- Farsas: Romance. -



Capítulo 14 Farsas: Romance.


Penúltimo Capítulo.


 


Os dois sonserinos estavam sentados em um bar – quietos. Cada um com seu copo de cerveja. Levaram os copos juntos aos lábios e tomaram um grande gole. Suspiraram e pousaram seus copos sob a bancada.


- Cara, eu sinto muito – murmurou Blaize batendo no ombro de Draco. – Se eu soubesse que ela iria pra sua casa eu nunca teria enviado a carta.


- Não é sua culpa, você não poderia saber que nós dormiríamos lá.


- Bom, não precisa ser um grande adivinha para saber que você dormiria com a Granger. – Comentou Blaize fazendo Draco rir e concordar com a cabeça. – Era só eu ter pensado nisso.


- Tudo bem, não tem como voltar no tempo – falou Draco chateado. – Mas vai ficar tudo bem.


Blaize olhou duvidoso para o amigo. Se acabar bem significava sem grana e sem mulher...


- As coisas não podem piorar – falou Blaize sorrindo. Draco apenas fez uma careta.


- Eu posso ir para a cadeia.


- Não seria a primeira vez – brincou Blaize. Draco riu e bebeu um grande gole de cerveja.


- Eu vou para a casa.


- Qual é Draco?! Você precisa se animar um pouco. – Falou Zabini preocupado. Draco deu de ombros.


- Talvez amanhã.


***


- Hermione, abre a porta – a mulher ouviu uma voz autoritária enquanto sua porta era esmurrada. Apenas gemeu e enfiou a cabeça debaixo do lençol. – Se você não abrir essa merda eu vou arrombar! – Avisou o homem do outro lado. Hermione apenas deu de ombros.


A promessa foi cumprida. No segundo seguinte Hermione ouviu uma explosão e sua porta foi feita em pedaços. Levantou-se assustada e olhou para os lados. Um moreno acabara de adentrar em sua sala.


- Você está maluco? – Exclamou Hermione de olhos arregalados. Harry respirava com dificuldade e parecia exausto.


- Eu quem pergunto isso! Rita disse que você não sai de casa a três semanas. O que aconteceu, Hermione? Rony veio me dizer uma história de você estar tendo um relacionamento com o Malfoy. Não preciso dizer que todos ficaram assustados lá na Toca – contou Harry preocupado. Hermione gemeu e enfiou a cabeça embaixo do lençol de novo, como uma criança teimosa. Aquilo fez Harry rir. – É por isso que você não quer sair de casa? Fica fazendo sexo o dia inteiro com o Malfoy? Cadê a doninha? No quarto?


- A doninha está em casa – contou Hermione com voz de choro. Harry franziu o cenho. – A doninha me enganou e me usou. Agora deve estar com os amigos, rindo desta idiota que se apaixonou por ele. – Começou um choro angustiante. Harry se aproximou dela no sofá e tirou o lençol que a cobria. A morena o olhou, aflita.


- Eu o demiti. – Contou soluçando. – Harry, o que eu faço agora?


- Vive – falou Harry com raiva. – Vive e manda aquele babaca para a puta que pariu. Não acredito que ele fez isso com você.


- E eu nem sei o motivo – falou Hermione sentando-se ao lado de Harry e o abraçando. O moreno suspirou.


- Eu acho que eu sei.


- Como assim? – Perguntou Hermione aflita. – Você descobriu algo?


- Bom... Vocês sabem... As fofocas correm soltas lá no Ministério. Eu estava conversando um dia desses com um conhecido e ele deixou escapar que o Malfoy foi demitido do cargo porque estava endividado até a última raiz daquele cabelo loiro e seboso.


- Endividado? – Repetiu Hermione com os olhos arregalados. – Mas... Mas... Ele é rico.


- Aparentemente não. Ele está afundado em dívidas no banco porque perdeu todo o dinheiro. Então o Ministério ficou puto quando descobriu sobre isso, parece que ele estava querendo um aumento.


- Como ele foi capaz de perder todo o dinheiro? – Perguntou Hermione horrorizada. Harry encolheu-se como se pedisse desculpas por dar aquelas notícias.


- Jogo. – Contou fazendo Hermione ficar indignada. – Isso vicia Hermione. Pôquer vicia, sabia disso? Parece que ele jogava regularmente. E acabou perdendo todo o dinheiro, por isso foi demitido. Eles não querem alguém dessa ladainha no Ministério, principalmente com a função de um Inominável.


- Ele era um Inominável? – Perguntou Hermione com a curiosidade se aguçando. – E perdeu o emprego por jogar?


- Sinto muito, mas seu namorado não prestava – falou Harry, mas não parecia sentir nada. Hermione suspirou e passou as mãos no cabelo.


- E agora eu o demiti. Ele deve estar quase perdendo aquela casa.


- Hermione, agora não é hora de ficar com pena dele. Ele tentou te enganar pelo visto, além do mais, como você descobriu?


- Carta do Zabini. – Contou Hermione triste. – Agora faz sentido. Ele estava tentando me conquistar. Acho que pretendia casar comigo e pedir divisão de bens. Posso não ser rica, mas ganho uma boa grana com minha empresa. Metade da empresa seria dele. Devia pretender quitar as dívidas.


- Eu vou matar aquele idiota – urrou Harry com raiva e levantou-se em um salto. Hermione o segurou pelo braço.


- Não vai não. Ele é passado. Deixe-o. Já deve estar ferrado o suficiente, não precisa levar uma surra. – Murmurou aflita. Harry suavizou a expressão.


- Tem razão, me desculpe. Isso é muito irracional. – Sentou-se ao lado de Hermione e voltou a abraçá-la.


- O que você veio fazer aqui? – Perguntou Hermione. Harry sorriu de lado.


- Eu estava preocupado com você e vim ver se estava tudo bem. Eu pensei que o Malf... O imbecil estivesse aqui, mas desisti de esperar para contar minhas novidades.


- Que novidades? – Perguntou Hermione curiosa. Harry ampliou o sorriso.


- Eu e Gina estamos noivos. – Contou alegre. Hermione sentiu os olhos se arregalarem, mas sorriu contente.


- Isso é perfeito! Aí, Harry! Que ótimo, parabéns! – Abraçou o velho amigo fazendo-o rir.


- Eu sei, estamos finalmente começando a nos entender.


- Fico contente por isso. – Falou Hermione dando um soco no braço de Harry. O garoto continuava a sorrir bobamente.


- É, e eu peço desculpas Hermione... Por tudo que eu fiz.


- Não precisa pedir desculpas – falou Hermione dando de ombros. – O que está feito, está feito. Não vamos ficar revivendo o passado. E tudo tem um motivo para acontecer.


- Está certa – concordou Harry e os dois ficaram calados apenas abraçados no sofá. Hermione fechou os olhos apreciando o carinho do velho amigo. Harry franziu o cenho e disse:


- Eu só gostaria que você também estivesse feliz.


 


Cinco meses depois...


 


Draco andava cansado pelo escritório ao lado de seu quarto. O livro de Hermione estava em cima de sua mesa. Estivera-o lendo naqueles dias e só faltavam apenas algumas linhas para terminá-lo. A curiosidade e o medo de como tudo acabaria o impediam de abrir o livro e lê-lo. Suspirou cansado e rendeu-se ao término daquela leitura de sua vida.


“Aquele era o fim da guerra, e por incrível que pareça o meu começo.


Eu estava diferente, finalmente conseguira sair da prisão sem nada constatando em minha ficha criminal. Minha mãe não foi acusada de nada, ao contrário do meu pai que ganhou prisão perpétua. Eu não ligava, duvidava um dia que ele pudesse ser um bom pai. Ele era apenas um chefe de família.


Seguiria minha vida como eu sempre quisera, fazendo minhas escolhas e finalmente traçando o meu caminho – sem ninguém para me falar o que fazer ou como agir.


Eu não era mais um Comensal da Morte.


Eu não era mais um Sonserino.


Eu não era mais um Malfoy.


Eu era apenas Draco.


E poderia acabar me acostumando com meu novo eu.”


- Granger, eu te odeio – murmurou contrariado enquanto tacava o livro do outro lado do escritório. Naqueles cinco meses Hermione não saíra de sua cabeça, nem o adeus que lhe dera. E quem era ela para tirar as palavras de sua cabeça e transformá-las em um livro? E o final? Que final era aquele que não dava certeza de nada?


Tudo bem que era igual a sua vida: sem nenhuma certeza. Mas ele precisava saber o que acontecia.


Ele arranjava um bom emprego? Conseguia fazer novos amigos? Perderia tudo? Conseguiria dar a volta por cima?


Terminaria com a garota ao seu lado?


Tinha a impressão de que o livro não lhe responderia mais aquelas perguntas.


Ele mesmo teria que correr atrás delas.


E para isso daria a volta por cima. Hermione Jane Granger estava certa. Ele não era mais um comensal, um sonserino nem um Malfoy.


Era apenas Draco. E como qualquer outra pessoa ele correria atrás do que queria, sem ninguém para mandar em suas decisões.


E se dependesse dele teria um final feliz com a mulher que queria ao seu lado.


Hermione tinha razão: amor era um sentimento horrível.


Mas talvez eles conseguissem lapidá-lo até se transformar em algo que os dois apreciassem...


De preferência juntos.


Bad Romance.

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