11 - Give Me A Kiss, Jason
Capítulo 11 Give Me A Kiss, Jason.
“- Já estava me perguntando onde a senhorita estava – começou irônico -, fiquei super preocupado.
Letícia não respondeu ao garoto. Apenas encarou-o com urgência. Jason franziu o cenho tentando entender o que Letícia queria. Ela parecia nervosa e crispava os lábios a todo o momento.
- Jason, nós precisamos conversar.”
Jason ergueu a sobrancelha e seus olhos se estreitaram. Letícia estava em um estado de nervos que o garoto nunca a vira, ou pelo menos, há muito tempo não a via assim. Aquilo era estranho...
- O que você quer? – Perguntou o garoto olhando para os lados. Cruzou os braços no peito. Letícia encarava o chão, como se olhar para cima fosse sua sentença de morte.
- Conversar em particular com você – disse ruborizando. Fazia tempos que Jason não observava o rubor de vergonha tonalizar a pele de Letícia. Por um momento esqueceu-se totalmente de ser frio e calculista. Abriu a porta de uma sala ao seu lado.
- Entra – pediu quase que gentilmente. Letícia concordou e adentrou na sala. Jason entrou depois da sonserina e fechou a porta com um feitiço, para que ninguém pudesse atrapalhá-los.
Ambos caminharam até a parede oposta à porta, sentando-se na beirada da janela. Letícia observou o jardim enquanto Jason encarava-a. Suas mãos tamborilavam no vidro sujo à sua frente. Jason observou a mão da garota tremer enquanto ela tentava fazer o que queria fazer.
Letícia fechou os olhos e respirou fundo. Jason pode ver naquela mulher a menina ingênua e assustada que um dia os procurara em Durmstrange. Sorriu de lado com os pensamentos.
- Me desculpe – pediu Letícia abrindo devagar os olhos. Jason tinha o rosto livre de qualquer emoção naquele momento. Observou algumas lágrimas nos olhos da sonserina. Pigarreou tentando se concentrar.
- Pelo que, exatamente? – Perguntou o garoto olhando para fora da sala. Letícia franziu o cenho, tentando lembrar-se de tudo pelo que devia se desculpar.
- Por tudo o que eu te fiz. – Murmurou a garota envergonhada. – Jason, eu não sei o quanto eu posso ter-lhe feito sofrer, mas me perdoe. Eu fui uma tola. Eu fui a única testemunha de que Jason Miller conseguia ser capaz de amar alguém e eu... eu simplesmente ignorei e te maltratei. Não sei se toda a culpa é minha, mas parte do que você se tornou foi por mim. Você era apenas um garoto gostando da amiga. E eu era apenas uma amiga querendo tirar proveito e ser conhecida. Não estou falando que em nenhum momento eu cogitei a idéia de que gostava de você. Na realidade, parte de mim gostava de você, mas esse sentimento não era mais forte do que qualquer outro que estivesse relacionado com a minha ambição daquele momento. Jason, você é incrível. Eu consigo ver muito mais do que um garoto galinha, insensível e egoísta como você gosta que as pessoas te vejam. Eu consigo visualizar aquele garoto que me fazia carinho, que sorria de forma suave e maliciosa e que por um momento fazia-me esquecer de todos os problemas. Você não é parte desse mundo da sua irmã. Você pode ser muito maior.
Jason ficou calado por um momento. Reparou que a mão de Letícia não mais tremia, a garota conseguira reunir coragem o suficiente para fazer o que achava que era o certo. Sua têmpora começou a latejar. Tudo estava ficando muito confuso. Não era para sair daquela forma... eles deveriam ser inimigos íntimos. Nada deveria mudar na relação deles dois. Passara todos esses anos jurando não mais sequer pensar em proteger Letícia, quem diria perdoá-la.
Letícia ficou calada, deixando o sonserino absorver tudo o que disse. Pode ver a face do garoto assumindo uma expressão confusa e diferente de qualquer outra que algum aluno de Hogwarts vira: ele possuía um brilho diferente nos olhos, como se a alegria que lhe fora roubada estivesse voltando aos poucos.
- Jason – chamou Letícia fazendo-o virar-se para si. Ela sorriu ousando acariciar o rosto do garoto. O sonserino não arriscou retirar a mão de Letícia de sua face, sentindo a pele da garota contra a sua. – Eu nunca devo ter te contado isso...
Jason esperou impassível.
- Mas você foi o meu primeiro amor. – Declarou sentindo um peso sair de si. Sua respiração ficou muito mais leve. Os olhos de Jason agora pareciam possuir mais cores do que nunca. As lágrimas caíram ao rosto de Letícia. Jason tentou falar, mas o máximo que conseguiu foi pigarrear. Letícia riu do sonserino. Era como voltar aos velhos tempos.
- Adeus Jason – despediu-se do rapaz, depositando um singelo beijo em sua bochecha. O garoto observou sua antiga garota caminhar pela sala.
- Obrigada, White. – Agradeceu com a voz rouca. Letícia parou de andar enquanto esperava Jason falar mais alguma coisa. – Acho que todos nós estávamos precisando de um discurso assim.
Letícia virou-se, o sorriso iluminando seu rosto.
- Estou perdoada? – Perguntou sem conseguir pronunciar a frase direito. Jason encaminhou-se até onde ela estava. Agora podiam se encarar olhando um nos olhos do outro.
- Sim. – Sussurrou Jason sorrindo maroto. – Desde que me perdoe pelo o que eu já te fiz aqui.
- Já está perdoado há muito tempo. – Falou Letícia sentindo a sorte voltar. Jason balançou a cabeça, positivamente.
- Nós crescemos – falou em um tom orgulhoso. Letícia pousou a mão novamente no rosto de Jason.
- Um dia todos crescem – concordou.
Jason puxou a amiga para si, abraçando-lhe de forma protetora. Letícia sentiu novas lágrimas se formarem em seus olhos enquanto retribuía o abraço na mesma intensidade.
- Você também foi o meu primeiro amor, White – contou Jason no ouvido da menina. Ela sorriu aliviada.
Os dois sentiram-se completamente diferentes após daquela conversa. Todos os ressentimentos foram deixados de lado.
Podiam não se amar como um dia juraram amar um ao outro, mas pelo menos o respeito voltara a reinar entre os dois.
X-X
Assim que se despediu de Jason, Letícia andou pelos terrenos da escola em busca de outra pessoa. Encontrou Rachel sentada sozinha em uma mesa na biblioteca. Encaminhou-se até a prima. Suas mãos tremiam novamente, assim como fora ao se encontrar com Jason.
- Posso me sentar aqui? – Perguntou sem jeito. Rachel ergueu os olhos do livro que lia. Sua face ruborizou. Apenas fez que sim com a cabeça.
Letícia sentou-se em frente à prima. Esperou que Rachel dissesse algo, mas como essa permaneceu calada, constatou que era ela quem deveria começar a falar.
- Me perdoe – pediu Letícia fracamente. Rachel estreitou os olhos para a prima. – Eu sei, eu sei. Você tem todo o direito de não querer falar comigo, mas ao menos deixe me explicar. Eu entrei em Hogwarts por uma razão, Kell. Não contei a ninguém com medo de me odiarem e fazerem jus ao meu nome. Tudo bem que todos estariam certos em se afastar de mim... Kell, eu era diferente em Durmstrange.
Rachel apenas ouvia a história da prima.
- Eu andava com pessoas que não prestavam. Meu grupo era formado por eu, Jason e Lana. Não era um grupo muito confiável, mas nossos “seguidores” nos idolatravam e faziam tudo o que nós mandássemos. Nós éramos respeitados. Durmstrange é diferente de Hogwarts. Aqui as pessoas são amigas, lá você não pode confiar em ninguém. Qualquer pessoa pode ser um inimigo tentando tirar proveito das suas fraquezas. Eu me tornei uma pessoa diferente da criança que você conheceu. Eu tinha desejo de ser intimidada e amada. Lana me ofereceu essa oportunidade e eu entrei no grupo deles. Só que para isso eu tive que fazer coisas horríveis contra as pessoas, e foi exatamente uma dessas minhas ações que me resultaram na expulsão de Durmstrange.
Os olhos de Rachel se arregalaram e Letícia parou de falar por alguns instantes.
- Você foi expulsa? – Perguntou Rachel sem acreditar. Quantas verdades seriam reveladas ali? – Eu não... você disse que... eu...
- Eu disse que meus pais queriam se mudar para cá. Era mentira, eles fizeram o que eu pedi. Na realidade, nem conseguiram se mudar para cá direito, mas era necessário que eu viesse. Tinha que terminar meus estudos. Tive uma conversa com eles e todos concordaram que seria melhor deixar o passado de lado e começar um futuro novo. Mas o passado me perseguiu até aqui! Eu era diferente até os Miller chegarem. Mas eu não podia deixar que eles revelassem o que eu havia feito, por isso segui todas as ordens que me eram impostas.
- O que você havia feito? – Perguntou Rachel com assombro na voz. Letícia suspirou firme antes de continuar:
- Eu tive que provar que era capaz de entrar no grupinho deles. Para isso foi necessário a tortura de um garotinho indefeso.
Os olhos de Rachel se arregalaram. Letícia soluçou com medo da reação da prima.
- Eu usei uma maldição imperdoável, mas a escola não contou para ninguém. Apenas me expulsaram de Durmstrange. Eu torturei um inocente. Você não tem idéia do quanto eu me odeio até hoje.
Rachel tinha a boca aberta, mas não conseguia pronunciar nada. Aquela era sua prima?
- Eu pedi desculpas ao Kramer, o garoto que eu torturei, e ele foi fofo o suficiente para me perdoar. Não sei o quanto eu o devo, mas ele não se atreveu a jogar na minha cara o quanto eu era suja e repugnante. Mantive contato com ele durante um tempo, até Lana aparecer e ficar espionando todas as minhas ações. E agora eu magoei minha prima, sendo que é meu último ano da escola. Dizem que o último ano deve ser o melhor, em que as amizades se fortalecem, mas a única coisa que eu fiz foi estragar todas as minhas amizades e acabar com o meu namoro.
Letícia apoiou o rosto nas duas mãos enquanto lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto. Rachel estava penalizada diante de Letícia. Não sabia que a prima sofrera metade do que estava contando. Levantou-se silenciosa e contornou a mesa. Letícia só percebeu a presença da prima ao seu lado quando a mesma a abraçou.
Ergueu-se da cadeira, retribuindo ao abraço. Deixou-se chorar no ombro da prima, como há tempos não chorava com uma amiga. Finalmente um apoio. Jason e Rachel estavam ao seu lado novamente.
- Se eu tivesse sido sincera desde o começo, tudo seria diferente – disse Letícia contrariada. Rachel sorriu passando a mão no cabelo da prima.
- Leeh, acho que está na hora de você se desligar do passado. Esquece, não tem como mudar as coisas, mas nós podemos muito bem escolher nosso futuro.
- Eu te amo, Kell – disse Letícia sorrindo. – E eu nunca, nunca mais farei algo que possa magoá-la.
- Não me importo se o fizer – Rachel deu de ombros. – Mas me importo se você não se arrepender.
- Amigas? – Perguntou Letícia marota. Rachel sorriu.
- Amigas.
X-X
Letícia e Rachel seguiram rumo ao corujal depois de um tempo. As duas haviam descido, ido até a Sala Comunal e pego pergaminho e um tinteiro como pediu Letícia. Rachel estava extremamente curiosa.
- Para quem você tem tanta necessidade de escrever? – Perguntou enquanto via a pena de Letícia percorrer sobre o pergaminho. A sonserina rasgou o pergaminho em dois e voltou a escrever.
- Primeiro eu escreverei para o David. Deus sabe como eu sinto falta dele.
- E depois? – Perguntou Rachel. Letícia sorriu marota.
- Isso eu não posso contar – cantarolou vitoriosa. Rachel bufou indignada enquanto cruzava os braços.
- Por favor, priminha. Conta pra amiga que te perdoou.
- Chantagista! Não, não conto. Mas não se preocupe... logo após o Natal você deve saber para quem eu escrevi.
Rachel bufou mais uma vez fazendo Letícia rir.
Escolheu duas corujas e despachou as duas cartas. Observou o céu por um tempo com Rachel ao seu lado.
- Parece que tudo voltará a ser como era antes. – Contou Letícia. Rachel tentou entender a ambigüidade da fala da garota, mas desistiu. Tudo voltara a ser como era entre as duas, mas a grifinória sabia que a prima se referia a outra coisa...
X-X
Naquele mesmo dia... um pouco distante de tudo o que ocorria dentro do castelo...
Alvo, Daniel, Patrícia, Scorpius e Rose observavam Hagrid se aprumar na cadeira para começar a narrar algumas histórias.
- Bom, vocês estão cientes de que essa professora trabalha com o Ministro, certo? Então, vocês devem saber também que há muitos anos uma professora entrou nas mesmas circunstâncias que essa aqui na escola.
- Dolores Umbridge – comentou Rose. Hagrid fez uma expressão de desgosto.
- Esse monstro mesmo. O caos começou aqui dentro do castelo. Vários grupos da Sonserina começaram a apoiar essa professora, formando até uma Brigada Inquisitorial. Dolores era a inquisitora de Hogwarts e depois de um tempo ficou como diretora. Os castigos eram severos para os alunos. Todos odiavam aquela mulher, e era em meio a vários acontecimentos fora de Hogwarts que ela surgira. O pessoal da Ordem está assustado. Essa nova professora Jones lembra muito o monstro mencionado. Só que graças a Merlin, por enquanto ela não colocou as asinhas de fora. Deve ter aplicado algum tipo de castigo severo...
Alvo e Scorpius se entreolharam.
- Mas nada muito grave ainda foi relatado. Espero que continue assim, mas lá na sala dos professores as coisas andam meio desajustadas. Já ocorreram brigas entre a professora de Poções e a de Defesa Contra As Artes Das Trevas. E eu soube que o professor Simas já discutiu sobre os métodos de ensino da Jones.
- Você acha que ela é capaz de perseguir professores como a Umbridge fazia? – Perguntou Alvo. Hagrid permaneceu um tempo em silêncio e depois pigarreou.
- Bom... se for esse o caso acho melhor eu já preparar minhas malas.
- Bobagem. – Exclamou Patrícia – Nós nunca deixaríamos que alguma professora ou projétil mal feito de uma te demitisse. Você é o maior professor daqui! O melhor.
Hagrid fungou agradecido enquanto tirava um pano imenso do bolso. Dava para os meninos fazerem um piquenique em cima daquele pano.
- Obrigado, meninos. – Agradeceu Hagrid levando tapinhas no ombro, dados por Daniel. – Vocês são os melhores.
- Nós sabemos – brincou Scorpius piscando para o amigo.
- Mas sabe... estou começando a ficar com medo. As coisas não andam muito boas lá fora – contou Hagrid. O grupinho se entreolhou. – Ontem mesmo eu recebi uma carta super preocupada do Harry pedindo para tomar conta da Lily. Essa ruivinha anda muito por aqui sabe, com o Hugo?! Os dois adoram me perguntar histórias sobre os avós de vocês, Alvo. Eu conto, é claro! Tinha maior orgulho da Lílian e do James! E... ah! Se vocês tivessem conhecido Sirius, sei que se dariam super bem com ele.
- Aposto que sim – concordou Alvo sorrindo amigável. – Ele devia ser o cara, pelas histórias que meu pai me contou quando eu era criança.
Falar naquilo trazia um sentimento de saudade dos sonserinos. Fazia algum tempo que não viam suas famílias.
- E ele era – contou Hagrid soluçando. – E agora... até o Simas teve que vir à Hogwarts fingindo ser amigo daquela professora maldita para que possa ficar de olho no que ela vai tramar, depois do que ela falou pra Minerva. Ela disse que mais cedo ou mais tarde instituiria novas regras na escola e...
- Então ele veio no intuito de tomar conta dela? – Perguntou Scorpius de olhos arregalados. Hagrid parou de chorar e entrou em estado de choque.
- Eu não devia ter dito isso – murmurou assustado. Alvo franziu o cenho.
- Novas regras? – Perguntou o garoto tentando entender. – Que novas regras são essas, Hagrid?
- Eu não devia ter dito isso. – Hagrid encarou, furioso, os estudantes. Esses se encolheram. – Vocês que me fizeram contar essas coisas! Seus monstrinhos!
Alvo sorriu sapeca.
- Qual foi, Hagrid! Até parece que você não quer nos contar mais – falou o garoto. Hagrid bufou contrariado. Alvo riu. – Conta mais, Hagrid.
- Nem pensar! Olha, eu tenho... um compromisso agora! Fora, vocês todos. Fora – falou levantando cada um deles. Rose estava pensativa; Scorpius murmurou algumas palavras e Daniel tentava persuadir Hagrid. Alvo e Patrícia foram os primeiros a sair.
- Até mais, Hagrid – despediram-se vendo o meio gigante acenar da porta para eles.
- Esses moleques – exclamou fechando a porta. Os outros se entreolharam, sorrindo.
- E mais uma vez ele fala o que não devia – disse Patrícia vitoriosa. – Não sei por quê... mas comecei a gostar mais desse tal de Simas.
- Eu também – concordou Daniel enlaçando a namorada pela cintura. Alvo observou o olhar vago de Rose.
- O que você tem em mente, priminha? – Perguntou Alvo bocejando. Rose olhou bem para os amigos.
- Sei lá... algo me diz que isso não vai acabar bem...
X-X
- Ei girl – Dominique viu a prima sentada perto da escada que dava aos jardins. – O que está pegando? – Perguntou curiosa ao ver a expressão no rosto de Roxanne.
- Acho que não consigo, Domi – murmurou Roxanne tacando uma pedrinha no gramado. – É humanamente impossível eu conseguir.
Dominique suspirou enquanto passava o braço envolta do ombro da prima.
- Rox, se eu achasse que você não conseguiria nunca teria proposto – declarou. Roxanne encarou-a por alguns minutos e depois suspirou.
- Ele é muito difícil de encarar. – Comentou desesperada. – Nunca acho algo para calá-lo. Eu que sempre acabo me ferrando. Você é diferente Domi, você consegue lidar com isso. Vocês são parecidos.
- Mas é você que ele quer pegar na bunda – brincou Dominique sorrindo. Roxanne permitiu-se rir. – Rox, se você acha que consegue... se você tem um único resto de esperança, vai fundo. Não adianta jogar tudo para o alto. Seduza-o.
Roxanne concordou com a cabeça e levantou-se.
- Aonde você vai? – Perguntou Dominique curiosa. Roxanne crispou os lábios.
- Eu vou à biblioteca – disse a garota. – Tenho alguns livros para devolver.
- Ah... ok, então. – Dominique abraçou a prima. – Você pode, Rox.
Roxanne se despediu de Dominique e rumou para a biblioteca. Seus pensamentos se revezavam entre o beijo de Jason e... o beijo de Jason. Não era possível!
Cumprimentou a bibliotecária e entregou-lhe os livros que pegara. Andou entre as estantes procurando mais algum livro que a agradasse. Já estava no final da biblioteca quando algo muito melhor do que livros chamou sua atenção.
Jason lia um livro em uma mesa afastada de todos. Parecia absorto nas palavras. Seus olhos percorriam com uma velocidade incrível as páginas. Roxanne escondeu-se atrás da estante e respirou fundo algumas vezes. Sorriu da melhor forma possível e rumou na direção do garoto.
Quando o sonserino ouviu passos se aproximando, ergueu os olhos do livro e viu Roxanne Weasley encarando-o a uma certa distância. Um sorriso malicioso apareceu em seus lábios fazendo a garota corar.
- Olá, Weasley – cumprimentou enquanto fechava o livro. Roxanne sorriu para o sonserino.
- Olá, Miller.
- Então... não agüentou e veio me procurar? – Perguntou Jason erguendo-se e caminhando de encontro à garota. Roxanne revirou os olhos.
- Você não consegue ser mais modesto, não? – Ironizou enquanto distraía-se com um livro que acabara de pegar.
- O que você está fazendo nos fundos da biblioteca? – Perguntou Jason cruzando os braços.
- Estava passeando enquanto procurava por um bom livro. Até que achei o verme que eu tanto queria ver – Roxanne sorriu de lado. Jason ergueu uma sobrancelha.
- Você queria me ver? – Perguntou o garoto, curioso. Roxanne riu com gosto.
- Sabia não? Meu maior desejo, todo dia em que eu me levanto, é encontrá-lo.
- Pateta – murmurou Jason rindo. Roxanne assustou-se com o riso do garoto. Era a primeira vez que o via rir daquele jeito. Observou melhor Jason. Ele estava diferente. Seus olhos brilhavam de outra forma e não parecia mais tão acuado como sempre esteve.
Jason descruzou os braços ao ver que Roxanne o analisava.
- Sabe... se você olhar mais um pouco talvez consiga me fazer corar – disse Jason. Roxanne ergueu a mão, como se fosse tocar no rosto de Jason, mas um segundo depois recuou. O garoto intrigou-se com o gesto. – O que foi?
- Você está diferente. – Constatou Roxanne. Jason deu um passo para trás, surpreso com a constatação da grifinória. Mas alguns segundos depois, sorriu.
- Talvez. – Concordou o garoto. Roxanne franziu o cenho.
- O que aconteceu? – Perguntou aproximando-se. Jason olhou bem para a garota. Ela estava perigosamente perto.
- Eu... tive um dia bom – contou Jason. Roxanne sorriu simpática.
- Ah, pelo visto isso te fez muito bem. – Colocou o livro de volta no lugar, sem ao menos ver. O contato entre seus olhos e do garoto parecia mais importante.
Jason aproximou-se de Roxanne ficando a centímetros da garota.
- Quem sabe você não me faça um pouquinho melhor, também? – Perguntou sedutoramente no ouvido da grifinória. Roxanne fechou os olhos enquanto apreciava o toque da mão de Jason em sua cintura. Viu-se concordando com a cabeça, e Jason riu satisfeito. Mordeu suavemente o lóbulo da orelha da garota, fazendo-a suspirar. Distribuiu alguns beijos em seu rosto enquanto erguia o queixo da ruiva. Quando estava prestes a beijar-lhe na boca, afastou-se aos poucos.
- Até mais, Weasley – falou divertindo-se. Roxanne observou o rapaz se afastar alguns passos e balançou negativamente a cabeça.
- Você... você não vai me beijar? – Perguntou incrédula. – Não vai se aproveitar do meu momento de fraqueza e querer passar a mão na minha bunda?
Jason riu com gosto enquanto virava-se para encarar Roxanne.
- Eu não me esqueci da promessa que fiz, Weasley. – Roxanne franziu o cenho, e Jason revirou os olhos. – Só te beijarei quando você me pedir.
- Oras! Eu não vou te pedir um beijo! – Urrou contrariada. Jason riu divertido.
- Você tem que implorar. – Falou fazendo a garota ficar vermelha.
- Então você não vai me beijar – vangloriou-se enquanto cruzava os braços. Jason deu de ombros.
- É uma pena. – Disse o garoto enquanto afastava-se. Roxanne observou-o desaparecer do meio das estantes.
Não era possível! Primeiro o garoto a trata de uma forma completamente diferente, depois a deixa louca para beijá-lo e saí assim? Sem mais nem menos?
- Eu que não vou atrás dele – disse Roxanne orgulhosa. Pensou no que a prima faria. Dominique simplesmente seduziria Jason até ele beijá-la, mas ela perdera a oportunidade de fazer isso.
Ou ela ia atrás dele... ou bem... ficava sem ele.
Balançou-se no lugar enquanto decidia. Sentiu o rosto pegar fogo quando tomou a decisão e saiu apressada da biblioteca. Percorreu o corredor procurando pelo sonserino e encontrou-o um pouco mais distante dali. Correu virando em outro corredor, desceu as escadas seguindo o sonserino. Quando estava a apenas alguns metros de Jason, reuniu coragem e exclamou:
- Ei Miller. – Chamou com todas as forças que conseguiu reunir. Eram só eles dois ali. Sentiu um tremor percorrer seu corpo quando Jason virou-se para encará-la. O sonserino tinha um sorriso de vitória nos lábios, mas agiu indiferente.
- O que é, Weasley? – Perguntou enquanto Roxanne se aproximava dele.
- Você está me devendo algo – começou a garota. Viu o sorriso de Jason ampliar.
- É mesmo? E o que é? – Perguntou se fazendo de desentendido. Roxanne revirou os olhos. Encontrava-se colada ao sonserino, e suas mãos percorreram os braços do garoto até chegarem em seu peito. Jason ergueu a sobrancelha.
Roxanne ficou nas pontas dos pés para alcançar o ouvido de Jason:
- Me dê um beijo, Jason.
Ao fazer o pedido, pode sentir as mãos de Jason a segurarem pela cintura. Sorriu involuntariamente.
- Outra vez – pediu Jason a encarando nos olhos. Roxanne suspirou enquanto puxava o sonserino pela nuca. Colou seus lábios no dele, sorrindo maliciosa.
- Eu te quero, Miller. – Beijou-lhe suavemente sentindo Jason a puxar ao seu encontro. Suas mãos puxavam o garoto pelo cabelo, despenteando-o. Sentiu-o morder-lhe o lábio inferior e aproveitou para sugar levemente seus lábios. Pode sentir o sorriso do garoto enquanto esse aventurava-se cada vez mais no beijo. Quando Jason começou a descer com as mãos, ficou meio receosa, mas para sua surpresa, ele não passou de sua cintura. Isso deixou-a mais contente do que qualquer coisa. Ele estava respeitando-a. Deixou-o beijar-lhe no pescoço, aplicando-lhe um pequeno chupão. Suspirou quando a mão fria de Jason fez contato com a pele de sua cintura. Sentiu uma insana vontade de arrancar a camisa do sonserino. Nunca sentira aquilo por ninguém.
Foi muito assustada que viu suas mãos abrindo cada botão da camisa de Jason. Suas mãos percorreram o peito desnudo do rapaz. Roxanne abraçou-lhe em seguida, sentindo todos os músculos que Jason tinha.
- Weasley – seu sobrenome saiu falhado da voz do garoto. Sorriu em resposta enquanto beijava-lhe no pescoço. – Weasley...
Jason chegara para o lado, e acabara fazendo Roxanne encostar-se a uma parede. O beijo que a garota lhe deu fez-lhe suspirar.
- Weasley, acho que já deu por hoje. – Murmurou Jason afastando-se aos poucos de Roxanne. A mesma o encarou incrédula.
- Por quê? – Perguntou assustada e ficou temerosa. – Fiz algo de errado?
Jason riu da pergunta da garota. Ela era impossível! Passou a mão no rosto da ruiva, observando-a arfar.
- Você não fez nada de errado – sussurrou beijando-lhe suavemente. – Estou apenas preservando algo que eu sei que você é.
Roxanne corou furiosamente e sentiu-se irritada.
- Não pedi para você preservar nada meu – falou contrariada. Aquilo fez Jason rir.
- Eu sei. Isso foi apenas uma escolha minha.
Roxanne cruzou os braços proferindo alguns palavrões. Jason riu com gosto. Depois de um tempo a garota se acalmou.
- Ok, eu realmente acho que devemos parar por aqui – disse recobrando o juízo. Mordeu o lábio inferior enquanto analisava o peito desnudo de Jason. – Acho melhor você vestir a camisa.
- Eu sabia que você tinha cabeça – Jason beijou Roxanne suavemente. – Não se pode deixar levar pelos playboys. Nós não prestamos, Weasley. Não se esqueça disso.
Separou-se de Roxanne, pegando sua camisa caída no chão e seguindo o caminho que estava fazendo.
A grifinória observou-o desaparecer e passou as mãos no cabelo.
- Eu gostaria que você não fosse um playboy...
X-X
Já era segunda-feira. Lana Miller caminhava ao lado de Jason e Jacob Key. A garota não poderia estar com mais ódio do que em qualquer dia. O fato de Letícia não estar mais ao seu lado lhe perturbava. Sendo que Jason, por algum motivo desconhecido, não parecia tão interessado em torturas os outros (com palavras é claro).
Alguém poderia lhe explicar o que estava acontecendo ali? E por que simplesmente todo o seu mini grupo se dispersara? Aquela tal de Anna andava mais sozinha do que outra coisa naquele momento, mas quando escolhia alguma companhia era de Alexis Brown. Aquela era outra que deveria temer ter seus segredos revelados na escola. Não eram tão ruins quanto o de Letícia, mas mesmo assim poderiam fazer a garota sofrer um bocado.
Foi quando visualizou uma cena que fez seus temores se concretizarem. Letícia conversava animada com Rachel e Débora enquanto cruzavam com seu grupinho. A ira de Lana foi tanta que fez a garota dar meia volta e andar a passos largos até a ex-amiga.
- Ei Lana, volte aqui – pediu Jason em tom baixo enquanto tentava alcançar a irmã, mas já era tarde. Lana já havia puxado o cabelo de Letícia fazendo-a virar-se para si.
- Autch. – Exclamou a garota passando as mãos no cabelo. Olhou com desprezo para Lana. – O que você pensa que está fazendo?
- Sou eu quem pergunto isso! – Gritou Lana furiosa fazendo todos do corredor parar para observar a cena. Alvo, Scorpius, Rose, Patrícia e Daniel desciam as escadas quando viram o que estava prestes a acontecer. E seria coisa boa no ponto de vista deles.
Letícia revirou os olhos cruzando os braços.
- Por um acaso eu estou passando pelo corredor com minhas amigas – Rachel deu um sorriso triunfante enquanto Lana ficava vermelha. A garota pareceu se recompor, pois falou em um tom de voz frio:
- Pois volte agora ao grupo que você pertence. Anda, antes que eu seja obrigada a fazer algo contra você – murmurou ameaçadoramente. Letícia suspirou fazendo Lana bufar irritada com aquela indiferença.
- Lana, será que você ainda não percebeu que eu estou pouco me lixando para o grupinho que eu pertencia? Eu esperava mais de você e de sua inteligência. Ou você ainda não percebeu que eu não quero mais andar com vocês?
Aquilo foi um baque para Lana. A garota recuou assustada fazendo Débora prender o riso.
- Como assim você não quer mais andar com a gente? – Perguntou Lana segurando com força a varinha. Letícia olhou alarmada para a arma na mão da sonserina.
- Você ainda não entendeu, Lana? Eu cansei! Cansei das brincadeiras de mau gosto que vocês fazem contra os outros! Cansei dos seus modos e do seu ponto de vista sobre o mundo! Nós não somos iguais, jamais seremos. E foi por isso que eu decidi sair do grupo.
- Você não pode simplesmente decidir sair do grupo e pronto. Existem regras – urrou Lana avançando contra Letícia. Um sorriso de escárnio apareceu em seu rosto. – Ou você esqueceu-se do dia em que eu te avisei?
Letícia corou furiosamente também avançando a passos largos na direção de Lana.
- Eu não esqueci, mas estou tentando. Tudo o que eu vivi com vocês não passa de memórias perturbadoras que procuram me assombrar, e é por isso que eu não pensarei mais no meu passado.
- Háhá! – Lana riu com gosto. O corredor já estava apinhado de gente que observava a cena, de longe. Anna Zabine acabara de entrar com Alexis Brown. As duas pararam. Do lado oposto, Fred Weasley e Roxanne também encaravam a cena. Fred olhou para as duas sonserinas que haviam acabado de entrar e sorriu de lado. Alexis bufou nervosa e voltou a encarar a cena que se seguia. Fred apenas riu. – Você acha que dá para esquecer fácil assim o passado? Você esqueceu o que já fez, White? Serei obrigada a lembrar-lhe aqui?
- Cala a boca, Lana – rugiu Letícia com ódio. – Ninguém tem nada a ver com isso. Não arme um escândalo aqui!
- Vamos embora – pediu Jason tentando puxar a irmã. Lana fuzilou o sonserino, fazendo-o se afastar. – Estou falando sério, Lana! Chega dessa ceninha.
- Está do lado dela? – Perguntou Lana incrédula. Jason revirou os olhos enquanto passava as mãos no cabelo.
- Não estou ao lado de ninguém! Apenas esquece isso e vamos embora. – Lana fingiu não ouvir o irmão e virou-se para a ex-amiga. Seu sorriso aumentou fazendo Débora se arrepiar.
- Se você não é mais nossa amiga, então considere-se inimiga. E pode apostar Letícia, eu farei tudo para te derrubar.
- Será que você não cansa desses joguinhos? – Perguntou Letícia alarmada. Lana riu com gosto enquanto erguia a mão.
- Não. Então apenas preste atenção, esse é só o começo. – Avisou chegando para trás e virando-se para o público que as encarava. Os olhos de Letícia se arregalaram.
- Lana, por favor, não faça isso – pediu suplicante. Lana divertia-se com o desespero da sonserina.
- Tarde demais, White. Eu te avisei. Muito bem! Quem aqui está afim de saber o passado da misteriosa Letícia White? – Perguntou para todos os presentes. Ninguém entendeu o que ela quisera dizer com aquilo.
- Vamos embora – falou Rachel tentando puxar Letícia, mas a sonserina não saiu do lugar.
- A nossa querida amiguinha aqui veio de Durmstrange do nada e ninguém se pergunta o porquê? – Perguntou Lana rindo com escárnio. Scorpius olhou para Alvo, mas o amigo parecia estar muito concentrado no discurso de Lana. – Nossa amada Letícia foi expulsa de Durmstrange!
Vários murmurinhos percorreram o ambiente, enquanto Letícia respirava fundo, tentando não partir para cima de Lana.
- EU JÁ MANDEI VOCÊ CALAR A BOCA! – Gritou Letícia fazendo Lana levar um susto.
- Calar a boca? Eu? Agora? Na melhor parte? Em que eu digo para TODO MUNDO que você usou uma maldição imperdoável em um garoto menor de idade? – Pronto. Saíra da boca de Lana antes que Letícia pudesse fazer alguma coisa. O corredor, antes cheio de barulho, silenciou-se ao final da fala de Lana. Jason colocou as duas mãos no rosto, cansado. Jacob sorria de lado apreciando a cena.
- Eu vou te matar – exclamou Rachel tentando alcançar Lana, mas Débora a segurou a tempo. Letícia estava em choque. Podia sentir os olhares que atraía no corredor.
- Isso é passado – murmurou com a voz fina. O choro estava preso enquanto ela tentava se recompor. – Eu já falei para esquecermos isso. Eu me arrependo amargamente do que eu fiz em Durmstrange.
- O que foi feito nunca será passado, Letícia. – Disse Lana vitoriosa. – Pelo menos não no seu caso, quando eu posso lembrar-lhe disso o resto da sua vida.
- Ora, sua... – antes que Letícia desse conta, estava em cima de Lana, arranhando-a e machucando-a em cada parte que conseguia.
- ME SOLTA, SUA MALUCA – berrou Lana enquanto tentava se livrar de Letícia. Algumas pessoas chegaram mais perto do grupo. – ME SOLTA AGORA, ANTES QUE EU...
- QUE VOCÊ O QUE? – Berrou Letícia dando um tapa na cara de Lana. A garota se desequilibrou e caiu no chão. Jason apenas se afastou.
- Alguém me ajude – pediu Lana. Jacob chegou para a frente no intuito de ajudá-la, mas não viu alguém colocar o pé a sua frente. O garoto caiu ao lado da suposta amante enquanto várias pessoas riam. Dominique e Roxanne, que estavam presentes, olharam com afeição para Jason. O menino apenas fingiu não ver o que fizera e encarou as duas primas. Piscou de leve, marotamente.
- EU VOU TE MATAR! – Gritou Letícia arrancando o que achava ser metade do cabelo da garota.
- O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – Berrou uma voz autoritária. Minerva acabara de chegar à presença de alguns professores. Letícia apenas encarou a diretora e olhou novamente para Lana. Deu de ombros enquanto sorria maliciosa.
- Se eu vou me ferrar, garanto que não terá sido em vão – antes de Lana pudesse se proteger, sentiu o nariz sendo quebrado pelo soco de Letícia.
- FILHA DE UMA PUTA! – Exclamou alterada. Minerva chegou perto das garotas, tirando Letícia de cima de Lana.
- Senhorita White, eu a quero agora no meu escritório! – Ordenou Minerva. Letícia suspirou enquanto ajeitava-se.
- Me sinto bem melhor, diretora. Nada como dar uma boa surra nos que merecem – comentou divertida. Minerva a encarou sem acreditar. A sonserina saiu triunfante, e foi com grande susto que ouviu uma chuva de palmas ao seu redor. Corou enquanto fazia uma reverência. Alvo assobiava ali perto junto à Scorpius e Daniel. Patrícia e Rose gritaram incentivando.
- JÁ CHEGA DE BARULHO! – Berrou novamente Minerva e todos se calaram. – Todos para suas salas comunais, AGORA!
Não precisou dizer duas vezes. Todos se dispersaram encaminhando-se para as devidas Salas Comunais.
- Você fica – mandou Minerva apontando para Jason. O garoto apenas deu de ombros. – E vocês duas também.
Rachel e Débora concordaram com a cabeça. A diretora encarou Lana encolhida no chão.
- Por favor, professor, a acompanhe à Ala Hospitalar – Neville, que havia sido o escolhido, ergueu a garota com dificuldade e a acompanhou. – Agora, vocês! Todos para minha sala, agora!
Minerva voltou a andar com o pequeno grupinho atrás dela. Rachel olhou desconfiada para Jason.
- Foi impressão minha ou você colocou o pé na frente do Key para ele cair? – Perguntou baixo. Jason encarou garota, de relance. Débora e Rachel não conseguiram ver o sorriso de lado maroto que ele dera.
- Eu? Acho que vocês estão ficando cegas. – Falou indiferente.
Ao chegaram à sala de Minerva, encontraram Letícia sentada em uma cadeira.
- Sentem-se – mandou a diretora enquanto conjurava mais três cadeiras. Sentou-se de frente aos quatro e os encarou, com os olhos semicerrados. – Posso saber o que estava acontecendo ali?
- Briga – disse Letícia sem rodeios. Minerva a encarou por algum tempo.
- Senhorita White, devo lembrar-lhe que você já não tem um histórico favorável? – Perguntou friamente. Letícia fez que não com a cabeça. – Então posso perguntar o porquê de você resolver se comportar como um verdadeiro trasgo e agredir sua colega de turma?
- Acredite, ela não é minha colega – falou Letícia rapidamente. Minerva a fuzilou. – Bem... erh... desculpe, diretora. – Abaixou a cabeça, envergonhada. Não estava disposta a explicar tudo.
- Foi a Lana quem começou – disse Jason assustando Minerva. A mulher o encarou, sem entender.
- Desculpe?
- Foi minha irmã quem começou – repetiu Jason cansado. – Ela contou a todos o segredo da Letícia. O motivo de sua expulsão da outra escola. Acho justo ter levado uma boa surra.
Minerva estava abobada, assim como Letícia, Rachel e Débora. Todas encaravam o sonserino sem acreditar. Jason revirou os olhos.
- Sou tão lindo assim a ponto de todas ficarem me olhando de boca aberta? – Perguntou maroto. Minerva balançou negativamente a cabeça.
- Senhor Miller, o senhor tem certeza do que está dizendo? Está depondo contra sua irmã – disse Minerva com certo receio. Jason bufou entediado.
- Eu já falei o que eu vi, não vou ficar repetindo – Jason parecia extremamente calmo, ao contrário de todos os outros presentes.
- Muito bem, senhor Miller, senhoritas White e Rezende, já podem se retirar. Letícia White, por favor, fique mais um pouquinho.
Todos obedeceram, se retirando do aposento. Débora e Rachel já estavam se distanciando, quando ouviram um assobio. Viraram-se e encararam Jason. Ele ia à direção das garotas.
- Se por um acaso minha irmã ficar sabendo que eu a dedurei, saberei quem devo procurar – avisou o garoto piscando o olho. Deu as costas, deixando as duas meninas assustadas para trás.
X-X
O ambiente além de possuir cores escuras estava mal iluminado, o que lhe dava um aspecto ainda mais assustador. A mesa reunia algumas pessoas que conversavam em voz baixa. A porta foi aberta com uma força exagerada e bateu contra a parede. Um homem alto e bruto entrou na sala, sendo seguido de perto por outro homem. Sentaram-se. Um na cabeceira da mesa, e outro ao seu lado direito. Finalmente as cadeiras estavam todas ocupadas. Poderiam dar início a reunião.
- Muito bem, quero saber quando poderemos começar a mudar o rumo que o mundo bruxo tomou – disse uma voz grave e autoritária. Alguns presentes tremeram. Uma mulher sentada no final da mesa parecia extremamente feliz.
- Com licença, senhor – disse com uma voz fina e estridente. – Acho que já podemos começar a alterar algumas coisas em Hogwarts.
O homem sorriu divertido.
- Então, como a senhora mesma já diz, pode começar a fazer o que combinamos.
A mulher sorriu com gosto e soltou uma risadinha aguda e extremamente irritante.
- Mas alguém quer colocar a parte do plano que lhe cabe em prática? – Perguntou cruzando os braços.
- Senhor – um homem magro e abatido ergueu a mão. Levantou-se. – Senhor, precisamos ter mais cuidado. O chefe dos aurores não sai mais do pé do pessoal do ministério. E aquele ex-comensal tem andado muito com o Potter.
- Quanto ao Potter não se preocupe – disse o homem sorrindo de lado. – Eu já tomei minhas providências quanto a ele.
- Sim, senhor – agradeceu o homem curvando-se e voltando a se sentar.
- Algum problema a mais? – Perguntou.
- As eleições – disse outro homem. Ele era forte e possuía uma barba rala. Seus cabelos estavam perfeitamente alinhados. – Precisamos ter cuidado com isso, daqui a pouco irão querer uma nova eleição. Digamos que o ministro não tem agradado muito.
Risadinhas foram ouvidas por toda a mesa. Alguns olhares caíram sobre o homem que entrara há pouco tempo.
- Cuidaremos disso mais tarde. Jones, quero que você fique de olho no moleque Potter. Acho que não precisamos nos preocupar com o professor Simas. Ele tem sido bastante útil ao nosso lado no ministério. Estou aguardando notícias de algumas fontes minha em Hogwarts. Quero saber como anda os planos internos lá. Fora isso, acho que apenas temos que aguardar o Natal. E garanto que ele está muito próximo.
Várias risadas foram ouvidas dessa vez muito mais altas.
X-X
David acabara de retornar de um treino um tanto pesado. Seu humor não estava dos melhores. Sentia falta de Letícia, não tinha como negar. E todos os seus amigos, bem... seus novos amigos não eram o que se podia chamar de companhias educativas. Na maioria das vezes eram encontrados em bares depois dos treinos. O técnico ficava furioso e mandava todos voltarem para o apartamento que dividiam. O castigo era ter que correr o campo inteiro sete vezes. Isso podia cansar bastante. Por sorte David nunca tivera que percorrer aquele campo.
- Vamos cara, para de ser gay – falou um amigo dele. David riu enquanto jogava-se no sofá do apartamento.
- Não estou afim de sair, vão vocês – falou cansado. Os amigos apenas reviraram os olhos.
- A patroa desse ser é das boas mesmo – brincou Dean, um garoto moreno e alto. David tacou-lhe uma almofada na cabeça.
- Apenas eu posso achá-la boa – falou em um tom autoritário. Seus companheiros de time riram divertidos.
- Vamos cara! Você não precisa pegar nenhuma mulher se não quiser. Apenas beba alguma coisa e curte a noite – falou Dean malicioso. David revirou os olhos. – Qual é! Há quanto tempo que vocês não se falam?
Aquilo fez David parar para refletir. Fazia muito tempo que não se falavam, e a garota não respondia suas cartas. Parecia que ela já havia se esquecido dele há muito tempo...
- Tem razão – concordou enquanto levantava-se do sofá. – Vamos logo com isso.
- ISSO! – Comemorou Dean enquanto arrastava o amigo até o quarto. – Se arruma que vamos todos juntos. O técnico não pode descobrir que saímos por isso iremos aparatar e...
Ao abrirem a porta do quarto de David, os dois depararam-se com uma coruja pousada ao lado da cama. Um sorriso iluminou o rosto de David enquanto Dean exclamava alguns palavrões.
O garoto correu até a coruja, tirando a carta que ela carregava. Reconheceu como sendo uma coruja de Hogwarts.
- Isso! – Comemorou David quando reconheceu a letra de Letícia. Abriu a carta com presa, rasgando o envelope.
“Oi David,
Bem... você deve estar querendo me matar, mas finalmente eu respondi uma de suas cartas. Por favor, não pense que eu não queria ter respondido as outras! O meu maior desejo era te ver, falar com você e contar tudo o que está acontecendo, mas isso era humanamente impossível.
Esse ano em Hogwarts estava sendo extremamente massacrante. Sei que você deve estar acompanhando os noticiários e vendo a grande merda que estava virando o mundo bruxo. Pois é! Meu mundo estava extremamente parecido. Eu preciso te encontrar para podermos conversar sobre tudo isso. Não consigo resumir em uma simples carta.
Entenderei perfeitamente se não quiser olhar para a minha cara depois que agi como uma namorada desnaturada sem ao menos te mandar uma notícia, mas eu sinto sua falta! Como sinto!
Só foi a partir desse dia que meu ano em Hogwarts começou a valer à pena. Voltei a conversar com meus antigos amigos e fazer as coisas que eu gosto! Agora estou seguindo meus valores e não de outras pessoas. Sei que você não entenderá muito isso, mas preciso te dizer que eu mantive alguns segredos ao longo do ano passado e desse ano. Espero finalmente contá-los a você. Se tiver uma folga no Natal, vamos passar juntos? Meus pais ainda não se mudaram direito da Bulgária para cá, e não sei se estarão aqui no Natal. As coisas não andam muito boas lá não... mas já pedi permissão para ficar em casa e convidá-lo para passar o Natal comigo e eles disseram que sim! Então, o que você acha da idéia?
Mil beijos,
Letícia.”
David encarou sorridente a carta e olhou para Dean.
- Fora! – Disse rindo. Dean murmurou algumas maldições que poderia jogar em Letícia e saiu do quarto batendo a porta ao passar. Ainda rindo, David pegou uma pena, um pergaminho e desatou a responder a carta.
X-X
Durmstrange.
Salão feminino.
Uma batida foi ouvida na porta.
- Entra – mandou uma voz feminina autoritária e fria. Um garoto do seu quatorze anos entrou no quarto. Ele estava envergonhado e tenso. Olhava para os lados a procura de alguém. Tinha o cabelo loiro escuro e seus olhos eram claros puxados para o azul, mas com um leve tom cinza. Seu corpo ainda era de um adolescente que estava sofrendo com suas mudanças. Dava para ver claramente o jeito desengonçado dele.
- Erh... Marion? – Chamou o menino olhando para a garota sentada no sofá. Ela virou em sua direção. Seus cabelos loiros puxados para o branco estavam presos em um rabo de cavalo. Os olhos extremamente azuis destacavam-se no rosto branco como mármore. Ela deveria ter dezessete anos. – Maninha, chegou uma carta endereçada a você – falou enquanto estendia a carta para a irmã.
Marion Kramer que estivera conversando com uma amiga, parou na hora para poder pegar a carta. Olhou por um tempo para o irmão – que parecia aflito – e sorriu de lado.
- Valeu Yam – agradeceu Marion sorrindo para o irmão mais novo. O mesmo sentou ao seu lado enquanto cochichava em seu ouvido:
- É da Letícia White – falou confidencialmente. Marion Kramer ergueu a sobrancelha enquanto rasgava a carta. Seus olhos percorreram o conteúdo escrito e Yam pensou ter visto labaredas de fogo tamanho era o ódio da irmã. Depois de um tempo lendo, a mesma sorriu maleficamente enquanto encarava Yam.
- Então, o que é? – Perguntou Yam curioso. Marion apenas bagunçou o cabelo do irmão mais novo endireitando-se na cadeira.
- Yam, o que você acha de Hogwarts?
X-X
N/autora: Tcharaaaaam! The End. Huhuhuhu. Eu sei como vocês devem estar curiosos agora... mas continuarão até o próximo capítulo. ;D Brincadeirinha... eu posso adiantar algumas coisinhas que acontecerão, mas só porque eu sou boazinha! E me agradeçam!
O que esperar no capítulo doze?
Primeiramente: uma boa partida de Quadribol. Sim, eu tentarei descrever uma partida de Quadribol nos mínimos detalhes, embora eu odeie fazer isso. Merlin me ajude nisso!
Segundamente (?? Brinks ;9): Cena entre a Armada Das Cobras, quem sabe um pouquinho de Alexis e Fred? Alguém quer?
Terceiro: Conhecerão mais sobre o novo professor de Hogwarts – Simas. E entenderão o que ele terá com a história.
Quarto: Nha... acho que já está mais do que na hora de contar alguns segredinhos da Alexis.
Quinto: Será que a Anna finalmente volta a falar com os amigos? xD
Por enquanto é só, ou pelo menos é só isso que eu me lembro. Uhuhuhu. Então, vocês gostaram do capítulo? A Lana merecia há muito tempo uma boa surra. E o Jason... bom... o Jason é o meu Jason, fato! *-* Apaixonada por ele (fato 2).
E vocês gostaram dos novos mistérios? Estão com mais ódio ainda da Jones? Eu espero que sim.
Então... aos agradecimentos:
Leeh Malfoy, Larissa, Gabriele Ricarte, Dessa Carol, Manu_Black, Saphyra Malfoy, Kandra Aquarius, Claire_InThe_DARK, Tamara J. Potter, Natáliia Peronico, Luh_Cullen, lunafanel, NahPotter, Domi Parkinson, Roxanne Malfoy, laura black lestrange. Ana Potter, sinha, Anna.Weasley , Waal Pompeo e Elise Oliveira Schweig..
Gente, eu preciso dizer que amei os comentários? Quero dizer, vocês são tão... tão... tão fofinha! *-* Eu amei cada um! A cada comentário que eu recebia era um pulo de alegria! Mas como eu sei que vocês estão loucas pelo capítulo não deu pra responder a cada um. Mas posso dizer BOAS VINDAS a todos os novos leitores e BOAS VINDAS aqueles que não tinham comentado ainda ou aos que voltaram.
Gente, espero que vocês tenham gostado do capítulo. Comentem.
E quero deixar a todos um desejo de Feliz Ano Novo! Muita paz, amor e sorte para todos nós em 2011! E que Green’s possa estar conosco ao longo desse ano que vem aí!
Adoro essa família louca de Green’s. E devo tudo a vocês.
Beijos,
Ciça ;****
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