Dezesseis.
Dezesseis.
Lições do amor - o amor ensina mais do que se pode esperar.
Olhava atentamente a sala de espera do consultório em que estava. Algumas fotos de mulheres grávidas e bebês estavam nas paredes do local. Pacientes esperavam a vez de serem atendidas. Era uma clínica especializada em gestantes, onde quatro médicos trabalhavam. Era muito bem recomendada na cidade vizinha. Hermione preferiu assim, pois não correria o risco de esbarrar com algum conhecido.
Katie conseguiu o carro emprestado da mãe naquela manhã e acompanhou Hermione em sua primeira consulta. Ela suspirou, olhando a garota de cabelos lisos e castanhos e olhos azuis que folheava uma revista. Era muito grata pelo apoio que Katie lhe vinha dando durante esse momento difícil. Se não fosse por ela, certamente não saberia o que fazer em alguns momentos.
- Ah, meu Deus. Eu não quero engravidar antes dos vinte e cinco. - Katie comentou, lendo uma matéria sobre parto na revista. Seus olhos arregalaram com a foto da mulher grávida na página, com expressões de dor e sofrimento. - Você não tem medo? - perguntou, olhando para Hermione.
- Às vezes... Mas de um jeito ou de outro, vou ter que encarar isso. – ela respondeu rindo, do semblante engraçado da amiga. – Meu bebê precisa sair. – emendou e ambas riram.
- Mione você é muito corajosa. - disse, sorrindo para a amiga. - Enfrentar isso tudo sozinha tem que se ter muita coragem. Eu já teria ficado maluca em seu lugar.
- Eu não tenho tempo pra ficar maluca, Katie. – Hermione respondeu timidamente. – Sei que depois que meu bebê nascer, eu vou poder ser... Talvez recompensada. Minha mãe sempre ficava boba quando Rick ou eu, dizíamos que ela era a melhor mãe do mundo. Acho que é isso que vai me deixar feliz. Saber que meu filho me ama.
- E eu tenho certeza de que você vai ser a melhor mãe do mundo pra essa criança. - disse, vendo-a abaixar o olhar. - Agora me conte. O que aconteceu? Você está muito quieta desde que fui buscá-la.
- Ontem... – murmurou, suspirando. -... Ontem Harry esteve na lanchonete com Gina.
Toda vez que pensava nisso, ou lembrava-se daquela imagem uma dor a incomodava no coração. Imaginar Harry dando atenção a ruiva e não a ela, que precisava dele, e o amava era cruel demais. Ainda havia seu filho que mal nascera, e não iria conhecer o pai. Tudo isso se juntava a sua grande soma de problemas, e a deixava imensamente triste.
- Mas isso não é tudo... Nem é importante. – olhou para a amiga. - Eu tive que pegar um dinheiro que estava juntando para pagar a consulta. E nem quero pensar em quando minha mãe descobrir.
- Olha, não vamos falar naquele imbecil. Porque senão eu te deixo aqui sozinha e vou lá quebrar a cara dele. - Katie murmurou entre dentes, respirando fundo e recuperando a calma. - Quando pretende contar à sua mãe sobre a gravidez?
- Quando receber o meu primeiro salário. No final do mês. – Hermione disse, tentando sorrir. – Tenho medo de como ela vai reagir. Eu sei que vou decepcioná-la. Ela sonhava tanto em eu cursar uma universidade. Ter tudo que ela não teve, e acabei repetindo a sua vida.
- Não foi por sua culpa, Mione. Você se apaixonou e aconteceu. Só que, infelizmente, o destino tratou de deixar Harry Potter estúpido. - disse furiosa, respirando fundo novamente e esboçando um largo sorriso para a amiga. - Mas eu tenho certeza de que ela irá compreender.
Hermione sorriu, murmurando um "espero que sim" ao ouvir seu nome ser chamado pela médica parada na porta de seu consultório.
- Quer que eu a acompanhe? - Katie perguntou.
- Se não for passar mal, ou se entediar... – Hermione comentou fazendo a outra rir.
Seguiram para o consultório, cumprimentando a médica. Cada uma ocupou uma cadeira diante à mesa. Hermione apertou as mãos sobre o colo, controlando um pouco seu nervosismo. Aquela consulta não era uma de rotina que costumava fazer. Tratariam de algo sério ali. E era a primeira vez que relataria sua gravidez com um estranho. Mas algo lhe dizia para não temer. O sorriso simpático daquela médica, que aparentava ter menos de trinta anos, lhe trazia calma.
- Então, Hermione. - voltou-se para a morena. - Tem idéia mais ou menos de quanto tempo está grávida?
A morena olhou para Katie, que sorriu lhe encorajando. Respirou fundo e então voltou a olhar para a médica.
- Quase dois meses. – respondeu acanhada. Fora ao ginecologista apenas umas duas vezes em toda a sua vida, e sentia-se imensamente envergonhada.
- Não precisa se envergonhar, Hermione. - a médica disse, percebendo o constrangimento da garota. - Você não é a primeira e nem será a última adolescente grávida que entra no meu consultório. Claro que sabemos que existem métodos de evitar uma gravidez. Mas quando se é pra acontecer, é impossível evitar.
- Foi exatamente isso que disse para ela. - Katie exclamou sorridente.
- E deveria ouvir o que sua amiga disse. Como estão os sintomas? - perguntou com a caneta em mãos, pronta para anotar o que ela diria.
- Eu estou tendo muitos enjôos, principalmente de manhã, ou quando alguém está perto comendo salgadinho de queijo. – ela disse e riu sem jeito. – E quanto ao resto, eu não sei... Bem, estou diferente.
- Isso vai continuar por mais algum tempo. Normal nos primeiros meses. Mas eles também são os mais delicados, assim como os últimos meses. Então não se irrite com facilidade ou sofra fortes emoções. Isso pode tornar a gravidez delicada. - disse, vendo-a assentir atenta enquanto ouvia suas instruções.
Após a orientação da médica, Hermione deitou-se na maca. Assim como ela dissera, sentiu certo desconforto com o gel frio que fora colocado em sua barriga. A ansiedade a invadiu, pois aquela era sua primeira ultra-som. E assim que a médica deslizou o aparelho pelo ventre, as primeiras imagens foram lançadas no monitor ao lado.
- Aqui está o seu bebê. - apontou para um pequeno movimento na imagem. - Sua gestação é de cinco semanas, Hermione. E eu lhe devo os parabéns, porque ele está muito bem. - sorriu, olhando para a expressão sorridente da garota. - Na sua próxima consulta já será possível ouvir o coração. É o momento mais esperado antes de saber o sexo.
Hermione não sabia de certo o que sentia naquele momento. Era uma emoção tão forte poder ver o seu bebê, mesmo que imerso naquela imagem escura. Voltou seus olhos para a tela do computador, e seus olhos se encheram de lágrimas. Embora se sentisse feliz, faltava-lhe uma coisa, deixando em si um vazio, por não poder compartilhar esse momento com Harry.
Mas tudo que via tornava sua gravidez mais real. E lutaria por seu filho, porque ele era tudo que lhe restava. Tudo que sobrara dos momentos bonitos que vivera com o moreno.
**
Ainda sentia-se furiosa pelo comportamento do filho naquela madrugada. A imagem dele bêbado não saía de sua mente. Outra vez lutou contra as lágrimas de tristeza que cobriram seus olhos verdes. Sentia saudades daquele Harry engraçado, carinhoso e educado que ele era semanas atrás. E sabia que tudo isso era influência de Hermione. Mas lhe incomodava o fato de saber que eles não estavam mais juntos, como ele disse.
Harry ainda lhe devia respostas, satisfações. Afinal, Lilian era a mãe e tinha todo o direito de cobrar isso. Era sua obrigação recuperar o filho daquele poço de tristeza e amargura que ele mergulhara. Sem sequer bater na porta, entrou no quarto. Revirou os olhos ao vê-lo ainda adormecido. Era quase uma da tarde e estava farta de esperá-lo.
Caminhou até a janela, abrindo as cortinas e deixando que a claridade entrasse no local. Não demorou muito para que Harry se sentasse, murmurando algo incompreensível e coçando os olhos. Levou certo tempo para acordar e se acostumar com a claridade. E quando o fez, deu-se conta do quanto sua cabeça doía. Era uma dor quase insuportável, consequência das várias cervejas ingeridas na noite passada.
Abaixou os olhos para seu corpo, percebendo que ainda estava com a mesma roupa do dia anterior. Assim que ergueu seu olhar, encontrou a imagem da mãe parada diante de si.
- Bom dia. - murmurou, forçando um sorriso. Algo que não fora correspondido por ela. - Eu fiz alguma coisa de errado, não fiz? - indagou, coçando a própria nuca. Não se lembrava nem de como conseguiu chegar em casa.
- O dia não está nada bom, e é melhor situar-se. Já é tarde. – Lilia o respondeu secamente.
Harry suspirou fundo. Pelo jeito que a mãe lhe tratava, realmente não fizera coisa boa. E a idéia de que ela o flagrou chegando bêbado em casa lhe veio em mente. Só poderia ser isso.
- Me desculpe por essa noite. Seja lá o que eu tenha feito. - murmurou, massageando as têmporas na esperança de que sua dor de cabeça amenizasse.
- Não é somente o que aconteceu essa noite. – a ruiva dissera, suspirando fundo. – Queria entender o que se passa com você. Porque não vejo motivos aparentes para agir assim, tão sem juízo. Eu não o criei assim... – então ela o fitou. – Você poderia ter se machucado, e, além disso, ferido outras pessoas.
- Eu exagerei ontem. Acabei bebendo além da conta e não pensei nisso. - disse, olhando-a. - Mas eu tenho os meus motivos para agir assim.
Lilian andou até a poltrona perto da escrivaninha e sentou-se nela. Harry a olhou, e mesmo esse simples virar de rosto, fizera sua cabeça latejar. Vira a mãe, cruzar os braços.
- Estou esperando você me contar. Eu não saio daqui, até que coloquemos todo esse assunto em pratos limpos. – disse séria.
- Mãe. - Harry suspirou outra vez, fechando os olhos. - Eu não quero falar sobre isso. Estou cansado e minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento. Não é a hora.
-Você está se metendo em problemas, e eu quero saber o porquê disso. – retrucou. – Tem a ver com Hermione? Com a briga que tiveram?
O moreno revirou os olhos. Ouvir o nome da ex foi o suficiente para fazer com que esquecesse sua dor de cabeça e se irritasse outra vez. Ninguém o entendia muito menos que ele não queria falar sobre isso. Ainda sentia seu orgulho ferido pelo que Hermione fizera.
- Eu já pedi para não falar sobre ela. Será que é pedir demais? - indagou irritado, se levantando. - Se quer saber se tem a ver com Hermione, sim. Ela é a culpada por tudo isso.
- Não levante a voz para mim Harry. Você pode ter o dobro do meu tamanho, mas ainda sou sua mãe! – ela bradou erguendo o dedo na direção dele, o rapaz recuou em sua carranca. Por mais furioso que estivesse devia respeito a sua mãe. Lilian o encarou rígida. – Isso não é motivo para agir assim... Você tem que esfriar a cabeça. Não pode ser tão impetuoso. Converse comigo, meu filho... Diga-me o que sente.
Ele abaixou seu olhar, envergonhado. Hermione era sim culpada de tudo. Mas não tinha direito de descontar isso na mãe. Logo ela que estava preocupara e fazia de tudo para não demonstrar seu desespero ao vê-lo assim. E precisava conversar com alguém. Rony não era a pessoa indicada, pois estava do lado de Hermione mesmo depois de tudo. Gina não era do tipo de se conversar sobre tal assunto. E a única pessoa que estava disposta em ouvi-lo era a própria mãe.
- Terminei com a Hermione. - Harry murmurou, abaixando seu rosto para que ela não notasse a tristeza em seu olhar. - Eu a vi com outro. Hermione estava me traindo. - lhe doeu, feriu seu orgulho confessar isso.
A ruiva não pudera esconder o espanto ao ouvir o que Harry havia dito. Tinha conhecimento do quanto Hermione o amava e não acharia que ela faria algo assim. Mas se ele vira é porque não deveria por enquanto duvidar.
- Eu sinto muito... – ela murmurou se aproximando dele. – Deve estar sendo difícil pra você, não é?
- Eu confiava nela, sabe? - disse, respirando fundo. Tocar naquele assunto lhe trouxera sensações e emoções que ele tinha enterrado quando terminou com Hermione. E tivera que lutar para as lágrimas não virem em seus olhos. - Hermione foi a primeira que eu realmente amei. Só que ela começou a agir estranha, me evitava. Sempre que eu me aproximava ela se afastava. - permanecia cabisbaixo, pois ainda não tinha coragem de olhar para a mãe. - Então um dia eu a vi, aos beijos com outro em pleno corredor do colégio. Sequer teve a consideração de terminar comigo antes ou esconder. Sinto-me um idiota agora.
- Harry... – Lilian murmurou, enquanto o abraçava. Sempre tivera conselhos ótimos para dar a quem fosse, mas agora se via sem argumentos. Não queria dizer nada que pudesse ser tomado de forma errada pelo filho. Então achara que um abraço, seria o melhor naquele momento. E seria até que colocasse a história a limpo.
Harry apenas correspondera ao abraço, que era tudo o que precisava no momento. Sabia que nada que a mãe dissesse aliviaria sua dor por perder Hermione. Por amá-la tanto e lhe confiar tal sentimento a ponto de receber uma traição em troca. Mas apenas aquele gesto foi o suficiente para lhe trazer conforto. Um conforto necessário.
**
O assunto mais comentado naquela segunda-feira no colégio era a festa na semana passada. Sem dúvidas fora uma das melhores do ano, pois conseguiu reunir grande parte do time de futebol e as líderes de torcida. E o moreno ao lado de Gina agradecia imensamente por ninguém ali ter conhecimento de que a polícia o pegara dirigindo embriagado. Porém, preferia enfrentar os olhares e comentários dos outros alunos do que a ira do pai quando descobrir.
Meneou a cabeça para afastar aquelas preocupações. Estava se esforçando para dar um novo rumo em sua vida e assim o faria. A tentativa começara outra vez assim que a ruiva ao seu lado virou seu rosto, dando início a outro beijo ousado.
- Filho da mãe. - Katie murmurou entre dentes, um pouco afastada do grupo de populares que estava ao pátio do colégio. Agradecia imensamente por Hermione ter saído mais cedo para trabalhar, pois não teria que presenciar aquela cena outra vez. - Safado. - disse boquiaberta ao vê-lo alisar a coxa de Gina, exposta pela mini saia. Sua frustração era tanta, que não notou a aproximação de alguém.
- Oi... – Rony dissera ao sentar-se perto da morena. – Espero que esses elogios não sejam pra mim. – emendou rindo.
- Ah, não. - Katie corou, mordendo o lábio. Não esperava ser pega em flagrante, cobrindo o moreno adiante de "elogios". - Eram pra ele. - apontou para Harry, que cessou o beijo no momento. - Cada dia que passa, eu tenho mais raiva dele.
- É... Harry está sendo meio idiota... – Katie o olhara erguendo a sobrancelha. – Totalmente idiota. – o ruivo retratou-se. – Não é justo o que ele está fazendo com Hermione. E é tudo culpa da minha irmã. Porque sei que tem dedo sujo dela nisso.
- Se eu disser tudo o que penso sobre sua irmã você nunca mais vai querer me ver. - a garota comentou após um suspiro, olhando para Gina. Assim como Rony, também sabia que Gina tinha a ver com tudo isso. Sabia que de alguma forma ela pagaria caro por tudo um dia.
- Não vai ser a primeira a me dizer isso. Eu me envergonho por ela... – ele murmurou fitando a ruiva dar outro beijo ardente em Harry. – E cadê Hermione? Eu não a vi desde a aula de história.
- Teve que sair mais cedo por causa do trabalho. - disse, apoiando o queixo sobre o braço. - O que se pode fazer se ela precisa desse emprego.
- Ela ainda não contou pra mãe dela? – Rony perguntou, já que estava a par do que acontecia. De uma hora pra outra, se vira dentro do ocorrido. Afinal, Hermione precisava de amigos, já que não tinha o apoio de Harry. E isso o incomodava. Esta não era a atitude que esperava. Um filho com certeza era algo assustador, mas seria menos se a garota pudesse ser amparada.
- Ainda não. Está esperando receber o primeiro salário. E também criar coragem. - Katie forçou um sorriso. - Dar uma notícia dessas não é nada fácil. Principalmente a Mione, que não tem o apoio daquele cretin... digo, Harry. - corrigiu-se, constrangida pelo elogio que diria novamente.
Rony rira, fazendo com que também risse. Não era fácil segurar a língua. Não quando sentia tão ardorosamente a raiva dentro do peito. Estava acompanhando de perto o sofrimento e sacrifício da amiga, e não aceitava o que o outro estava fazendo.
- Não precisa se controlar pode dizer o que pensa. Eu não ligo. Ele bem que merece. – falou divertido, coçando a nuca.
- Eu já falo demais. Se eu for dizer tudo o que penso, vai me achar insuportável. - ela comentou, rindo.
- Não vou, eu juro. – Rony garantiu, fazendo um sinal com os dedos. – Estou me sentindo um tanto entediado, sem ter alguém com quem conversar desde que Harry se tornou um imbecil, e desde que Gina não desgruda dele.
- Você tem a mim. - Katie o olhou, sorrindo doce. Não podia evitar suas reações ou sensações quando estava perto de Rony. E a cada dia ficava mais maravilhada com o rapaz que ele se tornava. - Pode não ser muita coisa... - corou com o olhar intenso dele sobre si. - Mas sempre que precisar, eu estou aqui.
- Acredite, é muita coisa sim. – ele falou se aproximando de Katie, lentamente. Mantendo seu olhar preso ao dela. Apenas o desviara para fitar os lábios róseos da garota. Há muito tempo desejava beijá-la, e não tinha oportunidade, agora se via nessa chance.
Katie estremeceu ao vê-lo se aproximar, ao sentir a respiração dele em sua fronte. Ansiara tanto por aquele momento, que tinha medo de agir como uma tonta. Mesmo que tentasse se acalmar, era impossível. Se a presença de Rony já a deixava nervosa, não tinha idéia de que um beijo poderia fazer. Mas soube naquele instante quando sentiu os lábios dele sobre os seus, dando início ao beijo. Seu coração disparou e ela deixou o nervosismo de lado, correspondendo ao gesto de forma carinhosa.
Lentamente o ruivo experimentava o gosto maravilhoso e adocicado que tinha os lábios da garota. Ambos gemeram, quando a fase de experimentos acabara, e o beijo se tornara mais intenso. Era um turbilhão de sentimentos, e Katie parecia estar numa montanha russa de emoções. Ao passo que não conseguia pensar em nada, sentia a mão dele, afagar seu rosto.
Aquele beijo despertara sentimentos em ambos. Sabiam que de agora em diante, algo forte os ligava. Prosseguiram com o carinho por mais algum tempo, até findar em busca de ar. Katie abriu os olhos lentamente, o sentindo ainda afagar seu rosto. Abriu a boca algumas vezes para dizer qualquer coisa, mas nenhuma palavra saiu. Rony tirou tudo de si, inclusive sua capacidade de raciocínio.
- Uau, isso... Isso foi bom. – o ruivo dissera, corado, assim como Katie. – Desculpe se fui um pouco atirado.
- Não. - ela o olhou, apressando-se em dizer. - Você não foi atirado. Eu queria muito isso e... - seus olhos azuis se arregalaram ao dar-se conta do que tinha dito. Katie corou intensamente desta vez.
- Eu também queria Katie. E acho que agora vou querer sempre. – confessou. Ambos pareciam competir sobre quem ficava mais vermelho a cada rodada.
Katie sorriu, feliz com o que ouvira. Dessa vez tomou a iniciativa em se aproximar para um novo beijo. Porém, o nome de Rony sendo chamado e o som de passos a impediu. O ruivo praguejou baixo, frustrado. Mas sua frustração não fora maior que a de Katie ao ver quem se aproximava. Cada passo que Harry dava em sua direção, aumentava sua raiva. Ansiou tanto por um momento perto dele. E agora que isso acontecia, não perderia essa chance. Não era apenas a raiva de um beijo perdido, mas acima de tudo, a dor que ele causava em sua melhor amiga.
- Eu estava te procurando. - Harry disse para Rony, após cumprimentar a garota com um breve aceno de cabeça. - Será que eu posso falar...
Harry não conseguiu terminar o que diria, pois a mão de Katie lhe desferiu um tapa no lado esquerdo da face. O moreno levou a mão ao local, sentindo o formigamento que o tapa lhe provocara. E como se não fosse o suficiente, tinha os olhares curiosos de algumas pessoas preso em si. Retirou a mão, revelando a mão da garota perfeitamente desenhada em seu rosto.
- Você é um cretino. - Katie bradou entre dentes, cutucando-o no peitoral com o indicador. - E agora estou em paz com a minha consciência por isso.
Deu um empurrão em Harry antes de se afastar. O moreno a olhou, surpreso. Não esperava por aquele tapa. E a pequena, porém irritante dor em sua face demoraria certo tempo para passar. Voltou seu olhar para Rony, que reprimia uma risada.
- Ela é louca? - indagou, massageando a face.
- Acho que estou apaixonado. Encontrei minha alma gêmea. – Rony disse ignorando o que Harry lhe dissera. – Não espere que eu fique do seu lado. Você mereceu, e acho ainda que você teve sorte.
- Quer saber? Deixa pra lá. - Harry replicou, irritado. Como se não bastasse o tapa, ainda tinha o amigo contra si. - Vim até aqui disposto em resolver tudo isso, mas acho que você ainda prefere continuar do lado de quem se faz de vítima. Felicidades pra vocês dois. - sibilou antes de se afastar.
**
Quando voltou para casa no final do dia, ficou aliviado por não encontrar a mãe. Assim não teria que dar satisfações sobre o lado esquerdo de seu rosto avermelhado. Suspirou fundo, largando-se na cama. No começo ficou irritado pelo tapa que recebera de Katie. Mas depois, de certa forma compreendia. Mesmo que Hermione estivesse errada, Katie era sua amiga.
Apenas o nome da ex vir em sua mente fora suficiente para lhe trazer lembranças. Mesmo arrasado com a perda de Hermione, não pudera deixar de sorrir. Apesar de tudo, fora ao lado dela que vivera os melhores dias de sua vida. Sem poder evitar, uma lembrança boa e agradável lhe veio em mente.
Flashback
Sorriu maroto ao ver a morena se aproximar. Hermione ficara até mais tarde na monitoria aquele dia. Então ele decidiu esperá-la na varanda da casa da namorada. Assim tivera tempo suficiente para preparar a surpresa. Sabia que ela imaginava que ele não se lembrava do aniversário de namoro. Fazia um mês que ambos estavam juntos e naquele dia tivera certeza de que queria compartilhar outros meses ao lado da morena.
- Oi namorada. - Harry murmurou, enlaçando-a pela cintura e trazendo para perto de seu corpo. Hermione sorriu quando ele a beijou levemente nos lábios. - Como foi à monitoria?
- Cansativa, como sempre. Vou pegar mais dois alunos, e a reunião foi muito, muito chata. – disse um tanto manhosa. – Senti sua falta... – então o encarou. Seus bonitos olhos estavam brilhando mais naquele momento.
- Eu também senti a sua. - ele disse, afagando a face da morena. - Passei o dia lendo aquele livro que você me recomendou. - mentiu. Na verdade, dedicara todo o dia em surpreender à namorada. - Mas é impossível ler quando se pensa tanto em você.
- É mesmo? – indagou sorrindo marota. Harry assentiu. – Assim vou me achar importante. – emendou rindo. Embora por dentro estivesse um tanto triste por conta do esquecimento do namorado.
- Ah, mas já deveria se sentir importante. - sorriu, acariciando o queixo dela com o polegar. Notou certo brilho de tristeza nos olhos castanhos que o observava. - O que aconteceu? To te achando um pouco tristonha hoje.
Ela enrugou o nariz, fato que fizera o moreno sorrir. Com a ponta do dedo, desfizera a ruguinha, e Hermione suspirou. Não podia dizer a ele, assim na cara dura que hoje era uma data especial. E devia ser somente para ela, já que Harry nem lembrara. Ficaria até envergonhada de dar o presente que comprara a ele.
- Só estou cansada. O dia foi exaustivo. E ainda vou ter que fazer um monte de coisas em casa.
- Entendo. - assentiu. - Se quiser que eu vá embora para que você descanse e faça o que tem que fazer... - disse, apontando para a rua ao seu lado.
- Não... Não quero que vá embora, eu preciso... – corou intensamente, e mordeu o lábio. – Queria te entregar uma coisa.
- Uma coisa? - ergueu uma sobrancelha, fingindo-se de desentendido. Mas sabia que ela lhe daria seu presente de namoro, assim como o dela a aguardava dentro de casa. - O que é?
Hermione sorriu timidamente, e então abrira a mochila. O coração dentro do peito disparou incontavelmente. Tinha medo de que Harry não gostasse de seu presente, ou achasse cafona. Mas quando o vira no antiquário lembrara-se imediatamente dele. Olhou para o namorado, e entregou a ele um embrulho.
- Espero que você goste. – disse acanhada.
Ele a olhou, de cenho franzido. Estava sendo difícil continuar com aquela encenação toda. Não por ele, mas por Hermione. Queria ver sua reação assim que ela visse a surpresa que ele preparou. No entanto, iria prosseguir com o plano. Foram dias planejando e executando tudo. Não colocaria tudo a perder por causa de sua ansiedade. Abriu o embrulho, encontrando um livro de capa de couro verde e sem título. Ao folhear, viu que estava em branco. Ele sabia que era um livro em que ele deveria escrever.
- Eu adorei. De verdade. - esboçou um largo e sincero sorriso para Hermione. De fato tinha adorado. Era um presente simples e que lhe agradou muito. - Mas porque o presente? Meu aniversário é só no ano que vem. - emendou, rindo.
- Bem, eu... - ela riu-se sem graça. - Er... Estamos juntos há um mês. Pode ser piegas, mas achei que deveria comprar um presente. - suas bochechas coraram imensamente, e ela o fitou com o coração disparado.
Harry tivera que reprimir um sorriso no momento para que pudesse prosseguir com sua encenação.
- É o nosso aniversário de namoro? Sério? - questionou, vendo-a assentir sem jeito. O moreno bateu na própria testa, soltando um muxoxo. - Hermione, me desculpe. Eu sou um idiota. Esqueci completamente disso. Na verdade, nem me lembrava da data exata...
- Ah, tudo bem. - Hermione respondeu de imediato. Sorrindo, um tanto forçado. - Eu é que sou detalhista demais. E meu presente... Bem, nem foi assim lá grande coisa. Só não queria que esse dia passasse em branco. - Harry continuou “sério”, fitando-a. - Tá tudo bem mesmo.
- Seu presente foi maravilhoso. Eu adorei. - Harry suspirou, fingindo-se constrangido por "esquecer" da data. - Prometo que amanhã mesmo vou me redimir por causa disso. É que eu... - coçou a própria nuca. - Eu nunca namorei antes. Não estou acostumado com essas coisas.
- Não precisa comprar nada pra mim, é sério. - a morena, falou ainda mais sem jeito. Olhou para o livro nas mãos dele. - Então... O que vai escrever aí? - perguntou tentando esconder seu constrangimento. Era obvio que ficara sentida porque Harry esquecera-se de tal data. Por mais que seu senso de realidade fosse grande, o romantismo comandava-a.
- O quanto eu sou idiota por ter se esquecido do dia de hoje. - sorriu, erguendo o livro.
- Seu bobo! - Hermione disse e riu. - Você só é um pouco esquecido. Mas eu não ligo.
- Eu sei que você liga. - disse, beijando-a levemente nos lábios. Suspirou, erguendo seu olhar para a porta da casa da namorada. - Vamos entrar? Mesmo que eu tenha avisado, Richard está preocupado com o seu atraso.
- Vamos sim, mas... Ah, deixa pra lá. - ela comentou, aceitando a mão que Harry oferecia. Não sabia o porquê, mas ficara nervosa com o que vira no olhar dele. Era alguma coisa que sabia que a surpreenderia. E estava gostando do friozinho na barriga.
O friozinho aumentava cada vez mais que se aproximava da porta. Assim que ela abriu, respirou fundo para contê-lo. Mas não estava preparada para a surpresa que vira ao entrar em casa. Havia buquês de flores espalhados pela sala. Cada um continha uma variedade de cores diferentes. E em cada um havia um pequeno cartão.
Aquele sentimento desagradável por Harry ter se esquecido do aniversário de namoro logo a abandonara. Mal podia acreditar que ele tinha preparado tudo de tal forma para si. E acreditara na interpretação de esquecimento que ele fez, pois realmente a convenceu. Emocionada, caminhou até o buquê de rosas vermelhas que havia na mesinha de centro da sala. Pegou o cartão branco e o abriu.
“You're beautiful inside, you're so lovely and I can't see why I'd do anything without you, you are.
And when I'm not with you, I know that it's true.
That I'd rather be anywhere but here without you.”
Harry se aproximou, sorrindo. Adorou o presente que recebera de Hermione. Mas não tinha satisfação maior do que ver o sorriso que despertara na namorada com a surpresa que fizera. Abraçou-a por trás, lhe beijando carinhosamente na face.
- Acho que mereço um prêmio por melhor interpretação. Não concorda? - indagou maroto para a morena, depositando um beijo em seu ombro.
- Você me enganou direitinho. - ela murmurou estremecendo. Seus olhos brilhavam intensos, marejaram, tal grande fora a satisfação que tivera. - É tudo tão lindo. Eu nem posso acreditar...
Suspirou outra vez quando sentira os lábios de Harry novamente em sua pele. Aquele momento seria inesquecível. Nunca em sua vida poderia perder o encanto da ocasião. Todas aquelas flores, apenas mostravam o que o moreno sentia. Ele a amava.
- Eu posso ser principiante sobre namoro... - disse, virando Hermione para si. - Mas eu jamais me esqueceria dessa data. Porque foi o dia em que minha vida mudou pra melhor. - sorriu enquanto afagava o rosto corado dela.
- Pra um principalmente você se superou. - Hermione comentou. A emoção tomando conta de todos os seus dizeres. Ela nem sabia como conseguira falar. No entanto, tinha ciência do quanto sua voz tremia e do quanto seus olhos ardiam por conta das lágrimas acumuladas. - Esse é um dos dias mais felizes da minha vida. E tudo isso graças a você... - o beijou nos lábios, e ainda presa neles, murmurou. - Eu te amo...
- Eu também te amo. - disse em mesmo tom, intensificando o carinho.
Suas mãos deslizaram pelas costas de Hermione, trazendo-a para mais perto.
Ditava o ritmo lento e prazeroso daquele beijo. Aquele carinho era profundo e significativo para ambos. Principalmente para Harry, que podia sentir o quão verdadeiras eram as palavras de Hermione. Cessou o beijo minutos depois, afagando o rosto delicado enquanto retomavam o ar. E assim que o fizera, sorriu.
- Mas isso não é tudo. Ainda falta o mais importante. - caminhou até a mesinha de centro, pegando uma pequena caixa e lhe entregando. Com o olhar, incentivou Hermione a abri-la. Seus olhos admiraram a correntinha de ouro, onde havia um pingente da letra H perfeitamente folheado. - O “H” você pode interpretar como o seu ou o meu nome. Mas ficarei lisonjeado com a homenagem. - completou sorridente.
- Harry... - ela murmurou baixo. -... É a coisa mais linda que já vi, mas... Deve ter sido bem caro. Eu não... - iria dizer que não merecia tal presente, no entanto, o olhar severo dele fizera-a mudar de idéia. Afinal com suas palavras poderiam ofendê-lo. - É claro que vou interpretar como sendo a inicial do seu nome... Ou posso associar como mais uma coisa em comum que temos. Além das tantas outras. - findou exibindo um sorriso. - Obrigada!
- Não precisa agradecer. - se aproximou a beijando levemente. Hermione sorriu lhe entregando a correntinha. Delicadamente, erguera o cabelo e deixou que ele a colocasse. Harry o fez com cuidado, distribuindo beijos pelo pescoço alvo da morena assim que terminara.
Hermione se arrepiara com o toque cálido em sua tez. Além disso, sentia a respiração de Harry eriçar os pelinhos da nuca. Fechou os olhos e suspirou, imaginando o sorriso que ele exibia nos lábios perfeitos.
- Hum... O que fez com Rick? - ela perguntou num fio de voz, enquanto namorado ocupava-se em lhe dar atenção.
- Dei aulas de matemática até que ele se cansasse. - riu assim como ela, embriagado pelo perfume doce que emanava da pele macia. - Depois ele saiu de casa, dizendo que não quer me ver por dois dias.
- Não acredito que fez isso. - a morena falou, cessando o riso. - Pobre Rick... Mas pelo menos ele vai tirar notas melhores em matemática. - emendou num outro suspiro, não se controlando. Harry não parava de lhe despertar tais reações.
- Bom pra ele, não é? - indagou enquanto a virava novamente, vendo-a assentir.
Hermione suspirou outra vez, murmurando algo que o fizera sorrir. Lentamente, fechou os olhos ao vê-lo se aproximar. Seus lábios tornaram-se secos, ansiando pela umidade da boca do moreno. Mas esta não viera. Ele distribuíra beijos por sua face, dando uma leve mordida em seu queixo antes de subir. Então finalmente capturou os lábios de Hermione em um beijo intenso e apaixonado.
Por mais que seu corpo não obedecesse aos seus comandos, ele obedecia aos seus instintos. E guiada por eles, Hermione deixara-se levar. O beijo continuava em seu ritmo ávido, arrancando mais que arrepios, ele deixava gemidos soltos no ar e no silêncio. Harry prendeu sua mão à cintura feminina, juntando seus corpos. A morena novamente estremecera. Nada era tão bom quanto estar nos braços do rapaz. Era uma junção de sentimentos que apenas fortaleciam um único.
Desta vez, Harry quem suspirou com aquele gesto. Tinha tanta certeza de seus sentimentos por Hermione, que apenas pensar nisso fazia com que seu coração disparasse. Amava Hermione e a queria do seu lado sempre. Tinha certeza de que não era apenas uma paixão que logo iria passar. Era algo que ia muito além do que ele já imaginara.
Fim do Flashback.
N/A: Mais um capítulo em que vocês vão cobrir o Harry de elogios e carinhos. *-*
Que coisa bonita.
Nós adoramos saber desse amor que vocês tem pelo Harry.
É tão intenso e tocante. kkkk
Mas pensem na cena cute Harry e Hermione que teve no fim do capítulo.
E que viera da lembrança dele próprio. Quer dizer que ele ainda sente algo. *-*
E pensem também no primeiro beijo do Rony e da Katie, que foi bem cute. *-*
Assim ameniza a raiva de vocês. kkkk
Esperamos que tenham gostado do capítulo.
Não se esqueçam de comentar, ta bem?!
Beijo das autoras.
25/10/2010.
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