No one needs to know
"As pessoas que mais sofrem são aquelas que não sabem o que querem."
Enquanto meu carro corria para chegar em casa a tempo da minha querida prima não fazer qualquer loucura, eu pensava o que ela estaria fazendo lá, afinal Missy nem sabia onde era a minha casa!
Coloquei meu carro na garagem e logo peguei o elevador. Abri a porta de casa e fui até a sala onde Missy e James conversavam animadamente.
- Ei, vocês dois, cheguei!
Os dois olharam para mim e Missy deu um pulo pra correr em minha direção.
- Lilyzete!
Ela me abraçou e quando se soltou eu reparei como ela estava diferente da pequena Missy de cinco anos atrás. Seus cabelos castanho-claros agora estavam bastante ondulados e com partes loiras, ela estava bem bronzeada e seus olhos estavam em um verde água maravilhoso. Só uma coisa não havia mudado: ela continuava baixinha.
- Como você veio parar aqui?
Fui até o sofá depositando minha bolsa, mal reparando minha prima saltitante vindo atrás de mim.
- A tia Clara não avisou?! Eu vim passar as férias aqui!
Eu levantei uma sobrancelha e depois olhei para James, que colocou as mãos para cima.
- Eu não dei em cima da sua prima e não me olhe assim.
Eu sentei no sofá e Missy ficou em pé na minha frente.
- James foi bem legal comigo, Lily!
Ela falou desaprovando meu olhar, por que todo mundo pensa só o pior de mim?
- Eu não falei nada!
Os dois deram de ombros e eu guardei para mim o instinto de pular no pescoço daqueles dois seres.
- Certo, eu não estou entendendo nada.
- Deixe-me explicar, priminha! Mamãe me deixou de férias todo o mês dizendo que já que eu trabalhei o verão inteiro no hotel da família, eu poderia viajar para o continente. Falei com tia Clara e ela disse que eu podia vir para sua nova casa, pois ela está no Brasil!
Eu suspirei. Minha mãe não me avisa nada e, além disso, a filha de dezesseis anos da tia Donna vem passar as férias na minha casa junto com James! E Sirius, eu quero dizer.
- James já mostrou teu quarto?
Os dois trocaram olhares e depois Missy sorriu. Tentei engolir minha súbita vontade de matar alguém (especialmente aqueles dois!) e balancei a cabeça para espantar estes malignos pensamentos, mas simplesmente piores ainda rodearam minha doce mente. E se James estivesse interessado em Missy? E se por um acaso o sentimento de Missy fosse recíproco? E se eu estivesse sobrando nessa história? Sério, se eu continuar com minhas paranóias vou acabar delirando e começando a falar em terceira pessoa, olha que eu estou bem perto disso!
- Então eu vou tomar um banho. Missy, não saia de casa! Você é minha responsabilidade.
Eu sabia que ninguém ia cair nessa minha história de que ela estava sobre minha responsabilidade, afinal eu não era responsável e Missy nunca iria ligar para minhas regras.
- Reformulando, não saiam sem mim!
Os dois apenas assentiram. Entrei no meu quarto e procurei por uma toalha limpa dentro do meu guarda roupa, ou seja, minha bagunça total. Achei a toalha e me enfiei no banheiro. A única coisa que iria me tranquilizar agora era uma boa porção de chocolate, mas como eu estou nova demais para virar uma diabética e morrendo de medo de sair do quarto e ver Missy e James juntos, comecei a cantarolar uma música velha dos Beatles bem lentamente.
Saí do meu demorado banho e coloquei um vestido vermelho e sapatilhas azuis. Realmente, só faltava colocar duas ligas no cabelo pra ficar mais ridícula! Mas não me deixei abalar pelas críticas da minha própria mente e coloquei um cinto branco sobre o vestido soltinho. Fui para a sala ainda com uma toalha tentando enxugar meus cabelos, percebi que James assistia quase dormindo ao seriado Lost e não havia sinal de minha priminha preferida.
- Hey, James!
Ele virou a cabeça preguiçosamente para meu lado e eu me forcei a suspirar. Ele estava lindo! Sentei ao seu lado tomando o controle de sua mão, se Sirius não me deixa assistir televisão em paz eu poderia força James a deixar.
- Por que está arrumada?
Levantei uma sobrancelha intrigada. Ele sofria de sérios problemas mentais ou eu não falei que iríamos sair?
- Vamos sair James, vá se trocar!
Ele levantou correndo e entrou no quarto sem falar nada. Aproveitei para pegar meu celular e ligar para Marlene.
- Lily, 'tá tudo bem aí?
- Mais ou menos, quer sair com a gente?
- Não estou muito afim... Acho que vou dormir.
- Marlene, você nunca fica assim nessa secura, o que foi?
- Vou me encontrar com Rodolfo amanhã, já decidi.
- Tudo bem, mas já falou com Alice? Ela também é sua melhor amiga.
Ela engoliu em seco. Claro que Alice iria ficar irritada de qualquer jeito ao saber que Marlene não contou a ela e que ela ainda iria se encontrar com o Lestrange.
- Não posso, ela vai me matar! Você conhece Alice e sabe que é melhor eu contar depois.
- Certo. Depois vai sobrar para eu tranquilizar a fera, mas tudo bem.
- Boa noite Lils, divirta-se.
Ela desligou na minha cara sem esperar minha resposta, como sempre. Levantei-me do sofá e fui até o quarto que agora hospedava Missy.
- Lily! Me ajuda!
Abri a porta do quarto e vi Missy pendurada na janela segurando alguma coisa, fui até ela e a segurei pelos ombros.
- Melissa, o que você está tentando fazer?
Ela segurava um fio de nylon que no final prendia uma pedra parecidíssima com granito.
- Minha pedra da sorte Lils, vai cair!
Eu puxei Missy com o fio de nylon e a pedra para a cama e senti que meus ossos nunca mais se moveriam. Isso é o que acontece quando se é prestativa com a uma prima pior que você mesma.
- Como foi que você foi parar ali?
Ela segurava a pedra com as duas mãos murmurando alguma coisa, e eu tive uma leve lembrança daquele filme "O Senhor dos Anéis" onde ela era o tal do Smigol murmurando "meu precioso" para o anel, no caso dela a pedra.
- É uma longa história e o que importa é que minha pedrinha está salva.
Bufei e puxei Missy pelo braço até a sala e surpreendentemente ela ainda segurava a maldita pedra! James já estava lá e parecia um pouco menos cansado. De esguelha olhei para Missy e vi que ela vestia uma saia de flores com uma blusa branca e os cabelos loiros presos, estava uma graça!
- Bom, não dá para ir a uma festa sem o rei delas.
Os dois pareceram confusos e eu peguei o meu celular.
- Sirius?
- Lils!
- Onde você está? Eu, a Missy e o James vamos para alguma balada e como você sabe não dá para ir sem você!
- Obrigada pela gentileza querida Lils, eu 'to no pub do Seu Matheus, mas a gente pode se encontrar em algum lugar.
- Certo, a gente se encontra na Life.
- Vou pagar a conta e 'to indo pra lá.
Desliguei o telefone e olhei para os dois na minha frente.
- Bom, vamos com o carro de quem?
Enquanto eu dirigia cantando "I Gotta Feeling" com Missy, James estava preocupado em não me fazer bater. Já estava farta das tentativas dele tirar o volante de minhas lindas mãos e também cansada dos "Olha o sinal vermelho!" ou "Isso se chama quebra mola, não pule sobre mim!" quando eu fazia alguma imprudência. Já bastava os carros atrás buzinando e com James buzinando no meu ouvido não dava!
Quando chegamos à minha boate preferida, James estava de mau humor e logo foi atrás de um copo de whisky com Missy atrás dele. Eu, A abandonada, procurei por Sirius e só o achei cinco minutos depois dançando cercado de garotas.
- Você não perde tempo!
Eu gritei fazendo Sirius me puxar pela cintura.
- Ruiva, tempo é dinheiro!
Eu sorri e olhei em direção ao bar onde James conversava suavemente com minha prima.
- Já conheceu minha prima?
Eu falei apontando para ela e Sirius quase suspirou.
- Tão linda quanto você, o James me falou dela.
Senti-me mal, será que eu estava com ciúmes da minha prima? Afinal ela era linda e loira e eu uma ruiva louca!
- Só não devia ficar tão perto do James!
Ele sorriu e eu quase me matei por minha gafe. Não, eu não sou apaixonada por James!
- Ciúmes?
- Não, é só impressão sua!
Desvencilhei-me de Sirius e fui até James que agora não conversava mais com Missy.
- Desilusão amorosa?
Falei apontando para o copo de whisky e logo depois ele me olhou de cara feia.
- Não te interessa.
Pelo visto já 'tá bêbado.
- Mal educado.
Murmurei e James apenas deu de ombros enquanto eu pegava uma cerveja e me virava para ele.
- Onde está minha prima?
- A prima é sua!
Olhei pelo salão e nada de Missy, se aquele ser desaparece tia Dora me mata! Peguei meu celular e tentei ligar para ele, o que não adiantou muito, pois a fofa não me atendeu.
- Sabe, não é normal ser gay.
Olhei para James que passava o indicador na borda do copo enquanto olhava para o mesmo vazio. Levantei uma sobrancelha, esse garoto não está nada bem!
- Você é muito medieval, James.
Ele olhou para mim com tristeza, claro estava bêbado, e depois colocou o copo na mesa levantando-se.
- Você pensa que vai aonde?
Quando ia se levantar quase caiu e eu tentei ajudá-lo sem muito sucesso.
- Vamos, eu ajudo você.
Não sei o que me deu naquela hora, esqueci de Missy e Sirius e só estava pensando na segurança de James, afinal ele estava bêbado e uma amiga que se preze não vai deixar o melhor amigo ir dirigindo e acabar por destruir um lindo carrinho. Cheguei à conclusão que sou uma boa amiga, mas não uma boa prima. É... Eu tinha que fazer alguma coisa para melhorar isso.
- Espera aí, vou falar com Sirius e já volto.
Deixei ele encostado em uma parede e fui até Sirius que pulava freneticamente ao som de uma música.
- Sirius, leva Missy para casa?
Ele parou de pular por um instante e apenas concordou, voltei até James e fomos para o meu carro.
- Acredite Lily, estar no fundo do poço é muito melhor do que estar por cima.
Ele falou exatamente depois de eu ajudá-lo a entrar no carro e ir para o banco de motorista.
- Para poder se embebedar?
Ele balançou a cabeça e por um momento eu pensei que ele fosse vomitar.
- Eu posso beber a hora que eu quiser.
Eu ri internamente, James quase nunca ficava bêbado. Bom, ele sempre bebia, mas nunca parecia bêbado.
- Então... Você está no fundo do poço, por quê?
Eu perguntei enquanto virava a esquina já bastante perto de casa, não tinha ligado o rádio, pois com certeza ele estava com dor de cabeça e eu não queria piorar seu estado.
- Porque eu estou apaixonado pela minha melhor amiga.
Oh meu Deus! Relaxa Lily, afinal ele estava bêbado!
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