Floresta Proibida
Capítulo 12
Floresta Proibida
Fazia alguns minutos que eu havia sentado naquela pequena cadeira de madeira e já estava nervosa. A sala era iluminada por pequenos castiçais presos nas paredes o que a deixava com um tom escuro piorando minha ansiedade. Ajeitei as luvas de minhas mãos e fechei um pouco mais o zíper do meu casaco. Olhei para a janela que fazia um barulho devido à neve que caia lá fora e arrumei meu cachecol.
Tirei a toca que estava em minha cabeça e comecei a mexê-la impaciente em minha mão. Suspirei várias vezes deixando Felix que estava ao meu lado na mesma situação, nervoso. Olhei para os pergaminhos espalhados na mesa de Minerva e vi algumas anotações. Tentei ler o que faria hoje mais assustei quando a porta se abriu e Minerva caminhou até nós.
- Sigam-me. – Foi apenas o que ela disse. Olhei para Felix que levantou e seguiu a professora. Eu fiz o mesmo.
Coloquei a toca assim que o vento frio começou a nos atingir. Minerva andava rápido em nossa frente e eu andava ao lado de Felix. Trocávamos olhares a todo o momento.
Assim que saímos do castelo os flocos de neve começaram a cair sobre nós. Senti um arrepio em minhas costas e corri até alcançar a professora que havia apertado o passo.
- Professora porque você não adia essa detenção?
- Não pense que voltarei atrás apenas porque esta caindo uma pequena neve senhorita Potter. – Parei a olhando continuar a caminhar. Felix passou por mim e percebi que seria uma longa noite. Corri para alcançá-los e quando percebi estávamos na frente da cabana do Hagrid.
Minerva bateu na porta algumas vezes e nos olhou esperando o gigante abrir.
- Ora vocês chegaram. – Hagrid deu espaço para que entrássemos.
- Bem, o senhor Malfoy participará da detenção com vocês. – Ela dizia com a maior naturalidade. Olhei para trás e percebi o loiro olhando atentamente o que a professora dizia. – Vocês ajudaram Hagrid na floresta proibida. Não quero confusões, reclamações e muito menos que desobedeçam ao que ele pedir. – Ela nos olhou por detrás daqueles óculos meia lua e acenou para Hagrid que abriu a porta a deixando sair.
- Vamos? – Ele pegou sua lamparina e chamou canino que se postou ao seu lado.
- Mais Hagrid o que faremos lá? – Perguntei assim que saímos da cabana e caminhávamos em direção a floresta.
- Desde que Hogwarts começou a receber aquelas ameaças Minerva pediu para que pelo menos uma vez por semana olhasse a floresta para certificar-se que não há ninguém se escondendo aqui. – Assenti entrando ao seu lado na floresta.
Peguei minha varinha para que ajudasse a iluminar o caminho. Felix e Scorpius fizeram o mesmo.
- Precisamos nos separar, assim olharemos boa parte da floresta em apenas uma noite. O que acham?
- Eu fico com você e o canino. – Felix se colocou ao lado de Hagrid.
- Tudo bem, mais fique sabendo que ele é medroso. – Ele sorriu. – Nos vemos aqui daqui algumas horas, qualquer problema faça algum sinal. – Assenti. E eles caminharam em uma direção oposta a nossa.
Tomei a iniciativa e comecei a caminhar a frente dele. Tudo estava em absoluto silêncio, o que era perfeito para mim.
Aquela floresta não poderia estar mais fria. Embora nevasse pouco e as enormes árvores impedissem que ela caísse sobre nós o vento era cortante. Sentia meu rosto queimar devido ao frio e meu corpo ficar gelado. Se eu soubesse que passaria a noite inteira em claro e fora do castelo teria me agasalhado melhor e principalmente teria trago comida.
Depois de horas caminhando a procura de nada comecei a sentir meu corpo adormecer de frio. Meus braços, mãos, pernas e pé. Segurei firme minha varinha e com a outra mão comecei a esfregar meu braço tentando aquecê-lo. A terra estava coberta pela neve, o que não nos ajudava nem um pouco. Tínhamos que andar com toda a atenção onde pisávamos para não escorregar.
Podia sentir e ouvir meu próprio queixo bater. E acho que não era a única.
- Você esta com frio. – Isso não foi uma pergunta.
- Estou bem. – Afirmei sem parar de caminhar.
- Toma. – Olhei para trás e ele estava tirando o casaco.
- Não precisa. – Agradeci.
- Eu estou com dois casacos e você esta com frio. – Insistiu. Sem hesitar peguei o casaco e coloquei. Estava um pouco grande mais já sentia minha temperatura corporal voltar ao normal.
- Obrigada. – Agradeci sem graça e vi quando ele sorriu de lado. – Então. – Comecei a puxar assunto. – Porque você ficou de detenção?
- Professora Fifles me pegou no corredor depois da hora de dormir e me levou até a professora Minerva. O resto você deve imaginar. – Sorri abaixando a cabeça.
- E o que você estava fazendo no corredor fora do horário de dormir?
- Acredite em mim você não vai querer saber. – Foi seco. Percebi que não era de minha conta. – E você? – Perguntou.
- Digamos que eu estava na hora errada e no lugar errado. E bom, a professora Minerva me viu atingir uma colega a jogando longe. – Desviei de um galho e continuei caminhando. – Então. – Comecei puxar assunto, não estava mais agüentando aquele silêncio e assim me distraia do frio e da fome. - Conte-me mais sobre você.
- O que você quer saber? – Dei de ombros.
- Não sei. Talvez sua altura, quantos quilos você pesa, sua cor e prato preferido. – Sorri.
- Tenho 1,80, meu peso não revelo a ninguém, minha cor preferida é preto e adorava o frango assado que minha mãe fazia.
- Fazia?
- Ela faleceu há alguns anos.
- Sinto muito. – Ele não disse mais nada sobre o assunto. – Sou só eu ou você também esta com fome?
- Sou só eu ou você não consegue ficar quieta? – Retrucou. A minha vontade era fazer com ele a mesma coisa que fiz com Priscila, mais algo me chamou a atenção.
Olhei para trás assim que escutei um barulho de galhos se mexendo. Voltei meu olhar para Malfoy que estava um pouco mais distante. Não gritei seu nome, afinal, o que quer que seja aquilo iria fugir se ouvisse meu grito.
Continuei a caminhar lentamente, fazendo o possível para não pisar em algo e fazer barulho. Segurei firme a varinha quando vi um vulto passar a minha frente e sentir meu coração acelerar. Continuei caminhando até chegar onde o vulto havia sumido. Vi alguns arbustos se mexendo e me aproximei.
- O que você pensa que esta fazendo. – E naquele momento as coisas aconteceram muito rápido.
Levei um enorme susto quando escutei aquela voz. Virei com tudo batendo meu braço em Scorpius que se desequilibrou e deu um passo para trás escorregando na neve. Bateu sua mão na minha fazendo as varinhas voarem para o enorme declínio que tinha atrás dele e em seguida ele caiu se segurando apenas pelas duas mãos.
- Droga. – Me aproximei correndo olhando para baixo e vendo a altura que estávamos. Senti uma forte tontura e dei um passo para trás. – Você esta bem?
- Estou ótimo não esta vendo? – Sua voz estava totalmente alterada.
Ajoelhei-me e engatinhei na neve até chegar próximo as mãos dele.
- Segura a minha mão. – Estiquei minha mão para que ele pudesse pega-la e assim eu o puxava para cima.
- Você não vai me agüentar e vamos cair.
- É um risco que devo correr. – Ele pegou em minha mão e o puxei para cima. A neve não ajudou nenhum pouco. Minha mão estava queimando por ter que apoiá-la no gelo e quase escorreguei quando o puxei.
Ele gemeu sentando próximo a uma árvore. Aproximei vendo sua mão direita sangrar, com certeza porque teve que se segurar no gelo. Seus braços estavam vermelhos e ele segurava forte a perna direita.
- Deixa eu ver. – Peguei em sua mão direita que sangrava muito e olhei para ele. Tirei do meu bolso um pequeno paninho e enrolei em sua mão para que parasse de sangrar.
- Na parte de dentro do meu casaco tem um bolso. – Abri o casaco e vi o bolso. – Tem um saquinho dentro. – Abri o bolso e peguei o saquinho que estava pesado. – Tem uma garrafa de água ai dentro. – Abri vendo a garrafa e alguns bolinhos também.
Peguei a garrafa e passei um pouco da água em seus braços e passando a mão para que o sangue diminuísse.
- Meu tornozelo dói. – Foi mais um resmungo do que um aviso.
- Você pode ter quebrado ou apenas torcido, o que eu acho que aconteceu. – Comecei a apertar a perna a partir do joelho e fui descendo e quando estava próximo ao tornozelo ele gemeu de dor e pediu para que eu parasse. – Preciso te levar até a ala hospitalar.
- Você seria uma ótima medibruxa. – Sorri abaixando a cabeça para o saquinho e colocando a garrafa de água dentro e depois dentro do casaco novamente. – Você disse que estava com fome. Se quiser pode comer os bolinhos que tem ai dentro.
- Não. Estou bem. – Ele me olhou sério. – É verdade. Agora vamos.
- Não vou conseguir andar.
- Nossas varinhas caíram lá embaixo, assim não podemos chamar o Hagrid. Ficar aqui até amanhecer não seria uma ótima idéia. E você precisa se cuidar então... Apóie-se em mim.
- Você é pequena e não vai me agüentar.
- Você costuma ser sempre engraçado assim? – Peguei em sua mão o ajudando a levantar. Ele passou seu braço direto sobre meu ombro e eu segurei sua mão de leve para que não o machuca-se mais e ele se sentisse mais seguro para andar.
**
- Já esta amanhecendo. – Olhei para o céu e alguns raios de sol começaram a aparecer. Embora tivesse parado de nevar a um tempo o dia seria bastante frio.
- Estamos quase chegando à enfermaria.
Passamos horas até conseguir sair da floresta proibida. Entramos no colégio que parecia mais abandonado e enfim, chegamos à enfermaria. Ajudei Scorpius a deitar em uma das camas e corri chamar a enfermeira.
- Ora crianças o que fazem aqui há essa hora vocês... – Ela olhou para ele que estava segurando a perna. Com certeza doía muito. – O que aconteceu?
- Detenção. Nós estávamos em detenção com Hagrid mais ele se machucou. E Hagrid pediu para que eu o trouxesse até aqui.
- Vejamos. Como esta?
- Meu tornozelo dói muito. – Ele resmungou.
Sentei em uma das cadeiras próximo a ele, mas a enfermeira me olhou feio.
- Nada disso querida. Vá tomar um banho e descansar antes da aula. – Ela pegou em meu braço e começou a me empurrar para fora.
- Mas...
- Vá e descanse. – Tentei protestar mais ela não deixou.
- Nos vemos depois. – Foi à última coisa que ele disse antes que a porta em minha frente se fechasse.
**
Bati três vezes naquela enorme porta de madeira e esperei o gigante. Assoprei minhas mãos a fim de aquecê-las. Uma brisa gelada balançou os fios de meu cabelo. E finalmente a porta se abriu.
- Entre. – Ele sorriu abrindo espaço.
- Demétria disse que você queria falar comigo.
- Sim. Sim. – Ele fechou a porta e mexeu em sua barba. – Sente-se. – Sentei na cadeira e esperei ele abrir a gaveta tirando algo que eu não pude ver. – Reconhece? – Ele mostrou as varinhas, minha e do Scorpius.
- Como as encontrou? – Peguei da mão dele e as olhei.
- Como faz uma semana que vocês a perderam eu comecei a procurar e finalmente ontem eu as encontrei.
- Obrigada Hagrid. – Sorri.
- Então. – Ele pigarreou. – Como esta o Malfoy?
- Na verdade não sei. Desde aquele dia não tive mais coragem para ir vê-lo na enfermaria.
- Entendo. – Pegou o bule e o encheu de água. – Quer um pouco de chá?
- Não Obrigada. – Levantei da cadeira. – Preciso resolver algumas coisas antes do trem sair.
- Tudo bem. – Colocou a água para ferver.
- Te devo essa. – Ele sorriu. – Feliz Natal. – Desejei abrindo a porta.
- Feliz Natal. – Acenei e segui direto para o castelo.
Antes de passar na enfermaria fui para o dormitório pegar o casaco que Malfoy me emprestou naquela noite na floresta proibida. Entrei no dormitório e Fernanda estava deitada.
- Você esta bem? - Me aproximei sentando em sua cama.
- Estou. Quero apenas ficar sozinha. – Suspirei não querendo forçá-la a nada.
Peguei o casaco dele que estava próximo ao meu malão. Mas algo estava errado. Olhei para os lados e senti falta de mimoso.
- Você sabe onde esta o mimoso? – Negou. – Vou devolver o casaco do Malfoy e voltou para procurá-lo. – Sai do dormitório e fui para a enfermaria.
Hesitei várias vezes antes de entrar na enfermaria. Não sei por que mais sentia algo estranho. Suspirei e entrei. Ainda era cedo e a enfermaria estava iluminada pela luz que entrava pelas janelas. Olhei para a última cama do lado direito e lá estava ele. Dormindo.
Aproximei-me lentamente para não acordá-lo. Fiquei o olhando por um bom tempo. Sua respiração ritmada. Seus olhos fechados sem se preocupar com o que esta acontecendo fora de seus sonhos. Aquele momento era apenas dele e de seus desejos mais profundos.
Deixei seu casaco e sua varinha na cadeira ao lado da cama e continuei olhando para ele. É engraçado observar um sonserino dormir. Principalmente ele sendo um Malfoy. Olhei para sua perna direita que estava descoberta e o tornozelo estava enfaixado. Pelo menos ele não o quebrou.
Voltei meu olhar para o seu rosto e depois para sua mão direita que também estava enfaixada. Sem hesitar segurei em sua mão e comecei a acariciar seus dedos macios. No mesmo momento ele fechou a mão e eu assustei. Olhei para seu rosto mais ele ainda dormia. Tranqüilo.
- O que faz aqui? – Puxei minha mão que ainda segurava a dele e disfarcei passando ela em meus cabelos.
- Que susto Alexandra. – Ela sorriu.
- Veio visitar meu irmão? – Ela tirou seu cachecol e colocou no pé da cama dele.
- Sim, mais é que... – Olhei para a cadeira e peguei o casaco e a varinha dele. – Vim devolver para ele o casaco e a varinha que o Hagrid encontrou. – A entreguei.
- Obrigada. – Ela deixou junto com seu cachecol. – Vai passar o Natal aqui?
- Não. Na verdade eu preciso terminar de arrumar minhas coisas. – É incrível quando nos pegam de surpresa. – Feliz Natal. – Sorri me distanciando deles. Dei mais uma olhada para trás e ela sentava ao lado do irmão.
E eu podia jurar que ele sorriu quando toquei em sua mão.
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