tinha que dizer seria afastado dos demais.


Ainda com a ruiva furiosa, a levou para o campo de futebol. O único lugar vazio e onde tinha certeza de que ninguém os encontraria tão cedo. Sentou-se no primeiro degrau da arquibancada, acompanhando com o olhar Gina andar de um lado para o outro. Então o moreno começou a rir, fazendo-a parar e o olhar, confusa.


- Sua cara ta horrível. - Harry disse entre risos, vendo-a bufar. Não teria um pingo sequer de solidariedade com Gina. Ela não merecia tal. - Katie acabou mesmo com você.


Ela sorriu falsamente e caminhou para perto do moreno.


- Soube dos boatos? – perguntou diretamente, e furiosa como estava não media seu tom de voz.


- Não. Eu estava na enfermaria. - disse como se fosse óbvio, erguendo uma sobrancelha e apontando para seu nariz ainda vermelho. - Quando sai de lá te vi aos tapas com Katie.


- Pois eu vou te dizer o que todos estão comentando... – ela murmurou, ouvindo Harry dizer: ”por favor,” em um tom sarcástico que odiava. – Estão dizendo que você é o pai do filho de Hermione Granger! Isso é verdade? Você engravidou aquela ordinária?


Harry revirou os olhos. Além de ter que suportar o peso de sua consciência sobre esse assunto, agora teria que tolerar as perguntas e comentários ofensivos de todos. E embora algo dentro de si dissesse que era verdade, seu orgulho ainda o fazia crer que não era. Hermione o tinha traído e aquele mistério ainda era uma incógnita para ele.


- Eu já te falei sobre esses insultos com Hermione. - Harry disse a olhando de forma séria. Gina bufou, ainda mais irritada por isso. - E se eu a tiver engravidado? O que você tem a ver com isso? - indagou naturalmente, dando de ombros. Sua intenção era irritá-la.


- Essa criança não pode ser sua! É do Mark com certeza... Ou pode ser de outro. Não se sabe com quem a Granger andou passando suas noites. – a garota comentou.


- Gina, cala a boca. - Harry replicou, respirando fundo. Sentindo-se já irritado pelo que ela dizia.


- Estou falando a verdade, Harry, e você sabe disso. E eu sei ainda que não se descuidaria até chegar nesse ponto... De fazer um filho na Granger. Santo Deus! Seria a pior burrice que cometeria na sua vida. Além claro, de ter começado algum relacionamento com ela... – disse sem demora. – O que você tem que fazer agora é desmentir tudo isso. Vai ficar complicado se chegar aos ouvidos dos seus pais.


- Eu não vou desmentir nada de que eu não tenha certeza. - retrucou ao se levantar, afastando-se da ruiva. - Não sei se esse filho é meu. Mas se for eu vou assumir a responsabilidade. - disse, vendo-a perplexa. - E isso não é da sua conta, Gina. É um assunto entre Hermione e eu.


- Ainda acredita numa possível verdade? Ela te traía, Harry! – a ruiva exclamou desesperada, postando-se na frente dele. – Você não vai assumir nada, porque esse problema não é seu. Esse filho não é seu!


- Como você sabe, Gina? - perguntou irritado, ignorando o gesto dela de engolir em seco. - Nem eu sei disso. Hermione não tem condições de passar por tudo isso sozinha. Se eu for o pai dessa criança eu vou assumir, sim. Independente de tudo o que ela fez.


- Você vai ver que não deve dar seu voto de confiança a ela… Hermione é uma calculista. E vai te prender pro resto da vida… Mas eu não vou deixar… Não vou!


- O quê? - Harry a olhou curioso, de cenho franzido. Não gostou nada do tom que Gina usou em suas palavras. E aquilo soara como um alerta para si. - Do que você ta falando?


- Nada, querido. – mentiu fitando-o com um sorriso nos lábios. Seus olhos estavam sombrios e brilhantes. Suspirou e se aproximou dele. – Que tal pararmos de falar nesse assunto desagradável. Isso não nos diz respeito, não é mesmo?


Tratou logo de mudar de assunto, afinal não queria transparecer suas intenções. Nem o quando sabia. Harry era esperto e poderia desconfiar. E se ele descobrisse sua armação seria seu fim. O fim de tudo que era importante em sua vida.



N/A: Cansei de pedirem pra não xingar o Harry. 

Por mais que nós entendemos a revolta de vocês. kkkk

Pessoas, desculpem a demora pelo post.

Mas fim de ano é muita correria e só tivemos tempo agora. xD

Esperamos que tenham gostado do capítulo.

E não se preocupem quanto ao Harry. Ele está perto de ter o que merece. kk

Não se esqueçam de comentar.

Quanto mais comentários, mais rápido a gente posta.

Beijo das autoras.

 N/A: Cansei de pedirem pra não xingar o Harry. 


Por mais que nós entendemos a revolta de vocês. kkkk



Pessoas, desculpem a demora pelo post.

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E não se preocupem quanto ao Harry. Ele está perto de ter o que merece. kk



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