que comecem os jogos.
capítulo 01
que comecem os jogos
-Draco?
O ponteiro principal do relógio marcou 10h quando aquela voz masculina fora pronunciada, chamando por outra pessoa. Os andares do castelo estavam desertos e a escuridão sepulcral da noite estabelecera-se definitivamente. Por outro lado, enquanto a maioria dos alunos descansava, as janelas das torres mais altas permaneciam abertas, irradiando a luz dos candelabros pelo céu. Apoiado em uma delas, o garoto se permitia pensar.
-Fala. -falou friamente. Ele estava ocupado não fazendo nada. Por que seus amigos pareciam tão infantis agora?
Draco Malfoy, 16 anos.
Alto. Cabelos lisos e platinados que caem sobre seus olhos azul-acinzentados. Seus traços são finos e elegantes. Inteligente e educado, mas frio e calculista, sabe conseguir o que quer, quando quer e como quer com apenas um olhar gélido e direto. No momento, usava sua calça de pijama de algodão importado da Bélgica por baixo de seu penhoar verde, com uma bela cobra bordada por fadas como brasão em seu peito direito.
-Draco? -chamaram outra vez.
O loiro rolou os olhos indiferente e bufou. Afastou-se do parapeito para aproximar-se do pequeno grupo de sonserinos. Estavam reunidos ao redor do tapete, cada qual em seu respectivo assento. Eram três: André, sentado sobre o chão com as pernas esticadas, Gabriel, em sua poltrona com um livro nas mãos, e Abelardo, monopolizando o sofá.
-Por que não se junta a nossa produtiva conversa? -perguntou Gabriel, com ironia.
Gabriel, sobrenome desconhecido. 16 anos.
Poucos centímetros menor que Draco, Gabriel é o mais centrado do grupo. Sempre com a cabeça no lugar. Cabelos castanhos e olhos castanho-esverdeados, tem a elegância, a inteligência e a sutileza. O garoto está usando seu pijama de linho dos centauros e lendo seu novo livro: The Oldest Godness of Egypty. Rosto modelado e moldurado por óculos de aros sofisticados.
Draco meneou a cabeça e observou um conhecido documento nas mãos de André. Sentou-se na poltrona dianteira da sala e disse, sorrindo lentamente:
-Vocês sabem que 90% dessa lista foi cortesia minha. -argumentou.
André jogou o pedaço de pergaminho nas mãos do garoto. Lia-se em letras garrafais:
A Lista
Na parte de baixo, uma série de nomes femininos.
-Pra que isto, criatura? –perguntou.
-Ainda faltam 10%. -declarou.
-Jura? -virou os olhos.
Abelardo gargalhou.
-Já contou pra ele de quem se trata? -perguntou.
Abelardo Hilton, 17 anos.
Mesmo tamanho que Gabriel, mas totalmente o oposto em ideais. Ele quer sempre o melhor e o maior para si. Passaria por cima de tudo e de todos para alcançar seus propósitos. Seu rosto é marcado por expressões fortes e distintas. Um sorriso caloroso, porém traiçoeiro. Cabelos escuros e olhos castanhos, o adolescente tem um destino traçado pelo descaso e pelo descuido. Sempre olha para frente. E em sua frente há sempre um espelho. Seu reflexo é sua meta.
-Na verdade, não. -respondeu o outro.
-Por que eu sinto que a bata vai vir para o meu lado? Ah, deve ser porque ela sempre vem. –resmungou o loiro.
-Do que tudo isso se trata? -perguntou Gabriel.
-Draco deixou uma escapar. -disse André. -Uma só, pessoal.
-Quem? -Malfoy arregalou os olhos. -Tem certeza de que é mulher?
-Diga-me você. -respondeu. -Conhece Hermione Granger?
-Ta explicado.
-Granger não é a menina da Grifinória? -perguntou Gabriel. -A garota com os livros?
-Cala a boca, Gabriel. -resmungou Abelardo. -Todo mundo a conhece. Vocês se lembram do episódio na aula do Snape? Parece que fizeram a menina chorar. -sorriu.
-Chorar? -interessou-se Draco. -Onde eu estava nesse momento?
-Nessa época, se bem me lembro, você estava namorando a 42. -respondeu André.
Através de um sistema inventado por ele mesmo, todos os sonserinos membros d'A Lista chamavam suas companheiras por números. De acordo com André, evitava uma aproximação maior entre os garotos e as garotas.
-Que falta de consideração. -falou Gabriel, levantando os óculos com a ponta do dedo indicador. -Coitadas, galera. Tudo bem, sem aproximação, mas etiquetá-las com números?
-Sonserinos não se prendem a uma só, idiota. Devia saber disso. -disse Abel.
-Draco que o diga, não é, Draco? -perguntou André.
-Continuo achando que é falta de consideração. -deu de ombros.
-E eu continuo duvidando da sua opção sexual, Gabriel. -redarguiu Abelardo, com escárnio.
-Vem aqui que eu te mostro qual é. -revoltou-se. -Imbecil!
-Estávamos falando da Granger, não é, galera? -interveio André. -Draco?
-O que tem eu? E por que eu?
-Seu grande amigo tem uma proposta a te fazer. -disse o moreno.
André Oliver, 16 anos.
Mesma altura e mesma idade que Draco. Sua família sempre foi muito próxima dos Malfoy, motivo que o coloca como colega de longa data de Draco. Cabelos escuros e olhos castanhos. Tem as feições mais delimitadas do grupo. Sempre está pronto para uma brincadeira, mesmo que seja de mau gosto. Não é tão mau caráter como Abelardo, mas está no caminho.
-Uma proposta irrecusável.
-Claro. -revirou os olhos. -O que eu ganho com isso?
-Essa é a melhor parte. -o garoto virou-se e encarou Gabriel. -Gabriel? O panfleto.
O outro, por sua vez, começou a remexer em uma pilha de papéis ao seu redor.
-Eu sei que está por aqui. -retirou um pedaço de papel alaranjado do meio. -Acho que é este. -estendeu-o a André, que o jogou para Draco.
-O anúncio do baile? -o loiro perguntou, confuso.
-É.
-Pra que isto? -tomou nas mãos o inútil papel.
-Você está sem par, certo?
-Tecnicamente.
-Bem, o fato é que... nós arranjamos alguém pra você.
-Ótimo! -deu de ombros.
-Ele sabe quem é? -perguntou Abelardo. -Porque eu não entendi.
-Eu não vou com a Granger, nem por mil galeões. -replicou.
-Eu acho que ele sabe. -disse Gabriel, virando a página de seu livro.
-Era só isso? -Draco levantou-se. -Eu estou cansado.
André pegou uma pena e anotou n'A Lista, ao lado do número 200:
200 - Hermione Granger, em fase de discussão.
Sem tirar os olhos do pergaminho, o moreno disse em voz alta:
-Lembra-se da Marcela, colega?
-Agora sim. -Malfoy voltou a se sentar. -O que tem?
Abelardo suspirou.
-Ela é o prêmio.
Draco arregalou os olhos e se esparramou no sofá.
-Desculpa?
-Idiota. -resmungou André. -Não é assim tão simples. E não pretendo deixar minha irmã cair nas mãos de qualquer um.
André certamente venderia a irmã por uma aposta. Nem ele, nem ela prestavam. Além do mais, ela se venderia por uma aposta, se isso envolvesse Draco.
-É um preço caro. Seu trabalho também vai ser. -argumentou Abelardo.
-Inferno! -praguejou.
-A Granger vai para o baile com você.
-Completamente mudada. Afinal, ninguém quer uma garota como ela, certo?
-Exato. A beleza é o primeiro requisito para namorar um de nós. -falou André.
Gabriel encarou Draco, preocupado.
-Namorar. -reforçou André.
-É claro. Ela tem que acreditar que é algo sério. -explicou Abel.
-O que nós leva a parte mais emocionante da história. -André se levantou, dramatizando uma cena de amor. –O trágico término de um relacionamento.
-Vai ser o maior pé na bunda de Hogwarts. -gargalharam.
-Durante o baile. –enfatizou Abel.
-Ridículo. -resmungou Gabriel. -Não acredito que vocês vão se rebaixar a tanto.
-Eu vou arrebentá-lo. -disse Abelardo. -Se acha tão ridículo, por que entrou no esquema? Você também é membro d'A Lista, palhaço.
-Sou mesmo, mas não quer dizer que as trato como brinquedos, idiota! E, se vai me arrebentar, está esperando o quê?
André simplesmente os ignorou. Desentendimentos como aqueles eram normais entre os sonserinos. Além disso, Gabriel e Abelardo sempre manifestavam opiniões diferentes a respeito de um mesmo assunto.
Draco mantinha sua expressão de resguardo e indiferença, cogitando possibilidades.
-Marcela, hã? -pensou alto.
-Ainda falta uma figurinha, colega. -respondeu o outro.
-Inferno! -urrou. -Não pode ser alguém menos... repugnante, tipo a Weasley?
Abelardo contorceu seu pescoço na direção do loiro instantaneamente.
-Como? -perguntou.
-O quê?! -Draco se assustou com a voz gélida do colega.
-A Weasley não é sua responsabilidade. -disse.
-Sinto uma hostilidade no ar? -perguntou, sarcástico. -Desiste, Abel, o Potter já colocou ela no prato, só falta comer.
-Potter! -repetiu, com escárnio. -Ele não passa de um mero peão num jogo de xadrez.
-Uau! Agora virou macho. -zombou André. -Ta, falamos sobre isso depois.
Segundos após, os três encararam Draco.
-O quê?! -gritou. -Ah, nem vem, eu preciso pensar... muito, muito mesmo.
-O baile é daqui a três semanas. Tem que ser rápido.
-Eu tenho que pensar, merda! Droga! -explodiu. -Vocês estão me chantageando com... Gente, é a Granger.
-Draco, é a Marcela. -falou Abelardo, modelando um corpo no ar.
-Oh! -André o encarou. -Não se esqueça de quem está falando.
-Da Marcela, oras. Como se você não conhecesse sua irmã.
-Ela é a caçula. -explicou. -A protegida da família.
-Protegida? -riu Draco. -Estamos falando da mesma pessoa?
-Você a quer ou não? -devolveu. -Chega de tempo pra pensar!
-Pra mim é medo. -disse Abelardo. -Já ta ficando estranho.
-Estranho o que, meu filho? -esbravejou.
-Ta fugindo do pau, Draco? -falou André.
-Isso é ridículo. A garota não é um pedaço de carne. -interveio Gabriel, sem tirar os olhos do livro.
-Se fosse, os lobos já teriam se alimentado dela há muito tempo. -insinuou Abelardo.
-Mas o lobo vai. -respondeu André. -Não é, lobinho?
-Eu não como carne em putrefação, amigos.
-Isso foi um "não"?
-Droga, como você é chato! Deixe-me pensar, ok?
-Tem até amanhã. -decretou André, enquanto guardava as coisas. -E só.
-Sim, chefe. -revirou os olhos, enquanto sentava-se ao lado de Gabriel.
continua .
Nunca faças aposta. Se sabes que vais ganhar és um patife, e se não sabes és um tolo.
confúcio
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!