Conversas nada Agradáveis



Capitulo 6
Conversas nada Agradáveis


 


Entrei no salão principal correndo, antes que Minerva me visse sentei ao lado de Luan e Fernanda. Eles me olharam mais antes que eu pudesse falar alguma coisa uma menina do quinto ano começou a falar para todos que estavam ali perto. 


- Meu pai disse que teremos uma surpresa. – Ela sussurrou. – Mais que não será boa. – Ela olhou para todos e continuou. – Ele disse que todo o ministério esta investigando, mas que até agora não encontrou nada sobre esse assunto. 


- Do que você esta falando? – Perguntei ignorante. – O seu pai só falou isso para você? 


- Não. – Ela respondeu me olhando feio. – Ouvi quando ele estava falando com minha mãe, e pediu para ela não contar para mim e meus irmãos. – Revirei os olhos assim que ela terminou de falar. 


Minerva fez o mesmo discurso de sempre antes de começar a seleção das casas. Eu não prestei muita a atenção, apenas lembrei o momento que tive com Robert. Não estava tão abalada quanto eu deveria. Acho que foi melhor assim, cada um para o seu lado. Suspirei e ouvi o nome de Amanda ser pronunciado pela voz rouca de Minerva. Não me surpreendi quando a mesa da Sonserina explodiu em aplausos. 


Todos os alunos novos estavam sentados em suas devidas casas e agora Minerva se preparava para falar alguma coisa, mas a pergunta que estava no ar era: Aonde esta o Dumbledore? Ele sempre fica em sua cadeira observando tudo atenciosamente, com sua barba branca. Às vezes um sorrisinho fraco surgia em seus lábios. Mais com certeza eu não era a única que estava sentindo sua falta. 


- Boa noite alunos. – Minerva começou e todos ficaram em silêncio. – O Ministério pediu para que vocês não soubessem de absolutamente nada, mais seria impossível. Muitas coisas aconteceram nessas férias e não foram boas. Uma hora vocês descobririam e talvez não fosse da melhor maneira, foi então, que nós professores decidimos que seria melhor ser dito por nós e por mais ninguém. 


“Desde o inicio das férias Hogwarts esta recebendo ameaças, até agora nós não sabemos de quem e o porquê, mas a situação esta bem mais séria do que se pode imaginar. Não poderíamos cancelar as aulas, vocês não têm culpa e não poderiam perder o ano por coisas que poderiam ser mentiras. Se nós professores percebemos que os alunos não estão seguros aqui, nós iremos mandá-los para casa até que Hogwarts volte a ser segura novamente. Peço que após o jantar todos os alunos sigam para suas casas, e não saiam de lá até que amanheça. Terão aurores cercando todo o castelo impedindo qualquer mal que possa atingir Hogwarts, então não será necessário entrarem em pânico”. 


Todos os alunos escutavam Minerva com bastante atenção. Ela olhou para os professores que estavam sentados e voltou a falar. 


- E por último e não menos importante, lamento dizer que o antigo diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore faleceu. – A reação dos alunos não poderia ter sido outra. Estávamos todos chocados. O silêncio tomou conta do salão principal. Ninguém se atrevia a falar ao menos uma palavra. 


- Mas como? – Sussurrei olhando para Luan. Em fração de segundos as quatro mesas que ocupavam o salão principal foram preenchidas com deliciosas comidas, mas ninguém conseguia comer, não depois dessa noticia. 


- Eu não consigo nem pensar em comida. – Luan apoiou os cotovelos na mesa e suspirou. 


- Pois eu sim. – Fernanda disse pegando uma coxa de frango. Todos que estavam próximos a olharam. – Desculpa, mas sou filha de Rony Weasley e só tomei café da manhã. – Ela terminou tomando um gole de suco. 


Aos poucos os alunos começavam a comer. O que seria de Hogwarts após a morte de Dumbledore? Será que estaremos seguros aqui? Porque estão ameaçando Hogwarts? São essas e outras perguntas que tomavam conta dos alunos durante todo o jantar.


 


**


 


Após o jantar, como Minerva havia mandado, todos os alunos foram direto para suas casas. Havia passado um bom tempo e eu ainda estava em minha cama parecendo uma coruja. Meus olhos estavam abertos e encaravam a cama ao meu lado que deveria estar ocupada por Fernanda, mas ela estava vazia. Com certeza ainda esta com Luan. Dentei a cabeça no meu travesseiro e a noite em que os dementadores atacaram veio em minha cabeça novamente.    


- Preciso falar com Luan. – Sussurrei para mim mesma, afinal todas as meninas já estavam dormindo. Levantei da cama e andei lentamente até a porta. Abri sem fazer barulho e a fechei em seguida. 


Antes de começar a descer a escada me assustei quando ouvi passos. Coloquei a mão no peito e suspirei. Era David que subia a escada. Sorri descendo a escada e passando por ele que não tirou os olhos de mim. 


- Pensei que já estivesse dormindo. – Parei de descer a escada e o olhei. 


- Mais não estou. – Sorri sem entender. – Luan ainda esta acordado? – Ele assentiu e eu voltei a descer a escada. Ele desejou boa noite mais não dei muita importância. 


E lá estavam eles. Sentados em frente à lareira abraçadinhos. Ele sussurrou alguma coisa em seu ouvido e ela sorriu como uma boba. Logo eles estavam se beijando, novamente. 


Caminhei até eles e sentei na poltrona perto do sofá. Observei o quanto românticos eles são. Sorri quando ele começou a fazer cócegas em Fernanda, foi quando ele percebeu que estava ali. 


- Ainda acordada? – Ele perguntou ajudando Fernanda a sentar novamente no sofá. 


- Preciso falar com você. – Disse colocando minhas pernas na poltrona. 


- Vejo que estou sobrando por aqui. – Fernanda levantou mais Luan a segurou pelo braço. 


- Sabe que pode ficar. – Ela segurou a mão de Luan. – Não escondo nada de você. 


- Eu sei. – Ela sorriu. – Mais acho melhor vocês conversarem sozinhos. – Ela beijou Luan e piscou quando passou por mim. 


Esperei que ela entrasse no dormitório e comecei a falar. 


- Sabe a noite em que os dementadores atacaram? – Luan que estava sentado, deitou no sofá e respondeu um “sim”. – Lembra que a Lily falou de um homem de preto e... 


- Aonde você quer chegar? – Ele perguntou olhando para o teto. 


- Porque não me disse que tinha um homem de preto no quarto dela? – Ele sentou bruscamente no sofá e me olhou surpreso. 


- Como você soube? – Ele levantou e sentou no braço do sofá. 


- Uma dica. – Eu o olhei sorrindo. – Quando não quiser que ninguém saiba de alguma coisa e você esta em um quarto com outras pessoas que estão dormindo, certifique-se se todos realmente estão dormindo. – Pisquei para ele que me olhou furioso. 


- O que você quer saber? Eu não sei de nada. Talvez a janela tenha aberto sozinha e o vento deve ter derrubado as coisas de Lily no chão, ela deve ter se assustado e descido dizendo que tinha alguém lá. 


- Você sabe que não. – Disse e ele soltou uma risada irônica. 


- Eu não quero saber de mais nada sobre esse assunto e nossos pais vão cuidar disso. – Ele terminou levantando e caminhando até a lareira. 


- Acha que estão escondendo alguma coisa de nós? – Ele me olhou com duvida no que eu queria dizer. – Digo sobre Minerva e os outros professores. 


- Você acha que o ataque dos dementadores, a morte de Dumbledore e um suposto homem ter entrado em casa de alguma forma estão relacionados? – Assenti e ele começou a rir. 


- Eu não estou brincando Luan. – Falei o mais seria que pude. 


- Você só pode estar ficando louca. – Ele levantou uma sobrancelha. 


- Não, não estou. – Levantei da poltrona em um pulo. – Estou vendo que não adiantou em nada vir falar com você. 


- Você acha? – Ele zombou de mim e por um momento eu queria estuporá-lo ali mesmo. 


- Quer saber? Vou sair daqui antes que você me irrite mais. – Caminhei até a escada e subi correndo não me importando nem um pouco se fazia ou não barulho. Entrei no quarto e só não bati a porta porque as meninas dormiam tranqüilas e seria injusto acordá-las. Deitei na cama e fechei os olhos querendo dormir, ou pelo menos tentar.


 


**


 


Na manhã seguinte levantei antes mesmo de o sol nascer. Coloquei minhas vestes e fiquei no salão comunal até que os primeiros raios de sol invadissem o cômodo. 


Cansada de ficar esperando Fernanda, Luan e até mesmo David acordar, levantei do sofá e passei pelo retrato da mulher gorda, a fim de apreciar a manhã antes que os corredores fossem invadidos pelos alunos. 


Ouvi vozes quando passei pela biblioteca o que me deixou um pouco curiosa. Nunca subestime a curiosidade de um Potter. Olhei para dentro da biblioteca e ouvi novamente aquela voz. Sorri quando a vi olhando para um dos livros que acabara de pegar. 


Entrei na biblioteca e em passos silenciosos caminhei até uma montanha de livros. Ok, Melissa Potter você já esta aqui. Embora eu não estivesse com muita coragem para fazer aquilo algo dentro de mim dizia que era o certo. 


Peguei o primeiro livro que vi na frente e comecei a caminhar fingindo estar procurando outro livro. Ela se levantou da mesa no mesmo minuto em que a olhei. Continuei “procurando” o livro até a voz dela invadiu novamente meus ouvidos. 


- Melissa? – A olhei fingindo estar surpresa. – O que você esta fazendo aqui? – Ela riu da própria pergunta. – Ou melhor, o que você esta fazendo aqui a essa hora da manhã? 


- Acordei cedo e vim para a biblioteca. – Ela sorriu olhando para o livro que estava em minhas mãos. 


- Não sabia que você se interessava em Quadribol. – Ela lançou um olhar estranho para mim. Justo o livro de Quadribol?  


- Bem, er... – Comecei a gaguejar e resolvi falar a verdade, em partes. - Na verdade eu gosto de Quadribol, o problema é o meu medo de altura. – Ela gargalhou. 


- Realmente Quadribol não é para quem tem medo de altura. – Por um momento eu quis pegar minha varinha e azará-la ali mesmo, mas ao invés disso, apenas sorri. 


- É. – Concordei sem jeito e ela se virou começando a caminhar. – Katy espere. – Gritei. Ela se virou e começou a me encarar. – Preciso falar uma coisa com você. 


- Pode falar. – Ela apertou os livros contra seu corpo esperando que eu começasse. 


- Acho melhor você se sentar. – Peguei em seu braço e a levei a mesa próxima a nós. 


- Você esta me assustando. – Ela colocou o livro na mesa e me olhou assustada. 


- Acalme-se. Não é nada tão grave, eu acho. – Olhei o livro e aquele seria o momento e não haveria mais nem um. – É sobre o Robert. – Ela assentiu pedindo para que eu continuasse. – Há um tempo eu... Eu namorava o Robert. 


- Você esta com ciúme? – Ela levantou da cadeira me olhando feio. 


- Eu posso terminar? E não eu não estou com ciúme. – Tudo bem só um pouquinho. Ela sentou novamente na cadeira e eu continuei. – Então, nós namorávamos há um tempo e tudo corria perfeitamente bem até que ele terminou comigo sem mais nem menos, não vou dizer que não fiquei triste, porque eu fiquei sim. Só que a pior coisa foi saber que ele terminou comigo para ficar com outra garota. E depois de um tempo ele terminou com aquela garota para ficar com... 


- Com quem? – Ela quase gritou de curiosidade. 


- Você. – Nesse momento ela colocou as mãos na boca. De choque? Não sei. Em partes essa história é verdadeira. – Eu apenas queria dizer isso para te alertar, você é irmã do David e acho que você não merece sofrer e... 


- É mentira. – Ela falou se afastando de mim. – Tudo mentira. – Tudo que é bom, dura pouco pensei que ela fosse acreditar. – Você ainda gosta dele. – Ela apontou o dedo para mim. 


- Não eu não gosto. – Levantei da cadeira. 


- Gosta sim. – Ela olhou chocada para mim. – Ainda sente algo por ele e quer separar a gente. 


- Não eu apenas quero abrir seus olhos. – Tentei ser o mais convincente possível. 


- Eu sei que sente, vejo em seus olhos. – Ela pegou o livro que tinha deixado na mesa. – Quem deve abrir os olhos é você e não eu. E se você quer guerra, guerra você terá. – Ela começou a caminhar até a saída. Será que ela não percebeu que Voldmort já esta morto? Guerra? Quem aqui quer guerra? 


- Katy. – Gritei enquanto corria em sua direção. – Eu não gosto do Robert por que... – Ela parou e esperou eu continuar. – Por que... – É a pior coisa que eu vou fazer na minha vida. Merlin me ajude. – Por que eu estou apaixonada pelo... 


- Por quem fale logo Melissa. 


- Pelo David. – Fechei meus olhos assim que escutei o livro que estava em seus braços cair no chão. Merlin o que eu fiz? 


- Eu não acredito. – Ela colocou a mão na boca e me abraçou em seguida. – Porque você não me contou antes? Porque David não me contou antes? 


- Na verdade o David não sabe. – Ela abaixou para pegar o livro e levantou para me encarar. 


- Porque não? 


- Eu sou... er, tímida. – Cobri meu rosto com minhas mãos. O que eu estava fazendo? Não acredito que pude inventar essa história. E se David soubesse e pensasse que eu estava realmente apaixonada por ele? – Por favor, não conte para ele. – Eu supliquei. 


- Não eu não vou contar. – Ela segurou minhas mãos. – Eu não posso contar, a única pessoa que pode contar para ele é você. – Ela nem imagina que isso nunca ira acontecer. – Ele ficara tão feliz quando você contar. – Ela sorriu. – Bem, mais preciso ir. E desculpe por pensar mal de você. 


- Tudo bem. – Eu sorri. – Só quero que você tome cuidado com o Robert. 


- Tomarei. – Ela ajeitou as vestes. – Espero que sua timidez vá embora e você conte o quanto antes dos seus sentimentos para David, ele ficara muito feliz. – E com um ultimo aceno ela saiu da biblioteca. 


Eu não poderia estar me sentindo pior. Dizer que estava apaixonada por David foi uma das coisas mais horríveis que já fiz. E tudo isso porque estou com raiva de Robert. Por um momento eu tive a certeza de que estava na casa errada. Eu deveria estar na Sonserina, e não na Grifinória.


 


**


 


- Melissa, não acredito que você fez isso. – Disse Fernanda pela milésima vez enquanto caminhávamos para a aula de Transfiguração. – Não acredito que você foi capaz de dizer que estava apaixonada pelo... – Ela olhou para todos os lados e sussurrou. – David


- É eu sei. – Revirei os olhos enquanto entravamos na sala. – Não faça com que eu me sinta pior do que já estou. 


- Você sabe que não devia ter feito isso. – Nós nos sentamos e continuamos a conversa enquanto Minerva não chegava. – E se ele souber? E se Katy falar assim, sem querer? 


- É um risco que eu devo correr. – Suspirei. – Enquanto isso... Farei o possível para que Katy pense que estou apaixonada pelo David e evitar que ele saiba disso e pense que é verdade. 


- Afinal, porque você falou isso para a irmã dele? – Ela me olhou desconfiada. 


- Digamos que agora ele vai saber o que é ser feliz. – Pisquei para ela que me lançou um olhar de interrogação. – Ela apenas vai abrir mais o olho quando ele estiver ao lado de uma menina, só isso. – Ela iria dizer mais alguma coisa mais nesse exato momento Minerva entrou na sala iniciando a aula.

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