Epílogo
Epílogo
Fazia um belo dia de verão. Exatamente como se esperava que fossem os verões na pequena cidade interiorana: quentes e iluminados. O dia favorito de adultos que levavam seus filhos aos parques, adolescentes que agitavam-se com os hormônios estimulados pelo sol escaldante e crianças que se divertiam por ter um motivo para sujarem-se uns aos outros.
Uma pequena garotinha brincava junto ao campo de lírios naquela tarde ensolarada. Tinha os cabelos muito negros, e que pareciam insistir ficarem despenteados. Seus olhos tinham um curioso tom de castanho esverdeado e ela brincava com a areia muito feliz, um visível ar de menina sapeca.
Não muito longe dali, um outro garotinho brincava com uma espada invisível. Seus cabelos refletiam à luz do sol, de um vermelho tão intenso que chegava a doer nos olhos. Tinha os cabelos lisos e sedosos e olhos de um verde realmente assustador: era como tentar fixar os olhos nas mais brilhantes esmeraldas.
A diversão do menino não pareceu tão eficaz quando a da garota morena. Logo tendo vencido a luta com seu oponente invisível, o garotinho, que não parecia ter mais de cinco anos, foi-se aproximando dos lírios, na espera de atacar um ou outro fantasma que ali estivesse.
Precisando de um punhado de areia de cor diferente para seu castelo, a menina foi andando de costas, ainda apreciando o efeito de sua obra, sem notar a presença do garoto até colidir de costas com ele.
- Ai! – berraram juntos com suas vozes finas e infantis.
Ao lado deles um belo lírio, talvez o mais belo do campo, refletia sua brancura e inocência, espalhando seu perfume único.
- O que você está fazendo aqui? – perguntaram juntos.
Ambos se encaravam profundamente, como velhos conhecidos que tentavam reconhecer-se através dos anos passados.
- Estava procurando fantasmas! – disse o menino com ar corajoso – Acabei de derrotar o último.
- Fantasmas não existem – ela empinou o queixo – Como você se chama?
Ele a encarou mais uma vez com intensidade, a qual ela respondeu à altura. Avaliavam-se. Ele não era estranho para ela. Nem ela para ele. Tinha a impressão de ter visto olhos verdes assim em algum lugar… E os cabelos rebeldes não eram grande novidade…
O lírio atrás deles pareceu refulgir.
- James – disse o menino – E o você?
- Lily – ela respondeu e sorriu. Sua mãe lhe diria para não sorrir para estranhos. Mas aquele estranho não parecia tão estranho assim. Era quase como se fosse um amigo distante…
O lírio atrás deles parecia dar a impressão de que sorria.
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