Festa de Aniversario
— Você está quieta demais, hoje — comentou Jean.
— O quê? — perguntou Ginny que, mergulhada em pensamentos, não ouviu o comentário da amiga.
— Você está muito quieta. Esteve assim ontem e hoje também. Algo errado?
Errado? Ela não tinha notícias de Harry desde domingo, era isso que estava errado. Ele havia dito que a procuraria, mas viajara para Paris. Agora tinha voltado e estava lá em cima, em seu escritório.
— Ginny, o que foi? — insistiu Jean.
— Desculpe. Não, não há nada de errado.
— Tem certeza?
— Lógico.
— Pensei que talvez tivesse acontecido alguma coisa durante o fim de semana. Deve ter sido difícil encontrar-se com a família do Sr. Potter. Se fosse comigo, ficaria apavorada.
— Foram todos ótimos comigo — respondeu Ginny, distante. Por que Harry não a havia procurado? Era o seu aniversário e ele nem mesmo se lembrara!
— Você não me parece muito entusiasmada.
— É verdade, eles são ótimos. Eu estava um pouco nervosa, é claro, mas logo fiquei à vontade, graças a eles.
Jean teve que atender ao telefone e Ginny suspirou, desanimada.
Em apenas dois dias, Harry tinha se tornado a pessoa mais importante de sua vida e agora se sentia meio perdida, sem nenhum contato com ele.
Harry já tinha subido para o seu escritório quando ela chegou, às quinze para as nove. Esperava vê-lo na hora do almoço, mas ele nem chegou a descer. Ginny acabou indo embora às cinco e meia, sem entrar em contato com ele.
Ao chegar em casa, olhou para a salada de galinha que deixara na geladeira e sequer teve vontade de prová-la. Que aniversário! Poderia ter convidado uma amiga, mas com tal disposição não ia adiantar nada. Oh, maldito Harry!
Ficou andando pelo apartamento, completamente perdida, sem saber o que fazer. Que modo de comemorar os seus vinte e um anos! O pior é que nenhuma de suas amigas do escritório havia se lembrado!
Finalmente, apenas para se ocupar, resolveu lavar e secar os cabelos, mas às sete e meia há havia terminado e não tinha mais nada para fazer.
A campainha tocou e ela correu para atender. Abriu a porta e ficou boquiaberta.
— Harry! — Ginny exclamou quase sem fôlego e ficou ali parada, olhando para ele, sem conseguir dizer mais nada.
— Afinal, vai me deixar aqui a noite inteira ou será que posso entrar? — ele perguntou, rindo.
— Oh... desculpe! Entre, entre.
Ginny sentiu-se pouco à vontade com o jeans e a blusa simples que usava. Harry sentou-se, segurando uma caixa branca.
— Por que está aqui? — perguntou de repente, sem conseguir controlar a curiosidade.
— Sou o seu noivo...
— Por que não apareceu então nestes dois dias?
— Você está zangada com alguma coisa?
— Zangada? — repetiu, irritada. — E eu tenho o direito de ficar zangada com alguma coisa?
— Você é quem sabe...
— Você disse que me telefonava.
— Mas em vez disso estou aqui.
— Dois dias depois...
— Eu precisei ir a Paris ontem.
— Estou sabendo.
— Por isso não podia fazer telefonemas pessoais.
— Pelo menos para mim, não é? Harry já estava impaciente.
— Escute, o que está havendo com você? Não está aborrecida assim só porque não telefonei, não é? Aliás, como você não liga a mínima para mim, esse não deve ser o motivo de sua irritação.
— Acontece que é muito desagradável não poder responder às perguntas que me fazem sobre você. Deve ter desconfiado que muita gente ficou curiosa a nosso respeito.
— Ninguém tem nada com isso. Minha vida pessoal não interessa a ninguém.
— Então não deveria dar motivo para tantas fofocas.
Os olhos de Harry brilharam de raiva.
— Não se esqueça de que foi você quem começou tudo, e assim nasceram as fofocas!
— Mas foram as suas amigas que espalharam o seu caso com a Sra. Longbotton, não eu! — Ginny estava deixando que seu ressentimento pelo aniversário esquecido assumisse proporções exageradas.
— Eu não vim aqui para discutir isso com você. Quero apenas que se lembre de que muitas vezes as fofocas não têm nenhum fundo de verdade.
— Está querendo dizer que as suas amigas estavam erradas?
— Tenho certeza de que essas pessoas não são amigas minhas.
— Mas bem que gostariam de ser... — disse ela com desprezo. Harry levantou-se, irritado.
— Pelo amor de Deus, o que está acontecendo com você? Eu vim até aqui,..
— Sim? Por que veio aqui em casa? Vestido assim, provavelmente você vai a algum outro lugar.
— Acertou!
— Não se prenda por mim — disse ela, dando-lhe as costas.
— Oh, meu Deus! Você está criando caso à toa. Vim buscá-la para sair.
— Por quê?
— E é preciso haver uma razão?
— Oh, sim, tem que haver um motivo. Desta vez para quem é que você vai me exibir?
Harry deu um suspiro e entregou-lhe a caixa.
— Vista isto e mostro a você.
Ginny olhou atrapalhada para a caixa, sem imaginar o que poderia ser.
— O que é?
— Abra e veja — insistiu ele.
Ginny abriu-a. Era um vestido branco maravilhoso.
— É para mim? — perguntou, deslumbrada.
— Bem, para mim é que não é...
— Eu sei. Mas por quê? — Ainda esperava que ele tivesse se lembrado de seu aniversário.
— Olhe, vista-o e vamos sair.
— Mas eu...
— Ginny, ande depressa.
Ginny saiu correndo da sala. Maquilou-se rapidamente e logo ficou pronta. O vestido caiu-lhe como uma luva. O decote profundo impedia que ela usasse sutiã e Ginny sentiu-se meio sem jeito ao ver que o tecido macio marcava as formas de seus seios.
— Gostou?
— E você?
— Você fica linda com ele.
— Obrigada. Você tem muito bom gosto. Eu nunca compraria um vestido desses para mim.
— E seria uma pena, pois você tem o corpo perfeito para usá-lo. — Deu uma olhada no relógio. — Ginny, precisamos ir agora.
Depois de pegar a capa que ele também lhe dera, disse, hesitante:
— Harry, não acho certo que você fique me comprando coisas.
— Se você fica bem com elas, que importância tem isso? — Harry estendeu-lhe então a caixa com a corrente e os brincos que ela insistira para que ele guardasse. — Quero que os use também.
Ginny levantou os cabelos para que ele lhe colocasse a corrente e sentiu um choque quando Harry a tocou. Afastou-se de repente.
— A gente vai a algum lugar importante, para você querer que eu use estas jóias?
— Vamos a uma festa, e já estamos atrasados.
— Está bem.
Foram até um dos melhores hotéis de Londres e Ginny perguntou, interessada:
— A festa é aí?
— É, num dos salões menores.
Ginny caminhava atrás de Harry, com medo de encontrar os amigos dele pela segunda vez. Foi necessário que ele a segurasse pelo braço e a forçasse a seguir na frente. Ela deixou a capa na chapelaria e em seguida dirigiram-se para o salão, que parecia deserto.
— Será que somos os primeiros a chegar? — perguntou para Harry.
Ele sorriu e abriu as portas. Nisso uma porção de gente gritou "surpresa!", e o salão se encheu. Harry baixou a cabeça e beijou-a de leve nos lábios.
— Feliz aniversário, Ginny.
Ginny olhou para Harry e para todo mundo ali presente e seus olhos se encheram de lágrimas.
— Vocês não se esqueceram... — disse, engasgada. — Pensei que ninguém tivesse lembrado!
— Todos eles juraram guardar segredo — afirmou Harry. — Foi difícil organizar tudo num prazo tão curto! Afinal, eu só soube do seu aniversário cinco dias atrás.
— Mas você só me conhece há cinco dias...
— É verdade — concordou ele, rindo.
Sem pensar duas vezes, Ginny abraçou-o pelo pescoço e beijou-o com paixão. Depois atendeu os convidados, recebendo os presentes e os cumprimentos de que tanto sentira falta durante o dia todo.
O presente de que mais gostou foi um retrato de Harry, feito por Angie. Era o retrato do homem que amava! Ginny colocou-o em evidência entre os demais presentes.
— Harri, desculpe demorarmos tanto, mas é que o vôo de Neville atrasou — disse Luna Longboton.
Ginny conseguiu disfarçar o desprazer de vê-la em sua festa e sorriu-lhe. Mas Luna só tinha olhos para Harry, como se quisesse devorá-lo.
Ginny achou-a profundamente deselegante, sobretudo porque o homem a seu lado devia ser Neville, seu marido. Era alto, simpático e tão atraente quanto Harry. Não dava para entender por que Luna, com um marido daqueles, queria Harry como amante.
Neville Longbotton cumprimentou-o.
— É bom vê-lo novamente, Harry. Como Luna já disse, meu avião chegou atrasado.
— Fico feliz por ter vindo, deve estar cansado da viagem. — Colocou o braço sobre os ombros de Ginny e disse: — Esta é a minha noiva, Ginny Weasley.
— Feliz aniversário, minha cara. Não sabe o prazer que sinto ao ver que Harry também foi fisgado.
Ginny riu e notou que os olhos dele eram azuis.
— Ainda não foi. Um noivado nem sempre acaba em casamento — disse Ginny.
— Mas você disse que o casamento seria no mês que vem — observou Luna, que se dirigia a ela pela primeira vez. — Todos os amigos de Harry estão aguardando o convite. Já se decidiram pela data?
Então Harry não contara para ela que era tudo mentira! Ou então Luna sabia e não queria dar o braço a torcer.
— Ainda estamos combinando com minha mãe — explicou Harry. — Ela acha que não dá tempo de organizar tudo em tão pouco tempo.
— Não conheço a sua mãe — afirmou Luna. — Apresente-me a ela.
— Com licença — disse Harry, indo com ela ao encontro de Lilly, que conversava com alguns empregados do escritório.
Ginny olhou para Neville Longbotton, sem saber o que dizer.
— Soube que esteve viajando a negócios.
— Por uma semana. Cheguei hoje às sete da noite.
— Estou feliz por ter vindo à minha festa de aniversário.
— Eu tinha que conhecer a garota que conseguiu amarrar Harry. Pensei que nunca fosse se casar, mas agora já vi por que mudou de idéia.
Ginny enrubesceu, mas levantou os olhos ao ouvir o riso estridente de Luna. Ela e Harry haviam se afastado de Lilly e estavam conversando num canto do salão.
Neville seguiu o olhar de Ginny e franziu o cenho ao ver Luna de braço com Harry.
— Você tem que desculpar Luna — disse ele. — Ela não consegue aceitar o fato de que é uma mulher casada.
— Como? — Ginny fez-se de ingênua.
— Minha mulher gosta de paquerar — explicou Neville. — Mas nunca é nada sério, pelo menos quase nunca... — acrescentou, olhando para a esposa de cara feia.
Ginny sentiu-se constrangida, pois parecia que todos estavam reparando no comportamento de Luna.
Ficou mais aliviada quando o conjunto começou a tocar e Neville convidou-a para dançar. Logo em seguida Harry fez o mesmo com Luna, que logo colou o corpo ao dele. Ginny percebeu que Neville também tinha notado.
Em seguida James Potter convidou-a para dançar e Ginny concluiu que não adiantava mais Harry tentar esconder o seu caso com Luna usando o artifício de noivado falso, porque Neville estava mais do que desconfiado e com certeza logo tomaria uma atitude. O fato de ela dançar agora, pela terceira vez consecutiva, com ele só servia para piorar a situação.
— Que surpresa maravilhosa Harry preparou para você! — exclamou James Potter, sorrindo.
— É verdade.
— Ele já lhe deu o seu presente?
— Sim, esse meu vestido e, mais uma vez, gostaria de agradecer o belo colar de pérolas que o senhor me deu. É lindo. — Ginny tinha dito a Harry que não podia aceitar, mas ele se recusou a aceitá-lo de volta. Por enquanto ficaria com ele, mas depois o devolveria.
— Fico contente que tenha gostado. Lilly me disse que ficaria bem em você. Apesar de esse vestido ser lindo, tenho certeza de que não é esse o presente de aniversário de Harry. Deve ser outra coisa, muito especial.
Como qualquer outra mulher, Ginny ficou curiosa, mas achava que já havia recebido presentes demais de Harry, inclusive o enorme brilhante de noivado.
David veio tirá-la para a dança seguinte e não perdeu tempo em perguntar:
— O que o meu irmão está fazendo com aquela loira nos braços?
Depois do que tinha acontecido no domingo, Ginny devia estar preparada, mas assim mesmo se assustou com a franqueza do rapaz.
— Quer dizer... a Sra. Longbotton? — perguntou, inocente.
— Então é ela? E o que Harry está fazendo com ela?
— Dançando.
David apertou-a um pouco mais.
— Sei disso, mas... Bem, acho que está se jogando demais para Harry, pois está monopolizando a atenção dele há mais de meia hora.
— Pode ser o contrário, você sabe.
— Como?
— Pode ser que Harry a esteja monopolizando.
— Logo depois de ter ficado noivo de você? Não acredito!
— O fato de ficar noivo não quer dizer que um homem deixe de se sentir atraído por outras mulheres.
— Será que a recíproca vale? E que você poderia vir a se interessar por mim? — perguntou baixinho no ouvido dela.
— David! — exclamou Ginny, chocada. — Estou noiva de seu irmão!
— E você o ama?
— Demais.
— Que sorte a dele! Gostaria de saber se você se apaixonaria por mim, se nos tivéssemos conhecido antes. Bem que eu gostaria disso!
Ginny tinha desconfiado dos sentimentos de David, mas não imaginou que ele chegasse a tal ponto.
— Eu também gostaria, mas assim que vi Harry percebi que ele era o homem da minha vida. Foi uma coisa instintiva.
— Bem, eu acho que devemos interromper o namoro de meu irmão com a Sra. Longbotton, pois se continuar assim pode haver confusão. Se ele soubesse!
— E o que faço para tirar Harry das garras dela?
David segurou-lhe a mão e disse:
— Deixe que eu dou um jeito.
Assim que chegaram perto deles, David deu um tapinha no ombro do irmão e riu da cara feia que ele fez.
— Sra. Longbotton, sou o irmão de Harry — apresentou-se. — Faz tempo que gostaria de conhecê-la. Quer dançar comigo?
Luna não podia recusar o convite e Ginny fingiu não ver a piscada que David lhe deu ao sair dançando com a loira.
— O plano foi de David ou seu? — perguntou Harry.
— Não estou entendendo.
— Tenho absoluta certeza de que David não tinha intenção de dançar com Luna antes de tirar você para dançar. Foi você quem lhe deu a idéia?
— Será que você não percebe que todo mundo notou que você só deu atenção para a sua amante esse tempo todo? Seu irmão veio me perguntar o que estava havendo. Claro que você não pensou nessa possibilidade, por isso não me culpe pelo papel de bobo que está fazendo.
Harry agarrou-a com força e a levou para o meio da pista.
— Certo. Ponto ganho para você. Mas nunca mais fale assim comigo!
— Alguém tinha que falar — disse ela, ainda tensa nos braços dele. — E acho que devíamos acabar com esse noivado falso. Não estamos enganando ninguém, principalmente Neville Longbotton. Ele sabe exatamente o que está havendo entre você e a mulher dele.
— Ele disse isso a você?
— Ele esteve observando vocês dois a noite toda, e com razão. Se você não consegue ficar sem agarrá-la, não devia tê-la convidado para vir à festa.
— Tenho uma idéia melhor. Se mostrarmos a todos que estamos apaixonados, as pessoas vão esquecer que dancei com Luna.
— Um marido não esquece.
— Esquece se você representar bem o seu papel — disse Harry, colocando os braços dela à volta de seu pescoço. — Finja que me ama!
Mas Ginny o amava!
— E por que fazer isso? Apenas provaria que eu estou apaixonada por um homem que ama outra mulher. Não quero parecer ainda mais ridícula.
— Ginny, você vai me obedecer, caso contrário vai saber o que é humilhação de verdade.
— Como?
— Posso tornar as coisas muito difíceis para você. Você iria morrer de vergonha, principalmente porque minha família acha que nós já somos amantes.
— Eles não acham! Sua mãe...
— Minha mãe acreditou quando eu disse que não havíamos dormido juntos naquela noite, mas não sabe de nada sobre as outras noites. Ginny, eu tenho trinta e sete anos e não vivi sem mulher até agora. Como você é minha noiva, eles naturalmente vão pensar que... Bem, você pode tirar as suas próprias conclusões...
— Oh, meu Deus! Isso é terrível!
Harry riu.
— Não seja ingênua, Ginny. Os noivos muitas vezes fazem amor.
— É isso o que você vive dizendo, mas eu não penso assim.
— Você é puritana demais...
— Pelo menos tenho moral — explodiu, furiosa. — Sou diferente de certas mulheres. Será que você não se incomoda em ter um caso público com a esposa de um amigo?
— Será que você acreditaria em mim se eu dissesse que me incomodo?
— Não.
— Foi o que pensei, e é por isso que não me esforço em negar as suas acusações. Você já tem uma idéia formada a meu respeito e eu não gostaria de lhe tirar as ilusões...
— Duvido que você pudesse fazer isso. Todo mundo me avisou quando vim trabalhar em sua firma, todo mundo conhece a sua reputação com as mulheres. Mas assim mesmo eu pensei...
— O quê? — insistiu ele.
Ginny estava quase confessando que se sentia atraída por ele. Mas resolveu dizer apenas:
— Você é muito atraente e tenho certeza de que não sou a primeira mulher a lhe dizer isso. Achei você muito charmoso, mas logo descobri que não gostava de você. E agora, ainda menos.
Harry olhou-a com a cabeça encostada no ombro dele, e disse:
— Ninguém acreditaria, vendo você assim! Ela procurou afastar-se imediatamente de Harry.
— Está bem, vá conversar com os seus amigos, Ginny. Hoje você está representando muito mal, acho que vou ter de lhe dar umas aulas particulares.
Ginny logo deduziu a que tipo de aulas ele se referia! Foi conversar com Jean, cujo namorado, Natanael, dançava com uma outra garota do escritório.
— Está tudo bem, Jean?
— Ótimo! — respondeu ela, satisfeita. — A família do Sr. Potter é maravilhosa. Conversei com todos eles e não são nem um pouco metidos a grã-finos. O pai, então, é um amor.
— É verdade. E obrigada pelo perfume, Jean. É o meu favorito.
— Foi o que pensei. Agora o seu noivado parece real. Antes não dava para acreditar, mas, agora que vi vocês dois juntos, me convenci... Fiquei muito sensibilizada quando o Sr. Potter convidou a mim e ao Natanael para virmos à festa.
— Eu não sabia de nada — confessou Ginny. — Harry é especialista em segredos.
— É, eu sei. Deu para perceber como você ficou desapontada por ninguém ter se lembrado de seu aniversário. Como se a gente pudesse esquecer!
— Harry disse que vocês todos juraram guardar segredo — observou Ginny. Nisso notou que Harry tinha voltado a conversar com Luna.
Continuou conversando com seus amigos por mais de uma hora e, durante todo esse tempo, Harry não desgrudou de Luna. Ginny sentiu-se humilhada e notou que a irritação de Neville aumentava.
Ficou aliviada quando a festa acabou e Harry a levou para casa. Já havia resolvido devolver o anel a ele, pois não dava para continuar suportando tanta humilhação. Saiu do carro quando ele abriu a porta para ela e disse: — Muito obrigada pela festa, foi muito gentil de sua parte.
— Era tudo o que eu podia fazer para celebrar o seu aniversário. Ia parecer muito estranho se eu não lhe oferecesse uma festa.
— Eu não imaginei que você tivesse agido assim apenas por generosidade — disse ela, irritada.
— Estou certo de que você me conhece muito bem para pensar assim.
— Estou começando a conhecê-lo bem demais, e não gosto do que estou aprendendo sobre você! — Virou-se para entrar no prédio.
— Não vai me convidar para tomar um café?
Ela se voltou, zangada, mas de repente sentiu-se atraída por ele, encostado displicentemente no carro.
— Quer mesmo um café?
— Se não quisesse, não teria pedido. Além disso, alguém tem de ajudá-la a carregar os presentes.
— Está bem, então venha.
Uma vez no apartamento, deixou a capa e a bolsa no quarto e, quando ia para a cozinha preparar o café, Harry a segurou pelo braço e abraçou-a apertado.
— O que foi agora? O que você quer mais?
Os olhos de Harry brilharam antes de ele baixar o rosto e beijá-la com violência. Durante alguns segundos o mundo pareceu girar e Ginny segurou-se em Harry para não cair. Depois se afastou dele, passando a mão pela boca machucada.
— Por que fez isso? — perguntou ela.
— Você esteve pedindo para ser castigada a noite toda, e eu tenho os meus métodos...
— Mas eu não fiz nada!
— Não? Passou a noite toda olhando feio para mim e sendo malcriada cada vez que falava comigo. Não se esqueça disso no futuro. E é bom que saiba que não ligo a mínima para o que as pessoas possam pensar. E agora talvez você não se incomodasse de me levar para casa? Esqueça o café, foi apenas um pretexto para entrar aqui.
— Levá-lo para casa? Não está se sentindo bem?
— Estou ótimo — disse ele e entregou-lhe as chaves do carro. — Mas, como o carro é seu, achei que você gostaria de dar uma volta antes de colocá-lo na garagem. Além do mais, gostaria de estar a seu lado na primeira vez em que você o usasse, pois o Aston Martin é um carro um pouco diferente dos outros.
— Aquele carro... o Aston Martin... é meu? — perguntou Ginny. incrédula.
— É o meu presente de aniversário. Claro que ele pode ser trocado por um Porsche ou uma Ferrari, se você preferir.
Ginny começou a rir. Imagine se ela ia trocar um Aston Martin' E ainda mais sendo presente de Harry!
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