Por Trás do Som Apavorante
O som apavorante parecia lhe chamar a todo instante. Ela sabia que não conseguiria fazer com que aquele barulho parasse de ecoar dentro de seus ouvidos, então a única coisa em que conseguia pensar era em alguma forma de aliviar aquele tormento. Ela não tinha certeza de como fazer com que o alívio chegasse, mas toda a vez em que se encontrava naquelas situações extremamente embaraçosas em que frequentemente se encontrava, conseguia, pelo menos, esquecer o som enlouquecedor.
Susan Bones moveu-se rapidamente, colocando o roupão por sobre os ombros e saindo de seu quarto, que estava envolvido por incensos e luzes fracas de abajures estrategicamente colocados. Seus passos a levavam para o porão, onde ela sabia o que lhe encontraria. O som era ainda mais alto, agora que ela se aproximava sorrateira do santuário de suas aventuras. A fechadura continuava muito bem trancada, ela apenas buscou em seu pescoço as chaves.
A porta abriu-se com um ruído teimoso, mas mesmo assim, Susan colocou-se para dentro, trancando a porta atrás de si. A garota brevemente apavorada deixou-se respirar ao perceber que o motivo de seu maior temor continuava onde estava.
Susan aproximou-se da fotografia emoldurada, que ainda repousava na parede frágil e mal pintada do porão. Por mais incrível que pudesse parecer, aquela ainda era a mesma fotografia de trinta anos antes e ainda guardava alguns poucos traços reconhecíveis por baixo das marcas e desagradáveis aspectos e aromas apodrecidos.
Todo o lugar cheirava a sujeira e o pó tomava conta dos poucos móveis que ela ainda fazia questão de manter ali, mas Susan não temeu pisar no chão de pedra pura e afastar algumas fezes de rato com os pés descalços. Os cantos fediam a alguma coisa extremamente apodrecida, enquanto os olhos oblíquos da fotografia a encaravam com uma elegância há muito perdida.
Naquele momento qualquer coisa lhe pareceu uma saída.
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