Confusões na Noite de Natal



Capítulo 13
Confusões na Noite de Natal


 


Com muito cuidado coloquei mimoso deitado em uma das almofadas e ao seu lado deixei um potinho com água e comida. Acariciei sua cabeça e ele resmungou. 


- Porque você fez isso comigo? – Sussurrei ainda o acariciando. 


Depois que sai da enfermaria no ultimo dia de aula fui procurar mimoso que havia sumido há um tempo. Pedi ajuda para Luan e David. Mais ele só apareceu meia hora antes do trem partir e estava todo machucado e com a pata quebrada. Quem fez isso eu não sei mais se descobrir encontrará com Dumbledore mais cedo. 


- Esta pronta filha? 


- Estou. – Mandei um beijo para mimoso que estava deitado com a pata toda enfaixada e desci a escada seguindo minha mãe. 


- Onde esta o Luan? – Harry perguntou. 


- Desde o dia que chegou não come direito, não conversa, não sorri. Estou preocupada. 


- Sabe de alguma coisa Melissa? – Levantei meu olhar que estava na calça branca que usava e neguei com a cabeça. E tive a certeza que ele não acreditou em mim. – Vou chamá-lo. 


- Onde esta Lily? 


- A levei hoje de manhã para a casa da senhora Weasley. As duas andam se dando muito bem. – Sorriu leve. – Foi estranho, mais ela perguntou por você esses meses. Não sei o que aconteceu mais espero que seja bom. – Olhou para a escada. Os dois desciam em silêncio. – Alguma coisa? – Harry negou. 


Luan estava sofrendo dias com tudo isso. Tanto ele quando Fernanda. Se ela pelo menos o ouvisse... 


- Vamos aparatar. – Hermione pegou em minha mão. – Segure firme. 


Em um piscar de olhos senti como se me puxassem pelo umbigo e de repente colocada em uma caixa menor que eu. 


- Chegamos. – Cambaleei para o lado, tonta. Senti uma forte dor no estômago e uma imensa vontade de vomitar. Suspirei fundo e me endireitei. – Esta bem? – Assenti. Se eu falasse alguma coisa era capaz que o almoço voltasse. 


Entramos na casa dos Weasleys que estava toda enfeitada para o Natal e totalmente amarrotada de pessoas. Victorie, Dominique, Molly e Roxanne riam em um canto da sala. Fernanda estava junto, mas não prestava atenção no que diziam e sim na enorme lareira no centro da sala que queimava a madeira. 


- Querido sejam bem vindos. – A senhora Weasley veio nos abraçar seguido de Lily. 


Quando os olhares de Fernanda e Luan se encontraram ouve uma pausa. Tenho certeza que os dois queriam se abraçar e disser que estava tudo bem, mas não. Ela levantou e subiu a escada de dois em dois degraus. Olhei para todos ali na sala mais ninguém percebeu. 


Horas se passaram e Luan não saia do jardim. Fernanda não descia e todos estavam tão distraídos que nem sentiram a falta deles. 


Levantei do chão onde estava com Lily e pedi para que ela me esperasse. Subi as escadas e fui direto para o quarto que antes era de Rony. Bati na porta e a abri olhando Fernanda sentada na beira da janela olhando para o jardim. Aproximei-me sem ela perceber e fiquei ao seu lado. Olhei na direção em que seu olhar estava fixo e vi Luan ali. Sentado no gramado olhando para o céu. 


- E se você falasse com ele? – Insisti. Ela levou um susto e me olhou incrédula. 


- Não quero falar sobre isso. 


- Tudo bem. Mais pelo menos pense nisso. – Ela deu de ombros. 


- O jantar já esta pronto. – Victorie apareceu na porta. – Sua mãe pediu para que você chame seu pai. – Ela apontou para mim. – Acho que ele esta na biblioteca. 


Sai do quarto e caminhei até a biblioteca no final do corredor. Coloquei a mão na porta para poder entrar, mas escutei uma voz a mais, uma voz feminina. 


- O que você quer? – Olhei pela fresta da porta e vi os cabelos ruivos de Gina. 


- Conversar apenas. – Ela se aproximou de Harry. Argh! 


- Acho melhor descermos. – Ele colocou a mão na maçaneta para abri-la, mas Gina o impediu. 


- Porque se podemos ficar aqui apenas nós dois. – Ela se aproximou. 


- Chega! – Ele segurou os braços dela. – Chega entendeu? – Ele a soltou em um gesto furioso e caminhou em passos pesados para fora da biblioteca. Entrei no banheiro para me esconder e esperei ele descer a escada. 


- Droga! – Resmungou. Ela estava de costas para a porta e com as mãos apoiada na escrivaninha. Cruzei os braços apoiando no batente da porta. 


- Que pena não Weasley? – Ela virou olhando para mim. 


- O que faz aqui? – Perguntou se aproximando perigosamente. 


- Apenas vendo o seu plano não dar certo. – Olhei para as unhas e sorri em deboche. 


- Acho melhor não se meter onde não é chamada. Você não sabe do que sou capaz. – Levantou a mão esquerda apontando o dedo para mim. 


- Você é quem não sabe do que sou capaz. – Segurei seu braço esquerdo. – Eu posso ser nova mais faria de tudo para que sua máscara caísse. 


- Me solta. – Pediu nervosa. – Esta me machucando. 


- Não estou nem segurando forte. – Soltei. Ela bufou e saiu do quarto apertando onde eu segurava. Ouvi palmas vindas da direção da porta. Olhei e vi Dominique. 


- Terminou o seu showzinho? – Perguntou. 


- Do que você esta falando? – Tentei sair mais ela entrou na frente impedindo. – Você é louca. – A empurrei para o lado e desci a escada. Entrei na cozinha onde todos estavam sentados. 


Sentei ao lado de Lily e olhei para a porta quando Dominique entrou. Peguei o guardanapo e coloquei no colo. 


- Onde esta Fernanda? – Luna perguntou. 


- Ela já deveria estar aqui. – Olhei para os lados. 


- Cheguei. – Ela apareceu com um sorriso forçado. 


- Querida guardei um lugar ao lado de Luan. Sente-se. – A senhora Weasley apontou para o lugar e Fernanda encarou Luan por longos minutos. Deu a volta na mesa e finalmente sentou ao lado dele. – Aconteceu alguma coisa? – Perguntou. 


- Não. – Ela se levantou. – Só não estou me sentindo muito bem. 


- Não se preocupe. Eu saio. – Luan pegou em sua mão e ela o encarou. Estávamos olhando aquela cena. E a única que realmente sabia o significado era eu. Seus olhos se encheram de lágrimas. Ela soltou a mão dele e saiu correndo. 


- O que esta acontecendo aqui? – Rony perguntou. 


- Vou falar com Fernanda. – Luna levantou segurando a enorme barriga de quase nove meses. 


- Deixe. – Rony a ajudou sentar novamente. – Eu vou. 


Ficamos em total silêncio. A senhora Weasley insistiu que começássemos a comer, e dizia que Fernanda não tem nada. Nada que ela saiba. Começamos a comer depois de tanta insistência. Mamãe começou uma conversa animada com Luna sobre o quarto dos gêmeos. 


Ouvimos passos pesados vindo do andar de cima e um barulho irritante vindo das escadas de madeira. Quem quer que seja esta muito brava. Olhamos para a entrada da cozinha e vimos um Rony furioso aparecer. 


- Seu moleque insolente. – Ele tirou a varinha do bolso e apontou para Luan.  


- O que esta acontecendo? – Antes de o senhor Weasley terminar de perguntar ouvi um grito; certamente de minha mãe. Olhei para Luan e ele voou para o outro lado da cozinha batendo na parede e escorregando até o chão. 


- O que você esta fazendo? – Harry levantou e seguro Rony que começou a se debater para atirar outro feitiço em Luan. 


Hermione correu para ver Luan que estava caído no chão. E Harry ainda segurava Rony que tentava se soltar. 


- O que esta acontecendo aqui? – Luna levantou segurando a barriga. – Pare já Rony! – Gritou. Mas ele não a ouvia. – Para! – Pediu. 


- Harry, acho que ele quebrou o braço. – Mamãe gritou tentando pegar no braço de Luan. 


- Vou quebrar ele todinho. – Gritou nervoso. 


- O que deu em você, Rony? – Hermione gritou. – Esta louco? 


- Ele não deveria ter feito aquilo com minha filha. – Gritou. 


- Para Rony ele é só um menino. – Luna gritou pela milésima vez segurando forte a barriga. 


- Do que ele esta falando? – Hermione olhou para mim. 


Luna soltou Rony e cambaleou segurando forte em mim. Olhei para ela que fechou a boca para abafar o grito. Segurou a barriga e apertou forte meu braço. 


- O que esta acontecendo? – Perguntei. 


- Acho que vão nascer. – Arregalei os olhos e a ajudei a sentar. Comecei a gritar que Luna teria os gêmeos e todos olharam para mim. Até Rony paralisou por um instante. Falaram em levá-la para o hospital mais não daria tempo. 


Harry e Rony a levaram para o segundo andar, no quarto da senhora Weasley. Olhei para todos que ajudavam Luna e então percebi que haviam se esquecido de Luan. 


Desci a escada e vi Hermione cuidando de Luan. Não que ele estivesse se machucado muito, só quebrou o braço. Na verdade não sabemos. Mais isso seria nada pelo que ele realmente estava passando. 


- Precisa de ajuda? – Falei. 


- Vou levar seu irmão ao St. Mungus. – Sussurrou o ajudando a levantar da cadeira. – Nos acompanha? 


- Preciso ficar. – Sai da cozinha e subi em direção ao quarto onde Fernanda estava. 


Abri a porta sem me preocupar em bater avisando que tinha alguém e ela estava novamente ali sentada na janela olhando para fora. 


- Como você pode? – Bati a porta e caminhei em sua direção. Ninguém se preocuparia com os gritos ou com o barulho que fiz segundos atrás. Todos estavam focados em Luna que gritava desesperadamente. 


- Será que eu posso ficar sozinha? – Então ela quer ficar sozinha? 


- Porque você não disse a verdade para seu pai? – Riu sarcástica. 


- Eu disse. 


- Não. – Gritei. – Não disse. Você disse o que acha ser a verdade. 


- Você o esta defendendo. – Levantou. – Se eu tivesse um irmão também o defenderia de suas besteiras. 


- Você é a minha melhor amiga. – Levantei mais o tom de voz. – Você sabe que jamais defenderia Luan se ele estivesse errado. Ou depois de cinco anos você ainda não sabe nada sobre mim? Porque é o que parece. 


- Chega. Você não tem o direito de falar isso principalmente para mim. – Apontou para si mesma. 


Paramos por um instante ouvindo o grito de Luna. Depois de alguns minutos podemos ouvir um choro de uma das crianças. 


- Você nem esta ao lado da sua mãe em um dos momentos que ela mais precisa. – Minha voz era firme. 


- A família inteira esta dentro daquele quarto, para que ela precisa de mim? – Levantou uma sobrancelha. 


- Porque você é a filha dela. Não é obvio isso? – Gritei colocando as mãos em minha  cabeça. – Você não quer ver seus irmãos? Saber se é menino ou menina? 


- Para que eu iria querer saber? 


- Há um mês você estava muito ansiosa. 


- Há um mês minha vida ainda não tinha virado de cabeça para baixo. – Cruzou os braços. 


- Eu tento. Juro que tento, mas não consigo te entender. – Suspirei pesado. 


- Não preciso que entenda. Não preciso de você. – Apontou para a porta. – Sai daqui. 


- O que? – Olhei em seus olhos cheios de lágrimas. 


- Não preciso de você, nunca precisei e nunca vou precisar. – Continuou apontando para a porta. 


- Quem é você? – Gritei a assustando. Caminhei em direção a porta e a bati forte quando sai. Encostei-me à porta e cai sentada deixando que as lágrimas começassem a cair sob minhas bochechas. 


Ouvi mais um grito de Luna e em seguida outro choro de criança. Ouvi as vozes de Rony e Molly gritando que era uma menina. Olhei para os lados do corredor escuro e sequei as lágrimas. Tudo o que queria nesse momento é voltar para casa.


 


**


 


Encarava o relógio olhando o ponteiro que marca os segundos dar a volta várias vezes pelos números. Tinha sido uma noite e tanto e não parecia natal. Natal? Certamente que não. Desde quando na noite de Natal há confusões como houve hoje? Não, natal é a época onde as pessoas devem desculpar e perdoar. O que não aconteceu essa noite. Fernanda poderia perdoar Luan mais não o fez, ao invés disso deixou que seu pai fizesse aquilo com Luan mesmo não gostando. 


Assustei com o bule apitando no fogão e o peguei desligando o fogo. Coloquei a água fervendo na minha xícara onde havia um saquinho de chá de erva doce e mexi com um pouco de açúcar. Deixei o bule na bancada e caminhei até a sala onde a lareira estava acesa sendo iluminada apenas por ela. Sentei no sofá de três lugares na frente da lareira e fiquei ali apenas olhando o fogo. Já passavam das duas da manhã e estávamos acordados ainda estava escuro lá fora mais o sono era a única coisa que não sentíamos. 


- A sua irmã já esta dormindo cuide dela para mim. Vou para a casa de Molly ver como esta Luna e as crianças. Eu e seu pai vamos ter uma conversa com Rony. – Assenti sem tirar o olho da lareira. – Quando voltarmos vocês vão nos contar tudo, principalmente a senhora por ficar as ultimas semanas em Hogwarts de detenção. – Sua voz era firme. A professora Minerva poderia pelo menos não mandar uma carta para minha. Escutei seus passos em direção a porta e a ouvi fechando. No mesmo momento ouvi passos vindos da escada e sabia que poderia ser apenas uma pessoa, Luan. 


Ele se aproximou com os pés descalços e de pijama, seu braço estava engessado e com um pano passando em volta de seu pescoço para apoiar o braço. Sentou ao meu lado no sofá e deitou a cabeça em meu ombro. 


Não era preciso dizer nada, pois eu sabia muito bem o que ele estava sentindo.




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