Cap. I



Capítulo I, ou Friday? I’m in love;







- Como você consegue ser tão besta? – Emmeline disse enquanto ria das palhaçadas que a amiga estava fazendo.


- It’s Friday, I’m in love – ela cantarolou ainda mais alto e logo depois passou o pincel com tinta branca na ponta do nariz da loira.


- HEI! – a loira gritou ainda rindo – Isso não é justo! Eu sou obrigada a te escutar cantando e recebo pincelada na cara?


- Espero que você tenha noção de todos os duplos sentidos presentes nessa sua frase, Vance – ela disse ignorando a reclamação da amiga.


- Ah, com certeza. Mil sentidos pornográficos! – ironizou – “Love”, né? Sei. É sexta, você tá com fogo no – ela foi sutilmente interrompida por Sirius.


Ele chegou carregando os engradados de cerveja. Fariam uma festa hoje.


- Boa tarde, mulheres da minha vida – ele disse após deixar os engradados em algum lugar da casa.


- Pensei que só eu era a mulher da sua vida – a ruiva fez um beicinho.


- Só você é a mulher da minha vida – ele deu-lhe um selinho – Mas não gosto de excluir a loira, você sabe.


- Muito obrigada, Sirius. Você devia ensinar modos pra sua namorada, sabe?


- Devia? – Lily perguntou arqueando uma das sobrancelhas.


- Pra quê? Ela tá muito bem do jeito que tá – ele abriu uma cerveja e um sorriso malicioso.


- É... Pelo visto não posso contar com o Black – Emmy voltou a focar sua atenção na parede que tinham que pintar – Ele gosta do seu jeito “free” de ser.


- Só porque ele sai ganhando – a ruiva também voltou sua atenção à parede – Você não sabe que eu compro as pessoas, Vance? Você tá sozinha nessa guerra, aceite isso – ela brincou.


- Ah é. Esqueci que o Sirius você compra com o corpo.


- Estamos bem quites. Você comprou o Remus também.


- Totalmente mentira – a loira riu e passou o pincel na bochecha da amiga – Mas agora sim estamos quites – piscou para a ruiva e definitivamente voltou a prestar atenção na parede.


Até porque, faltava bastante pra que elas acabassem e só tinham mais algumas horas.


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- Como você consegue ser tão ingênua? – a gêmea malvada disse enquanto seu rosto ultramaquiado preenchia todas as 21 polegadas de tela colorida que lhe cabiam.


Ele mudou o canal. Tédio, tédio, reprise, tédio, EBA, National Geographic Channel.


Enquanto a chamada do programa sobre a Evolução (ou a origem do Universo, a Semana Nazista, o raio que o parta) explodia em cores pra fazer caber centenas de milhares de anos em 30 segundos, ele pensava em como aquilo tudo era interessante. Sim, ele de todo o coração adorava o National Geographic,  e esse interesse súbito e sincero não tinha nada a ver com o fato de que ele supostamente deveria estar na casa de Sirius Black em duas horas.


Ah, preguiça. Ele simplesmente não sabia o que esperar, então ia adiar a decisão de ir ou não ir o máximo possível com o milagre do Big Bang. E a culpa nem é minha, pensou. O que você espera quando um Black vira pra você e diz ‘quero que você conheça minha namorada’?


Exatamente, não há o que esperar! Era uma coisa totalmente sem precedentes. Como assim. Como assim conhecer a namorada dele? Coitada da moça. Não devia ter idéia do buraco em que estava se metendo. E Sirius era o que, um idealista apaixonado adepto de convenções agora? Ah tá, aham. Talvez no dia em que Merlim descer a Terra. Já era por si só estranho que ele tivesse virado adepto da monogamia.


E além do mais, preguiça daquela chatice de sempre. Copos, cerveja, socialização, cerveja, sorrisos, banheiro ocupado. Odiava isso. E secretamente, tinha passado a manhã apertando F5 diante de todos os perfis que Marlene mantinha em todos os sites de relacionamento do universo. Nenhuma informação reveladora, nada. Nem sabia se ela iria. O resto das pessoas na festa era um monte de interrogações hostis que Sirius insistia que ‘queriam conhecer seu melhor amigo’. E queriam o cacete. Ele não queria conhecer os amigos de Sirius; o cachorro era quase seu irmão, ok, mas escolhia muito mal as companhias. Ele ganhava mais ficando em casa com seu yakisoba, seu whisky e sua Semana Nazista. Que aliás, era no History Channel. Aham, isso.


Mas, mais um último F5 desesperançado por via das dúvidas. Força do hábito, tentou justificar pra si mesmo. É pior do que o whisky.

Então eis que ele descobriu.


- CARALHO, ELA VAI. - Ok, a McKinnon vai. Certo. Onde ele tinha deixado o cinto mesmo? Banho, banho seria bom. Devia ligar e cancelar o China in Box?


TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM – o interfone berrou vindo do nada. Não foi exatamente esse o som mas encare como uma licença poética.


- Oi – ele atendeu, ignorando o susto e a taquicardia e o iminente fluxo de palavrões.


- Senhor James Potter? Entrega pro senhor.


- Ah obrigado, to descendo  – ele tirou os óculos e esfregou o rosto. Merda.

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- Eu totalmente não sei que roupa usar – ela se jogou no pufe gigante verde, cruzando os braços e fazendo beiço.


- Pára de ser fresca, Marlene. Você tem um milhão de porcarias dentro desse seu armário – o irmão apontou pro armário realmente grande da menina.


- Eu não tô sendo fresca, Michael.


- Oh – ele se aproximou da menina, apontando o dedo da mão que segurava sua cerveja pra ela – O Sirius não vai te pegar, então tanto faz.


- Quando você vai tirar essa idéia da sua cabeça? – ela revirou os olhos – Já te falei que eu e o Sirius somos amigos, seu pastel – ela deu um tapa na cabeça do irmão.


- São – ele bebeu mais um gole da cerveja – Escolhe uma roupa logo ou eu não te levo no James.


- Não sei se é pra ir pro James. Tentei ligar pra ele, mas acho que ele desceu pra pegar açúcar da vizinha e esqueceu o celular em casa de novo.


- Que vizinha? – Mike ergueu a sobrancelha esquerda.


- Bom, o James tem uma vizinha no primeiro andar que dá em cima dele sempre, daí de vez em quando eu acho que ele vai lá pedir açúcar pra ela, ou alguma coisa assim.


- Claro – riu. Conseguia visualizar perfeitamente a cena.


Nos próximos cinco minutos, ou mais, ou menos, tanto faz, eles ficaram em silêncio. O único barulho no quarto era a música do McFly que tocava no notebook branco de Marlene. Mas de repente ela saltou do pufe com um sorriso de satisfação, gritando “Já sei!” e assustando Mike, que quase dormira.


- O que é? Tá louca? – ele disse depois de se endireitar na cama da menina.


- Eu sei que roupa usar! E o James vai rir tanto – ela foi abrindo o guarda-roupa e procurando as coisas que queria.


- Sinto que eu não vou gostar dela.


- Você não tem que dar palpite – ela mostrou língua pra ele.


- Tá legal então. Que roupa é?


Ela continuou procurando as peças e jogando outras mil no chão do quarto enquanto fazia isso. Por fim ela tinha nas mãos o short preto cintura alta, a blusa branca imitando masculina de fechar na frente e manga comprida, e o sutiã que comprou assim que viu o clipe “Just Dance” da Lady Gaga.


Ah vai, aquele sutiã de globo é um charme!


- O que você vai fazer com isso? – Mike perguntou.


- Usar – ela riu da cara dele e começou a por a roupa.


Claro que ela virou de costas pra trocar o sutiã. Ficar de roupa intima na frente de seu irmão era algo que já havia acostumado a fazer, mas qualquer tipo de exibição de grau maior já seria nojento na sua visão.


- O que você achou? – ela perguntou depois que havia terminado.


A blusa branca tinha os quatro primeiros botões (que eram os únicos que apareciam, pois os outros estavam pra dentro da calça) abertos, dando pra ver seu sutiã, que aliás, foi feito pra se ver. Mike a olhou de cima a baixo.


- Você não vai com os peitos pra fora.


- Que peitos, Michael? – ela riu – Preciso de um sapato. Que sapato? Acho que vou com meu all star azul claro cano médio. O que você acha?


- Que peitos?! – ele fez sua melhor cara de “QUÊ?!”, mas logo voltou ao normal – Acho legal. Você não prefere ir de salto? As piriguetes do Sirius devem ir de salto.


- Pouco me importa – ela pegou os tênis no armário e foi calçando – Ele é quase um irmão pra mim, você sabe disso.


- Tudo bem então – ele levantou – Tá pronta? Vou te deixar no James. Eu prefiro.


- Ah, só eu passar perfume, maquiagem e escovar os dentes, tá?


- Quanto tempo?


- Dez minutos!


- Se for mais que isso – ele disse antes de sair do quarto – você vai a pé.

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- Nah, eu pedi troco pra 20, tenho certeza. – isso porque eu nem vou comer essa bagaça.


- JAMES! – ele reconheceu a voz de Marlene, e atrás do portão preto, da caixa de correio, da calçada, da porta do carro de Mike, ele reconheceu a Marlene inteira. - JAMES SEU VIADO, AQUI!


- Ah, ok, fica com o troco, obrigado – ele dispensou sutilmente o entregador e abriu o portão, ela desceu do carro; menos duas coisas entre eles. – Marlene, tá fazendo o que aqui?


- Eu vim pra gente ir pra festa, duh. Mas se a minha presença é tão indesejada assim...


- Claro que não, idiota – ele se aproximou pra abraçá-la, o que na pática reduziu as coisas entre eles a zero. Cumprimentou o Mike, o Mike foi embora – Você devia ter mais cerimônia em aparecer assim na casa dos outros, oras. Eu podia, sei lá, estar pelado.


- Ah, se você tem esse grau de intimidade com os entregadores de comida chinesa – ela deu de ombros e riu. – O que me lembra, o que você está fazendo segurando esse – ela se inclinou pra ler a inscrição na caixa – Super Box Executivo de Yakisoba?


- Ah, sabe como é. O China in BOX e sua mania inexplicável de entregar comidas em BOXES. – ele passou a mão nos cabelos diante do olhar de repreensão dela. – Eu não sabia se ia na festa, nem sabia que você ia – blefe, UHUL, genial, boa James.


- É claro que eu ia! E é óbvio que eu ia passar aqui como sempre. Perder uma festa do Black não é uma opção, ainda mais uma onde a namorada dele vai estar presente. – ele concordou balançando a cabeça como quem diz ‘o APOCALIPSE, ELE ESTÁ CHEGANDO’. – Achei que você já estivesse mais que super-pronto a uma hora dessas. Eu liguei e tudo, você nem atendeu, pensei que você estivesse na casa da vizinha do açúcar – riu.


- Aaah, a vizinha do açúcar – suspiro, risada. - Sobe comigo então, você me espera tomar banho e a gente vai. – ela fez um barulho indefinido em protesto. – Vai ser rápido, anda.


- Do que ia adiantar eu avisar que tava vindo, você vai estar pelado de qualquer jeito – disse contrariada, e eles atravessaram o portão. James olhou pra caixinha fumegante e lamentou o desperdício da sua noitada nazista e do seu próprio porre particular regado a macarrão chinês. Por outro lado, talvez as coisas dessem muito mais certo aquela noite. Sorriso satisfeito. Um lance de escadas, dois, três, porta da frente, porta do banheiro. Foi depois de abrí-la que ele virou pra trás e olhou pra Marlene de cima a baixo,  se dando conta:


- Por Merlin – riu – que roupa é essa?



- x –




- Então você gostou?


- Tá deliciosa como sempre, Mckinnon – ele sacudiu o cabelo molhado com a toalha. – Vai fazer sexo com uma orca de plástico que nem a Gaga no clipe também?


Os dois rindo. – Sexta a noite, casa dos Black, tudo pode acontecer, ham ham. – levantada de sobrancelhas sugestiva, e ela se joga na cadeira giratória da escrivaninha.


- Ôo, o álcool e a piscina eu garanto. A orca é fácil de substituir – piscadinha sensual,  e ele desaparece  atrás da porta do armário. - Aposto que o Mike disse que você estava com os peitos pra fora.


- Bingo! – ela revirou os olhos.


- Mas você tá mesmo – ele disse e parou; cacete, onde ele tinha deixado a camisa xadrez? Ok, precisava dela, PRECISAVA. Marlene adorava aquela camisa como ao último raio de sol na Terra (ok, talvez não, mas James considerava um exercício psicológico saudável para sua insegurança crônica associar o sucesso em seus objetivos a elementos externos, do tipo ‘se eu atravessar a rua agora, não vou perder o ônibus’ ou  ‘se eu usar a camisa X, vou fazer sexo’.  Ele acabou por desenvolver esse Transtorno Obsessivo Compulsivo totalmente saudável, e por isso mesmo demitiu o último psicólogo com uma opinião contrária). Ele precisava daquela camisa pra concretizar os planos dele. Onde ele podia ter deixado, onde, ONDE


Meu Deus, é claro. A vizinha do açúcar.


A camisa dava sorte com mulheres mesmo, afinal de contas.


- Ain, seu ridi... James, aonde você vai? – Marlene perguntou quando percebeu que o armário vomitava roupas amarrotadas e, logo depois, que um James super ansioso saía correndo sem camisa nem sapatos em direção à porta da frente.


- Não acho minha camisa, sabe, a xadrez. Devo, hm – pensa James, pensa – ter deixado na lavanderia. Vou correr lá e ver se acho.


- Você vai é dar uma rapidinha com a mulher do açúcar lá, pensa que eu não sei.


Ela riu deliciada, ele deu uma risada mortalmente sem graça. Porta da frente, um lance de escadas, dois, três, e ele tocou a campainha.


- Oi, Petunia. – colocou a mão no portal, pra impedí-la de impedí-lo de entrar. – Acho que tem uma coisa minha com você.


- Eu sei, e eu não vou te devolver de graça – risadinha cínica. Ela sacudiu os cabelos loiros e encarou-o com os olhos enormes, irritantemente bonita e gostosa. E irritante de modo geral também. Estava usando a camisa dele. SÓ a camisa dele.


Aaaah Marlene. Você estava certa. De novo. Filha da puta.


- Estou com pressa hoje, Evans. – entrou no apartamento.


- Eu também, tenho uma festa pra ir – de fato, ele viu roupas de festa estendidas em cima da cama, como se ela estivesse tentando escolher – Mas posso esperar até o fim da nossa festinha, suponho.


- Como você sabia que era eu?


- Você sempre esquece sua camisa, sempre volta pra buscar – ela fechou a porta, não tinha muita coisa entre eles agora  – e sempre faz essa mesma pergunta. – ela lhe tirou os óculos, as mãos no rosto dele, no ombro nu dele, e descendo.


 Merda.


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Nervosa, Marlene resolveu abrir o notebook de James. A senha dele ela já sabia, sabia desde a quinta série.


- Nossa, James – ela falou pro nada – Que plano de fundo – ela riu.


Era uma foto deles, super retardada, de um dia em que eles tinham decidido beber durante a noite inteira e ficar tontos. Ela, James e Sirius. Mas só ela e James estavam na foto.


- Aposto que ele pôs isso porque sabia que eu iria ver. Vou lembrar de brigar com ele depois – disse brincalhona.


Fuçou o computador por alguns minutos. Entrou em todos os sites em que tinha alguma espécie conta, mas estava com preguiça pra socializar com as pessoas que exigiam isso dela. Desistiu e fechou o notebook de novo.


- Não acredito que o James foi comer a vizinha segundos antes da festa – de repente, ela parecia irritada.


Ela nunca admitiria o ciúme que tinha de dividir a atenção dele com qualquer outra pessoa, aliás, não só ele, mas Sirius também. Mas James era mais o melhor amigo dela do que Sirius, ela o conhecia há muito mais tempo. Era ainda mais cruel. Ou talvez isso fosse só raiva por ele não ter subido ainda, considerando que ele tinha descido há mais de 15 minutos.


- Quer saber? – disse pra si mesma – Vou até lá chamar ele. É! Eu não quero me atrasar pra conhecer a namorada do Sirius.


Tendo dito isso, saiu do apartamento em direção ao andar da vizinha de açúcar. Nem precisou de coragem pra bater na porta. Marlene nunca precisa de coragem pra nada.


Assim que uma loira descabelada e com a boca vermelha (ofegante também, devo pontuar) abriu a porta, Marlene soube que estava no apartamento certo, falando com a vizinha do açúcar certa.


- Com licença, vizinha do açúcar – ela falou entrando na casa da loira sem cerimônia alguma – Preciso pegar o seu vizinho emprestado – e então ela achou James no quarto, em um estado... bem, não tão digno, e o puxou pelo braço – Vem, palhaço. Temos uma situação épica pra enfrentar – continuava puxando o moreno pelo braço.


Antes de sair, puxou a camisa xadrez de James que estava jogada no chão da sala. Não se deu nem ao trabalho de olhar mais uma vez pra vizinha do amigo.


- É bom você se arrumar em cinco segundos, tá? Eu estou bem curiosa. E além do mais, odeio chegar atrasada nos lugares, você sabe.


James alguns minutos depois estava indiferente de novo. Ele já havia se acostumado com esse tipo de reação de Marlene. E ah, era tanto o que ele amava nela. Bom... Na verdade, era tanto uma das coisas que ele amava nela. Não que ele não amasse tudo nela.


                                                               – x –


Você quer matar o Sirius do coração? – Emmeline perguntou rindo, enquanto olhava a roupa – ou o pedaço de pano – que a ruiva vestia.


Era um pedaço de pano bem caro, se isso conta alguma coisa. E mais do que caro, era lindo. Ela usava um vestido preto de seda com decote em V até decente, frente única e bem acima dos joelhos. Era soltinho e parecia super leve. Nada melhor do que um sapato peep toe vermelho com laço pra combinar, não é?


- Pretendo, mas não só pela roupa – piscou pra amiga que ria ainda mais.


- Você não presta!


- Muito menos você – disse sorrindo e logo pegou o batom vermelho pra passar levemente nos lábios.


Emmeline ignorou completamente, revirando os olhos apenas, e foi procurar um sapato que combinasse com o vestido verde-água tomara-que-caia de alça e renda no decote que usava (ela também não podia falar muito de Lily, pra ser sincera). Optou por um sapato fechado nos dedos, preto, bem alto.


Podiam abusar, já que seus namorados eram bem mais altos. Que delícia de vida!


- Tá pronta, perua? – Lily perguntou pra Emmeline, assim que pegou o celular e pos na bolsa de mão.


- Sim – ela disse terminando de passar o gloss – E você, preparada?


- Claro! Sabe como é, acordei hoje “feeling like P. Diddy” – ela riu – I’m gonna hit this city, Vance!


- Preciso ver isso! – Emmeline gritou e elas saíram rindo do apartamento da loira.


                                                                – x –


- Você tá lindo – Marlene disse sorrindo ao ver o amigo pronto. Arrumou um pouco a camisa dele e aumentou ainda mais o sorriso – Perfeito!


- Me desculpa pelo inconveniente da vizinha, Lene – ele estava sendo sincero – Eu fui só pegar minha blusa xadrez de volta, juro.


- Eu acredito em você – ela abraçou forte o amigo e o deu um beijo na bochecha, limpando a marca que havia ficado logo em seguida – Vamos?


- Agora!


- Não vejo a hora de conhecer a namorada do Black. É tão inacreditável! – ela parecia excitada com a idéia, super empolgada.


- Muito menos eu – passou a chave pela porta – Quer ir de ônibus ou táxi?


- Acha que vou perder a oportunidade desfilar pelas ruas de Londres com meu amigo super gato usando uma blusa xadrez épica? E ainda usando um sutiã igual o da diva Gaga? Vamos de ônibus, meu amor! – ela passou o braço pelo de James.


Era o incrível o quanto ela estava animada. Sempre ficava assim antes das festas. Acho que elas definitivamente faziam bem pra ela.

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Entre sete e oito da manhã de segunda-feira, sistema de transportes públicos de Londres.


James Potter, sentado na última janelinha, não sabia se queria morrer ou rolar pelo chão do ônibus dando gritinhos histéricos. Escolheu o meio termo de colar o rosto no vidro frio e olhar a cidade desfilando, sem ver realmente e tentando evitar os ataques ocasionais de riso histérico.  Ele se sentia tão bem  com o Universo que desligou o mp3 player e ligou o rádio no volume máximo, num gesto totalmente desprovido de amor aos próprios tímpanos. Sentia com isso que estava abrindo os braços na beira de um precipício e gritando OH DESTINO, EIS AQUI O SEU SERVO IGNORANTE QUE AGRADECE A SUA INFINITA SABEDORIA.


E eis que o Universo, em sua já mencionada sabedoria, começa a derramar Friday I’m in Love nos ouvidos futuramente incapazes de James. The Cure a essa hora da manhã, ele pensou. E com três dias de atraso ainda ó, a sexta-feira já passou tem tempo. Reprimiu um ataque de riso histérico. E pensou...


... ainda tinha a sensação de que alguma coisa não tinha dado certo naquela festa. Não que a festa tivesse acabado, deviam estar bebendo vodka pura e jogando Strip Banco Imobiliário até agora. James teria ficado, mas sabe como é essa vida de proletário, tinha ponto pra bater segunda de manhã. Só esperava não vomitar (muito) em cima das fotos que tinha que mostrar para o editor-chefe. Continuando. Qual era a coisa errada que o estava atingindo com a força de um chute no saco naquela hora? Não conseguia lembrar, NÃO CONSEGUIA


Talvez se ele pensasse em ordem cronológica, hm. Então, certo.


Entre sete e oito da noite de sexta-feira, portão da casa dos Black. James e Marlene chegaram à festa. Sirius e a namorada dele vieram abrir a porta. E o canalha abriu um sorriso super-radiante como se aquilo fosse normal. Também, a garrafa de Jack Daniel’s na mão dele já ia pela metade, e a outra mão já ia sabe-se lá por onde nas costas da namorada dele.


- Que bom que vocês vieram – sorriso alegre – Não chegou quase ninguém ainda, podem ajudar com os engradados, tô por conta não. – abraço alegre – E ah, Lily, Potty, Lene – apontada alegre -, estão apresentados.


Ah tá. E é ASSIM que ele nos apresenta a criatura mais inacreditável que a humanidade concebeu nas últimas duas trocas de Papa. Ok.


- Que bom finalmente conhecer vocês! – ela deu um abraço chacoalhante no James, e quando ela parou e abraçou formalmente Marlene, ele analisou o que via.


Ok, de modo geral ela tinha a) cabelos longos e ruivos b) uma personalidade aparentemente extrovertida e comunicativa, o que indicava que ou Sirius tinha aprendido a ser passivo, ou os dois brigavam pra saber quem ia ficar por cima. Ou eles revezavam, sei lá; e c) a beleza mais totalmente inacreditável do Universo. Ela parecia ter nascido pra causar o suicídio de milhares de adolescentes que queriam parecer com ela. Parecia ter nascido pra morrer afogada num laguinho depois de se apaixonar pelo próprio reflexo. Parecia ter nascido pra ouvir metáforas idiotas sobre a própria beleza inacreditável. James olhou pra ela como se olhasse através da lente da câmera fotográfica que trazia na mochila. Simetria. Era perfeita.


- Eu digo o mesmo – as duas estavam abraçadas – Ah Sirius, sua namorada é tão adorável.


Lily olhou de cima a baixo para Marlene depois do abraço superficial, e de volta pra cima. Marlene espelhou o movimento. Saíram faíscas quando as duas mulheres se encararam, qualquer um que tivesse visto a cena juraria ter visto faíscas.


 - x –


Entre oito e nove da noite de sexta-feira, sala de estar da casa dos Black. James e Marlene conheceram o único casal que tinha conseguido ficar genuinamente bêbado em uma hora de festa. Emmeline e Remus pareciam perfeitamente felizes, assim como o poste da boate e como todo mundo que estava assistindo.


- x –


 Entre nove e dez da noite de sexta-feira, o próprio James já estava tonto o suficiente pra começar a seguir o barman quando ele ia ao banheiro. 


- x –


Entre dez e onze da noite de sexta-feira, num canto excluído da festa, James Potter só tinha dois pensamentos  na cabeça, a saber: a) por favor alguém me mate e b) que saudade de Hitler. Ele já tinha tido a conversa super frustrante com Sirius (“o que você pretende namorando uma mulher dessas?!” “porra Potter, eu te considero muito”); o cachorro estava se divertindo com a surpresa das pessoas, desgraçado, ali tinha coisa. Então ficou na laje olhando as estrelas e pensando que não podia sair dali sem o objetivo concluído. Pela própria honra.


Entre onze horas e meia-noite do mesmo dia Marlene já estava bêbada o suficiente pra que o objetivo praticamente se concluísse sozinho. Ele cantou pra ela muito desafinado; ela arrastou ele pra pista de dança, mas Marlene era praticamente uma John Travolta e James tinha praticamente uma terceira perna que o impedia de andar sem cair.  Ela riu do desastre dele, riu dos aplausos do povo para ela e a camisa xadrez e o álcool fizeram o resto.


- Pára de me olhar assim, James – ela riu. Ele olhava pra ela fascinado. Bateu uma foto e o flash fez os dois rirem. Ou os olhos dela eram imensos ou ela estava perto demais. Ou ele tinha que diminuir o zoom. Ah, ele gostava muito dela e daqueles olhos gigantescos e do resto todo dela e de tudo que tinha qualquer relação remota com ela. Meses de obsessão recompensados. Não cansava de observar.


E aí foi e a Lily entrou no quarto, e por algum motivo a) ela estava sem sapatos e b) essa parecia ser a parte que tinha dado errado. Não tinha muita certeza. Preciso ligar pra alguém e confirmar o que aconteceu, ele pensou, e preciso agora. Mas quem? A McKinnon estava meio estranha com ele, provavelmente porque se lembrou que ele poderia causar um escândalo na internet com as fotos que tinha. Olhou a lista de contatos


You can never get enough, enough of this stuff; it’s Friday I’m in loooooove!, os fones vomitavam no ouvido dele. Quando chegasse na parte do tchu-ruru, ele cantaria junto. O Universo ainda era bom. Ainda.

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- Caralho, Vance, sai da porra do banheiro! – Sirius berrava do lado de fora, com a mão segurando suas partes intimas - um pouco agachado - como se estivesse tentando impedir o que queria sair dali, de sair.


- Já vou, cacete! – ela respondeu do outro lado da porta.


E o mais rápido que pode, a abriu e deixou o desesperado entrar. Como ele se esqueceu de fechar a porta, indo direto à privada, ela o fez por ele.


- Bom dia, Emmy – a ruiva sorria despreocupada, indo em direção ao banheiro que o namorado usava, com sua escova de dente nas mãos.


- Seu namoradinho tá tirando a água dos joelhos, melhor esperar um pouco – avisou enquanto passava pela menina, indo para o quarto – E Evans, corre!


- Certo, certo – ela fez um jóia para a amiga, mesmo de costas, e entrou no banheiro – Bom dia, amor – ela falou sem sequer olhar nos olhos dele, indo direto à pia e ao espelho pra, antes de escovar os dentes incrivelmente brancos, admirar sua própria beleza.


- Bom dia, meu raio de sol – respondeu sorrindo ao ver a namorada naquela camisola curta de seda. Ela era a mulher mais linda do mundo, sem dúvida.


- Estamos um pouco atrasados – pasta na escova, confere. Escova na boca, confere.


Ação!


- É, eu notei. O Remus já tirou o carro?


- Ahm? – perguntou em meio às idas e vindas da escova.


- Ele que vai levar a gente pro colégio. Acha que a gente consegue chegar lá a pé?


- Eu consigo – falou da melhor forma que pôde – Seu colégio que é longe – apontou pro namorado e então jogou toda a espuma na pia.


- Você fica tão linda escovando o dente – abraçou ela por trás e deu um beijo em sua nuca. Tudo perfeito; até seu cheiro era perfeito.


- Eu sou muito linda, Sirius – um pouco de água nas mãos pra tirar o resto de espuma da boca.


- Eu sei – ele deu mais alguns beijos na nuca da namorada e então saiu do banheiro – Não demora.


Legal. Remus já havia chegado, como Sirius imaginou, e estava na porta esperando que as pessoas entrassem ali pra que então levassem Sirius pro seu colégio, e depois fossem até o colégio dos outros três.


E enquanto terminava de prender o cabelo numa trança, um sorriso brotou na boca brilhante com cheiro de maçã verde da ruiva.


É... Acho que alguém se lembra bem o que aconteceu sexta-feira.


 
                                                                    – x –


- James Potter! – ele ouviu a voz extremamente nervosa de uma Marlene ecoar pelos corredores, e então a viu se aproximando – Espero que você tenha apagado todas as fotos em que eu me encontro presente.


- Relaxa McKinnon. Não tem nenhum mico seu, ou coisa assim – ele segurou uma risada. 


- Ah não? – ela ironizou e de repente parecia ainda mais nervosa – Eu não tô brincando, James. Eu não sei o que aconteceu lá. E não quero saber. Alguma coisa deu terrivelmente errado.


- Oh – ele olhou pra elas com os olhos bem abertos – Algo me diz isso também. Vamos tentar descobrir juntos?


- Não – curta e grossa – E apaga as fotos! – berrou antes de sumir completamente pelo corredor.


James ficou parado pensando com si mesmo o que raios estava acontecendo. Quero dizer, por que a Marlene agia daquela maneira com ele? Ela normalmente ficava irada por saber que corria o risco de ter fotos suas tontas rodando na internet, até porque ela é o alvo de fofocas do colégio, mas isso passava assim que ela via James ou coisa parecida.


Então James parou pra pensar outra vez no que tinha acontecido na festa, entre onze horas e meia-noite, quando Marlene já estava bêbada o suficiente pra que o objetivo praticamente se concluísse sozinho. Quando eles haviam chegado ao quarto, logo após a exibição de Marlene e as fotos e o olhar de James. Era tudo um vazio na sua mente. Decidiu ir correndo atrás dela.


E a encontrou onde sabia que a iria encontrar: bem debaixo da maior árvore do lado de fora do colégio. Ela sempre acabava ali quando tinha que pensar sobre qualquer coisa que fosse.


- Lene – ele chamou a amiga que tinha os olhos fechados.


- Shiu – fez rapidamente sem nem abrir os olhos.


E então ele se sentou ali, do lado dela.


- Eu fiz alguma coisa pra você estar com raiva de mim? – perguntou.


Ela abriu os olhos, porque precisava ver a carinha fofa que James com certeza estava fazendo. E ele estava fazendo. Como alguém podia ser tão lindo e como ela podia ter demorado tanto tempo pra ver o quanto ele era lindo? Que legal, pensou, agora estou presta na situação de merda que o James estava.


- Lene? – mais uma vez, aquela levantadinha de sobrancelhas, só que curvando elas um pouco, pra que um simples olhar de “Lene?”, virasse um olhar com um efeito tão grande quanto o olhar do gatinho do Shreck.


Ah James, se eu pudesse te agarrar agora.


- Não, você não fez – ela suspirou. Não seria a pessoa que contaria pra ele o que tinha acontecido de errado, nunca.


Até porque, se ele não se lembrava, era melhor mesmo que ele não soubesse. Assim nunca teria acontecido a partir do momento que ela se esquecesse também.


- Então... Tá tudo bem de novo? – ele abriu um sorriso torto.


Sua teoria é bem boa, McKinnon. Não fosse pelo fato de existir uma terceira pessoa na situação, e essa terceira pessoa se lembrar muito bem de tudo.


- Claro que tá – ela sorriu e fixou os olhos nos olhos fofos dele – Eu nunca conseguiria ficar com raiva de você depois de uma cara dessas.


- Eu sei, eu sou irresistível – brincou.


Era tão bom saber que estava tudo bem. Mas caramba, ele tinha esquecido de perguntar! Perguntar se eles tinham se pegado. Porque se tinham, seria uma ótima idéia que eles continuassem a fazer isso.


Não, com certeza não era bom perguntar agora, que ela tava toda bonitinha com ele de novo. Vai que ela começava a ter um ataque e corria histérica pelo colégio afora?


- Você é – apertou as bochechas do amigo e levantou, o puxando pela mão – Vamos. A gente tem quase todos os horários juntos hoje, e isso inclui o primeiro.


James segurou na mão dela e se levantou também. O mais engraçado foi que ela não soltou a mão dele dessa vez. O que levou nosso lindo moreninho de volta à cena da festa entre onze e meia-noite, quando Marlene já estava bêbada o suficiente pra que o objetivo praticamente se concluísse sozinho; bem depois da exibição, das fotos, do olhar. Quando os dois estavam sozinhos naquele quarto, bem antes da ruiva aparecer descalça.


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N/MMcK: OI VOCÊS!


Então, eu finalizei o capítulo um, YES. E agora a Evams vai começar o capítulo dois, YES! E eu preciso dizer que escrever isso é uma maravilha!


Btw, queria pedir que vocês comentem porque a) é uma idéia original, ninguém pode negar, dã. b) a EVAMS está escrevendo na F&B, o que, MERLIN, não acontece há mais de um ano! c) não é uma fanfic ruim (talvez as minhas partes sejam, mas as da Evams salvam) e d) nós amamos vocês e corremos um risco diário (?) de acabar peladas na praça da Liberdade.


E só o motivo b) é mais do que o suficiente, ok.


Beijos e queijos :*

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