Novos Sonserinos
Capítulo 7
Novos Sonserinos
- Não adianta. – Fernanda disse arrumando os livros em seu braço. – Não consigo entender esse feitiço. – Nós caminhávamos juntas em direção ao salão principal.
- Eu é que não consigo entender você. – Disse a olhando. – Um feitiço tão simples como esse e você não consegue entender.
- Não adianta insistir eu não consigo. – Ela dizia balançando a cabeça.
- Headolov não é um feitiço difícil. Era só você ter mirado na perna do Josh e executando movimentos circulares, o que há de difícil nisso?
- É sim e ponto final. – Ela disse brava.
- Eu sei por que você não esta conseguindo se concentrar e não é porque o feitiço é “difícil”. – Eu sorri e ela soltou tudo de uma vez.
- Confesso, estou preocupada com o Luan. Ser capitão do time de Quadribol é muito complicado, se ninguém gostar de você ou você ter uma briga com alguém e ele quiser se vingar? E se isso acontecer com o Luan? – Ela dizia preocupada.
- Que motivo mais sem cabimento. – Ela suspirou.
- Tudo bem. – Ela sussurrou enquanto entravamos no salão principal. – Ele sendo capitão do time ficará menos tempo comigo e sim com aqueles amiguinhos voadores dele. – Ela deu ênfase nos “amiguinhos voadores”.
- Fernanda aqui. – Roxanne a chamou. – Almoce com a gente. – Ela sorriu e todas que estavam ali concordaram. – Comer sozinha não faz bem. – Ela sorriu sínica para mim e se não fosse por Fernanda ela estaria bem longe de nós.
- Não.... é, eu vou comer com a Melissa. – Elas fizeram caretas e antes que eu falasse alguma coisa Fernanda pegou meu braço e começou a me empurrar. Apenas me virei frustrada.
- Não sei como você agüenta. – Disse me sentando e Fernanda ao meu lado.
- São minhas primas. – Ela disse cansada.
- São umas cobrinhas isso sim. – Revirei os olhos. – A mesa da sonserina é ali na frente. – Apontei para a mesa da sonserina que estava em frente a nossa e Fernanda pediu para que eu parasse. – Já parei. – Coloquei uma garfada de purê em minha boca e nada mais foi dito. Nós apenas nos olhávamos.
Fernanda estava chateada por Luan ser o novo capitão do time. Eu estou feliz por ele, sempre bom e justo, mas o que Fernanda não entende é que nem sempre eles poderão ficar juntos.
- Talvez esteja sendo um pouco egoísta. – Ela disse olhando fixamente alguma coisa a sua frente que eu não conseguir ver.
- Um pouco? – É claro que ela estava falando de Luan.
- Mais é que... – Ela empurrou o prato que estava vazio a sua frente. – E se ele preferir ficar com os outros amigos a mim? – Bufei nervosa.
- Quer parar de pensar nisso? – Comecei alterando minha voz. – Mais é claro que isso não vai acontecer. Você é a primeira e única garota que Luan se apaixonou e isso não vai mudar. Ele parece um bobo quando esta com você e quando você não esta por perto ele quer estar perto de você. E se você continuar com essa história vai conhecer o verdadeiro lado maldoso de Melissa Potter. – Terminei enchendo meus pulmões de ar. Ela começou a rir e eu a acompanhei.
- Eu estou um pouco dramática. – A olhei como se perguntasse “um pouco?”. – Tudo bem, muito dramática. Mas é culpa da minha mãe, por estar grávida esta deixando todo mundo louco. – Eu gargalhei. – Meu pai não agüenta mais, falando nisso preciso mandar uma coruja. Quero saber como meus irmãos estão. – Ela sorriu.
- Quantos meses a Luna esta?
- Seis meses. – Ela sorriu. – Não vejo à hora deles nascerem.
- Quando eles nascerem você não verá a hora deles pararem de encher seu saco isso sim. – Vi Luan entrar no salão principal e fez um gesto para que eu não falasse nada.
- Você esta sendo má e... – Ela parou de falar assim que Luan colocou suas mãos nos olhos da namorada.
- Adivinha quem é? – Ele disse tirando as mãos de seus olhos e a beijando.
- Daqui a pouco Minerva vai mandar os dois para detenção por se agarrarem. – Luan lançou um olhar mortal para mim. – Esta com fome? – Perguntei irônica.
- Sim cara irmãzinha. – Ele se sentou ao lado de Fernanda e David a minha frente. – Vocês já comeram?
- Pensei que não viesse almoçar agora. – Fernanda disse e ele a beijou novamente.
Os dois começaram a comer e tudo ficou em silêncio. Peguei meu livro de Runas e comecei a ler. Mais algo me chamou a atenção e no mesmo momento olhei para a porta do salão principal.
- Quem são eles? – Perguntei olhando para dois sonserinos que entravam no salão.
A garota sorria abertamente. Ela estava feliz, isso qualquer um percebia de longe. Seu cabelo na altura dos ombros era de um loiro intenso. Seus olhos eram azuis – acinzentados. Ela estava com o braço entrelaçado no braço do garoto. E os dois caminhavam juntos a mesa da sonserina.
O que me chamou a atenção no garoto é que diferente da menina, ele não sorria. Pouca era a expressão de seu rosto. Seus olhos e seus cabelos eram da mesma cor dos da menina. Irmãos. Quase certeza de que são irmãos.
- Aqueles são os irmãos Malfoy. – Ao ouvir a palavras Malfoy eu soltei um “blé”.
- Não os vi na seleção das casas. – Observei os dois sentarem distante dos demais que estavam ali.
- É eles não participaram. – Disse uma menina ao meu lado.
- Por quê? – Aquela conversa estava ficando interessante.
- O papai Malfoy deles não quis. – Ela revirou os olhos. – Na verdade eles foram selecionados para a sonserina semanas antes de Dumbledore morrer.
- Como você sabe disso? – Perguntei curiosa.
- Meu pai me contou. Enquanto todos estavam surpresos com a morte de Dumbledore eu já sabia. Soube no mesmo dia da morte dele.
- Fiquei sabendo que os Malfoy’s foram proibidos de colocarem os pés em Hogwarts. – David olhou para a menina. – Claro, depois de saber que o Malfoy pai era um comensal.
- Sim, mais Dumbledore nunca concordou com isso. O Ministério não queria que eles viessem para Hogwarts. – Ela explicava tudo com tanta certeza. Como ela sabe de tudo isso? – Desde que o mais velho completou onze anos Dumbledore vinha tentando convencer o Ministério a deixar as crianças estudar em Hogwarts e depois de anos tentando ele conseguiu. Semanas depois ele morreu.
- Você acha que a morte dele esta relacionada com o Malfoy? – Não ficaria com essa duvida, não mesmo.
- Mais é claro que não. – Ela respondeu com tanta certeza que deixei essa questão de lado. – Veja bem, embora nosso diretor fosse um grande bruxo ele já estava velho. – Ela sorriu e olhou para o relógio. – Desculpa mais eu preciso ir. – Ela pegou suas coisas e rumou para fora do salão.
**
Ultimamente ficar sozinha não é uma das minhas opções preferidas, mas hoje não tive outra opção. Fernanda e Luan foram para frente do lago negro passar um tempo juntos. David foi para a biblioteca, o que no momento não me parece nem um pouco convidativa.
Bufei. Olhei para os corredores onde havia algumas pessoas. Mas é claro! Visitar o Hagrid seria ótimo para passar o tempo. Como não havia pensado antes?
Rumei para fora do castelo em direção a cabana do Hagrid. Nada como passar à tarde com o gigante de Hogwarts.
Estava perto da casa de Hagrid quando a vi chorando. Ela estava sentada em um tronco e de longe qualquer um poderia ouvir seus soluços. O que fazer? Perguntar se ela estava bem ou não? Mamãe sempre diz que ninguém chora por nada, e se a pessoa estiver chorando ela realmente esta com algum problema e que talvez se sentisse melhor compartilhando com alguém.
Coloquei minhas mãos nos bolsos de trás da calça e caminhei em sua direção.
- Oi. – Disse sem jeito e sentei ao seu lado. – Não pude deixar de perceber que esta chorando... – Essas são uma das horas que eu queria abrir um buraco no chão e colocar minha cabeça dentro. - Isso é meio idiota, é claro que você esta chorando... – Esbocei um sorriso sem graça e sentei ao seu lado. Ela tentava inutilmente secar as lágrimas. – Não sou muito boa nessas coisas, mas... Você esta bem?
- S-sim... – Ela respondeu entre soluços.
- Sei que não nos conhecemos, mas talvez você se sinta melhor conversando com alguém... – Eu dizia mexendo minhas mãos. Realmente não sabia o que fazer.
- Tudo bem. – Ela respirou fundo e finalmente me olhou. – Estou Melhor. – Seus olhos estavam completamente vermelhos. Com certeza ela havia chorado bastante.
- Esta gostando de Hogwarts? – Mudei de assunto, talvez assim ela se distraísse e se sentisse melhor.
- Muito. – E pela primeira vez desde que a conversa começou ela sorriu. – Finalmente começamos a estudar aqui. – Ela mexia nas mãos em um gesto nervoso.
- Tem certeza que esta tudo bem? – Ela olhou diretamente em meus olhos.
- Tenho. – Ela suspirou segurando as novas lágrimas que se formavam em seus olhos.
- Qual o seu nome? – Perguntei tentando não deixá-la mais triste.
- Alexandra Malfoy. – Ela esticou a mão e eu a segurei. – E o seu?
- Melissa Potter. – Sem ao menos terminar de dizer meu nome ela soltou minha mão rapidamente e me olhou assustada. Em fração de segundos ela se levantou e correu para dentro do castelo.
O que será que aconteceu com ela?
**
- Talvez ela tenha ficado com medo de você, qualquer um ficaria. – Luan disse rindo sendo seguido por David e Fernanda. Não liguei. Peguei o garfo e continuei mexendo em minha comida.
- Acho que você precisa fazer novas piadas, ela nem esta ficando mais irritada com você. – David disse apontando para mim.
- Mais é estranho isso. – Fernanda se ajeitou mais nos braços de Luan e continuou. – Talvez ela tenha se assustado por conhecer a filha de Harry Potter e Hermione Granger. – Ela soltou uma risada tímida.
- Talvez... Talvez. – Sussurrei e olhei para a mesa da sonserina onde Alexandra estava.
Ela estava sozinha olhando para um ponto fixo a qual não soube identificar. Seu prato estava vazio, ela ao menos tentara comer. Não sei exatamente o que, mais algo nela me chamou atenção. O medo, a tristeza em seus olhos ou talvez por ela fazer parte da família Malfoy? Não sei.
- Melissa. – Luan gritou e o olhei.
- Não grita. – Resmunguei terminando de comer.
- Você não me ouve. – Ele fez uma careta. – Como esta o Hagrid?
- Ah. Ele esta ótimo. – Tomei o ultimo gole do meu suco e levantei. – Vocês vão para os dormitórios agora? – Eles negaram. – Pois eu já vou. – Sem esperar que alguém falasse mais alguma coisa sai do salão principal e sozinha, caminhei pelos corredores de Hogwarts.
**
- Qual a nossa próxima aula? – Fernanda perguntou assim que saímos da aula de Herbologia.
- Astronomia com a sonserina. – Ela resmungou e eu apenas ri.
- Preciso mandar esta carta para minha mãe. – Ela mostrou a carta e sorriu. – Vou agora ao corujal.
- Vou com você. – Ela segurou meu braço e balançou a cabeça negativamente.
- Encontro com você na sala, é melhor. – Tentei protestar. – Se uma se atrasar a professora não dirá nada, mas se nós duas nos atrasarmos ela nos dará detenção.
- E sozinha talvez você seja mais rápida. – Ela concordou. – Te vejo na sala. – Ela acenou pegando um caminho totalmente diferente do meu.
Caminhei em passos lentos. Talvez Fernanda fosse rápida e me alcançasse antes da aula começar. Aos poucos os corredores começaram a se esvaziar. Os estudantes entravam em suas devidas salas.
- Vamos senhorita Granger, não temos o dia inteiro. – A professora Flifes lançou o seu olhar severo e eu apertei o passo.
- É Potter professora. – Passei por ela rapidamente.
Havia apenas um lugar vazio na última carteira. Era só o que faltava, ao lado de um sonserino. Sentei ao seu lado e há minha frente estava Amanda. Ela olhou para trás e eu pisquei.
Abri o livro na página indicada pela professora e comecei a ler sobre a matéria. Embora estivesse lendo não estava prestando a atenção necessária. De cinco em cinco minutos olhava para a porta na tentativa de ver Fernanda entrando por ela.
- Algum problema senhorita? – A Professora Flifes estava ao meu lado com o mesmo olhar severo de sempre. Neguei sentindo os olhares curiosos em mim. – Alguém pode me dizer a definição dos planetas? – Levantei a mão antes mesmo que ela pudesse terminar a pergunta.
- Desculpe senhorita Granger, mas o senhor Malfoy levantou a mão primeiro. – Olhei para meu lado e lá estava ele. O pequeno Malfoy com a mão levantada.
Abaixei minha mão lentamente sentindo meu sangue subir. Amanda virou para trás e a única coisa que pude fazer foi lançar um olhar de frustração. Ela deu de ombros e virou olhando para a professora.
- Prossiga senhor Malfoy. – Ela disse caminhando pela sala.
- Corpo celeste que gira em uma órbita em torno de uma estrela, tem massa suficiente para que sua própria gravidade supere as forças de corpo rígido de modo que assuma uma forma com equilíbrio hidrostático e tenha limpado a vizinhança de sua órbita. – Ele terminou pegando uma pena e escrevendo algo no pergaminho.
- Para sexta feira vocês deveram fazer um resumo de 50 páginas sobre os corpos celestes. – Ela caminhou até um Grifinório e o olhou fixamente. – Em duplas. – Ela virou rapidamente apontando a varinha para uma sonserina que ficou com os lábios colados. – Sem conversas. – A menina suspirou quando sentiu seus lábios se descolarem. – Seus companheiros de trabalho serão aqueles que estão sentados ao seu lado. – Ela caminhava com as mãos para trás.
Levantei minha mão. Fernanda não havia chegado, ela será minha dupla e não um sonserino.
- Diga senhorita Granger. – Suspirei nervosa.
- Estava pensando se a senhorita Fernanda poderia ser meu par. – Ela riu irônica.
- Responda-me senhorita Granger. A senhorita Weasley esta aqui?
- Não. – Respondi olhando para a porta.
- E porque eu permitiria que fosse sua parceira? - A olhei frustrada sem saber o que responder. – Ótimo. – Ela disse por fim. – Malfoy será o seu par.
**
Assim que a aula terminou comecei uma busca incansável atrás de Fernanda. Além de agüentar a professora Flifes sozinha terei que fazer o trabalho com um sonserino.
Procurei em todos os lugares possíveis, até mesmo na ala hospitalar. E foi quando sai para o jardim de Hogwarts que a vi. Ela sorria enquanto o vento batia em seus cabelos os bagunçando e Hagrid ao seu lado mexia em sua enorme barba.
Caminhei em passos rápidos, estava praticamente correndo.
- Onde você estava? – Perguntei nervosa. Ela parou de rir ao mesmo tempo em que ouviu minha voz e Hagrid me olhava sem entender.
- Desculpa, esqueci totalmente da aula. – Ela sorriu sem jeito.
- Onde você estava? – Repeti.
- Fui ao corujal e no caminho encontrei Hagrid. – Ela apontou para o gigante que estava próximo de nós. – Começamos a conversar, quando percebi já havia perdido metade da aula e resolvi ficar com ele aqui.
- E o que aconteceu com “Encontro com você na sala”? – Perguntei com uma voz fina tentando imitá-la.
- Eu mereço um descanso daquela professora, não acha? Esta sempre pegando no meu pé desde o ano passado.
- Sim eu sei disso muito bem. – Revirei os olhos. – Só que fiquei que nem uma idiota te esperando ao lado de um sonserino.
- Desculpa ta? – Ela quase gritou.
- E agora farei o trabalho de astronomia com ele. – Tentei falar mais alto que ela. – Porque minha melhor amiga não estava lá.
- Pare de ser dramática Melissa. – Ela gritou.
- Dramática? Eu estou sendo dramática? – Apontei para mim mesma.
- Não vejo mais ninguém aqui. – Ela disse brava.
- Parem vocês duas. – Hagrid colocou a mão no ombro de cada uma. – Vocês são amigas, vejam por que estão brigando. – Nós duas nos olhamos. – Por nada. – Ele terminou.
E no instante seguinte nós duas nos abraçamos e caímos na gargalhada.
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