So damn hard






“Mesmo quando nossas esperanças fogem da realidade, e nós finalmente temos que nos render à verdade, isso só significa que perdemos a batalha de hoje. Não a guerra de amanhã.”

Acordei apressada esperando estar atrasada para a faculdade, mas minha sanidade mental mostrou-se presente. Realmente eu não estava em casa e sim em cima de uma cama de hospital, o que será que tinha acontecido? Será que eu tive uma crise de asma durante a noite?? Mas eu não tenho asma desde os meus dez anos! Estranho...
- Vejam, ela acordou.
Não, eu não tinha perdido a memória e sim, eu reconheci a voz de Alice. Ela veio até a frente de minha cama com Frank ao seu lado.
- Tudo bem Lily? - perguntou Frank enquanto Alice tirava alguma coisa da bolsa.
- Não, eu odeio este lugar.
Certo, eu estava exagerando porque hospital não é tão ruim assim, se você não se lembrar de agulhas e sopa sem gosto quando vê um.
- Amiga você está com uma cara horrível.
Alice mais uma vez tentando abaixar meu mau humor. Pois é, esta frase não fez sentido. Tentei levantar a cabeça para ver se mais algum de meus amigos estava ali, é... parece que esqueceram totalmente de mim.
- Há quanto tempo eu estou aqui? - perguntei depois de Alice me forçar a deixá-la me maquiar, queria por um momento que uma enfermeira chata entrasse aqui e expulsasse-a.
- Hoje é terça, James me falou que você saiu fugindo das amigas de uma garota e terminou batendo a cabeça. Bom, o lado positivo é que James ficou o dia todinho aqui.
Sabe, eu não vejo lado bom nisso, ele me viu com cara de doente e eu tenho certeza que isso não é bom.
- Então, cadê ele?
Minha pergunta não precisou ser respondida, James o supracitado, apareceu com três copos de café expresso para todos menos para mim, ingrato!
- E eu?
Ele sorriu e me deu um beijo na testa, me virei mandando uma cara feia para Alice que bebia o café murmurando algo como "delicioso" toda vez que tomava um gole, alguém veio aqui só para me esnobar.
- Desculpa Lils, mas café pode fazer mal para sua cabeça.
Abri a boca para falar meu discurso de "Você não é médico, seu imbecil!", mas como Frank, o médico, estava na minha frente eu simplesmente fiquei calada.
- Marlene disse que passa aqui mais tarde com Remus, e Sirius disse que ia trabalhar para a cura da burrice.
Muito animador.
- Ele vai ver essa cura quando eu jogar uma vaca na cabeça dele.
Primeiro erro: Eu não tenho força suficiente para jogar uma vaca.
Segundo erro: Ele não ia ver coisa nenhuma comigo plantada nesta cama.
- Ah, a enfermeira disse que já volta para arrumar o curativo.
Quando ele falou coloquei imediatamente a mão na cabeça, e percebi um corte enorme cheio de pontos lá. Eu devia estar parecendo o Chuck.
- Quando eu vou sair deste remoto lugar?
James deu de ombros e pegou água para mim.
Mas eu não pedi água nenhuma! - eu exclamei e a única resposta que recebi foi um "Vai ser melhor para a sua cabeça". Idiota, ele não sabe nada disso.
Alguns minutos depois a enfermeira Karen (chata, feia e boba) apareceu para renovar meu curativo, o que doeu muito, Alice e Frank foram embora e Sirius ligou.
- Lilyzinha, mais tarde eu passo aí com doces para você.
- Ah, então você quer me comprar com doces?
- E funcionou?
- Talvez... peça para Marlene passar aqui, eu preciso ter uma conversa particular com ela.
- Não vou falar com ela, Marlene me odeia se você não percebeu.
- Lá no fundo, no fundo, no fundo mesmo, ela acha você legal.
- Pensei que fosse dizer que ela me ama.
- Não vou mentir, desculpe.
- Você sempre mentiu!
- Só em ocasiões necessárias, tipo para me salvar de ser raptada por um maníaco.
- Peter não é um maníaco.
- Certo! James quer falar com você, não se esqueça dos meus doces!
Passei o telefone para James que saiu do quarto para poder falar coisas inapropriadas, claro. Levantei-me e peguei um livro na mesa de cabeceira, Fundamentos da Filosofia - Terceiro Ano. Certo, este livro é meu, mas que pessoa em sã consciência traria isto para eu me distrair? Só tinha uma resposta óbvia: Sirius.
Coloquei novamente o livro na cabeceira e como não tinha nada para eu fazer comecei a cantar, o que eu não esperava era a enfermeira Karen me mandar calar a boca afirmando que faria mal a minha cabeça. Tenho certa dúvida, as pessoas fazem isto para minha cabeça ou essa é só uma desculpa para me torturar?
Bom, vamos deixar minhas idéias de que o governo paga para nos deixar grogues de lado e vamos voltar à etapa final, como está o mundo lá fora? Sinto-me uma presidiária...
James voltou para o quarto e se sentou ao meu lado.
- Como está minha prima? - perguntei imediatamente.
Tudo bem, me sinto envergonhada por esquecer a existência de Missy. Ele passou a mãos pelo cabelo com preocupação, me deixando com receio.
- Bom, ela conheceu Peter quando você foi para o hospital e os dois saíram para conhecer umas cidades aqui perto...
Ele falou devagar preocupado com minha reação, levantei lentamente e falei mais lentamente ainda.
- Você deixou minha prima menor de idade viajar com um maníaco?
James recuou um pouco para trás. Fala sério, eu devia estar com uma expressão demoníaca.
- Lily, pela milésima vez, Peter não é um maníaco e ele até deixou flores para você.
Olhei para a mesa ao meu lado, é verdade, tinha mesmo um buquê de lírios lá.
- Mais uma prova de que ele não é normal! Como ele sabe que minhas flores preferidas são lírios? Não acredito em acaso!
James respirou fundo e quando falou até me senti mal por dentro, era uma prova de que ele estava cansado de mim, de eu dar trabalho e tudo mais...
- Eu contei que você gosta de lírios, Lily. Se ele for maníaco então você é pior, é uma louca.
Abri a boca com raiva, tentei falar, mas nenhuma reclamação conseguia sair, então apelei para violência. Peguei a jarra onde estavam os lírios, joguei os lírios sobre mim com raiva e como eu já pensava, James foi recuando até a porta e quando joguei a jarra em sua direção, ele conseguiu se safar.
Agora já sei o que aquela maldita enfermeira vai falar quando tiver que limpar os estilhaços do jarro: "Isso faz mal para sua cabeça, querida". Não, eu não estava feliz e queria mesmo que o chão abrisse e eu caísse dentro de uma piscina para me afogar.
Depois de mais de três horas sem sinal de vida, olha quem apareceu para me alegrar, Sirius! Se ele me dissesse que James havia morrido, eu até poderia me animar, mas não, quando chega já vem com piadinhas.
- Já espantou o príncipe encantado? Pensei que você fosse a bela na história, mas estava enganado.
Ri sem graça enquanto pegava os doces que ele havia trazido para mim, não prestei atenção ao que ele falava e me concentrei nos doces. Pelo menos uma coisa o imprestável sabe fazer, me trazer doces!
-... acabei encontrando a Lene lá...
Levantei minha cabeça dos doces e me interessei no assunto, Sirius pareceu perceber.
- Quando eu falo das amigas dela, ela vai e presta atenção.
Dei um sorriso inocente, e olha que de inocente eu não tenho nada, mas parece que meu dom para as mentiras às vezes funcionam bem, eu sou uma menina malvada.
- Claro que eu me interesso pelo que você diz, mas estava tão feliz pelos doces que não ouvi nada.
Se ele acreditou ou não eu nunca vou saber, pois apenas falou misteriosamente "sei, sei" e continuou o que eu tanto queria.
- Encontrei a Marlene no pub do seu Matheus, muito estranho, eu acho, porque Lene sempre falou que aquilo era lugar de indigente. Cheguei nela, que já estava mais para lá do que para cá, e quando me viu começou a chorar. Tentei ajudá-la, mas a única coisa que consegui foi levá-la para casa onde a mãe dela me encheu de perguntas, foi por isso que me atrasei.
Levantei da cama com lençol e tudo e coloquei a mão no seu ombro.
- Vamos ajudar a Lene, onde está meu casaco?
Ele assentiu com um sorriso maroto, pelo menos aquele era Sirius e não James, James me empurraria na cama e me chamaria de louca e eu, definitivamente, não teria chances de escapar.
Sirius me deu o casaco e planejamos nossa missão FRL, no caso "Fugindo para Resgatar Lene".
Era exatamente quatro horas da tarde de uma terça feira muito quente e eu estava me vestindo com uma roupa de ginástica, porque Sirius e James não tiveram capacidade de trazer uma roupa que prestasse para mim! Eu e Sirius fugimos de James quando o vimos falando no telefone lá na cantina e entramos no carro do Cachorro.
Missão quase completa! Segunda Parte: entrar na casa da Lene sem sermos notados pela senhora Mckinnon.
Sirius arrombou a janela e entramos encontrando uma Marlene aos prantos. Fui até ela que me abraçou quase me esmagando.
- Ele não presta! Aquele ser desprezível!
Sirius olhou para mim com um olhar de interrogação e eu apenas dei de ombros.
- Calma Lene.
Ela tentou enxugar as lágrimas e Sirius começou a mexer nas coisas do quarto dela.
- Ele veio aqui em casa com a idiota da Bellatrix e ainda me chamou... chamou...
Não consegui saber do que ele a chamou porque a fofa abriu novamente o berreiro e quando parou olhou para Sirius com uma sobrancelha levantada.
- O que você faz aqui?
Sirius recuou para trás do mesmo jeito que James tinha recuado quando eu joguei o jarro, mas desta vez Marlene se levantou e colocou as mãos nos ombros dele.
- Espere lá fora, tenho que conversar com minha melhor amiga. Depois você volta, por favor.
Entranhei a educação da minha amiga, já que era muito estranho ela não ter dado uma tapa na cara dele só por vê-la chorar! Ele tão estupefato quanto eu saiu sem falar nada e eu me acomodei na cama. Se ela estava tão educada nada melhor do que abusar da educação.
- Acho que você tomou muitos antibióticos hoje, não Marlene?
Sirius saiu pela porta e Marlene bateu com força me olhando de forma demoníaca. Nossa, essa menina tem dupla personalidade!
- Quem toma antibiótico é você, idiota.
Mal educada, ela se sentou ao meu lado quase me empurrando.
- Eu quero que você vá falar com Rodolfo.
Ela falou de uma vez e eu peguei um brinco na mesinha de cabeceira.
- Não.
Falei simplesmente e a fofa me olhou de forma mais demoníaca ainda.
- Lily, eu não estou de bom humor e é melhor você fazer o que eu mandei.
Quando eu tinha sete anos meu gato de estimação, Dr. Lino desapareceu misteriosamente e meses depois descobriram seus ossos no terreno atrás de casa, já sei quem foi a culpada.
- E o que eu vou fazer lá, dizer "Oi Rodolfo, vim fazer uma visitinha!"? Corta essa!
Ela se levantou e entrou no closet, três minutos depois ela voltou com uma caixa roxa.
- Por acaso, dentro dessa caixa não tem os ossos do Dr. Lino, né?
Ela me olhou como se eu fosse louca (pra variar) e levantou uma sobrancelha.
- Quem é Dr. Lino?
- Meu gato.
Ela deu de ombros e me entregou a caixa.
- Entregue a ele...
Abri um pouquinho a caixa, mas fui impedida por um grito.
- Não abra!
Bufei, depois ia abrir a caixa mesmo...
- Ligue para ele e peça para encontrá-lo no cassino, ele se lembra de você.
Coloquei a caixa dentro da bolsa e sorri sem graça.
- Afinal por que você está usando roupas de ginástica?
Estava mesmo ridícula com aquela roupinha, mas tudo bem! Levantei-me da cama e fui até a janela.
- Foi o melhor que achei e não me olhe assim.
E pulei da janela dando de cara com o chão.
Como a enfermeira idiota do hospital dizia: "Isso faz mal para sua cabeça, querida".

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