VOZES DO NADA
CAPÍTULO 4
VOZES DO NADA
Início de mais um ano letivo. Harry despertou ao nascer do sol e correu para um banho matinal, após uma série de flexões e abdominais (“Não dá para vacilar com a forma”, pensou ele). Dentes, banho e uniforme. Acordou os amigos e esperou por eles, na Sala Comunal.
_Caracas, Harry! Você acorda o galo. _ disse Rony, bocejando.
_Com o tempo você se acostuma. _ disse Algie, que havia descido do dormitório do primeiro ano _ Lá em casa dizemos que Harry Potter não dorme, entra em “Standby”.
Todos riram com o comentário de Algie. Hermione e Gina desceram e os namorados fizeram-lhes companhia. Encontraram-se com os outros no Salão Principal, para o café da manhã e dirigiram-se para as mesas de suas Casas. Depois do café, aguardavam no pórtico, para a primeira aula do dia, Poções, novamente com a Sonserina. De repente, Severo Snape passou e disse:
_Não se esqueça de que temos um encontro esta noite, Sr. Potter.
_Prof. Snape, cuidado com o que o senhor diz ou assim meus colegas vão fazer uma idéia errada de nós dois. _ disse o bruxinho, de forma casual, enquanto todos riam.
Dando-se conta do duplo sentido do que dissera, Snape ficou vermelho e tentou consertar.
_Eu quis dizer para o senhor não se esquecer das detenções que terá de cumprir comigo, Sr. Potter. Cinco pontos a menos para a Grifinória.
E, vendo que até mesmo Nereida estava rindo, olhou para a filha com cara séria.
_Nereida, não vejo motivo nenhum para rir. Cinco pontos a menos para a Sonse... _ e parou no meio da frase, quando deu-se conta do que estava dizendo.
_O que era que o senhor estava mesmo dizendo, pap... digo,... professor?
Mordendo a língua, Severo Snape teve de completar a frase.
_Cinco pontos a menos para a Sonserina. E vamos ter uma conversinha depois das aulas, filha. Eu você e sua mãe.
_Sim, senhor. _ respondeu Nereida, fazendo cara séria, mas sorrindo para os amigos, quando o pai virou as costas _ Vou escutar bastante, receber algumas repreensões, mas não vai passar disso.
_Bem, vamos entrar, antes que seu pai nos esfole. _ disse Soraya.
_De acordo. _ diseram os outros, levantando-se e indo para a sala de aula.
Durante a aula de Poções, os alunos do segundo ano principiaram com o preparo de fórmulas mais complexas e perguntas-surpresa.
_Eu não vou perguntar à Srta. Granger, pois nem terá graça. Eu já sei que ela irá me dar uma resposta completa. Em lugar disso, vamos testar os conhecimentos de outros alunos. Sr. Longbottom, quais as plantas sedativas que o senhor conhece?
Snape tentava pegar Neville, mas não contava com o fato de que o garoto era bastante talentoso em Herbologia, sendo motivo de admiração para a Profª Sprout, que lamentava o fato dele não ser da Lufa-Lufa.
_Bem, Prof. Snape, existem várias, que podem ser aproveitadas inteiras ou em partes. Desde a simples alface, “Lattuca sativa”, até a rara Última-Noite, “Nocturna periculum”, cuja seiva é tão potente que, se a concentração for um pouco maior, o sedativo pode tornar-se um veneno poderoso. Os trouxas e mesmo nós, bruxos, conhecemos e utilizamos de várias formas o maracujá, “Passiflora incarnata”, o mulungu, “Erythrina mulungu”, a Erva-cidreira, também conhecida como Cidró, Capim-Cidró ou Capim-Limão, “Lippia Alba”, o óleo de Prímula, “Primula veris” e também a Melissa, “Melissa officinalis”.
_OK, Sr. Longbottom. Muito boa resposta _ disse Snape, fervendo por dentro, mas aparentando calma _ Cinco pontos para a Grifinória (“Recuperamos os pontos perdidos”, pensou Neville). Agora, vamos ver algo mais... venenoso. Sr. Potter, o que o senhor sabe sobre o Curare?
Harry puxou um pouco pela memória e lembrou-se do “Vade-Mécum” que sua mãe e o próprio Snape haviam feito, quando alunos (“Pensa que me pegou, narigudo? Prepare-se para o que vem por aí”, pensou o bruxinho).
_Curare é um nome comum a vários compostos orgânicos venenosos conhecidos como venenos de flecha, extraídos de plantas da América do Sul. Possuem intensa e letal ação paralisante, embora sejam utilizados medicinalmente como relaxante muscular ou anestésico. Seus principais representantes são plantas dos gêneros Chondrodendron e Strychnos, da qual um dos subprodutos é a estricnina. As três principais famílias de Curare são: Tubocurare: também conhecida como "tubo" ou "Curare bambu", devido ao seu formato de tubos de bambu oco. Sua principal toxina é a D-tubocurarina. É um alcalóide mono-quaternário e derivado da isoquinolina. Calebas Curare: também conhecida como "Curare cabaça" (gourd Curare em inglês) em classificações britânicas antigas, devido ao seu formato de cabaça oca. Suas principais toxinas são o alcurônio (alloferine) e a toxiferina. Pot curare: tem esse nome por ser embalada em potes (tradução do termo inglês pot) de terracota. Suas principais toxinas são a protocurarina, protocurina e protocuridina. Dessas três famílias, algumas fórmulas pertencentes à calebas curare são as mais tóxicas, apresentando valores LD50. É importante lembrar que o Curare não é um anestésico. O uso do Curare como anestesico é letal. O Curare é um bloqueador dos receptores da acetilcolina. O Curare é um potente inibidor, que relaxa o músculo estriado. Atuando como competidor da acetilcolina pela ligação aos receptores nicotínicos (um dos dois tipos de receptores pós-sinápticos para o neurotransmissor acetilcolina, o outro receptor é o muscarínico) da placa motora. Assim, ao bloquear os receptores de acetilcolina,os quais são ionotrópicos para cátions,esses não se abrem. Desse modo, não ocorre o influxo de Sódio desencadeado pela atividade normal da placa motora, o que provoca a despolarização da membrana pós-sináptica. O potencial gerado pela ligação, em condições fisiológicas, da acetilcolina ao seu receptor na placa motora é chamado de potencial de ação da placa motora, o qual é responsável por estimular a abertura de canais de Sódio dependentes de voltagem, os quais contribuirão para a amplificalção do potencial despolarizante que se espalha pela fibra muscular, desencadeando a contração. _ explicou Harry, lembrando-se do que lera.
_É suficiente, Sr. Potter, estou satisfeito. _ disse Snape _ Você prova bem que é filho de Lílian Evans Potter, excelente Medi-Bruxa, minha antiga parceira de caldeirão nos tempos de escola e exímia preparadora de poções. Dez pontos para a Grifinória.
Quem conhecia Snape, sabia que o professor de Poções estava quase chorando por dentro, para dar pontos à Casa dos Leões. Seu humor só melhorou um pouco depois que três alunos da Sonserina (evidentemente que Nereida era um deles) responderam corretamente às perguntas que ele fizera.
_Minhas perguntas têm razão de ser. Nas próximas aulas trabalharemos com o Curare, no preparo de uma poção muito especial. Classe dispensada. Bom dia a todos. Sr. Potter, não se esqueça de que há duas barricas de Vagens-da-Capadócia à sua espera, hoje à noite.
Harry ficou pensando sobre que tipo de poção poderia ser aquela. Ele não lembrava-se de ter visto nada daquilo no “Vade-Mécum” que sua mãe lhe dera. E, com aquelas dúvidas na cabeça, encontrou-se com Algie, que voltava da aula de Transfiguração, junto a Luna e Gina.
_Oi, Harry. No que está pensando? _ perguntou Gina, abraçando o namorado.
_Oi, querida. Nada de muito especial, apenas uma poção que Snape está querendo nos ensinar a preparar, mais adiante. Oi, Luna. Oi, Algie. Gostaram da Cerimônia de Seleção, ontem?
_Algie gostou bastante e eu também. _ disse Luna _ Sentimos falta de você e Rony, mas Algie disse que vocês ainda não haviam aterrissado.
_Sem-graça. Ele contou sobre a hora em que o Expresso de Hogwarts quase nos atingiu? _ disse Harry, dando um tapinha nas costas do irmão e, vendo a expressão meio assustada e meio enraivecida de Gina _ É, acho que ele não disse (“Pronto, arrumei para mim. Já sei que vou escutar um monte”, pensou ele).
_Quais as aulas que teremos agora, Harry? _ perguntou Rony.
_Feitiços e depois o almoço. À tarde, História da Magia e Transfiguração.
_História da Magia. A sesta, pelo menos, está garantida.
_Rony! _ exclamou Hermione _ Aula é aula.
_Fale por si, Mione. Você é das poucas pessoas que chegam acordadas ao final de uma aula do Prof. Binns.
_Não me vão “torar” nas aulas, hein? _ ouviu-se uma voz conhecida.
_Prof. Mason, bom dia. O que o senhor quis dizer? _ perguntou Gina.
_É uma gíria de militares brasileiros para “cochilar”. Não façam disso um hábito ou o reflexo nas notas não será bom. _ disse Mason _ E não se esqueçam de que o segundo ano terá aula comigo, amanhã.
_OK, professor. Até lá. _ disseram os bruxinhos. De repente, um “flash” fotográfico espocou, bem em frente a Harry. Meio cegueta com o brilho, viu quem segurava a câmera. Era um garoto do primeiro ano, um pouco menor do que ele, com cabelos loiro-baços e uma expressão curiosa.
_Harry, este é Colin Creevey, da nossa Casa. _ disse Algie _ Ele disse que estava ansioso para nos conhecer.
_É verdade, Harry. Sabe, nasci trouxa e manifestei magia aos dez anos. Desde então, procurei saber mais sobre o mundo mágico e sobre “A-Família-Que-Sobreviveu”. Como pôde ver, gosto de fotografia e é isso que ajuda a complementar a renda, lá em casa. Meu pai é leiteiro e a vida não anda fácil.
_Espero que tudo dê certo, Colin. _ disse Harry.
_Aliás, essa chegada de vocês, com o carro voador, ficou famosa. Fiquem preparados para o fã-clube. Até mais. _ e Colin saiu, não sem antes tirar outra foto, desta vez do grupo todo.
_Garoto legal. _ disse Rony.
_Me pareceu meio chatinho. _ disse Luna _ Acho que ele vai te pentelhar um monte, Harry.
_Será? _ Harry achava que não, mas Luna já havia dado mostras de ser meio sensitiva.
Depois da aula de Feitiços, foram para o almoço. A partir dali o dia, que parecia estar indo bem, sofreu uma guinada de 180 graus, começando com uma correspondência, recebida por Harry, Algie e Rony, em conjunto.
Todos estavam terminando de almoçar, quando Edwiges passou voando sobre a mesa da Grifinória e deixou cair uma caixinha vermelha.
_O que será? _ perguntou Harry _ Parece importante.
_A quem estará endereçada? _ perguntou Gina.
_P-para nós três... ao mesmo tempo! _ responderam Algie e Rony _ Boa coisa é que não deve ser.
A caixinha começou a tremer e trovejar, enquanto ninguém tinha coragem de abri-la.
_Harry, abra logo, pois eu acho que é uma Bolha de Mensagem Prioritária e, se vocês não a abrirem, a caixa vai expl... _ Neville Longbottom tentou avisar os amigos, mas a caixinha explodiu antes que ele pudesse terminar de falar.
Um globo de cristal avermelhado flutuou no ar, um instante antes de romper-se e deixar aparecerem as diáfanas figuras furiosas de Molly e Arthur Weasley e de Tiago e Lílian Potter, com o volume de suas vozes magicamente amplificado. Uma versão aperfeiçoada dos antigos e vexatórios“Berradores”, ainda melhor para fazer com que seu destinatário pagasse um baita mico.
“_Como é que vocês me fazem uma dessas? Poderiam ter solicitado ajuda ao Ministério, eles não iriam negá-la.” _ a figura de Tiago Potter começou a espinafrar os garotos.
“_Nem imaginam o perigo que correram, garotos! O carro voador ainda era um projeto experimental, não estava preparado para viagens longas!” _ disse Arthur.
“_E agora, Arthur está tendo de dar um monte de explicações ao Ministro, o caso virou um prato cheio para aqueles que são contra as Leis de Regulamentação da Tecnomagia! Isso poderá fazer com que várias negociações em andamento regridam e também dificultar a aprovação de novas leis! _ disse Tiago.
“_As detenções de vocês três foram bem merecidas! Tratem de tomar cuidado, pois sempre haverá gente de olho em vocês e, se saírem da linha, não hesitaremos em trazê-los de volta para casa, pelas orelhas, entenderam?!” _ Molly Weasley e Lílian Potter falaram, ao mesmo tempo. As crianças pareceram ver chamas nos olhos das duas mulheres.
“_Ah, apesar de tudo isso, gostaríamos de dar os parabéns a Gina e, por que não, a Algie, por terem sido selecionados para a Grifinória. Mesmo assim, não pensem que estamos contentes com todos vocês!” _ os quatro terminaram de falar e a Bolha de Mensagem se desfez.
_Não diga nada. _ disse Rony, olhando para Gina, Luna e Hermione.
_Como se precisasse, mano. _ disse a ruiva.
_Temos de reconhecer, Rony. Nós merecemos esse mico. _ disse Harry.
_Fazer o quê? Agora já foi. _ comentou Algie, observando a mesa das Serpentes, ali perto, quase explodindo em gargalhadas _ O pior é agüentar as risadinhas dos sonserinos.
_Se vocês acham que isso é o pior, ainda não viram nada. _ uma voz arrastada fez-se ouvir e, quando viraram-se, deram de cara com Draco _ Harry, se você desconfiava que o Snape queria testar algo com Curare, estava certo. Nereida deu uma xeretada nas anotações dele e viu que ele vai nos colocar para fazer uma poção nova.
_Sério? _ ironizou Rony _ E o que é que você ganha, dando-nos essa informação, Malfoy?
_Ronald Weasley, quando é que você vai colocar na cabeça que nem sempre um Malfoy faz as coisas somente por interesse? _ perguntou Draco, com ar entediado _ Bem, de certa forma, há uma espécie de interesse, mas não é pessoal e sim geral. O Prof. Snape vai nos ensinar a poção e, certamente, vai testar. Se não estivermos bem preparados, a poção não ficará boa e então...
_... A gente se ferra. _ concluiu Harry _ É, Draco tem razão. É melhor pesquisarmos sobre o que pode ser feito com Curare.
_Vou ver na Biblioteca. _ disse Hermione.
_Nunca pensei que diria isso, mas... obrigado, Malfoy. _ disse Rony.
_De vez em quando, mesmo no verão pode nevar, Weasley. Até.
_Harry, Curare não te lembra alguma coisa? _ perguntou Algie.
_Pois é, mano. E eu acho que já sei o que é. Só que isso pode ser um problema.
_Por que?
_Não está no “maceteiro” de poções que mamãe me deu no ano passado, mas estou certo de que ela sabe o que é.
_E, como nós já estamos meio sujos com ela...
_... Acho que terei de fazer isso por meios indiretos. Com licença.
Harry foi para o dormitório e pegou, de dentro do malão, o espelho de duas faces, torcendo para que o par estivesse com Sirius.
_Sirius Black. _ disse Harry, mas o rosto que apareceu no espelho foi o de seu pai, Tiago Potter.
_Eu já estava imaginando quando é que o senhor iria entrar em contato, rapazinho. Tem idéia do que fizeram?
_P-papai? Sinto muito, acho que agimos sem pensar.
_Pelo menos o caldeirão não entornou de uma vez, graças às cartas que vocês enviaram. Mas o que fizeram foi muito grave, Harry. Ainda que tenha sido uma proeza que superou quaisquer aprontadas dos Marotos. _ e um leve sorriso delineou-se no rosto de Tiago, meio que quebrando o gelo _ OK, o que houve para que usasse o espelho, filho?
_Acredito que Snape vai nos ensinar a preparar algo com Curare e parece que vai ser bem complicado. Lembro-me de mamãe já ter mencionado algo nesse sentido, uma poção que eu acho que não está no “Vade-Mécum”, uma tal de “Átonos”, se não me engano.
_Sim, só pode ser o “Átonos”. Não é uma poção, Harry. É um sedativo de contato, altamente relaxante. Um arranhão e a musculatura da vítima relaxa, perdendo o tônus e paralisando-se. A pessoa vira uma verdadeira geléia, tanto que também é conhecida como “Poção Água-Viva”. Às vezes, adiciona-se algumas gotas de Nocturna periculum, para fazer o alvo dormir. Um pouquinho em um dardo é suficiente.
_Sim, agora tenho certeza de que ela não está no “Vade-Mécum”.
_Vou pegar a fórmula com sua mãe e mando por uma coruja. Para ela será fácil, já que foram ela e o Narigudo que criaram a fórmula.
_Hein? _ Harry ficou surpreso.
_Foi um trabalho de conclusão do sexto ano que Slughorn passou para os alunos, uma poção totalmente original, criação deles próprios. E eu estou sentindo um pouco de maldade no Ranhoso, nessa situação.
_???
_Acho que ele vai querer que você teste em você mesmo a fórmula que preparar. Se ela estiver mal feita, você poderá passar mal. E se ela tiver sido preparada corretamente, você pagará um mico na frente de todos.
_Por que, pai?
_O “Átonos” também relaxa os esfíncteres. Bem, não preciso dizer mais nada, não é?
_É, parece que o Prof. Snape está querendo me colocar em uma sinuca de bico. Mas, e se eu... _ e Harry segredou ao pai uma sugestão de algo a fazer.
_Excelente idéia, filho. _ disse Tiago, vermelho de rir _ Só sinto não estar aí, para ver. Amanhã você estará recebendo a fórmula e as instruções detalhadas de preparo do “Átonos”.
Harry despediu-se do pai e guardou o espelho. Desceu para a aula de História da Magia um pouco mais animado, até mesmo não dormindo com a voz asmática e cansativa do Prof. Binns, o único professor fantasma de Hogwarts. Na aula de Transfiguração, Minerva McGonnagall começou a ensinar a transfiguração de animais em objetos.
_Bem, vocês vão ver que a transfiguração envolvendo animais é tão mais complicada quanto maior ou mais desenvolvido é o animal. Ou seja, envolve mais concentração e força de vontade, com um maior gasto de energia mágica. Vou dar-lhes um exemplo.
Apontou a varinha para um belo cardeal vermelho, que estava pousado em uma mesa, à frente dos alunos e lançou o feitiço.
_ “Vera verto”! _ uma onda levemente brilhante partiu da varinha da professora e atingiu o pássaro que, imediatamente, transfigurou-se em uma lindíssima taça de cristal trabalhado. Após os murmúrios de admiração da assistência, a professora começou as explicações _ Embora o cardeal seja um pássaro pequeno, o fato dele ser um animal vertebrado aumenta o grau de dificuldade do feitiço. Não vou exigir tal nível de vocês, pelo menos até daqui a umas três ou quatro semanas, quando espero que estejam afiados. Por enquanto, tentem transformar um besouro em um botão. Aqui estão eles. Boa sorte.
Era mais difícil do que parecia. Hermione conseguiu, após algumas tentativas. Harry conseguiu fazer com que o besouro vivo se tornasse um besouro de plástico, o que McGonnagall disse que era um começo razoável. Rony teve de utilizar o máximo de sua concentração para que sua varinha defeituosa executasse o feitiço. No final da aula, apresentou à professora um botão todo irregular e que, estranhamente, exalava um odor de ovos podres.
_Poucas vezes vi uma varinha fazer isso, Sr. Weasley. Gás sulfídrico significa que o senhor está forçando muito sua varinha e pode chegar o momento dela não obedecê-lo mais. Seria interessante entrar em contato com sua família, para que eles lhe providenciassem uma outra.
_Do jeito que eu estou sujo com eles por causa da história do carro voador, a resposta mais provável de minha mãe seria: “Problema seu. Vá procurar madeira para uma varinha na floresta e não se esqueça de levar bichos-de-conta para os tronquilhos”. Molly Weasley não perdoa facilmente.
_Bem, vamos ver até quando vai conseguir, Sr. Weasley. E eu conheço bem Molly Weasley. Não se preocupe, pois a zanga de sua mãe não irá durar para sempre.
_Assim espero, Profª McGonnagall. _ disse Rony, despedindo-se da professora e saindo, ao toque do sinal.
Dali a pouco, encontrou-se com Harry, Gina e Hermione, no pátio. Enquanto conversavam, viram passar o time de Quadribol da Sonserina.
_Eles estão começando cedo. _ comentou Harry _ Não sei como Wood não marcou treino para hoje.
_Eu teria marcado, Harry. _ disse Wood, aparecendo de surpresa, com Fred e Jorge, por trás dos amigos _ Só que o Prof. Snape chegou na frente e pediu o campo para todo o dia de hoje.
_Ele disse que o time precisava acostumar-se com as novas vassouras, para que o nível de jogo fosse bom. _ disse Jorge, com cara feia.
_Que novas vassouras? _ perguntou Harry _ Até onde eu sei a escola não adquiriu nenhuma.
_A escola não, mas a Sonserina sim. _ disse Fred _ Parece que receberam uma “generosa doação” de vassouras para todo o time, inclusive para os reservas.
_Bota generosa nisso, mano. _ disse Gina _ E está na cara quem foi que a fez.
O time da Sonserina passou por eles, com seus uniformes verde-e-prata, contentes e brincando entre si. Então Marcus Flint, Capitão do time, pareceu notar a presença deles e resolveu implicar.
_Ora, se não são os perdedores. Preparem-se, pois vamos varrer vocês do campo com esses vassourões, quando começar a temporada.
_Uau! São vassouras Nimbus 2001! _ disse Hermione, admirada _ O modelo foi desenvolvido há poucos meses e só foram liberadas para venda na semana retrasada! Como foi que vocês as ganharam?
_Devemos essa ao Sr. Malfoy, Srta. Granger. Depois dos resultados do ano passado, ele resolveu investir pesado, colocando a “Malfoy Import & Export” como patrocinadora da equipe. _ disse Flint.
_Pesado mesmo, Flint. _ comentou Rony _ A Nimbus 2001 é um lançamento e o preço de cada uma delas é uma pilha de galeões.
_Deve ter a ver com o fato de que ele nunca conseguiu ser selecionado para o time, algo assim. _ disse Draco _ Então ele quer compensar, de alguma forma. Precisa ver como ele ficou furioso no ano passado, quando vocês nos venceram.
_Só vassouras de qualidade não determinam a superioridade de uma equipe, vocês sabem disso. _ disse Wood _ No campo, durante uma partida, as habilidades do jogador é que fazem a diferença.
_Você só diz isso porque, tirando a Nimbus 2000 do Potter, as Cleansweeps que vocês utilizam são gritantemente inferiores. _ disse Montague, que era o novo goleiro da Sonserina, após a formatura de Bletchley _ Poderão servir para, por exemplo, varrerem a Sala Comunal da Grifinória, já que não servem para mais nada.
_Ao menos a Grifinória obtém seus resultados através do empenho de seus jogadores, sem precisar de ajuda externa. _ disse Hermione _ Prova disso foi que, com todas as pilantragens de vocês, a Grifinória venceu, no ano passado.
_Veja se você se enxerga, antes de criticar alguém! _ exclamou Flint, emendando com uma grave ofensa _ Entendeu, sua CDF Sangue-Ruim?!
O insulto teve o efeito de uma bomba. Os olhos de Hermione umedeceram-se. Wood e Gina seguraram Fred e Jorge, mas o pior ainda estava para vir. Sem pensar, Rony sacou a varinha e apontou-a para Marcus Flint, furioso.
_Desgraçado! Até mesmo para o filho de um Death Eater isso é demais! Você não passa de uma lesma asquerosa e eu vou provar isso! TOME!!! _ e armou o feitiço de forma instintiva, sem concentrar-se.
_Rony, não! Sua varinha... _ disse Harry, saltando para tentar evitar que Rony lançasse o feitiço.
_Weasley, não! Sua varinha... _ disse Draco, ao mesmo tempo. O loiro estava mais perto e tentou impedir Rony de disparar um feitiço que, com certeza, seria defeituoso.
O feitiço saiu pela culatra, atingindo Rony em cheio e jogando-o uns dois metros para trás, também atingindo Draco Malfoy em parte do seu corpo e derrubando-o, ao lado do ruivo. O resultado não poderia ter sido mais tragicômico.
No gramado, via-se uma enorme lesma com uniforme de Hogwarts e um tufo de pêlos ruivos na cabeça. Ao seu lado, uma criatura metade lesma e metade Draco Malfoy, vestindo o uniforme de Quadribol da Sonserina. Como se não bastasse, o fotógrafo amador da Grifinória, Colin Creevey, apareceu com sua câmera e pôs-se a tirar fotos.
_Se manda ou guarda a câmera, Colin. _ disse Harry _ Esta não é a melhor hora.
O garoto entendeu e guardou a câmera fotográfica no bolso das vestes, apenas ficando por ali.
_Entornou geral o caldeirão. _ disse Hermione.
_Vamos levá-los para a enfermaria. _ disse Montague _ Só Madame Pomfrey para consertar a burrada que o Weasley fez. Vejam só o que houve com Draco!
_Caso não tenha percebido, Montague, meu irmão está pior do que o Malfoy e tudo isso só aconteceu porque o Flint “Dentes-de-Trasgo” resolveu perder uma oportunidade de ficar quieto e acabou falando besteira. _ disse Gina, com os olhos brilhantes de fúria, fazendo com que Montague desistisse de fazer outro comentário _ Mas o mais importante é levá-los para Madame Pomfrey. Depois a gente resolve esses outros assuntos.
_De acordo. Temos de recuperá-los, logo. _ disse Gustavo Bonilla, um rapaz moreno de ascendência espanhola, Artilheiro-Reserva da Sonserina. Todos juntaram-se para carregar as duas vítimas do feitiço defeituoso. Chegando à enfermaria, Madame Pomfrey atendeu-os, olhando para o resultado da bobagem.
_Sabia que não iria demorar muito para que vocês aparecessem por aqui. Uma dose de antídoto e algumas horas de repouso serão suficientes para que eles recuperem-se dessa brincadeira idiota. E, se não me engano, o Sr. Weasley ainda tem uma detenção para cumprir hoje à noite, com o Sr. Filch, portanto não podemos perder tempo. _ disse a Enfermeira-Bruxa, logo pegando dois frascos no armário e aproximando-se dos garotos _ Como o Sr. Malfoy sofreu uma transformação parcial, poderá tomar o antídoto por via oral. Já o Sr. Weasley, que sofreu uma transformação total, deverá recebê-lo da mesma forma que uma lesma de verdade a receberia ou seja, absorvendo-o através de sua pele.
Madame Pomfrey atarrachou um borrifador spray à boca de um dos frascos e começou a espargir o líquido, formando uma suave nuvem de vapor que envolveu Rony. A olhos vistos ele foi retornando à aparência humana, embora sua pele ainda estivesse acinzentada e com um aspecto úmido e viscoso.
_Logo ele irá retornar completamente ao normal. Agora, vamos cuidar do Sr. Malfoy. Abra bem a boca e tome tudo. _ disse ela, enchendo um copo e alcançando-o ao sonserino, que tomou todo o seu conteúdo, fazendo uma careta de desagrado.
_Acho que eu preferia ter sido transformado completamente em uma lesma, como o Weasley. _ disse Draco, com o estômago meio embrulhado _ Assim receberia o antídoto em spray e não precisaria sentir o sabor. Que coisa mais amarga, Madame Pomfrey! O que tem neste antídoto?
_Uma coisa bem forte que entra na composição de diversos antídotos potentes e também de poções e tônicos revigorantes, Sr. Malfoy. Uma certa quantidade de essência de Mandrágora, já que ela é ótima para reverter feitiços, transformações inesperadas, etc. Aliás, acho que vocês do segundo ano vão lidar com elas amanhã, na aula de Herbologia. Eu vi a Profª Sprout recebendo diversas mudas envasadas.
_Logo vi que devia ser algo assim. _ respondeu o sonserino, com a voz já meio pastosa, devido ao efeito relaxante da Escopolamina, uma das substâncias presentes na essência de Mandrágora.
_Não invejo vocês nem um pouquinho. _ disse Flint _ Também já trabalhamos com Mandrágoras, quando estávamos no segundo ano e não foi nada agradável. Bem, vamos ter de treinar sem você, Draco. Logo mais a gente passa aqui, para ver como você está.
_OK, Marcus. Até.
_E quanto a vocês, fora daqui. _ disse Madame Pomfrey, dirigindo-se aos grifinórios, acrescidos por Neville e Soraya, que chegavam com Nereida _ Esses dois trapalhões precisam descansar, até que o antídoto faça efeito. Depois vocês voltam, para buscá-los.
_OK, Madame Pomfrey. _ disse Hermione, acenando para Rony. Involuntariamente, Draco também acenou para o grupo, despedindo-se de Harry.
_Até, Harry. Espero não ser uma companhia muito desagradável para o Weasley.
_Pode deixar que eu sobreviverei a isso, Malfoy. _ disse Rony, já bem relaxado, com voz meio fraca e arrancando sorrisos de todos.
Do lado de fora, no corredor, Hermione reclamava.
_Mesmo que Flint tenha me ofendido, não era caso para o Rony agir daquele jeito, gente. Olha no que deu.
_Até parece que você não conhece meu irmão, Mione. _ disse Gina _ Ele não dormiria enquanto não fizesse com que aquela cobra dentuça pagasse pelo que disse a você.
_E, mesmo que o feitiço tenha virado contra ele, não foi um desastre total, pois chegou a pegar o Malfoy. _ disse Fred _ Pena que a transformação não foi completa.
_Eu não veria muita diferença, caso tivesse sido. _ comentou Soraya.
_Credo, Soraya! _ brincou Jorge _ Não tem pena do seu “priminho”?
_Precisa ficar me lembrando que aquilo lá é meu parente, Jorge? Por mim, ele poderia ficar o ano todo na enfermaria.
_Qual o quê. _ disse Algie, saindo de dentro da enfermaria, em companhia de Luna Lovegood _ Daqui a pouco ele já vai ter alta. Rony ainda vai ficar um pouco mais.
_De onde foi que vocês dois vieram? _ perguntou Wood.
_Ué, de lá de dentro, Oliver. De onde mais?
_OK, nem vou perguntar mais nada. Até, gente. Ah, amanhã tem treino, Harry. Veja se não vai faltar. _ Wood despediu-se e saiu, junto com Fred e Jorge.
_Como foi que vocês vieram lá de dentro? _ perguntou Neville.
_Nós nem vimos vocês entrarem. _ disse Nereida.
_O senhor não andou “emprestando” minha Capa de Invisibilidade, andou, maninho? _ Harry estava desconfiado.
_E arriscar de tomar um baita choque do Feitiço de Segurança do seu malão, mano? Eu não seria um Potter, se fosse burro a ponto disso. _ respondeu Algie.
_Temos outros meios, depois eu explico. _ disse Luna.
_Nem vou perguntar agora. _ disse Harry – Bem, vamos levar o material para a Grifinória e depois voltamos para buscar o Rony, antes do jantar.
Retornaram para a enfermaria, assim que puderam. Ao chegarem, viram que os dois alunos já estavam tendo alta. Rony e Draco encontraram-se com os outros, na saída.
_É, até que o Malfoy não foi dos piores companheiros de enfermaria, minha gente. Agora, para o jantar. _ disse Rony.
_Só espero não ter de repetir com freqüência. _ disse Draco _ A parte da enfermaria, quero dizer. Bem, vou indo. Até mais.
Draco seguiu na frente. Nereida comentou, tentando irritar Soraya:
_É impressão minha ou o seu “priminho” estava quase virando gente, Soraya?
_Acho que devia haver mais do que essência de Mandrágora naquela poção que ele tomou, galera. _ disse Soraya _ E agora, como Rony disse, vamos jantar.
_E depois do jantar, vocês três têm diversão. _ disse Hermione, olhando firme para Harry, Algie e Rony _ E vejam se não me fazem mais besteiras.
_É o preço da popularidade... AI, GINA!!! Era brincadeira! _ exclamou Harry, depois de levar um beliscão da namorada _ Agora, falando sério, vamos nos cuidar. Uma detenção já é mais do que o bastante, OK?
_Com certeza, mano. Só queria saber como será minha detenção com a Profª McGonnagall. _ comentou Algie _ O que será que a professora de Transfiguração vai me mandar fazer.
_Transcrever deveres, treinar algum feitiço novo... _ disse Neville _ Como nós conhecemos a Profª McGonnagall, deverá ser alguma coisa nesse sentido.
Jantaram e depois os três detidos seguiram seus caminhos. Harry desceu para as masmorras, para sua detenção com Severo Snape. Rony seguiu Filch, curioso com o que o zelador da escola reservava para ele. Algie e a Profª McGonnagall dirigiram-se para o Departamento de Transfiguração.
_Com licença, prof. Snape. _ disse Harry, batendo à porta da sala de Poções.
_Entre, Potter. Bastante pontual. _ disse Snape, consultando um relógio de bolso, que tirara das vestes _ Bem, primeiramente vamos ver o que você sabe sobre as Vagens-da-Capadócia.
_Para começar, o óbvio. São da região da Capadócia, que fica na parte central da Anatólia, Turquia. É uma área de formações geológicas singulares e muitas cidades subterrâneas. Nas partes mais úmidas dessas cidades, cultivam-se as plantas de Vagens-da-Capadócia, pois suas mudas são muito sensíveis à luz, quando novas. Só depois de três ou quatro semanas é que podem receber luz solar direta. Seus grãos entram na composição de vários tipos de poções e tônicos, quer quando verdes, quer quando mais maduros.
_Muito bom, Potter. Para complementar, os grãos de Vagem-da-Capadócia têm propriedades distintas quando verdes e quando maduros. Quando os grãos estão verdes, são macios e podem ser esmagados com o lado chato da lâmina de uma faca, rendendo bastante caldo. Este entra na fórmula de poções calmantes e sedativas, tipo a “Noite-de-Paz”.
_Minha mãe já me falou sobre ela. Disse que é tiro e queda para as formas mais resistentes de insônia.
_Exato. E quando as vagens começam a amadurecer, os grãos ficam duríssimos e precisam ser processados, através de torrefação e moagem.
_De forma semelhante ao café, não é, professor?
_Sim, Potter. E, semelhante ao café, o pó resultante tem propriedades tônicas e estimulantes, fazendo parte da fórmula de poções revigorantes e sendo um importante potencializador da essência de Mandrágora, por exemplo. Bem, vou lhe explicar o que terá de fazer. Separe as vagens entre verdes e maduras. As inteiramente verdes naquele recipiente e aquelas que já começarem a apresentar tonalidade amarelada naquele outro. Depois de separadas, vamos processá-las, extraindo o sumo dos grãos verdes e torrando os maduros. Hoje apenas separe as vagens.
O trabalho não era muito difícil, as vagens apresentavam nítida diferença entre as verdes e as maduras. Se bem que, com muita inteligência, Harry separara duas delas para servir de parâmetro. Depois de três horas e meia de trabalho, as vagens estavam em diferentes recipientes, separadas entre verdes e maduras.
_Acho que terminei, Prof. Snape.
_Já? Mais cedo do que eu esperava, Potter. Normalmente seria trabalho para, pelo menos, umas quatro horas. OK, vou te liberar para retornar à Grifinória. Tome aqui um passe de corredor e esteja aqui amanhã, no mesmo horário, para começarmos a processar os grãos. Vamos extrair o sumo dos verdes e torrar os maduros, para depois moê-los.
_Certo, Prof. Snape. Até amanhã. _ Harry pegou o passe de corredor e saiu, em direção à torre da Grifinória. Mas, logo ao sair, ouviu um sussurro sibilante e gélido, semelhante a algo que já ouvira anteriormente.
“_Livre, finalmente livre! Depois de tanto tempo, poderei terminar o que começou.”
Tão repentinamente quanto começou o sussurro terminou, deixando um perplexo Harry Potter a caminhar pelos corredores, encontrando-se com Algie e Rony. Seu irmão estava com o pulso doendo e Rony exalava um forte cheiro de polidor de metais.
_Caracas! _ exclamou Algie _ Além de treinar três feitiços de Transfiguração diferentes, a Profª McGonnagall ainda me fez fazer uma redação de trinta centímetros sobre cada um deles. Aquela mulher não é fácil, gente.
_E eu, então? _ queixou-se Rony _ Aqueles troféus pareciam não ter sido polidos desde a época dos Quatro Grandes! Eu e Filch deixamos todos eles brilhando e sem magia, a coisa foi no braço. E ainda houve um troféu que Filch me obrigou a repetir o polimento umas três vezes, porque ele achou que eu havia deixado um “rastro-de-lesma” no metal.
_Isso explica o “perfume” que estamos sentindo. _ disse Harry _ Acho que tive melhor sorte, pois só separei as Vagens-da-Capadócia em dois grupos. Amanhã Snape e eu iremos processá-las.
_Então você ainda terá mais uma noite de detenção, mano? As nossas já foram cumpridas. Acho que o Snape deve gostar muito da sua companhia, para ficarem juntos mais uma noite... no bom sentido, é claro. _ disse Algie, de forma brincalhona.
_Considerando que poderia ser pior, depois da nossa proeza, não posso reclamar, afinal vamos extrair o sumo dos grãos das vagens verdes e torrar os das vagens maduras, para depois moê-los. Vai ser como fazer café artesanalmente.
_Vamos indo, pois ainda quero tomar um banho antes de dormir. O cheiro daquele polidor é bem enjoativo. _ disse Rony.
_De acordo. _ disseram os irmãos _ Vamos indo, pois já está ficando tarde.
Antes de chegarem à passagem da Mulher Gorda, Harry ainda julgou ter ouvido novamente o sussurro gélido e arrepiante:
“_Breve, meu mestre. Em breve estaremos reunidos e nossa missão será retomada.”
Qual seria o significado daquelas palavras?
Quem as estaria dizendo?
Seria algo real ou Harry estaria imaginando coisas?
As conjecturas de Harry foram bruscamente interrompidas por um pulo de Rony, que praticamente começou a escalar uma coluna quando uma avantajada caranguejeira, quase do tamanho de um sapato, atravessou o caminho dos três garotos e subiu pela parede, saindo pelo peitoril de uma janela apressadamente, como se estivesse fugindo de alguma coisa.
_Pode descer, Rony. Ela já foi. _ disse Harry, sabendo que o amigo detestava aranhas.
_Gostaria de saber o que há em Hogwarts para que hajam tantas aranhas, principalmente bem-nutridas como aquela. _ disse o ruivo, descendo da coluna e fazendo uma cara de nojo.
_Com certeza espera-se que um castelo de cerca de mil anos tenha algumas pequenas criaturas nos cantos. _ disse Algie _ Tipo aquela aranha que passou.
_Sinto muito, Algie, mas aquilo lá é tudo menos “uma pequena criatura”. Se for assim, nem quero ver as grandes. _ disse Rony, enquanto chegavam à entrada da Grifinória e Harry avançava a senha.
“Sempre haverá Paris”. _ a passagem abriu-se _ Acho que Minerva andou assistindo “Casablanca”.
_Pode crer. _ disseram os outros.
Aos poucos, uma nova trama maligna tomava forma.
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