O VISITANTE NOTURNO



CAPÍTULO 1


 


O VISITANTE NOTURNO


 


 


 


 


 


 


 


No interior da Inglaterra, há uma pequena cidade, chamada Godric’s Hollow, famosa por uma antiga Cerâmica Artística, pertencente a uma família muito estimada pela população, desde a Idade Média. Há quase onze anos, um acidente com o sistema de gás da mansão dos proprietários fez com que ela explodisse. Graças a Deus, todos haviam saído vivos e a mansão fora reconstruída.


 


Essa era a versão da qual os trouxas tinham conhecimento...


 


Na verdade, a família havia escapado de um atentado do pior bruxo das Trevas da atualidade, Lord Voldemort, em sua primeira ascenção ao poder, um período da História Bruxa conhecido como “Os Dias Negros”. Por razões ainda desconhecidas, a Maldição da Morte que ele lançou contra a família refletiu para ele próprio, que quase morreu e acabou ficando desaparecido por dez anos até que, no ano anterior, tentara retornar e terminar o que havia começado, tendo sido frustrado no seu intento por um valoroso grupo de bruxinhos, entre eles aquele que ele tentara matar, ainda bebê.


 


Harry Tiago Potter.


 


Naquela noite, a família estava em Godric’s Hollow, no final de suas férias. Em primeiro de setembro, teria início mais um ano letivo, cheio de novidades e obstáculos a serem vencidos. Já de pijama, Harry revisava sua bagagem, pois ele e Algie iriam para a Toca, no dia seguinte. Passariam alguns dias com os Weasley e depois iriam para Londres, onde reencontrariam os pais no Beco Diagonal, para adquirirem os livros daquele ano e, depois, tomarem o Expresso de Hogwarts. Verificou o conteúdo do seu malão, vendo que as roupas e objetos pessoais (inclusive a Capa de Invisibilidade que ele, convenientemente, “esquecera-se” de devolver ao seu pai) estavam em ordem. Os cilindros de couro, nos quais estavam os pergaminhos com os deveres passados para as férias, já estavam bem fechados e prontos para serem levados. A gaiola de Edwiges estava vazia, sua Coruja-das-Neves estava lá fora, caçando, juntamente com a cinzenta que fora adquirida para seu irmão, chamada “Vésper”. A vassoura Nimbus 2000, com a qual garantira vitórias para a Grifinória no Quadribol, também estava ali. Parecia que estava tudo em ordem. Então, ligou a TV e continuou a ver o filme que havia pausado no videocassete. Dali a pouco, ouviu uma batida na porta.


_Mano, posso entrar?


_Claro, Algie, pode entrar. Estou assistindo a um filme, antes de dormir. Venha vê-lo, também.


_OK, Harry. _ e o irmão mais novo de Harry Potter, Algie, entrou.


_Está sem sono? _ perguntou Harry.


_Acho que sim. Estou pensando em Hogwarts.


_Ansioso, maninho?


_Um pouco, não dá para evitar. Você também ficou ansioso, na noite anterior à ida para Hogwarts, eu me lembro bem.


_Vai dar tudo certo, cara. Vamos acabar nos divertindo bastante, você vai ver. Ainda mais que já vai ter gente conhecida na sua turma.


_É verdade. Gina e Luna também estão indo para Hogwarts. E aí, alguma carta?


_Isso é que é o mais estranho, Algie. Nenhuma resposta às minhas cartas, nem dos Weasley, nem de Nereida e nem de Hermione. Além disso, Soraya também não mandou nenhuma notícia, desde que nos despedimos em Londres, quando os Black foram para a Grécia.


_Esquisito mesmo. Tentou o telefone?


_Bem, a Toca não tem telefone, você sabe. O Sr. Weasley pretende instalar um, talvez ainda neste ano. Parece que as linhas serão estendidas até a área rural de Ottery St. Catchpole.


_E a Mione?


_Pois é, sempre dá ocupado, a ligação cai antes de completar ou o telefone está mudo. Olha, parece até que alguém sabotou o telefone dela.


_Ou alguma brincadeira de mau gos... _ e Algie interrompeu sua frase pois, naquele momento, com um estalido, uma criatura havia acabado de aparatar no quarto de Harry, bem na frente dos dois garotos.


Era magro, tinha cerca de 1,20 m de altura, careca e com orelhas semelhantes às de um morcego, mas meio caídas. Tinha olhos verde-claros, um nariz comprido e fino e um projeto de cavanhaque, um pequeno tufo de pêlos em um queixo meio recuado. Estava descalço e vestia uma encardida toalha de mesa, de forma semelhante a uma toga.


_Um elfo doméstico! _ exclamou Algie.


_Boa noite. Ao que devemos a visita? _ perguntou Harry.


_Boa noite, jovens senhores Harry e Algie Potter. Sou Dobby, o elfo doméstico. Vim aqui para avisá-los de algo muito importante.


_Então sente-se, Dobby. _ disse Harry _ Sente-se e conte-nos de que se trata.


_Jamais bruxo algum convidou Dobby para sentar-se, como um igual. Nunca aconteceu isso. _ disse o elfo, visivelmente emocionado e começando a chorar.


_Ei, Dobby, calma. _ disse Algie, mostrando uma cadeira ao elfo.


_Obrigado, jovem senhor Algie Potter. _ disse o elfo, sentando-se e juntando as mãos sobre os joelhos _ Dobby está mais calmo, agora.


_Você disse que veio nos avisar de algo, Dobby. Veio por ordem de seus amos? _ perguntou Harry.


_Não, jovem senhor Harry Potter. Dobby não veio por ordem do seu amo. Pelo contrário, Dobby sabe que será punido de forma severa, por ter se ausentado, caso o amo de Dobby descubra.


_E qual é o aviso, Dobby?


_É muito importante que os jovens senhores Harry e Algie Potter NÃO VÃO PARA HOGWARTS, neste ano.


_Como é que é?! _ perguntaram Harry e Algie.


_Se os jovens senhores Harry e Algie Potter forem para Hogwarts, coisas terríveis irão acontecer.


_Mas eu tenho de iniciar os meus estudos, Dobby. _ disse Algie, olhando espantado para o elfo doméstico _ E Harry precisa continuar os dele. Não podemos deixar de ir para Hogwarts.


_Haverão muitos perigos para os jovens senhores, inclusive risco de morte.


_E quem poderia querer nos matar? _ perguntou Harry, encarando os enormes olhos de Dobby _ Por acaso seria... Lord Voldemort?


_Não, jovem senhor Harry Potter. Não é por parte d’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. _ respondeu Dobby, tremendo à menção do nome.


_Ora, Dobby, então quem seria? _ perguntou Algie.


_Eu... não... posso... dizer! _ exclamou o elfo, como se lutasse contra um inimigo fortíssimo e, em seguida, batendo a cabeça contra o encosto da cadeira.


_Ei, calma! Pare de se flagelar, Dobby. Não precisa nos dizer, então.


_Está bem, jovem senhor Algie Potter. Dobby já parou.


_Além disso, Dobby, não estaremos sozinhos lá em Hogwarts. Há o Prof. Dumbledore, o Prof. Mason e outros, além de nossos amigos, Rony, Hermione, Neville, Soraya e Nereida. _ disse Harry.


_E por que será que esses amigos sequer entraram em contato com os jovens senhores? _ perguntou Dobby, com um meio sorriso.


_Ora, deve ser porque... _ e a ficha caiu para Harry _ ... como é que você sabe disso, Dobby?


Meio sem jeito, o elfo tirou de dentro de sua “toga” um maço de cartas, no qual Harry reconheceu sua própria letra, além das dos amigos.


_Seu sem-vergonha! Andou interceptando minha correspondência? Com que direito fez isso?! _ perguntou Harry, bastante irritado.


_E Dobby também causou interferência nos seus telefonemas para a jovem senhorita Hermione Granger e nas tentativas que seus amigos, inclusive o jovem senhor Rony Weasley, fizeram de telefonar para os senhores.


_Dobby, qualquer dia desses alguém irá torcer esse seu pescoço. E eu estou me segurando, para que esse alguém não seja eu, seu safado.


_Ameaças de morte fazem parte do cotidiano de Dobby, jovem senhor Harry Potter. Ele está acostumado a recebê-las, várias vezes por dia.


_Seus amos devem ser uns demônios. _ comentou Algie.


_Realmente, jovem senhor Algie Potter... Dobby mau! Dobby mau!


_Clma, Dobby! Pare com isso! _ exclamou Algie, vendo o elfo dirigir-se à parede, para bater a cabeça nela _ Não se machuque!


_Está bem, jovens senhores. _ e um forte ronco ouviu-se, vindo da barriga de Dobby, que ficou vermelho e pediu desculpas.


_Está com fome, Dobby? _ perguntou Harry.


_Dobby está sem comer nada desde esta manhã, como castigo, jovem senhor Harry Potter.


_Imperdoável! _ exclamou Algie, indo em direção ao seu quarto e retornando com algo nas mãos.


_Coma isto, Dobby. Eu tinha trazido duas tortinhas de abóbora e comi só uma.


_E eu tenho um sapo de chocolate. _ disse Harry _ Coma ou vai desmaiar de fome.


_Obrigado, jovens senhores Harry e Algie Potter. _ disse o elfo, saboreando os petiscos e tomando um copo de chá gelado, alcançado por Harry.


_É mesmo sério tudo o que você disse, Dobby?


_Dobby disse a mais pura verdade, jovem senhor Algie Potter. Haverão grandes perigos à sua volta, se os jovens senhores forem para Hogwarts, neste ano.


_Mas não podemos deixar de ir, Dobby. _ disse Harry _ Temos de iniciar o ano letivo.


_Bem, Dobby já viu que os dois jovens senhores Potter não temem o perigo. Mas o aviso de Dobby permanece. Tomem muito cuidado. Agora Dobby precisa ir, antes que os amos sintam sua falta. Boa noite.


_Boa noite, Dobby. _ despediram-se os garotos. O elfo desaparatou.


 


_Cara esquisito esse Dobby. _ comentou Algie.


_Os elfos domésticos são assim, Algie. _ disse Harry _ Seu comportamento, através dos séculos, sempre foi uma mistura de respeito, submissão, cortesia, polidez, medo e outras atitudes que acabaram por cunhar esse jeito até meio afetado que eles têm.


_Por isso criaram a gíria bruxa “Élfico”, para referirem-se aos “gays”. É por causa dessa afetação dos elfos. _ disse Algie.


_Isso. E você se lembra de que os Potter não têm mais elfos domésticos a seu serviço desde...


_... A época do nosso trisavô, que tinha o mesmo nome do nosso ancestral que ajudou a conter a epidemia de Peste Negra, que havia sido potencializada pelo bruxo das Trevas Sibelius, o Ardiloso.


_Odisseus Potter. O nome do meio de papai. _ disse Harry.


_Ele libertou todos, exceto um casal que pediu para permanecer por mais alguns anos e que foram libertados depois. Os nomes deles eram Cyndi e Nash, mas é claro que não eram os reais.


_Não, Algie. Elfos domésticos não declinam seus nomes aos humanos, somente os usam entre eles mesmos. Nem seus amos os conhecem.


_E quanto à história de Dobby? Acha que devemos contar ao papai?


_Melhor não, Algie. _ disse Harry.


_Concordo. Há muita coisa implicada.


_Exato. Se dissermos algo ao papai, os Aurores acabarão entrando no circuito e é bem provável que os responsáveis por qualquer plano maligno retraiam-se e ninguém descubra nada.


_Vamos dar corda aos bandidos, então? _ perguntou Algie.


_Até que eles próprios se enforquem. _ respondeu Harry.


_Vai ser perigoso.


_Sei que vai, mano. Mas, de qualquer modo, se ficar pesado demais para nós, aí sim, avisaremos papai.


_Fora isso, Harry, ainda temos de pensar nos desdobramentos dessa situação. Veja bem, pode ser que tudo isso seja uma armação das Trevas, inclusive a visita e as ações de Dobby.


_Elfos domésticos não são maus, eles são o reflexo de seus donos e podem, às vezes, agir assim obedecendo ordens de um amo maligno.


_Mas alguns são obsessivamente devotados aos amos.


_Sei de quem você está falando, Algie. E ele é motivo de muita dor de cabeça para Sirius. Acho que se Bellatrix chamasse, Monstro seria capaz de ir a nado até Azkaban, atrás daquela doida. _ comentou Harry _ Por outro lado, pode ser que alguém tenha pedido a Dobby para nos avisar, quer seja alguém da família de seu amo, quer seja o próprio amo, pedindo para que Dobby não revelasse sua identidade.


_E também temos de contar com a possibilidade de Dobby estar agindo por conta própria, Harry. _ disse Algie _ E isso pode significar que a coisa é mais grave.


_Tem razão, mano. _ concordou Harry _ Durante nossa conversa, ficou claro que o amo de Dobby deve ser um cara do mal. Se ele teve coragem de sair de sua casa escondido, arriscando-se a ser punido caso fosse descoberto, significa que o golpe que as Trevas devem estar preparando é grande, seja ele qual for.


_Teremos de contar ao Rony, quando chegarmos à Toca, amanhã. E isso nos leva a pensar em um outro perigo, talvez até maior. _ disse Algie.


_???


_Você terá de dar uma explicação muito convincente para Rony e Gina, além dos outros Inseparáveis, sobre a ausência de comunicações durante as férias. Principalmente para Gina.


 


Harry ficou branco.


 


_Melhor irmos dormir. Algie. Amanhã iremos cedo para Ottery St. Catchpole (“Caracas! Como vou explicar isso para Gina?”).


 


Na manhã seguinte, Harry e Algie estavam de malas prontas, na sala da Mansão Potter. Tiago e Lílian davam as últimas recomendações aos filhos.


 


_Então, crianças, esta Chave de Portal irá levá-los exatamente até a entrada da Toca. _ disse Tiago _ Madame Edgecombe autorizou seu preparo e me entregou, ontem.


_Depois iremos nos encontrar no Beco Diagonal, para adquirirmos o restante do material. _ disse Lílian _ Dormiremos no Caldeirão Furado e iremos para a Plataforma 9 ½. Aliás, soube que Gilderoy Lockhart vai estar na Floreios & Borrões, autografando seu novo livro. Lembra-se dele, Tiago?


_Claro, querida. Foi nosso contemporâneo em Hogwarts. Exibido como só ele e metido a gatão da turma. Vestia-se como se tivesse saído de um catálogo da Trapobelo Moda Mágica. Além disso, gostava muito de contar vantagem. Soube que ele tornou-se caçador de monstros e criaturas das Trevas, escrevendo livros de suas aventuras pelo mundo. E você disse que ele estará na Floreios & Borrões, autografando seu novo livro... qual será, agora? “Sete Semanas com o Yeti”? Ou será que poderia ser “O Beijo da Banshee”? Não, esse foi o do ano passado. Talvez seja “Acromântulas e Suas Patas”?


_Bobinho. Desta vez é uma autobiografia, intitulada “O Meu Eu Mágico”. Uma história de como ele tornou-se caçador de monstros e de suas conquistas no meio social e amoroso.


_Ora, ora, ora. O pavão resolveu colocar o ego no papel. Esse livro vai ser mais grosso do que “Exodus”, de Leon Uris e “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, empilhados.


_Sei que você nunca foi muito com a cara dele. Inclusive, chegou a azará-lo, algumas vezes.


_Se ele não tivesse dado em cima de você, eu não teria feito com que urtigas-bravas brotassem das orelhas dele... _ e Tiago parou, olhando para os filhos, que olhavam para ele, entre admirados e chocados _ Já lhes adianto que não é das coisas que eu mais me orgulhe de ter feito, crianças.


_Sem problemas, papai. _ disse Harry, olhando para o pai, com um olhar maroto.


_Afinal de contas, qualquer um que tenha feito a besteira de meter-se a besta com Lílian Falworth Evans somente poderia atrair toda a terrível ira de Tiago Odisseus Potter, não é verdade? _ perguntou Algie, com um olhar semelhante.


_Crianças... _ sorriu Tiago.


_Puxaram ao pai, ora. _ disse Lílian _ E ainda há as influências de Sirius e Remus.


Todos riram com o comentário de Lílian.


 


_Está na hora, crianças. _ disse Lílian.


_A gente se vê, daqui a uma semana, no Beco Diagonal. Quem sabe eu não tenho o prazer de azarar o Lockhart, mais uma vez? _ perguntou Tiago, sorridente.


_TIAGO!?!?!? _ exclamou Lílian, indignada.


_Brincadeirinha, querida.


 


Os garotos estavam segurando a Chave de Portal, um Snorkel azul e preto, prontos para a partida.


_Vamos lá, então. Um... Dois e... TRÊS!!!


 


Com uma sensação de puxada na altura do umbigo, os dois garotos desmaterializaram-se de Godric’s Hollow, rodopiando rumo a Ottery St. Catchpole.


 


_Lá vão eles, Lílian. Espero que Algie se dê bem, assim como Harry.


_Está brincando? Quer que ele passe por perigos e enfrente Voldemort, também?


_Não, eu espero que ele também seja um bom aluno e, de preferência, um grifinório.


_Se a tendência familiar se mantiver, ele será um grifinório, não se preocupe, Tiago.


_OK, querida. _ disse Tiago.


 


Mas, por dentro, ele sabia que sempre haveriam perigos rondando Harry e quem mais estivesse por perto dele, principalmente se fosse seu irmão, ambos tentadores alvos para as forças das Trevas.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.