Capitulo 07
Capitulo 07
Com um vestido preto e justo que modelava o corpo exuberante e cabelos negros emoldurando o rosto oval, a recém-chegada atraía os olhares de todos os homens presentes.
- Surpresa! - ela disse.
- Não é mais. - respondeu Harry. - Por que mudou seus planos?
- Porque não consegui ficar longe de você, querido. - Ela o beijou nos lábios. - Sentiu saudade?
- Um pouco.
- Entendo. Tentarei aumentar seu entusiasmo mais tarde.
- Em vão, se ele tiver um mínimo de bom senso. - Tessa sussurrou.
Cho afastou-se para ir cumprimentar outros convidados. Gina sentia-se murcha como um balão sem gás. Por que Harry olharia para ela, se podia ter Cho?
- Preciso ir ao banheiro. - disse.
- Vou com você. - Tessa ofereceu.
Caminharam em silêncio até um dos reservados no final de um corredor que partia da sala, e Tessa voltou a falar assim que fechou a porta.
- Se é mesmo a mulher que penso ter vislumbrado sob essa aparência indefesa, não vou deixar aquela devoradora de homens intimidá-la, Harry tem caráter. Não vai se deixar enganar.
- Que diferença isso faz?
- Muita. Qualquer homem fica entusiasmado com mulheres como Cho, mas os que têm bom senso jamais vão além da atração física.
- Não gosta dela, não é?
- Cho é uma predadora. Ela se alimenta da atenção dos homens. Acredita que tentou seduzir meu Bryn quando estivemos aqui no ano passado? Ele achou tudo muito engraçado. Eu senti vontade de esganá-la. Seria maravilhoso vê-la cair da pose! E acho que você é a pessoa ideal para derrubá-la.
- Gostaria de ter sua confiança.
- Para quê? Você tem tudo que é necessário para conquistar Harry! Já se olhou no espelho? Francamente, Gina! Se o quer, lute por ele! Mostre a Cho que ele já tem dona!
Gina sentiu que a segurança de antes retornava aos poucos. Se queria o amor de Harry, teria de lutar por ele sem pensar na possibilidade de derrota!
- Volte para lá e mostre a eles do que é capaz! - Tessa encorajou-a.
Harry ainda conversava com Bryn quando retornaram ao jardim. Sem pensar nas conseqüências do que estava prestes a fazer, Gina segurou o braço dele e sorriu para o homem mais velho.
- Espero que não se importe, mas vou tirar este agradável cavalheiro para dançar. Estão tocando nossa canção.
Bryn não parecia surpreso.
- Fique à vontade.
Harry pousou a mão em suas costas para guiá-la até a pista de dança, onde outros casais se divertiam. Depois de enlaçá-la, perguntou:
- Desde quando temos uma canção?
- Desde agora. - ela respondeu, entrelaçando os dedos em sua nuca. - Como você não tomava a iniciativa, achei melhor tomar as rédeas da situação.
- Quanta segurança! Por que acha que eu não tomaria a iniciativa?
- Porque, se tirasse alguém para dançar, seria Chang, e não pretendo permitir que ela se aproxime de você.
- Impressionante! De onde tirou toda essa confiança?
- É simples, Harry. Você foi meu primeiro. Não quero que outro homem faça amor comigo... nunca mais.
- Pretende entrar para o convento?
- Você sabe que não. Quero me casar com você. Quero ter filhos seus. Quero...
- Ei, ei, ei! Pensei que não estivesse interessada em casamento!
- Eu menti. Talvez não me ame como eu o amo, mas vai me amar. Farei tudo por isso. Se quiser me pintar nua, juro que...
- Agora chega. A brincadeira acabou.
- Quem está brincando? - murmurou, colando o corpo ao dele de forma provocante. - Quero você, Harry. E você me quer. Não é verdade?
- Mais uma palavra, e a levarei para casa.
- Ótimo! Assim ficaremos a sós.
- Pare com isso, Gina! Já disse que chega!
- O que pretende fazer se eu não parar?
Harry segurou as mãos dela e tirou-as de seu pescoço, colocando alguma distância entre eles.
- Pare imediatamente. Não sei o que deu em você, mas...
Gina sorria, o que o fez calar-se. Irritado, saiu da pista de dança e puxou-a pela mão como se fosse uma criança. Mas Gina não estava disposta a desistir. A perseverança sempre alcançava bons resultados.
Harry a levou para uma área protegida por palmeiras bem perto da praia. Lá ele parou para encará-la, o rosto contorcido numa máscara rígida.
- Não sei que brincadeira é essa, mas vai parar agora mesmo!
- Não é nenhuma brincadeira. Amo você, Harry. E sei que pode me amar, se deixar acontecer. Já está na metade do caminho para isso.
- Só porque fiz amor com você? É muita ingenuidade considerar os dois como sinônimos.
- Então sou ingênua. É melhor do que ser cínica. Cho vai deixá-lo mais cedo ou mais tarde. Eu não. Sendo assim, é evidente que sou sua melhor escolha para o papel de esposa.
- Seria, se eu estivesse procurando uma esposa. Fui fraco o bastante para me deixar seduzir por um corpo perfeito e um rosto angelical, mas não vou me casar com você.
- Nem se eu estiver grávida?
- Gina... Está tentando me dizer alguma coisa?
Ela balançou a cabeça, surpresa com a habilidade de permanecer calma naquelas circunstâncias.
- É cedo demais para saber. E você não me deu uma resposta. Se eu estivesse grávida, aceitaria se casar comigo?
- Reconheço que uma criança faria uma grande diferença...
- Então espero estar grávida!
- A última coisa de que precisa é ser mãe aos dezenove anos!
- O que a idade tem a ver com isso? Pensando bem, a idade não interfere em nada! Já viu um casal mais ajustado que Tessa e Bryn?
- Tessa? Agora entendo! Foi ela quem inventou tudo isso. O que você disse para...
- Eu não disse nada. Tessa tirou as próprias conclusões a partir do que viu.
- Ah, é claro! Só precisou olhar para nós dois juntos para compreender a situação. - Ele suspirou. - Do que estou reclamando? Se não houvesse... - E parou, comprimindo os lábios. - Já chega.
- Ainda não, Harry. - Determinada, abraçou-o e beijou-o nos lábios, colando o corpo ao dele de forma a provocar uma resposta. Por um momento teve a sensação de que o beijo seria correspondido, mas em seguida ele a empurrou com brutalidade assustadora.
- Não vai acontecer. - disse. Depois levou-a de volta à festa como se lamentasse a impossibilidade dê puni-la fisicamente.
Mas Gina não se dava por vencida. Tessa plantara uma semente que em breve daria bons frutos.
Cho conversava com algumas pessoas, mas, ao vê-los, parou de falar e fitou-os com um ódio que encheu de alegria o coração de Gina. Pelo menos conseguira fazê-la entender que Harry era propriedade exclusiva.
Samantha estava em um canto do pátio com alguns jovens. Harry levou Gina até lá e deixou as apresentações por conta de Tim.
O primeiro a conhecê-la foi Harley, o filho do meio dos Chang.
- Estava esperando por isto. - ele disse com um sorriso fascinante. Se não estivesse voltada para outros objetivos, certamente teria ficado entusiasmada. - Mamãe disse que você era bonita, mas não imaginei que fosse tanto. Quer beber alguma coisa?
Os dois se afastaram do grupo para apanhar as bebidas, e Harley não perdeu tempo. Assim que ficaram sozinhos ele disparou:
- Onde esteve durante toda minha vida?
- Crescendo. - Gina respondeu.
O rapaz riu.
- Gosto de mulheres com raciocínio rápido. Vamos dançar?
Teria recusado o convite, mas naquele momento viu Harry dançando com Cho e mudou de idéia.
- Eu adoraria.
- A música é um pouco ultrapassada. - ele se desculpou enquanto a levava para a pista. - Meu pai é admirador dos trabalhos da década de sessenta.
- Também gosto desse período. A propósito, você e Tim são muito parecidos com seu pai.
- É o que todos dizem. Cho herdou os genes de minha mãe, e algumas pessoas dizem que ela é parecida com Shirley. Estranho, se levarmos em consideração que ela nem é nossa avó de verdade.
- Não?
- Não. Shirley se casou com meu avô uma semana antes do casamento de Tessa e Bryn.
- Oh, sim, já tive oportunidade de conhecê-los. Você os vê com freqüência?
- Não, mas de agora em diante isso deve mudar. Eles voltaram a morar na ilha depois de vinte e sete anos. Deve ter notado que há uma grande diferença de idade entre os dois.
- Doze anos não representam uma diferença tão grande assim.
- Prefiro uma mulher mais próxima da minha idade. Quatro anos mais jovem, para ser bem exato.
- Está procurando alguém da idade de sua irmã?
Harley riu novamente.
- Como eu disse, admiro o raciocínio rápido. Nós dois vamos passar muito tempo juntos de agora em diante, Gina.
Foi a presunção que a afetou de forma mais direta e intensa. Tanto que não pensou nas conseqüências antes de agir.
- Não creio que Harry permita essa proximidade depois do nosso casamento. Ele é muito possessivo.
Em outras circunstâncias a expressão do rapaz a teria levado às gargalhadas.
- Ele é seu tio!
- Oh, não! Sam e eu somos meias-irmãs. Espero que saiba guardar segredo, porque ainda não fizemos um anúncio oficial.
- Imagino que não! - Harley soava quase selvagem. - Ele devia ter vergonha de tirar vantagem de uma menina quinze anos mais jovem!
- Que importância tem a idade? Tessa e Bryn não se incomodaram com a diferença.
- Não, mas ninguém mais aprovou a união.
- Como pode saber, se ainda nem tinha nascido quando eles se casaram?
- Meu pai já havia nascido. E também já havia... - O rapaz deteve-se de repente. - Não quero discutir o passado. Estamos falando sobre você e aquele... artista! Aposto que ele a convenceu a posar nua, como fez com Cho. O homem é um pervertido!
Saber que Harry havia retratado a bela morena nua a encheu de raiva. Cho devia conhecer todos os truques de sedução que uma mulher pode usar! Ela, por outro lado, só dispunha do instinto. A virgindade havia sido seu único trunfo. Sem ela, o que tinha a oferecer?
- Estou cansada. - disse. - Vamos parar, está bem?
Harley não tentou dissuadi-la.
- Espero poder contar com sua discrição. - Gina comentou quando deixaram a pista, embora não tivesse muita esperança.
Ele não respondeu. Sério, afastou-se sem encará-la, como se temesse ser contaminado por uma doença mortal.
Tessa acenava com entusiasmo, apontando para uma cadeira vazia a seu lado, e Gina aceitou o convite.
- Acabei de cometer uma estupidez. - disse em voz baixa. - Disse a Harley que Harry e eu vamos nos casar. Pedi segredo, mas duvido que ele seja do tipo discreto. Sei que não devia ter mentido, mas ele estava se tornando inconveniente e...
- Não precisa explicar nada, meu bem. Conheço esta família há décadas! E não espere que Harley guarde segredo. Na verdade, ele já deve estar espalhando a novidade neste momento. A rejeição costuma ferir os Chang com mais profundidade, parece. O pai dele também se tornou vingativo quando eu o rejeitei.
- Eu já imaginava.
- De qualquer maneira, é tarde demais para recuar. Termine o que começou, querida, e Harry será alvo de inveja de todos os homens da ilha.
Se a reação de Harley era digna de consideração, Harry seria crucificado. Como pudera ser tão irresponsável?
Pouco depois Gina começou a notar certos olhares em sua direção e soube que Harley espalhara a notícia que devia ter guardado em segredo. Harry havia desaparecido. Cho também. Mas não sabia se estavam juntos. Desanimada e temerosa, aceitou o convite de Bryn para dançar como uma rota de fuga, certa de que ninguém se atreveria a atacá-la enquanto estivesse em companhia de um homem tão distinto.
Ainda estava dançando quando Harry apareceu. Sozinho. E sua expressão não anunciava nada de positivo.
Sentindo sua tensão, Bryn tentou ajudá-la.
- Qual é o problema? Não está feliz com o noivado?
- Não existe nenhum noivado. - ela confessou. - Foi só um comentário inconseqüente que...
- Eu já imaginava. - ele cortou. - Aposto que Tessa teve participação no que você chama de comentário inconseqüente.
- Oh, não! Ela...
- Ela não tem culpa nenhuma. - interrompeu uma voz firme. - Será que pode me dar licença, Bryn?
- É claro, Harry.
Ele a tomou nos braços como se quisesse apenas dançar, mas Gina sabia que sua intenção era outra. Por isso decidiu ir direto ao assunto.
- E então?
Podia sentir a tensão nos braços que a apertavam com força desnecessária.
- O que esperava? Imaginou que estivesse envergonhado a ponto de me sentir forçado a pedi-la em casamento?
Sabia que estava criando uma confusão ainda maior do que a anterior, mas àquela altura já não se importava com nada. O que tinha a perder?
- Sorria, querido, ou as pessoas pensarão que já estamos discutindo.
- As pessoas vão pensar coisas bem piores se insistir nessa farsa!
- Já sabe o que sinto por você. Se Maomé não vai à montanha... Eu era virgem antes de conhecê-lo. Não acha que o casamento é um preço justo em troca do privilégio?
- Não acredito no que estou ouvindo!
Gina também não acreditava no que estava dizendo. Mas as palavras continuavam jorrando numa enxurrada incontrolável.
- Amo você. - disse antes de beijá-lo nos lábios. - Não há nada que possa fazer ou dizer para alterar o que sinto. Se nos casarmos, serei a melhor esposa que um homem já teve. Lavarei suas roupas, pregarei botões em suas camisas, farei seus pratos favoritos...
Um sorriso distendeu seus lábios.
- Não preciso de uma esposa para cuidar da casa. Bella é muito competente.
- Mas não pode fazer tudo. Estarei sempre pronta para você, Harry... para o que quiser. Pode contar com meu amor, meu respeito... e até minha obediência.
Ele deixou escapar uma gargalhada seca.
- Não precisa exagerar!
- Estou falando sério! Não pode se casar com Cho. Não vou permitir.
- Nunca tive a menor intenção de casar-me com Cho. Nem com nenhuma outra mulher.
- Isso foi antes de nos conhecermos. Naquela noite em que fizemos amor na piscina, pude sentir a intensidade da paixão que despertei em seu corpo.
- Qualquer outro homem teria reagido da mesma maneira diante do que vi. Você estava... - E parou, respirando fundo para conter-se. - Não devia tê-la trazido para cá.
- Eu teria morrido na solidão se houvesse me deixado na Inglaterra.
- Não. Teria conhecido alguém...
- Se vai dizer alguém da minha idade, esqueça! São todos aborrecidos. Tome Harley por exemplo. É tão convencido que acredita que sua companhia é suficiente para fazer a felicidade de qualquer garota!
- E normalmente ele está certo.
- Por quê? Por que ele é um bom partido?
- Um dos melhores da ilha.
- Pois que fiquem com ele. O único homem que quero é você.
- Isso é o que você pensa agora.
- Tenho certeza de que nunca mais amarei ninguém.
Harry ficou em silêncio por alguns instantes. Quando falou parecia estar resignado.
- É melhor anunciarmos que não é realmente minha sobrinha.
- Já disse a Harley que não somos parentes.
- É o bastante por enquanto.
- Por enquanto?
- A menos que a obrigue a desmentir publicamente o que disse, a única alternativa é participar da farsa. Dentro de algumas semanas diremos que rompemos o noivado. Até lá, não diga mais nada a ninguém. Fui claro?
- Perfeitamente.
- Ótimo. É melhor irmos embora. Já passa da meia-noite.
Gina estava confusa demais para resistir. Sorrindo, acenou para Tessa do outro lado do pátio, relutante em mostrar-se derrotada. Pela maneira como as pessoas olhavam em sua direção, era óbvio que o rumor havia se espalhado. Como era óbvio que Harry pretendia ignorar a reação das pessoas.
Estavam quase chegando à casa quando Cho surgiu do nada e parou diante deles.
- É verdade? - perguntou, olhando para Harry como se quisesse agredi-lo. - Harley acabou de me contar que você vai se casar com sua sobrinha!
- Ela não é minha sobrinha. E Harley já sabe disso. Sua mãe está lá dentro? Quero me despedir dela antes de ir embora.
- Não pode estar falando sério! Ela é só uma criança!
- Ela tem idade suficiente para falar por si mesma. - Gina interferiu irritada. - Se não acredita, espere até receber o convite de casamento. Eles serão enviados em breve.
Uma gargalhada ecoou em algum lugar atrás deles, provavelmente Tessa, desfrutando da expressão aturdida da jovem Chang.
Gina podia sentir a fúria emanando em ondas do corpo de Harry, mas não se arrependia do que fizera. Era hora de todos perceberem que não era uma flor delicada e dependente disposta a aceitar tudo que jogassem sobre sua cabeça. A luta estava apenas começando!
N/A: Pessoal, estou sem tempo nenhum para responder aos comentários, agora que a faculdade recomeçou e eu estou em um novo emprego a correria é geral, saio de casa as sete horas e somente chego onze e meia, então me desculpem, mas dessa vez não vou responder aos comentários. ABRAÇOS.
Agradecimentos especiais:
ANA EULINA
JUH SPARROW
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!