Olha só pra ele: Um Weasley.



Plataforma 9 ¾. Estudantes de Hogwarts. Pequeno grupo conhecido pelo trio de ouro, parados a esquerda, próximos a uma das muitas pilastras de tijolos.


E Há um abraço.


Uma união inocente de corpos, de braços entrelaçados no pescoço, e braços dele entrelaçados na cintura dela.


Rony não nota o sorriso fácil dos lábios dela, o olhar terno do moreno. Ou os sussurros falados ao pé do ouvido.


 O abraço continua.


A garota só tinha 13 anos e uma mente genial, era engraçada, metódica e de longe a pessoa mais irritante. O que havia de errado com aqueles dois? Ele podia entender o que a castanha enxergara no amigo, mas não conseguia entender porque o amigo escolhera a castanha. Entre tantas no mundo, precisava ser logo ela? Não é como se a vida fosse justa.


A sensação de “estar a salvo” era apenas uma troca de calor. O corpo não-mais-tão magricelo do moreno e o corpo da menina que Hermione não era. Não. Ela era uma garota.


Eles fecham os olhos.


Havia entrega. Havia inocência. E incoerentemente havia medo. O ruivo mastigava alguns feijões mágicos, tentando desfocar sua mente da cena. Não queria saber o que diabos era esse medo.


A mão dela é quente na nuca de Harry. Não lhe pergunte como, mas ele simplesmente sabe disso.


Eles recuam.


Olhares se encontram, mas não se encontram com os do ruivo. Invisibilidade ganhou um novo sentido, talvez.


O mundo congela.


É exatamente essa sensação que ele tem, quando o rosto de traços aristocráticos do amigo cruza a linha de proximidade, até que os lábios se toquem com os de Hermione.


O mundo desaba.


O toque é delicado. Lento como as chuvas de verão, que o faziam sentir-se vivo. Dessa vez o céu não tem uma cor. O céu se deteriora sob suas cabeças.


Ele consegue ver os dentes do amigo mordiscando com sofreguidão os lábios inferiores da amiga-que-um-dia-ele-achou-que-amasse. Ou que talvez ame.


O café da manhã de ovos remexe em seu estômago.


Os amigos estão abraçados, com bocas e línguas fazendo coisas que ele prefere não pensar.


Rony lembra que esse é o certo. Afinal, olha só pra ele: Um Weasley. Um cara normal.


O beijo, na verdade, tem o mesmo efeito de um abraço.


Um pequeno flash encerra na mente do ruivo. Ele encara os amigos com desespero, e os encontra apenas unidos, sem contatos maiores.


Rony só queria entender como raios um abraço pode durar tanto. Só.
 
**
Escrevi essa fanfiction há alguns meses atrás, no tempo em que tudo parecia mais fácil pra mim. Mas lê-la agora, sem nem lembrar do que se tratava, me tocou fundo. Desculpem qualquer coisa. Comentem e votem.  

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