One



Eu não sabia por que tinha concordado em participar daquela brincadeira estúpida. Mas sentia que, ao entrar naquela sala, não haveria mais volta.


E não só para a brincadeira.


-Vamos, entre logo – Alicia, a garota do sétimo ano, disse para nós cinco, nos fazendo entrar na sala iluminada pela chama de apenas uma vela.  Em fila, ficamos em frente a um rapaz sem camisa, amarrado e vendado em uma cadeira.


-James, este é o seu teste... E eu comandarei a diversão. Boa sorte, rapaz – Ela disse forçando a voz, já modificada. – Vamos, garotas – Ela olhou significativamente para Emmeline, que tomou a liderança rapidamente. Sentou-se no colo do Potter, de frente para ele, e eu quis rir pensando na cara dele se pudesse ver até onde a saia dela tinha ido com aquele movimento.


Emmy usava o perfume, xampu, condicionador, sabonete, e tudo que pudesse dar cheiro, de Dorcas. Seu cabelo estava escondido por baixo da peruca Chanel, que tocou o rosto dele enquanto ela beijava sua face.


Havia uma tradição em Hogwarts. As meninas do sétimo ano eram como líderes, apesar de não diminuírem ninguém para isso. Impunham respeito, e gostavam de fazer brincadeiras com os garotos, brincadeiras muitas vezes maldosas, mas nada demais.


Essa brincadeira da qual participávamos era um clássico. Elas convidavam algumas garotas, e ‘sequestravam’ um garoto galinha ou algo do gênero. Vestiam as meninas de modo diferente, faziam-nas trocar sabonetes, perfumes, xampus e tudo mais, e colocavam o mesmo tipo de peruca em todas.


Então chegava a pior parte. Ele teria alguns ‘momentos’ com cada uma das garotas, nada demais. Ele deveria chutar nomes, tentando descobrir quem é a garota. Se errasse, seria punido de alguma forma. Se acertasse, estaria mais perto de ser liberado – e não punido.


Fiquei apreensiva ao perceber que o Potter era envolvido por poucas voltas de corda.


Emmeline, ao sinal de Alicia, cheirou o pescoço dele lentamente, deslizando o nariz de leve pelo ombro e pescoço do rapaz. Então mordeu o ombro dele de leve.


Esqueci de mencionar que as garotas geralmente tiravam casquinha do rapaz que ali estava.


Marlene tinha me arrastado para a brincadeira, me chantageando se eu não fosse –Apesar de que Alicia, a responsável pela brincadeira, nunca me permitiria estar ali se soubesse que eu estava ali obrigada, afinal as meninas do sétimo ano tem regras bem rígidas sobre isso. E, bem, eu me permitia admitir, ao menos para mim, que iria gostar de tirar uma casquinha dele. Potter, quando estava quieto, era bem apreciável.


Além do que, ele nunca me reconheceria, e eu nunca teria de me preocupar em ficar pensando como seria se eu o beijasse e tocasse.


Sem arrependimentos.


- O que eu tenho permissão de fazer? – Ele perguntou, a voz grave me tirando dos meus devaneios. Alicia respondeu prontamente:


-Pode mover o que puder para tocá-la. Se ela deixar, vá em frente. Se ela afastá-lo, peço que não tente de novo – Ela explicou e ele deu um sorriso de um lado só, entupido de malícia.


A língua dele percorreu o colo e o pescoço de Emmeline, que se arrepiou toda, assim como o resto de nós. Eu e Marlene nos entreolhamos, sem precisar dizer nada. Ok, ele era quente.


Ele mordeu o queixo dela e deu um sorriso, deslizando a língua até logo abaixo da orelha dela, fazendo-a arfar baixinho, a cabeça jogada para trás, os lábios entreabertos, as mãos apoiadas naquele peito glorioso.


Potter sussurrou algo no ouvido dela e mordeu-lhe o lóbulo, fazendo-a contorcer-se e gemer. Ah, sim, nossas vozes eram modificadas também.


Essas garotas pensaram em tudo.


Emmeline foi avisada que seu tempo havia acabado e saiu de cima de Potter, pasma. Foi até nós enquanto Dorcas tomava o lugar dela, tímida.


-O que ele te disse? – Marlene perguntou aos sussurros, vendo a cara estupefata de Emmeline.


Ela deu um leve sorriso. – Me disse que Edgar não ia gostar nada disso. Como se Edgar tivesse algo comigo – A loira revirou os olhos - Mas o Potter é bom, tenho de admitir, fiquei com ele faz dois anos – Marlene e eu deixamos nossos queixos caírem, voltando-nos para observar Dorcas.


Ela, que era a mais tímida, agora nos surpreendia deslizando as mãos despudoradamente pelo peito dele, aproveitando-se. Mas o rapaz rapidamente contraiu-se e somente beijo a garota no rosto, aproveitando para inalar forte o perfume dela.


Dorcas, depois da má reação dele, limitou-se a beijar de leve o rosto e os ombros dele, saindo dali quando seu tempo acabou.


Então era a vez de Marlene – eu pedi para ser a última, afinal ele já estaria mais confuso, só para prevenir se ele resolvesse imaginar que era eu – e ela fez o que bem quis com ele.


Puxou o cabelo da nuca dele para trás, expondo o pescoço dele e beijando-o vorazmente, colando o corpo ao dele e beijando-o forte nos lábios logo depois. Ele deu uma risada, mordendo o lábio inferior dela.


-Marlene – Ele quando ela parou de morder ele, sorrindo. Ela bufou. – E não adianta nem negar, Lene.


Ela olhou para Alicia, que assentiu com a cabeça, permitindo que ela revelasse sua identidade. Marlene tirou o feitiço da voz.


-Poxa, Potter, podia ter mentido pra eu poder me aproveitar um pouquinho – Ela reclamou e ele riu.


-Agente se vê no armário de vassouras perto do quadro da sua avó, Lenoca – Ele brincou e mandou um beijo para ela, e ela só bufou de novo.


Alicia olhou para mim e eu engoli o nervosismo. Me sentei no colo dele e deslizei as unhas de leve pela pele dele do peito, mas vi uma reação diferente dele. Os mamilos dele ficaram rígidos, ele gemeu, se arrepiou e se arqueou as costas.


Reação exagerada ou ele sentiu algo diferente comigo.


Eu deslizei os lábios levemente dos ombros até o pescoço dele, lambendo-o levemente em um ponto só e mordiscando a mandíbula dele logo depois, as unhas agora arranhando a nuca dele devagar. Ele gemia de vez em quando, gemidos contidos, gemidos desesperados. Ele estava me deixando bem animada com a animação dele.


Mordi o queixo dele de leve e o lábio inferior em seguida. Não consegui ser voraz como queria. Um sentimento de doçura me inundou quando ele beijou desse jeito; com doçura. Não sei se ele sabia que era eu, mas ele me beijou de um jeito que me entorpeceu e me tirou do ar. Me soltei dele quando precisei de oxigênio novamente.


-Não tirem ela daqui – Ele disse com uma voz firme, mas desesperada ao mesmo tempo. Tentou mover os braços amarrados na cadeira, por trás do encosto. – Façam o que quiserem, mas não tirem ela daqui – A voz dele foi abaixando gradativamente enquanto falava. – Nunca mais.


Eu me assustei com a intensidade do que ele dizia, interrogando à Alicia com o olhar. Ela deu de ombros, sem saber o que fazer direito, e me indicou que saísse dali. Eu saí e ele xingou algum nome baixinho.


-Me diga, Potter. Em ordem, quem eram as meninas e por que acha que eram essas? – Alicia perguntou e ele suspirou, resignado.


-A primeira era Emmeline Vance. Ela tem ganas por morder, lembro de ter ficado roxo por algum tempo depois de ficar com ela – Ele suspirou enquando Emmeline sorria – A segunda era Dorcas Meadowes. Ela tem uma grande, grande tara pelo meu peito. Ela simplesmente baba por isso depois dos jogos de quadribol – Ele deu uma risada, lembrando-se, e Dorcas corou, sorrindo também como Emmeline – A terceira foi, como eu já disse, Marlene McKinnon. Não tem ninguém mais intensa que ela, eu me senti num furacão, e sem ar ao mesmo tempo. Sirius adora isso, Len – Ela ia bater nele se eu não a tivesse segurado.


Mas então ele ficou quieto. Alicia insistiu:


-E a quarta, Potter? – Ele bufou.


-A quarta era Lily Evans, e vocês a tiraram de mim! – Ele estava indignado.


-Mas como sabia que era ela? – Marlene perguntou, pasma.


James somente sorriu.


-Eu não sei, Lene – Disse sorrindo, me atordoando – Eu só sei. Era ela. E vocês tiraram ela de mim – A Alicia sorriu com isso, encantada. Levou cada menina para fora da sala pelo braço – não podíamos descobrir onde aquele lugar ficava – E quando voltou para mim, só sorriu.


-Eu vou trancar a porta – Ela falou, tirando a minha peruca e o meu feitiço da voz contra a minha vontade – Divirta-se – Eu não pude nem protestar.


Olhei para o Potter, que sorria.


-Vai me deixar amarrado? – Ele perguntou para mim, e me admito paralisada naquele momento. – Lily?


Eu fui até ele, hesitante, e coloquei o cabelo para trás da orelha. Tirei a venda dele e me assustei com a intensidade do olhar.


-Eu te amo, Lil – Potter falou e eu perdi ar, perdendo também a noção de tempo. Fiquei alguns meses, na minha mente, ali esperando uma resposta vir na minha cabeça. E lhe dei a melhor resposta que pude quando sentei-me no colo dele e o beijei. A única incontrolável e que poderia dizer tudo que eu queria falar.


A resposta do coração.

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