Capitulo III.
Capitulo III.
Defying death!
Segundo Dia!
Desci as escadas um pouco zonza. Mamãe já havia levantado e estava sentada diante ao balcão lendo um dos seus novos romances de banca, bebia chá numa caneca com desenhos dourados. Passei por ela dizendo bom dia, consegui uma caneca para mim e coloquei água. Com a colher misturei a água até ela se tornar chá de camomila.
- Como foi ontem com o seu doutor? – Mamãe perguntou sorrindo enquanto lia seu livro.
- Foi frustrante. Eu nunca havia visto alguém como ele mamãe, tão cego. Eu tenho medo de que não consiga fazer nada por ele em cinco dias, se eu tivesse pelo menos mais alguns dias, ou semanas...
Ela fechou o livro e o pousou delicadamente no balcão me olhou com seus olhos azuis penetrantes. Evitei olha-los, ela estava me analisando, lendo minhas emoções e a partir daí tentando ver o futuro. Mamãe não era boa com o futuro, só sabia das coisas mais importas e bem em cima da hora, algumas vezes adivinhava alguma coisa que estava por vir em sonhos. Ela não tinha o mesmo dom que eu.
Mamãe era boa com ler emoções, era por isso que ela tentava ver o futuro a partir daí. Qualquer Adivinhador saberia que não é por aí que se começa, você tem que se concentrar na pessoa, na sua aura, não nas suas emoções. Eu tentara explicar isso a ela, porém não adiantou.
- Seu Imprinting foi muito mais forte do que o esperado, você está ficando cega por causa dele. E quando eu digo cega não é da mesma forma que ele, você está ficando cega quanto ao juízo. Você já está planejando desafiar a Morte por ele, já deseja ter mais tempo com ele...
Sua voz estava ríspida e irritada.
- Dorcas! Eu já te disse muito bem que quando uma pessoa tem que morrer, não se deve mudar os cursos das coisas, pois é muito perigoso! Com a Morte não se brinca e se você tentar fazer alguma coisa eu mesma vou matá-lo.
Revirei os olhos. Ela não conseguia entender, ao era justo que Remus morresse...
Ela me olhou ainda mais brava.
- Ninguém nunca disse que a Morte era justa! Dorcas, você é só uma bruxa o que você pode fazer contra uma entidade tão poderosa? Você está proibida de usar seus dons para salva-lo!
- Mãe eu sinto muito, mas faz muito tempo que você perdeu o controle que tinha sobre mim. Eu sou uma bruxa formada e faço o que quiser com meus poderes, incluindo salvar o cara que eu amo!
Subi as escadas correndo as escadas tomando cuidado para não derramar chá no caminho. Sentei-me na minha cama e fiquei pensando no que faria com Remus hoje, era claro que sairíamos novamente, eu não perderia um segundo se quer de sua companhia, tinha que aproveitar enquanto ele estava vivo, pois não sabia o que eu poderia fazer quanto a sua morte.
Lembrei então de um panfleto que eu recebera a alguns dias junto com a revista bruxa que mamãe assina. Falava sobre um circo, um show que deixava a todos no mundo fascinados. Somente criaturas mágicas poderiam entrar, seria arriscado levar Remus, pois alguém cinza como ele podia ser detectado há um quilometro de distancia.
Disquei os números no meu celular que eram necessários para falar com Remus. Não sabiam quais eram eles, não me dei ao trabalho de decorar, quando eu precisasse meus dedos sempre os encontrariam. Depois de alguns segundos chamando, Remus atendeu.
Sua voz ao dizer “Alô” me fez ficar toda arrepiada e meu coração se descontrolou, parecia o tambor dos Umpalumpas da Fantástica Fabrica de Chocolate. Batendo rápido e forte.
- Oi Remus.
- Você de novo...
- Sim, eu mesma! Estou te ligando pra te avisar que eu irei aí te buscar em mais ou menos quarenta minutos, uma hora. Fique pronto, temos um dia inteiro de diversões. Iremos ao circo!
- Dorcas, eu não posso ir... É sério!
- Claro que pode, a vida foi feita pra viver Remus. E você viverá os próximos três dias. Hoje você irá ao circo comigo sem direito a reclamar... Agora eu preciso me arrumar. Até logo!
Bastava eu falar com Remus pra ficar com vontade de soltar gritinhos. Algumas vezes esses gritinhos eram histéricos, como naquele momento em que eu tinha certeza de que o veria em breve. Outras vezes se tornavam ou gritinhos frustrados, ou enraivecidos, por ele ser tão cego.
Assim que me viu parada diante da porta do seu consultório, Remus fez uma careta, mesmo que ele tenha ficado bonitinho daquele jeito, aquilo meio que me ofendeu. Eu não estava feia, sei que minha saia podia ser bem hippie com aquelas florzinhas, por ser rodada e bater abaixo do joelho, mas eu gostava dela. Além do mais eu poderia vestir o que fosse que ele deveria me achar bonita, não é isso que os namorados fazem?
Mesmo não sendo namorados, ainda.
E se eu realmente quisesse namorá-lo deveria me apressar, pois afinal de contas ele só tinha mais três dias, seria um namoro bem curto.
- Hoje eu não vou a lugar nenhum com você, eu não posso ficar abandonando meus pacientes assim, não mesmo!
Revirei os olhos e me sentei sobre a sua mesa. Talvez se minha saia não fosse tão longa eu poderia dar uma erguidinha nela e convence-lo a vir comigo, mas com uma dessas se eu desse uma erguidinha o máximo que ele veria seria os meus joelhos.
- Você tem que entender que ninguém vai morrer por você não vir trabalhar.
- Como você pode ter tanta certeza.
Eu fechei os olhos e me concentrei, não vi nenhuma morte de algum paciente de Remus próxima.
- Não irão morrer, não hoje!
Ele me olhou sem acreditar.
- Você sabe, eu consigo saber das coisas antes mesmo que elas aconteçam, da mesma forma que já sei que você comprou novas lâmpadas pra as luminárias da entrada de sua casa – ele não me olhou, procurava algo na sua gaveta e eu torci para não ser remédio para malucos. – Hoje eu quero te levar ao circo!
- Você acha mesmo que...
Eu já estava farta dele me falando que não poderia largar o trabalho e era isso que ele estava para dizer. Eu estralei o dedo delicadamente, o ruído foi mais forte e agudo e os lábios de Remus se colaram um ao outro. Ele me olhou assustado, tocou a boca.
- Depois que você me ouvir eu te devolvo a fala, agora me escute! Nós hoje vamos ao circo, um circo especial. Um famoso circo de horrores, já ouviu falar de algum? Pois é, nós vamos num deles hoje, no mais antigo. E fiquei sabendo de ultima hora que eles estavam na cidade e hoje vai ter a ultima apresentação.
Abri a bolsinha de cota amarela que eu tinha levado comigo e tirei de lá um panfleto dobrado cuidadosamente. Eu abri e o analisei, era bem colorido e se movia, as letras que estavam escrito “O Grande Circo Underworld”. Passei o papel para Remus que o conferiu surpreso.
- O que você acha?
Estalei os dedos novamente e seus lábios descolaram. Ele respirou fundo e com a mão conferiu se a boca realmente voltara ao normal.
- Você é maluca!
Naquele momento eu pensei seriamente em desistir dele, por que ele simplesmente não poderia acreditar? Eu o levaria até o circo e talvez lá quando ele visse todas as apresentações ele começasse a enxergar que aquilo tudo era possível, que bastava ele querer ver.
Por que eu não desistia dele? Por que eu simplesmente não conseguia abandona-lo, nesses últimos dois dias cada segundo que eu passei com ele valeu mais que um milhão de dólares. Ele era importante para mim agora, era quase como se eu o conhecesse há muitos anos. Meu coração batia mais forte quando eu o via, ou escutava sua voz. Eu só pensava em beijá-lo se ele ficasse com o rosto muito próximo do meu. Sem contar com o fato de que eu não podia suportar a idéia de perdê-lo, não mesmo.
- Eu não posso ir, sinto muito...
Eu o olhei. No instante seguinte o seu jaleco havia sido substituído por uma camiseta descolada de marca, com um verdadeiro nativo de Los Angeles. Sua calça rapidamente se tornou uma calça jeans desgastada e eu achei que ele tinha ficado muito bonito daquele jeito. Ele olhou para suas roupas surpreso e depois de novo pra mim.
- Sinto muito eu, não estou acostumada a ouvir pessoas me dizendo não, quando isso acontece, eu simplesmente as faço ir comigo – disse sorrindo.
Peguei-o pela gola de sua camisa, tirei novamente a maquininha que nos faria chegar ao lugar do espetáculo. Ele olhou para minha mão e tentou se soltar, eu apertei o botão. Fomos sugados e tudo começou a girar rapidamente, ventou muito e finalmente pousamos.
Estávamos numa campina bem semelhante à outra, só que não tinham flores e ao nosso redor havia vários carros e trailers. Acho que o circo havia atraído muitos mágicos. Há uns cem metros adiante eu podia ver as duas tendas coloridas e ao redor delas o circulo mágico conjurado por estacas de madeira com runas brilhantes nas pontas.
Remus não estava vendo nada daquilo, era feito para não deixar humanos normais verem que o circo estava ali.
- Acho que descemos na parada errada!
Ele estava com a voz fraca, parecia ainda estar zonzo e eu não consegui me segurar e ri dele. Ele me olhou e se aliou a mim.
- Estamos no lugar certo é só que tem um circulo mágico que impede pessoas como você de verem o circo, pois circos assim chamam muita atenção e atraem muitos mágicos. Então nós conjuramos círculos mágicos para que vocês não possam ver nada.
- Então eu não vou assistir ao show? Ótimo!
- Não, se eu conseguir fazer você passar pelo circulo você vai conseguir ver tudo.
Ele confirmou com a cabeça.
- Então vamos!
- Não é tão simples assim, o circulo vai expelir você, pois claramente você não quer ver nada disso, então você não precisa passar por ali. Agora se você quiser ver você vai conseguir ver antes mesmo de passar pelo circulo.
- Mas eu quero ver!
Puxei-o delicadamente pelo braço na direção do circulo, tive que fazer força, pois por algum motivo ele não queria prosseguir, parecia doer.
- Então imagine, tem duas tendas coloridas, listradas de vermelho, amarelo e verde. Você consegue vê-las? – Ele fez sinal negativo com a cabeça – Ao redor da tenda tem um circulo com estacas com pedras brilhantes nas pontas. Tem varias pessoas ao nosso redor passando por nós, você consegue vê-las?
- As pessoas? Espere, eu consigo ver pessoas passando por nós, elas estão indo reto naquela direção – ele apontou para onde estavam as tendas. – E eu também já consigo ver as estacas, elas tem pedras de varias cores e como brilham!
Eu sorri satisfeita, o meu coração não se contendo de felicidade e orgulho. Ele finalmente estava enxergando, esse já era o primeiro passo. Senti algo diferente nele, na sua aura, ela não estava tão nublada e cinzenta, começava a ficar colorida, mesmo que uma pequena parte dela.
Ele então arregalou os olhos e disse com a voz estrondosamente surpresa:
- Eu consigo ver as tendas e, meu deus, que tentas enormes!
E com a maior facilidade e naturalidade, passamos por entre duas estacas do circulo. Depois que ele passou a ver tudo ficou mais fácil, ele conseguia caminhar em direção as tendas sem ter que ser puxado por mim. Assim que passamos senti que o ar ali era mais agradável de respirar, ele era mágico!
quer saber o que vem por aí?
então vai ter de esperar o fim do capitulo!
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