One
Ela olhou para o trem. Lily Evans tinha medo. Medo de entrar naquele trem enorme com tanta gente desconhecida, para passar anos longe dos pais e da família. Será que não seria mais fácil somente ficar em casa e estudar em um colégio normal?
Abraçou os pais uma última vez e respirou fundo, dando exatos sete passos para dentro do vagão principal, a mala bem firme nas mãos. E três segundos depois – ou seja, o tempo da garota olhar para os lados temerosa – foi o que demorou para que dois garotos passassem correndo, o último então trombando com ela.
Ela olhou para o garoto. Lily Evans tinha medo. O garoto era tão lindo, tão lindo. E o sorriso ensolarado dele pediu-lhe desculpas silenciosamente enquanto ele voltava a correr atrás do outro garotinho rapidamente.
Sentou-se em uma cabine sozinha e logo foi presenteada com exatamente sete visitas em seu espaço por bruxos aleatórios, filhos de trouxa ou não. Mas somente três permaneceram lá – Remus Lupin, Dorcas Meadowes e Alice Fillibet – estes então se tornando seus fiéis amigos durante sua trajetória em Hogwarts, mas claramente não foram os únicos.
Ela olhou para todos os alunos. Lily Evans tinha medo.Medo de não cair na mesma casa de seus novos amigos, e secretamente ela deixava o medo de não cair na casa daquele garoto bonito do trem.
Caminhou receosa até o banquinho que determinaria sua felicidade pelos próximos sete anos e sentou-se, sentindo o chapéu ser colocado em sua cabeça pela professora de feições rígidas. O chapéu riu ao ver as imagens boiando na mente da ruiva. “Se quer ficar na mesma casa que um Potter, deve escolher a casa dos bravos. E você é valente o suficiente, eu vejo, pela bravura que lhe foi necessária para me pedir isso” Ele dissera, e Lílian sentiu-se envergonhada. Mas ainda assim manteve seu pedido e sentou-se na mesa da grifinória, somente relaxando ao ver que seus três Remus, Alice, Dorcas e, por fim, o garoto bonito, tinham se sentado na mesma mesa que ela.
Ela olhou para Remus. Lily Evans tinha medo. Medo do que poderia acontecer ao amigo andando com gente como Potter e Black. Eles poderiam muito bem contar a todos o segredo do louro!
Pensativa, sentou-se no salão comunal com um livro vendo-o ser preenchido por sete pessoas, observando os três serem abordados por um garoto gordinho e tímido, os três convidando-o então para se sentar com eles. Conversaram animadamente, dando gargalhadas eventuais, que se repetiriam durante anos a fio, e logo começariam a irritar a ruiva profundamente. Lílian agora olhava para James e não conseguia entender o que tinha visto no rapaz. Afinal, ele nem era tão bonito assim.
Ela olhou para o quadro. Lily Evans tinha medo. Medo de não conseguir pegar aquela maldita matéria, de não conseguir passar de ano, de não conseguir provar para Petúnia que não era o fracasso que a irmã dizia que ela seria.
Observou Potter sentado calmamente, realizando a transfiguração com mestria, e pensou em como seria se ela conseguisse ser assim, boa em tudo sem nenhum esforço. Certo, talvez não estivesse sendo justa, talvez ele se esforçasse sim. Mas ela estudava sete dias por semana, deveria ter um resultado melhor do que o de um arruaceiro como ele. Relutante, foi até ele no final da aula e pediu-lhe ajuda nos estudos, já que realmente precisava passar em transfiguração. Mas ela finalmente conseguira fazer uma transfiguração,e em três segundos: da cara dele. A expressão monótona se transformara em um brilho radiante. “O que a senhora Potter quiser” ele disse e ela revirou os olhos, estressada. Ele sabia ser irritante afinal.
Ela olhou para ele. Lily Evans tinha medo. Medo do sentimento que começava a brotar em seu peito, após começar estudos semanais regulares com Potter. Ele era engraçado, romântico, galanteador, e parecia sincero em seus apelos apesar de ela saber que ele continuava saindo com algumas garotas.
Já ouvira pelo dormitório que ele trocara o nome de sete meninas com o dela, e que não demonstrava mais interesse pelos encontros. Logo começaram os boatos que ele recusara os três pedidos para ir a Hogsmeade que recebera, e ela se sentia cada vez mais balançada pelas juras de amor que ele lhe prestava suave e intensamente cada vez que iam estudar juntos. Então ela cortou os estudos, dando bolos nele, e tentando ao máximo parar de pensar no rapaz.
Ela olhou para o fogo. Lily Evans tinha medo. Ela tinha medo, mas agora não podia escapar.
“Eu te amo, Lílian, mas se você me disser nesse momento que não sente o mesmo, eu vou te deixar em paz para sempre” Ela se deu conta de que nunca havia sentido tanto medo em sua vida. Mordeu o lábio inferior para aplacar a o choro, sem sucesso, e abraçou-se à ele. Céus, como o amava. Tentara durante os últimos sete meses convencer-se de que não, mas o sentimento desabrochara após perceber que ele não era como ela pensara. Ele era nobre, engraçado, radiante, e a fazia sentir como se fosse a melhor mulher do mundo. Porque, para ele, ela era.
Ela olhou para frente. Lily Evans tinha medo. Mas sua mãe lhe dissera que era normal temer o passo que daria a seguir.
Deu sete passos a frente, durante o processo, dando três olhadas para seu pai, ao seu lado. Então ele a beijou e ela se aproximou do noivo, que a beijou na testa, os olhos brilhando. Era tudo que ela queria, era tudo que ela desejava. Ao lado dele ela sabia que não precisava ter medo. Ao lado dele, ela sabia que era tudo.
“Nós vamos chegar aos setenta e três rindo das nossas brigas. E vamos ter sete filhos, e passaremos três meses de lua de mel, começando nesse momento” Ele disse a apegando no colo, e Lílian riu ao observá-lo.
Eles deram sete mil e trezentos beijos até morrerem, dois anos depois.
Mas, mesmo sabendo que ia morrer, Lily Evans não tinha mais medo.
Porque o amor deles nunca iria morrer. E era tudo o que precisava saber.
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