Capítulo 13
N/A = Demorei, mas postei y_y ~medo~ nossa, juro que fiz de tudo nesse capítulo, devo ter lido ele mais de 500 vezes, mas chega de dúvidas -.-' Seja o que Deus quiser. Boa leitura! Não está betado para os mais cricris. Dêem um desconto u.u'
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Já havia se passado alguns dias e ficava cada vez mais difícil de continuar despercebido de sua mãe dentro da casa. Rony já não estava tendo mais idéias de como fazer a difícil tarefa de esperar pelo que o pai tanto procurava e driblar a mãe, temendo a cada dia ser surpreendido pelas costas com um berro de seu nome e um abraço constrangedor na frente de todos.
Pensando nisso, foi que decidiu ir ao encontro dela e não o contrário. Todas as receptivas calorosas poderiam ficar guardadas entre quatro paredes. Por isso encontrava-se de frente a porta da cozinha, logo depois do almoço, quando ela se ocupava em lavar a louça, o que normalmente fazia questão de fazer sozinha, alegando que todos tinham coisas melhores para fazer.
Rony sabia perfeitamente que era só o desejo de manter um momento de privacidade, onde chorava todas as perdas ocasionadas pela guerra.
Prostrou-se na frente da porta da cozinha, respirando fundo e ganhando coragem. Bateu três vezes e já foi entrando, fechando logo em seguida. Sua mãe encontrava-se no fundo, de costas, coordenando a lavagem de todos os pratos, panelas, copos e utensílios utilizados na última refeição.
- Estou ocupada, agora. Se... – ela começou, com a voz firme, sem se virar, mas Rony logo a interrompeu.
- Eu imagino, mãe.
Nunca soube o que ela iria falar logo em seguida, pois ela tinha dado um pulo, virando-se para trás, com os olhos arregalados. Estavam meio avermelhados e, quando ela passou a manga rapidamente pelos olhos, soube instantaneamente que andara chorando. Em poucos minutos, era envolvido em seus braços que o esmagavam.
- Rony! Ah, meu filho! – ela falava numa felicidade imensa.
Rony já esperava por isso. Pior, já esperava que ela também começasse a tocá-lo, como se mal acreditasse no que via, analisando se ainda estava inteiro. Por sorte o lugar estava vazio, como tinha preparado para que estivesse. Onde já se viu toda aquela atenção quando já tinha 23 quase 24 anos!?
- Como estava preocupada com você, com essa sua busca louca! – ela falava com um sorriso tão grande, demonstrando também o grande alívio de vê-lo.
- Senti saudades, mamãe. Desculpe não mandar cartas, mas sabe como está perigoso fazer isso esses dias. – ele falava, tentando conforta-la, apesar de não parar de ser apertado com força entre os braços da mãe que já era bem menor que ele. Mesmo sendo tão pequena, tinha uma força descomunal.
- É tão bom vê-lo. Como estão Harry e Hermione? – perguntava, esperançosa. Havia um brilho preocupado. Não adiantava, ela jamais conseguiria deixar de se preocupar. Enquanto a guerra estivesse lá, ela só ficaria sossegada quando todos estivessem debaixo de seus olhos.
- Creio que bem. Sabe que nos separamos para ser mais difícil de nos reconhecerem, não é mesmo? – ele perguntava, ligeiramente evasivo, enquanto a fazia sentar-se na enorme mesa que pegava o meio do aposento inteiro.
- Ah sim, sim... – ela falou, suspirando, ainda não contente pelas notícias vagas. Rony não queria preocupá-la dizendo que Harry estava desaparecido e Hermione decidira enlouquecer e tornar-se uma comensal para ficar infiltrada entre os inimigos.
Depois de alguns momentos de silêncio meio constrangedor, Rony retornou a falar.
- Mãe. – ele chamara, vendo-a encarar os dedos das mãos, meio distraída. Os olhos dela logo o focalizaram, intrigados pelo chamado – Lembra daquela garota que papai e os amigos dele trouxeram para casa a alguns anos? – perguntou com um tom displicente, como se tentasse arranjar um assunto aleatório para falar que não fosse as mortes, ataques e qualquer coisa relacionada a guerra.
Os olhos dela brilharam no mesmo instante a menção desse fato e um sorriso abriu-se automaticamente. Parecendo não se conter, ela falou animada.
- Giovanna?
Com a mesma rapidez com que sua alegria havia vindo, desapareceu quando olhou preocupada para a porta, tampando a boca como se tivesse falado a pior das blasfêmias. Rony logo entendeu que ela ainda se lembrava do que os amigos do pai tinham dito. Sigilo completo sobre a garota.
- Está tudo bem. - ele falou, apontando a varinha e fazendo um feitiço para abafar o som e trancá-la, deixando-os à sós. Precisava deixá-la a vontade e arrancar o máximo possível de informação sem fazê-la perceber o que estava fazendo. - Pode falar comigo, afinal, eu sei sobre ela. - ele a tranquilizou, apesar dele não estar. Sabia que nas próximas prováveis horas sua mãe falaria um monte de inutilidades e precisava reciclar o que realmente importava de tudo que ela falasse; e exagerasse; sobre a garota.
Viu-a suspirar, aliviada, renovando o sorriso.
- Está se referindo a Giovanna, não é, querido? - ela perguntou, num misto de felicidade e saudade. - Pobre garota, nem sabemos o que ocorreu com ela depois que seu pai teve de levá-la... a visita de Hermione à nossa casa acabou tornando sua estadia abreviada.
- É, eu me lembro que íamos com Harry e Hermione ver a Copa Mundial de Quadribol. Jogo incrível! - ele falou animado, ao se lembrar sobre a partida entre a Irlanda e Búlgaria. Vitor Krum era demais!
- Muito interessante... - Molly revirou os olhos com a empolgação do filho com algo que ela provavelmente não se importava tanto.
Rony voltou a realidade com o comentário insosso de sua mãe que não tinha presenciado a partida. Claro que ela iria falar de um modo tão desinteressado se não estava lá no dia, torcendo. Vendo ao vivo as manobras magníficas do melhor apanhador do mundo!
- Ah, bem, mas foi realmente uma pena ela ter de sair mais cedo de casa. – ele retornou ao assunto anterior, com um óbvio falso interesse – Ela parecia uma boa garota.
- Só uma boa garota? - pronto, voltara ao assunto preferido de sua mãe – Ela era um anjo! Bem prendada, obediente e quietinha. Não dava trabalho em nenhum momento. - ela suspirou encantada – A filha que pedi a Deus.
“Pra mim, ela era um perfeito elfo doméstico.”, pensou, mas não transmitiu o pensamento, enquanto concordava com a mãe.
- Deve saber mais sobre ela do que eu... afinal, ficou quase seis meses junto com ela! - ele comentou, sorrindo, tentando passar animação onde não tinha. - Porque não conta alguma coisa dela? Sabe, comportamento, alguma mania... algum caso estranho...
Sua mãe não parecia estar percebendo as indiretas de Rony tinham mais do que a simples curiosidade. No momento que atirou aquilo, já apoiava-se na mesa com um dos braços para ficar mais confortável para ouvir todo o desfiar do que passara junto dela.
- Não foram muitas coisas diferentes que aconteceram nesses seis meses, querido. - ela falou, dando de ombros – Ela sempre acordava por volta das 5 horas da manhã, até onde percebi, arrumava o quarto que tinha lhe arranjado de última hora e depois ia esperar eu acordar do lado de minha cama. Era muito fofo acordar com ela de pé a me esperar.
“Pra mim, isso é uma mania extremamente bizarra! Quem em sã consciência esperaria vários e vários minutos alguém decidir acordar, de pé?”, ele continuava a pensar, mas sem demonstrar nada, além de um interesse pelos relatos da mãe.
- Devo dizer que no começo, como não sabia que ela reagiria tão naturalmente a magia, tentei evitar fazer na frente dela, mas... - ela começava, mas Rony logo a interrompeu, franzindo a testa.
- Reagiria tão naturalmente a magia? Como assim? - Até onde se lembrava, a garota era comprovadamente trouxa, foi o que disse os amigos do pai... como sua mãe estava lhe dizendo que ela reagia normalmente a magia? - Ela não ficou em pânico por muito tempo, é isso? - perguntou, para ter certeza.
- Não, querido. Vou explicar. Durante as primeiras semanas a pobrezinha fazia toda a faxina da casa sozinha, porque eu não sei realmente fazer nada sem a magia e me senti inútil. Tudo o que tentava fazer, saía de mal jeito e ela tinha de fazer de qualquer maneira.
Rony tentou imaginar a mãe tentando fazer algo sem magia. Seu cérebro não conseguia fazer tal conciliação... a menina realmente devia ter trabalhado um bocado para manter a casa tão organizada.
- Um dia eu inventei um jeito de ajudá-la, mas sem que ela visse eu utilizando magia. Mandava-a faxinar em um canto distante da casa e eu ia para outro. Isso funcionou pelos primeiros dias, mas ela aprendia muito rápido. O serviço que eu tinha calculado um certo tempo foi encurtado e ela... bem... me flagrou a usar magia. - ela enrubesceu nesse momento pela própria falha.
- Ela se surpreendeu? Ficou assustada? Correu de você? - inquiriu Rony mais interessado, afinal, não era todo dia que podia ver a reação de um trouxa na frente de magia.
- Digamos que quem ficou mais assustada fui eu. - ela começava a parecer igual Rony de tanta vermelhidão.
- O que? - Rony piscou várias vezes, como se tentasse entender o que ela queria dizer com a frase.
- Eu paralisei... as roupas de cama do seu quarto ainda estavam levitando para serem colocadas na cama... ela abaixou a cabeça e... e se desculpou... dizendo que devia ter batido na porta antes de entrar. - nesse momento, ela adquiriu um olhar carinhoso e maternal – Ela era tão boazinha... sempre se desculpava, mesmo pelos erros que não cometia.
- Ela... ela se desculpou...? - ele estava boquiaberto, com uma leve sensação de decepção. Podia imaginar qualquer coisa... pânico, desespero, um mês sem querer vê-la, trancar-se no quarto... podia imaginar que ela poderia até INFARTAR! Mas... mas... se desculpar? Não podia ser verdade.
- É, Rony... desculpou. - sua mãe percebia que ele não conseguia assimilar aquilo. Ela mesma demorou dias para conseguir se recompor do choque da descoberta – Depois desse dia, que descobri que ela não tinha aversão ou medo de magia, pude finalmente ajudá-la no serviço de casa. Tudo saía extremamente rápido e eu podia ficar me distraindo a contar coisas ou ler livros para ela.
- Ler livros para ela? - ele perguntou, erguendo a sobrancelha.
- Era uma das coisas favoritas que ela gostava que eu fizesse. - Molly sorriu, lembrando-se com carinho – Era um dos poucos momentos que ela demonstrava felicidade... acho que ela quase me admirava quando eu fazia isso.
- Nunca deixou ela ler? - ele perguntou, não sabendo porque sua mãe guardava detalhes tão inúteis como aquele.
- Na verdade, um dia quando eu cansei, entreguei o livro para ela e falei para continuar a ler, porque precisava descansar. Foi quando descobri que ela não sabia... e tive de ensiná-la. Foi uma das coisas mais difíceis de fazer. - ela suspirou, colocando a mão sobre o rosto e fechando os olhos. Parecia que só de lembrar, parecia um sacrifício.
- Parece que teve que enfrentar um exército pra fazer algo tão simples. - comentou Rony, erguendo uma sobrancelha. A menina não parecia tão difícil de lidar... ao menos, não como sua mãe gostava de fazer ela parecer.
- Acho que seria mais fácil. - ela até riu – Ela se apavorava muito fácil para qualquer coisa que saísse da rotina de faxinar a casa, eu ler ou contar coisas a ela e dormir. Qualquer coisa diferente disso, ela nutria um pavor imenso.
- Até pra comer!? - Rony perguntou incrédulo. Se só tinha faxinar, ler, contar histórias e dormir... e as refeições!?
- Pra mim conseguir fazer ela não se apavorar ao sentar junto de mais alguém à mesa demorou quase um mês das férias da Gina. Com certeza as primeiras semanas foram muito trabalhosas com ela.
Rony estava boquiaberto. Só do que ele via naquelas... duas semanas? Uma? Já tinha achado ela estranha, imagina se tivesse visto nas primeiras! Bem que Gina havia lhe informado que ela estava bem mais normal que antes... como tinha duvidado dela?
- Então... então é verdade aquela história que ela não conseguia brincar com a Gina no jardim? Gina me disse que sempre que ela falava para irem brincar, ela se encolhia completamente e ficava observando-a, esperando alguma coisa. - ele contou sem se conter. Todas as histórias da Gina realmente faziam sentido?
- Gina não tinha paciência de ensinar para ela as brincadeiras. Sua irmã só tinha 12 para 13 anos na época, Rony, e não entendia que ela estava traumatizada com alguma coisa. - ela falou com ar reprovativo a Rony. Obviamente entendia que a culpa era de Gina e não de menina.
Para Rony, aquilo bastava para ser um simples “sim, a história é verdadeira”. Mas tinha que admitir que a mãe estava certa e Gina não era a suma paciência para explicar as coisas na época.
- A história das refeições... que ela ficava tremendo quando você colocava ela pra se sentar... te olhava sempre vidrada... tudo verdade. - Rony olhou para o tampo da mesa, lembrando-se dos relatos da irmã assim que tinha colocado os pés na escola e puderam ficar à sós. Jurava que Gina estava ficando doida, na época.
- Gina contou para mais alguém sobre isso? - ela encarou Rony com os olhos estreitos.
- Acho que não, porque ela falou que eu não podia contar pra mais ninguém que tinha uma menina estranha em casa além da nossa família. E o que eu iria contar pros outros? “Tem uma menina doida que tá passando férias da minha casa”? - ele perguntou revirando os olhos, antes de ver a gafe terrível.
- RONALD, MAIS RESPEITO! - Rony se encolheu com a fúria de Molly.
- Ta, tá, desculpa... mas que ela tinha algum problema muito grave tinha! Olha bem, ela não teve reação alguma à magia, mas não conseguia comer direito à mesa! É muito contraditório, não acha?
Sua mãe retornou ao ar pensativo à menção disso, o que Rony achou uma sorte, pois jurava que iria receber uns tapas dessa.
- Fiquei pensando sobre isso também... a conclusão mais plausível que cheguei foi que ela era um aborto. - finalmente disse, após alguns momentos.
- Um aborto? - Rony pensou também.
Fazia sentido... se ela morasse com seus pais bruxos, provavelmente magia era comum para ela... por ela ter ido à Hogwarts, informação que sua mãe não sabia, ela não seria exatamente um aborto, mas sua magia foi despertada tardiamente, assim como em Neville.
- Acha que ela era traumatizada porque os pais não a aceitavam como filha e a tratavam como um elfo doméstico? - concluiu Rony, depois de alguns momentos que ambos pareciam perdidos em devaneios.
- É horrível pensar isso, mas eu acredito que sim, é o mais próximo do explicável possível, porque os amigos do seu pai enfatizaram que ela não possuía magia depois de tantos testes... - mas ela continuou pensativa sobre isso.
- Alguma coisa a incomoda? - Rony perguntou.
- A única coisa que não encaixa nela ser um aborto e ser tratada como um elfo doméstico é que os aurores que a trouxeram fizeram muita questão de que eu não fizesse magia... tinham colocado-a até em um aposento diferente da casa para falar disso. Achei mesmo que ela fosse uma trouxa do jeito que falavam.
- Quem sabe acreditavam que fazendo magia poderia despertar alguma lembrança ruim? Se eles a trouxeram, era porque estava envolvida em algum caso, não acha?
- Ah, sim, sim... Disseram que estavam indo contra os protocolos ao trazerem-na para nossa casa, mas acreditavam que o traumatismo dela era muito grande para deixarem-na nas mãos do Ministério antes de terminarem uma investigação delicada. Descobri em pouco tempo que eles estavam certos.
- Falando em caso... - Rony queria desesperadamente cortar o assunto. Sua mãe parecia estar bem contida, mas não queria forçar a barra com uma série de relatos absurdamente comuns com a garota. - Sabe onde se enfiou o pai? Não o encontro.
- Seu pai? – provavelmente ela não esperava a cortada tão rápida de assunto.
- Isso, não o tenho visto ultimamente.
- Provavelmente no Ministério, procurando por informações. - ela revirou os olhos, provavelmente indignada com isso.
- NO MINISTÉRIO!?! - Rony exclamou assustado, logo depois voltando os olhos para a porta, enquanto comentava incrédulo, num tom que julgou baixo – Não achava que ele faria uma loucura dessas por causa de um caso...
- Como sabe que ele está atrás de um caso? - seu tom não tinha sido baixo o suficiente, foi o que constatou tardiamente Rony que se calou imediatamente, olhando-a com um ar de culpado. - Ronald Weasley, o que está escondendo da sua mãe? - ela perguntou de olhos estreitos, repousando um braço por cima da mesa que, para Rony, parecia uma ameaça velada.
- Nada, mãe. Se ele está no Ministério, não seria para procurar um caso? - ele produziu um sorriso amarelo, tentando fazer parecer algo óbvio. Para que mais ele entraria lá dentro?
- Não me venha com essas deduções “óbvias”. Como pode saber que está procurando um caso e não algum artefato ou espionando alguma coisa? - o cruzar de braços unido às expressões que ficavam cada vez mais irascíveis começou a fazê-lo suar frio.
- Talvez porque seja óbvio? - ele perguntou, se encolhendo, quando os olhos dela pareciam mais inflamados.
- Ronald... - ela falou baixo, parecendo agigantar-se.
- Tudo bem, tudo bem! Eu encontrei um jornal onde uma garota parecida com ela estava na capa. Ele está convencido que deve ser ela e eu disse que não. Sabe, o nome da garota era Giovanna... alguma coisa...
- Amundsen. - respondeu rispidamente a mãe.
- Isso... Giovanna Amundsen... e na reportagem tava dizendo bem claro que ela chamava Nicole Tiger. Não tem nada a ver. Mas ele não quis me escutar.
- Quem pode garantir que ela não tenha mudado de nome quando saiu daqui? - a mãe falou, erguendo uma sobrancelha.
- Porque ela era uma estudante de Hogwarts. E Giovanna não era um aborto? - ele falou, erguendo as mãos, como se fosse uma dedução óbvia do porque as duas garotas não poderiam ser as mesmas.
- Deixe-me ver esse jornal. - ela falou, se levantando.
- Papai o levou. - informou prontamente. Que sorte que isso havia ocorrido.
- Bem que eu suspeitei que ele estava me escondendo alguma coisa. Tem me evitado muito esses tempos. - falou rabugenta.
- Que pena, né... - ele falou, sorrindo amarelo, enquanto se levantava. - Bom, preciso ir. Quem sabe ainda consiga praticar um pouco, enquanto posso dispor de um momento de descanso da minha missão? - Rony logo foi dizendo, saindo de costas. Retirou os feitiços da porta e saiu correndo antes que a mãe desse para fazer mais perguntas.
Assim que correu pelos corredores, começou a pensar. E se realmente Nicole Tiger não fosse a menina hospedada em sua casa? Os testes para saber se alguém possui magia eram bem eficazes e se ela não havia passado com aquela idade...
Só havia duas opções. Ou eram pessoas parecidíssimas, mas diferentes, ou ela seria mais retardatária que Neville para despertar a magia.
- Bom dia, Lavransdatter. – ouviu, atrás de si, a voz sibilante do Lorde das Trevas.
- Bom dia, milorde. – respondeu ao cumprimento, observando-o sentar-se na cadeira logo atrás da escrivaninha. Lançou um olhar para a estátua de Lacbel, controlando o nervosismo por ter sido flagrada xeretando. Não tinha nem idéia do que ele faria com aquela informação.
- Wiltord a trouxe mais cedo do que o previsto. Espero não ter ficado muito tempo esperando. – comentou, os olhos ligeiramente estreitos.
- Nada que o quadro do Professor Dumbledore não tenha me entretido por tempo suficiente. – falou com displicência, como se não soubesse que provavelmente não era bem vindo alguém no escritório sem a presença de ninguém e muito menos conversar com o antigo diretor.
No entanto, ele não havia dito nada. Apenas voltou os olhos vermelhos na direção de Dumbledore por alguns momentos, recebendo o característico sorriso alegre e enigmático de sempre, antes de voltar a se pronunciar.
- Dumbledore é intrigantemente carismático... – comentou com uma ligeira reticência. Voltou a atenção inteiramente para ela, muito mais sério. – Hoje eu espero que tenha acordado bem disposta, pois a tarefa pode ser um pouco cansativa. Como continuo muito ocupado, quero que traga alguns arquivos que se encontram no Ministério da Magia.
- Claro. – falou compenetrada, mesmo que mentalmente estivesse indignada de precisar fazer algo tão banal. – Quais arquivos deseja? Onde os encontro? – era melhor tentar receber o relatório completo do que ele queria.
- São todos os arquivos que se encontram no Departamento de Aurores. Quero principalmente os antigos. Provavelmente os achará com facilidade, mas... para ter certeza que não se perca, cederei, pelo tempo que for preciso, Lacbel – nesse momento, ele olhou para o lado dela, onde ele já se encontrava parado e estático, com um olhar significativo – para ajudar você, srta Lavransdatter, no que for preciso. Afinal, ele também precisa pegar algo para mim lá... não terá qualquer problema em fazer suas tarefas junto da senhorita.
- Claro que não. – ela respondeu com displicência, apesar de estar sentindo algo muito estranho no ar. Era como se captasse algo de errado nos acontecimentos, mas seus conhecimentos não eram suficientes para entender onde se encontrava o problema, apenas sentir que ele estava ali.
- A lareira da minha sala dá acesso ao exterior de Hogwarts. Podem usá-la para que possam ir ao Ministério e voltar. – ele falou, indicando a lareira e o potinho de Pó de Flú que se encontrava logo acima.
Assentiu com a cabeça, levantando e olhando para onde deveria estar Lacbel. Era tão lerda que não percebia que ele sumia do seu lado? Lacbel já se encontrava ao lado da lareira, esperando que ela fosse a primeira. Por um momento, pensou se aquilo era cavalheirismo ou mania de servidão, mas em pouco tempo esqueceu desse enigma quando pegou o Pó de Flú e o jogou na lareira, para abrir a passagem. Entrou nas chamas esmeraldas e falou onde queria ir, desaparecendo logo em seguida.
Durante o percurso vertiginoso, onde mantinha sua boca bem fechada e os olhos, além dos cotovelos grudados ao corpo, não pode deixar de ficar indignada com o servicinho de menina de entregas que havia lhe sido dado.
Ele achava que ela era o que? Algum tipo de “menino de entregas”? Era ridículo agora ter que ficar correndo atrás de seus assuntos inacabados porque ele estava muito ocupado, sabe-se lá com o que, que não podia visitar o Ministério com um simples falar na rede de Flú, pegar o que queria e voltar. Coisa de minutos e ele estava sem tempo.
Hermione estava tão irritada quando acabou de sair da lareira no Átrio principal do Ministério, que só foi reparar no que ocorria a sua volta, quando uma luz arroxeada passou raspando e explodindo a lareira de onde tinha acabado de sair, dando apenas alguns passos a frente.
Entrou em uma lareira em Hogwarts para sair na linha de fogo de uma guerra. Hermione descobriu que a tarefa poderia ser muito, mas MUITO mais perigosa do que parecia a princípio.
Mesmo sabendo que até pegar a varinha já poderia ter dado adeus a sua vida, ainda assim tentou. Quando abaixou os olhos, ouviu um berro.
- RETIRADA! CORRAM! O MONSTRO APARECEU! – alguém gritava desesperadamente.
Pulou assustada, procurando. Deparou-se com a característica sombra que era Lacbel a encarar de onde vinha a voz que berrava na sua calma sobrenatural. Os feitiços cessaram quase que instantaneamente, enquanto a linha do que finalmente entendeu ser de aurores, batia em retirada e os comensais ficavam paralisados em choque sem saber o que fazer.
A chegada de Lacbel logo após a sua foi o suficiente para acabar com uma batalha.
Em poucos segundos, os aurores tinham sumido e alguns comensais ainda tentavam perseguir os retardatários. Hermione apenas observava a confusão, logo ao lado de Lacbel, dos que pretendiam capturar algum auror e daqueles que começavam a consertar os terríveis danos provocados pela invasão.
- Se-senhor Lacbel... – chamou a atenção um comensal com jeito temeroso que se aproximava naquele instante, se prostrando na frente de Lacbel. – Que-que surpresa... te-lo aqui...
Logo após isso, Lacbel decidiu dar um passo para trás, ficando atrás de Hermione como um servo submisso. O comensal havia se assustado, quando voltou automaticamente os olhos para ela. Após o susto, inquiria com o olhar quem seria Hermione. Decidiu que era melhor se apresentar.
- Sou Sigrid Lavransdatter. Lacbel está comigo para buscar alguns arquivos.
Viu o indício de espanto, quando os olhos arregalaram-se por alguns momentos, encarando Lacbel e depois ela, antes de voltar a falar.
- Srta Lavransdatter... a novata de que todos falam. Que honra poder conhece-la pessoalmente. – ele dera um sorriso amarelo, começando a suar frio.
- Posso saber o que é essa confusão que acabo de presenciar? – falou friamente. Afinal de contas, quase morrera nela, mal colocara os dois pés. Não sabia exatamente porque tinha sobrevivido ainda.
- Não... não é nada de muito grave, srta. Apenas os aurores tentam em vão invadir nosso espaço e toma-lo, mas nós sempre conseguimos afasta-los. Não é nada de preocupante. – ele suava cada vez mais e tentava dar um sorriso que era tão vacilante quanto suas palavras.
- Sei... – ela falou cética – Se não fosse pela falta de tempo de nosso mestre, vocês quase teriam matado-o ao invés de mim. – ela estreitara os olhos na direção dele.
- Isso seria quase impossível! – ele falava, parecendo bem convicto disso – O sr Lacbel é um servo espetacular, jamais deixaria que algo ruim acontecesse.
- Bom, não posso ficar batendo papo, tenho uma missão para cumprir. E você – nesse momento ergueu o dedo indicador contra ele, ameaçadora – outra de reconstruir esse lugar, junto dos seus companheiros. De preferências as lareiras, pois quero sair desse lugar ainda hoje, entendeu? – falou rispidamente, fazendo-o concordar freneticamente com a cabeça. – Vá. – dispensou-o suspirando.
Comensais eram muito inúteis, mesmo. Não sabia como Voldemort tinha paciência para suportar tanta gente que fazia tudo pelas coxas.
- Conhece alguma parte desse prédio, Lacbel? – perguntou Hermione, virando-se para ele. O capuz simplesmente virou de um lado pro outro, indicando que não - Então, vá pegar a planta do prédio. Deve ter algo desse gênero por aqui, enquanto tentarei encontrar alguma mesa intacta onde possamos estuda-lo.
Mal tinha terminado de dizer isso, Lacbel tinha desaparecido, como se tivesse aparatado, mas sem qualquer som característico. Assustou-se momentaneamente, encarando o lugar vazio que ele deixara logo ao seu lado. Ele parecia ainda mais esquisito visto de perto. Ela diria até mesmo que era excêntrico.
Suspirou, olhando em volta a procura de uma mesa, mas percebeu que só conseguiria arranjar alguma dentro do prédio, onde os aurores não conseguiram avançar. Olhando em volta a procura, percebeu que o comensal que conversara começava a falar furiosamente com os colegas e estes, espantados, começavam a espalhar a tal novidade para todos os outros que tinham sempre a mesma reação... olhavam para ela.
Intrigou-se com o fato, mas tinha coisas melhores a fazer. Quando começou a andar para ir dentro do prédio e buscar a mesa, Lacbel apareceu em sua frente do mesmo jeito que desapareceu. Num toque de mágica. Se Hermione não fosse tão controlada, teria dado um pulo para trás. Agora tinha entendido porque Lacbel parecia andar tão “sorrateiramente”. Mas como ele conseguia aparatar num lugar proibido?!
- Já encontrou? – perguntou, ligeiramente cética. Mas parecia que sim, pois ele carregava um papel enrolado grande o suficiente para ser uma planta do prédio. Impossível...
Pegou-a e abriu, sem ter uma mesa mesmo, só para ter certeza. Lá estava uma planta mágica do prédio, com todos os andares e seus respectivos departamentos. Ele tinha mesmo encontrado.
Abaixou o mapa, para comentar que não tinha conseguido a mesa, mas incrivelmente ela já estava logo a sua frente, fazendo abrir e fechar a boca no mesmo instante encarando que Lacbel parecia nem mesmo ter saído do lugar, mas era óbvio que a tinha trazido mais tarde.
Foi quando finalmente havia lhe dado o clique de compreensão e todos os fatos adquiridos pela sua trajetória se uniram coerentemente em seu cérebro. Repousando o mapa sobre o tampo da mesa, passava as informações, apoiando-se na mesa para não dar a entender que seu estomago se contorcia.
“Lacbel nunca fala, jamais segue ordens de ninguém, além do próprio Lorde das Trevas, e é um dos mais fiéis.”, a voz de Wiltord ecoava primeiro.
“Cederei, pelo tempo que for preciso, Lacbel”, começava agora a voz do Lorde, nítida, não fazia nem trinta minutos que tinha saído de seu escritório. Tinha notado um olhar carregado na direção de Lacbel, antes de continuar “para ajudar você, srta Lavransdatter, no que for preciso.”, na hora que havia dito, notara algo de errado em enfatizar tão bem aquilo.
A última lembrança, enquanto seus olhos se perdiam nas linhas de desenho da planta, era os olhares assustados dos comensais a encará-la e a notícia – até então – desconhecida, que agora já podia deduzir o que era...
“A novata que adquiriu o interesse do Lorde das Trevas consegue controlar Lacbel!”, ou algo parecido com isso, e seus olhares para ela deviam ser só para adquirir a certeza que Lacbel realmente tinha a aparência de estar servindo-a.
Levantou-se, como se estivesse alongando o corpo de estar muito tempo encurvada, e deu uma espiadinha para os lados. Vários deles, repentinamente, voltaram ao trabalho, como se não tivessem parado, mas estava claro que tinham passado pelo menos os segundos anteriores a observar sua “relação” com Lacbel, que também não parecia ajudar nem um pouco com aquele ar submisso na sua situação constrangedora. Na verdade, parecia só ajudar.
Decidiu que era melhor já ir buscar o que fora ordenado e sair o mais rápido possível dali. Mas sua reputação já estava feita. Sua entrada nos Comensais da Morte só não tinha dado mais alarde, porque não quisera. Além de ser a novata que adquiriu o interesse do Lorde das Trevas, a única, ainda por cima, não se sabe porque, ele decidira que ela devia dar a imagem que ela também podia controlar Lacbel, o demônio.
- Volte com essas coisas ao lugar, Lacbel. – falou, enquanto enrolava metodicamente a planta para entregá-la.
Sem qualquer resposta, reduziu a mesa e a planta e sumiu com ambos dali. Hermione franziu a testa, ainda não acostumada com esses sumiços. Como da outra vez, tinha dado poucos passos em direção ao prédio, quando aparecera novamente, fazendo-a enrijecer os músculos para não pular.
- Deduzo que tenha estudado o mapa para ir buscar o que o Lorde das Trevas pediu especificamente para você...? – perguntou, enquanto caminhava, observando-o.
Apenas assentiu. Isso era ótimo. Não queria que Lacbel ficasse ajudando-a em ficar reduzindo arquivos e dar uma tarefa, enfatizando que não era para se apressar em faze-la, poderia dar uma boa paz para ela. Apesar que ele seria muito mais útil reconstruindo o Átrio, porque se fosse depender daqueles comensais, ficariam presos ali por dias.
A segunda opção era tentadora para pedir. Já que eles faziam tanta questão de ficar espalhando que conseguia controlar Lacbel, dar um sustinho neles bem que ia ser divertido. Parou, fazendo Lacbel também parar e continuar a observa-la, sem qualquer tipo de emoção aparente. Hermione não estava acostumada a ter uma pessoa servindo-a exclusivamente.
- Antes disso, porque não dá uma mão para aqueles... hum... pros comensais que estão reconstruindo o Átrio?
Daquela vez, Lacbel ergueu a varinha e palavras em fogo começaram a ser escritas no ar. Por ele estar logo de frente, teve que ler quase que ao inverso... da direita para a esquerda. Mas era entendível.
“Isso não foi incluído em minhas obrigações. Minhas ordens foram claras: preciso ajudar você.”, ele fez questão de grifar a parte do “você”.
Observou a frase se desvanecendo no ar, enquanto seu cérebro processava todas as minúcias que aquela frase proporcionava de informações. A primeira e óbvia era que Lacbel era inteligente e tinha um alto discernimento, sabendo a fina diferença entre receber ordens e ajudar. Pelo ênfase, talvez Voldemort tivesse feito toda aquela cena e toda aquela redundância para ter certeza que Lacbel entenderia essa diferença...
Mas ainda assim, não seria um tipo de obrigação ter que ajudar os “colegas”? Talvez ali entre os comensais não fosse...
- Entendi. – ela falou, enquanto olhava pelo corredor – Bom, acho que teremos tempo sobrando para fazer o que nos foi dado, então, não se preocupe em terminar tão depressa sua tarefa exclusiva, assim como não terei na minha. Lembre-se, temos muito tempo.
Lacbel novamente assentiu, começando a caminhar pelo corredor, finalmente deixando-a só. Suspirou, aliviada, enquanto ia fazer sua tarefa estafante de redução de arquivos antigos dos aurores. Para que ele queria ficar trocando de lugar arquivos velhos? Qual era a diferença de ficar ali ou em Hogwarts?
Depois de descer alguns lances de escada, porque detestava aquele elevador barulhento, chegou ao corredor do departamento. Tudo lá embaixo estava em completo silêncio, afinal, todos estavam ocupados lá em cima. Abriu a porta do antigo Departamento de Aurores que parecia não ter sido modificado nem um pingo e, daquela vez, nem todo seu auto-controle conseguiu faze-la não pular.
- Sr. Weasley!?! – exclamou incrédula.
Comentários (2)
mais!!!
2012-07-22e agora....
2011-11-29