Capítulo 1
Dedico essa fic totalmente a Thá Potter pela oportunidade de realizar o sonho de uma L/J mais realista.
Diana
A Aposta
Existem duas coisas que você precisa saber sobre um Maroto.
Primeiro, você pode (e vai) se apaixonar por ele.
Segundo, ele vai ser sempre um Maroto.
Capítulo 1
A lua já ia alta e minguante no céu azul escuro manchado de nuvens acinzentadas de Hogwarts. Havia um rapaz olhando pela janela de um dormitório na Torre da Grifinória através de seus óculos redondos, mas ele não via o gramado desbotado, as árvores desfolhadas ou a cabana de Hagrid, o guarda-caça, à orla da Floresta Proibida. Por mais que a paisagem fosse bela, já fazia algum tempo que James Potter só tinha olhos para Lily Evans.
Ele não sabia exatamente como tudo começara. Ao contrário do que Sirius costumava dizer, James não acreditava que aquele sentimento havia surgido desde que se conheceram. A primeira impressão que tivera dela, logo no Expresso de Hogwarts quando ambos tinham apenas onze anos, fora de que era uma nascida-trouxa ambiciosa. O status de nascida-trouxa não lhe incomodava – mesmo sendo sangue-puro e se orgulhando disso –, o que o fizera desconfiar da pequena garota ruiva com quem dividira a cabine em sua primeira viagem à escola fora a amizade com Severus Snape e o desejo que ela tinha de ir para Sonserina junto com seu amigo.
O Sr. Potter fora da Grifinória e a Sra. Potter, da Lufa-Lufa; com algumas exceções, essas eram as casas que predominavam em sua família e aquelas sobre as quais mais ouvira falar. As rixas entre as casas de Hogwarts permanecem até os últimos dias da vida dos bruxos que freqüentam a escola, de modo que ele tinha ouvido sobre o caráter usual dos Sonserinos e aprendido desde pequeno a desgostá-los.
O fato era que aquela garota mal se inserira no mundo dos bruxos e já desejava estar entre aqueles que ele mais desprezava. Não havia por que gostar dela. James estava certo de que não gostara dela à época.
O mais estranho foi que, horas depois, quando o Chapéu Seletor fora posto sobre seus cabelos acaju, ela fora selecionada para a Grifinória. De início, o filho único dos Potter gostara daquilo. Era bem feito que ela tivesse sido separada de seu amiguinho e que não tivesse a oportunidade de crescer na casa de Slytherin.
No entanto, Lily não se afastou de Severus. Jovem e expansivo demais para compreender os sentimentos de uma menina tímida de pais trouxas, James imaginara se o Chapéu Seletor não estava se tornando ultrapassado e aterrorizara a menina com brincadeiras maldosas sobre a traição que aquela amizade representava. Ele a encontrara chorando sozinha numa velha sala de aula algumas vezes graças às suas brincadeiras. Os olhos vermelhos dela não lhe assombravam, eram apenas crianças afinal, mas faziam imaginar se as coisas não poderiam ser diferentes.
Naquela época, Lily Evans era apenas uma menininha procurando aceitação num mundo muito diferente daquele em que nascera. Sofrendo diante da maldade infantil de seus colegas. Ingênua e frágil.
O primeiro ano se passou e as coisas começaram a mudar. Ela já era a melhor da turma em Poções, uma das preferidas de Slughorn, mas tímida demais para participar das reuniões do clube do Slughe. Lily passava horas na biblioteca, geralmente com Severus, aprendendo tudo o que podia sobre aquele mundo. Ela se aproximou de algumas colegas da Grifinória lentamente. Ainda não podia chamá-las de amigas, mas pelo menos a conheciam melhor que quaisquer outros – com exceção de, obviamente, Snape.
Em seu terceiro ano, para alegria da ruiva, James fora escolhido como apanhador do time de quadribol da Grifinória. A popularidade do garoto obviamente surpreendia a menina – quem poderia gostar de alguém tão egoísta e cruel? –, mas como isso diminuía o tempo que ele dispunha para atacá-la, a ruiva não reclamava.
Logo que descobriu que James fugia das “reuniões chatas de Slughorn”, ela decidiu ir a uma delas.
A experiência a transformou completamente. No Clube do Slughe ela era igual a todos, uma preferida do professor de Poções. Aos poucos conheceu mais pessoas, riu e fez rir, se surpreendeu em perceber que havia pessoas interessadas em suas palavras. Pela primeira vez desde que chegara a Hogwarts, Lily sentia que podia ser ela mesma e que as pessoas gostavam disso.
As viagens a Hogsmeade eram agora permitidas e Lily se apaixonou pelo povoado. Passava horas apenas observando os bruxos, seus hábitos, a forma como suas casas eram organizadas, os produtos mágicos à venda e, principalmente, amava os doces da Dedosdemel. James certa vez a espiara escrever uma carta para a mãe dizendo o quanto amava a loja e o quanto tudo era incrível em Hogsmeade. Foi a primeira vez em que não fez brincadeira alguma com ela. Acreditava que a doçura presente nas palavras da ruiva o comovera de uma forma que ele era incapaz de explicar.
Quando questionado pelos amigos, James disse apenas que não havia nada de interessante na carta. A essa altura já havia estabelecido uma profunda amizade com Sirius Black, Remus Lupin e Peter Pettigrew. Eles se auto-intitulavam Marotos e eram conhecidos por sua incrível capacidade de enlouquecer professores muito severos e controlados, como Minerva McGonagall. A omissão de um fato como aquele dos amigos era um sinal claro de mudança.
O quarto ano chegou e foi quando ocorreu a primeira grande briga entre Severus e Lily. Logo na primeira reunião do Clube do Slughe daquele ano letivo, um rapaz da Lufa-Lufa convidou a ruiva para um encontro em Hogsmeade. Amos Diggory, o bonito, alto e inteligente jogador de quadribol estava interessado na discreta grifinória ruiva.
As garotas agora queriam saber como eles haviam se conhecido e como seria o encontro. Os garotos a cumprimentavam nos corredores e estavam sempre por perto, oferecendo-se para ajudá-la em alguma disciplina ou simplesmente carregar seus materiais. Severus foi deixado de lado diante dessa popularidade e a briga ocorreu quando ele a acusou de se comportar como James diante da fama e de ter se vendido para a beleza de Diggory.
James não estava por perto quando a discussão ocorreu, mas Peter estava e contou-lhe todos os detalhes. Disse que houve gritos, lágrimas e até mesmo um tapa que deixou quatro dedos marcados em vermelho na face esquerda do sonserino. Apesar de terem passado quase dois meses sem se falar, Lily não ignorou tudo o que o melhor amigo havia dito. Pouco a pouco saiu dos holofotes de Hogwarts; primeiro se afastou dos garotos – exceto o próprio Amos, com quem saiu mais algumas vezes – e cuidou para selecionar as garotas que ela sentia serem realmente suas amigas. Sua meticulosa discrição não serviu para que a esquecessem, e, sim, para que ela alcançasse uma estima ainda maior junto à escola. E fatalmente ela adquiriu um grande respeito, tanto dos professores e dos funcionários, quanto dos alunos.
E dele. James Potter tomou consciência de que respeitava e admirava Lily Evans. Quando isso ocorrera? Ele também não podia imaginar. Talvez quando vira seus olhos verde-esmeralda cheios de mágoa naquela velha sala de aula; talvez quando leu a carta que ela escrevera para a mãe; talvez quando ela foi chamada para sair por Diggory; ou talvez quando ela deixara seus dedos marcados no rosto da pessoa de que mais gostava para defender sua moral.
Aquela compreensão, no entanto, surgiu ao fim do primeiro mês desde que Lily e Severus não se falavam. James notara a ruiva – agora, sempre que podia prestava atenção nela – cercada de pessoas e sorrisos, mas inegavelmente só. Provavelmente sentindo o mesmo que ele sentia depois de brigar com Sirius, Peter ou Remus. Um vazio doloroso e absolutamente impossível de preencher. Uma dor aguda e incômoda que o orgulho faz questão de manter, mas que a esperança e a amizade lutam para destruir. E foi para sua própria surpresa que ele se viu desejando falar com ela.
Lembrava-se claramente de passar dias procurando uma oportunidade sem obter sucesso. Eles não tinham o hábito de conversar, não era fácil simplesmente se aproximar e perguntar como ela estava. Felizmente ele não precisou fabricar uma oportunidade: ela se fez sozinha.
Era a última aula da tarde, a Profª. McGonagall lhes passara um exercício simples em dupla. James e Sirius estavam fazendo o rato fazer acrobacias no ar ao invés de transformá-lo num cisne branco. A professora dissera apenas um seco “Sr. Black, troque de lugar com a Srta. Evans. Quem sabe os senhores não aprendem o verdadeiro significado da palavra ‘transfiguração’?”.
James a observara caminhar até ele com os olhos pregados no chão e se sentar rigidamente no banco antes ocupado por Sirius.
- Olá – ele dissera.
Ela murmurara alguma coisa que soava como “hum” em resposta e fitara o rato sem nenhuma emoção. James passou os olhos por ela calmamente até parar na mão que segurava a varinha. Estava tremendo.
- Parece que você não gosta muito de ratos – ele disse, para em seguida sentir-se ridículo. Mulher nenhuma gostava de ratos. Sirius costumava brincar com Peter sobre isso havia alguns meses.
- É – dessa vez a resposta fora mais clara, porém igualmente curta, os olhos dela continuavam no roedor.
- Eu posso... Segurá-lo – sugeriu James lentamente.
- Humm – dessa vez ele teve certeza do que ela havia respondido.
Ele a encarou confuso. Observou-a por o cabelo atrás da orelha esquerda e suspirar antes de dizer:
- O problema é que além de não gostar de ratos eu não sou muito boa nessa disciplina.
James observou-a por alguns segundos, absorvendo as primeiras dez palavras seguidas que ela lhe dirigia.
- Bem, eu tenho alguma facilidade... – disse por fim.
- Eu sei – ela murmurou. – Aparentemente você tem alguma facilidade em tudo. Inclusive em pegar a famosa bolinha dourada.
As mãos dele voaram para os cabelos negros, despenteando-os diante daquele comentário sobre suas habilidades no quadribol.
- Se quiser eu posso ensinar – ele disse.
- Quadribol? – Os olhos dela se arregalaram. – Não, muito obrigada, eu prefiro manter meus pés no chão. Sou adepta da arquibancada.
Ele riu.
- Não, o feitiço. Transfiguração. É bem simples, só exige concentração.
- É difícil me concentrar com esse rato andando em cima da mesa – ela resmungou acanhada, afastando o corpo instintivamente quando o rato caminhou para seu lado da mesa.
- Podemos petrificá-lo – James sugeriu.
Assim a aula prosseguiu. Ele conseguiu fazê-la sorrir uma ou duas vezes com uma piadinha sobre ratos e outra sobre a professora Minerva. Quando ela finalmente dominou o feitiço, ele proferiu as palavras que fizeram tudo desandar.
- É fácil conversar com você quando não está acompanhada do seu amiguinho sonserino.
Ele soube que tinha feito a coisa errada no mesmo instante. Lily se empertigou e seu rosto adquiriu um tom rubro que por pouco não alcançava a mesma cor dos cabelos. Seu olhar se tornou feroz e perigoso sob as pestanas ruivas e a boca ficou contraída numa linha fina.
- Tchau, Potter – foi tudo o que ela disse antes de jogar a mochila nas costas e sair andando.
De fato, quando parara para pensar no assunto, concluíra que aquela frase a remetera ao passado dos dois e, obviamente, ao presente. James conseguira fazê-la se lembrar de seu comportamento infantil, do seu desafeto por Snape e da briga entre ela e o amigo.
Lily realmente achara o comentário extremamente desagradável. Ela estava se distraindo, estava gostando da companhia de James por mais estranho que fosse, mas ele lhe lembrara de Severus. Severus que sempre dizia “o Potter é um imbecil arrogante”. Severus com quem ela não falava há semanas e de quem ela sentia uma falta absurda... Sua saída fora se afastar sem nem ao menos agradecer a ajuda.
No dia seguinte, James tentou falar com Lily na aula de Poções, mas a presença de Severus a algumas mesas de distância fez com que, como que por lealdade, ela ignorasse o grifinório solenemente. James não sabia se fora, sem querer, uma das razões que aceleraram o processo de reconciliação dos dois, mas duas semanas depois eles já andavam juntos pelo castelo como se nada tivesse acontecido.
Também não sabia se Severus era uma das razões para ela ter parado de sair com Amos Diggory, mas imaginava que sim. Também lhe surpreendia que aquela amizade significasse tanto para Lily a ponto de levá-la fazer tamanhas concessões.
N/B – Livinha: Aihm!!!!!!!!!!!!!!!! QUE LINDO! Dana, amei isso! Que você era James-Lily eu já sabia há eras e que você escrevia muito bem, também era sabido. E por mais que eu saiba disso, não consigo parar de sorrir e brilhar meus olhos quando li essa fic! Parabéns por essa história linda, suspirante e completamente James/Lily! Beijos, irmã! Liv.
N/A: Hey, gente!
Andei sumida, mas nunca parada, viram? A faculdade só me consumiu desesperadamente em 2009 e tive de abdicar disso aqui. Agora que tenho um notebook novinho e azul de nome Zé (agradeçam a ele!), espero mudar isso.
Então, essa fic já está terminada. Os capítulos são 4 e são assim, curtinhos, principalmente o último. Vou postar rapidinho, talvez no intervalo de um dia ou dois, só pra dar tempo de conferir a betagem da minha irmãzinha Lívia.
Estou postando ainda hoje (ou amanhã ) uma H/G muito suave que retrata o reencontro de Harry e Ginny depois da guerra. É um song-fic (Save me - Hanson), então já está completa, mas eu adoraria saber a opinião de vocês.
Quanto a Vidas Proibidas, o capítulo já está pronto, basta finalizar e mandar pra betagem. Sei que sumi por 20 anos, mas estou voltando e tenho um bom modo de me desculpar (que virá no próximo parágrafo, depois da enrolação). VP é uma fic difícil de fazer e espero que compreendam minha ausência e demora. Também não quero fazer nada bagunçado. Hihi, obrigada!!
Então, meu modo de me desculpar é uma nova fic. Certamente vocês pensam "afff, lá vem ela parar no meio de novo", mas eu garanto que não. Essa fic já está roteirizada do início ao fim e é um xodó pra mim. Uma UA do século XVIII com piratas e muita mágica. Bem mais fácil de fazer que VP, eu confesso, então acho que ela se manterá firme.
Nossa, como eu senti saudades disso aqui!
Muito carinho,
Dana
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