Capítulo 5 A Equipe.

- Granger? – Chamou Draco assim que Hermione entrou, no dia seguinte, na sala. A mulher o olhou, aflita e horrorizada. Ela estava pálida, com olheiras e os cabelos não pareciam muito arrumados. A roupa amassada parecia ser... a que usara ontem?

- Merlin! O que aconteceu com você, chefinha? – Perguntou Draco levantando-se e seguindo Hermione para dentro da sala da mulher. Hermione o encarou por alguns segundos.

- Você não estava chateado comigo? Pensei que fosse perder meu escravo. – Brincou Hermione sentando-se.

- Relaxa, foi apenas uma TPM passageira – disse Draco dando uma piscadela. – O que diabos aconteceu com você? Andou caminhando em um lixão?

- Eu estou um caco assim? – Perguntou Hermione tentando olhar-se no espelhinho em cima de sua mesa.

- Você está um monstro – falou Draco aproximando-se de Hermione e passando a mão em seus cabelos, tentando ajeitá-los. – Isso daqui é um pedaço de biscoito no seu cabelo?

- Talvez – disse Hermione sem jeito enquanto puxava o cabelo tentando tirar os farelos.

- Granger, estou ficando temeroso – disse Draco sentando-se na frente da chefa. – Posso saber o que aconteceu?

- Malfoy... – Hermione ia mandar Draco cuidar de sua vida, porém a preocupação estava evidente no rosto do loiro, mesmo que aquilo lhe fosse desconhecido. Hermione fechou os olhos e passou a mão no rosto. – O Harry tentou me beijar.

Draco olhou sem entender para Hermione.

- Hm... e???

- EEEE???? – Rugiu Hermione nervosamente. Draco arregalou os olhos. – COMO ASSIM “E”?

- Bem... já não era sem tempo, eu sempre achei o Potter meio lerdo. E olha que estou tentando ser gentil!

- Malfoy – começou Hermione sentindo as mãos tremerem -, como você sabia que isso aconteceria?

- Simples. Ele é um dos seus melhores amigos, depois de mim é claro, e você é uma mulher interessante. – Disse Draco piscando para Hermione. – Quero dizer, no ponto de vista dele.

- Por que eu seria interessante para ele? – Perguntou Hermione sem entender. – Eu nunca fiz nada que pudesse levá-lo a crer que pudéssemos ter algo a mais.

- Vocês não se desgrudam desde o primeiro ano, ele é o garoto para quem você conta tudo, você é inteligente e amiga dele, não fica enchendo o saco com crises de mulheres, você é carinhosa com ele, gentil e blábláblá...

- Você faz isso tudo parecer um caso de novela.

- Sempre me achei um ótimo roteirista. – Brincou Draco. – Falando sério, Granger, não sei o que te espantou tanto.

- O fato de meu melhor amigo tentar me beijar? Será?

- Ohhhh! Crime de estado. Granger, já tentou dar uns beijos em outras pessoas? Talvez isso lhe faça bem.

- Ora, Malfoy!

- Você o beijou? – Perguntou Draco curioso. Hermione corou furiosamente enquanto negava com a cabeça.

- Eu não poderia fazer isso com o Rony. Eu o afastei de mim e mandei-lhe se recompor antes de me procurar novamente. – Disse firmemente. Draco bufou exasperado.

- Quer apostar quanto que da próxima vez que se virem ele dirá que acha que te ama?! Você apenas interessou-o mais por esse joguinho.

- Joguinho? Que joguinho?! – Perguntou Hermione sem entender.

- Você me entendeu... essa sua... bem... glicose anal. – Disse Draco sem jeito.

- HEIN? – Exclamou Hermione arregalando os olhos. – Que diabos é isso, Malfoy?

- Um termo um pouco mais bonitinho para cu doce.

- EU NÃO ESTOU FAZENDO CU DOCE! – Gritou Hermione e tapou a boca em seguida.

- Reze para ninguém ter te ouvido – disse Draco achando graça. – Pense no que eu te disse chefinha.

- No que mesmo? – Hermione parecia exausta.

- Quem sabe novos beijos lhe façam bem?! Eu diria que faria um trabalho melhor do que o do Potter, maaasss... aproveite o que tem e vê se passa em casa para tomar um banho – disse Draco piscando para Hermione. Logo em seguida levantou-se da cadeira deixando Hermione sozinha na sala com apenas seus próprios pensamentos.

Já se passara uma semana desde que Harry Potter assediara Hermione Granger. Sim! Porque para ela aquilo havia sido praticamente um assédio. Ela não se atrevera a conversar com Rony nem com mais ninguém sobre aquilo... a não ser com Draco, mas fora apenas com ele. E ela duvidava que ele fosse contar para alguém.

Pensar em Draco lhe lembrava da festa de inauguração do livro que devia estar para chegar.

Passava todos os dias analisando com Draco os preparativos para a festa, a lista de convidados, o bufê, quem contratariam... e tinha que admitir que Draco tinha um excelente gosto para festas.

Já estava de noite quando ouviu um barulho vindo da porta de sua casa. Caminhou-se sonolenta rezando para que fosse Merlin vindo buscá-la.

- Harry? – Exclamou assustada ao ver o moreno parado em sua porta. Parecia-lhe nervoso e confuso.

- Mi... Por que não me procurou esta semana? – Perguntou-lhe. Hermione sentiu-se desesperada.

- Bem... erh... eu trabalhei até tarde essa semana. Você sabe... os preparativos da festa – disse Hermione chegando para o lado. – Entra.

Harry sorriu acanhado enquanto entrava no recinto.

- Quer algo para beber? – Perguntou Hermione seguindo em direção à cozinha. Harry a seguiu de perto a deixando mais nervosa do que pensou que poderia ficar.

- Mi, eu precisava falar com você – disse Harry virando a morena para encará-lo. Hermione deu um passo para trás ao sentir o corpo de Harry colado ao seu.

- Bem, sou toda ouvidos – brincou Hermione sorrindo. Harry correspondeu ao sorriso.

- Mione, eu acho que eu te amo – declarou Harry em um fôlego só. Hermione arregalou os olhos lembrando-se do que Draco falara-lhe.

- Incrível – sussurrou para si mesma. Harry franziu o cenho.

- O que? – Perguntou confuso e temeroso.

- Nada, eu apenas... lembrei-me de uma coisa – disse Hermione balançando negativamente a cabeça.

- Mi, você ouviu o que eu disse? – Perguntou Harry. Hermione fez que sim. – E o que você me diz?

- Que você está ficando louco.

- Não! Não! Mi, me escuta! Eu também pensara isso, mas depois eu vi que tudo está perfeitamente claro. Se você ao menos... se você me desse uma chance.

- Uma chance? – Hermione gaguejou as palavras.

- Sim, uma chance – implorou Harry.

- Harry, eu não irei terminar com o Rony para tentar uma chance com você. Eu nunca pensara que um dia você pudesse...

- Não estou lhe pedindo isso!Estou apenas lhe pedindo uma chance, quem sabe um beijo? Uma noite juntos?

- Harry, você andou se drogando? Porque só assim você... – Hermione não terminou de falar, pois Harry a puxou pela cintura selando seus lábios em um beijo urgente. A mulher até tentou se soltar, mas Harry não parecia que permitiria tal feito. Quando finalmente cedeu, Hermione viu-se descabelando o cabelo já tão despenteado que conhecia e que nunca pensara que teria a ousadia de tocar enquanto beijava seu melhor amigo.

“O que eu estou fazendo?” pensou Hermione enquanto as mãos de Harry desciam pelo seu corpo até chegarem a suas coxas. “Talvez o Malfoy tenha razão, eu realmente tenho que aproveitar melhor a vida, beijar outros caras”.

“Merda” pensou ao sentir seu corpo sendo praticamente jogado em cima do sofá. Sabia que se Gina... ou Rony vissem aquilo iriam matar aos dois, bem lentamente e cruelmente. Claro que se fosse Draco Malfoy, bem... ele estaria rindo até não agüentar mais, e talvez até falando que a cena lhe trazia náuseas.

Mas isso era hora para pensar em Draco Malfoy? Não. Não quando seu melhor amigo está te empurrando pelas paredes até o quarto.

Não quando seu “suposto” melhor amigo está caindo na sua cama, graças a força que você não sabe de onde tirou.

Ela deveria estar, realmente, de saco cheio do namorado. Fala sério, morreria apenas tendo transado com um homem? Antes aquilo poderia lhe parecer fofo, mas agora? Parecia decadente. Pelo menos na vida dela. Talvez tivesse mudado de opinião por estar excitada em ver o peito despido do eleito.

Sua roupa já estava jogada do outro lado do quarto. Fez um feitiço mudo para diminuir a intensidade da luz. Até hoje ela não se acostumara com homens olhando para seu corpo. Sentia vergonha, e Rony nunca relutara em apagar a luz. Não sabia como Harry reagiria, mas como o mesmo não reclamara, pode então fazer o que ambos queriam sem nenhum pudor.

Quando a manhã atingiu seu auge, os raios solares despertaram a morena que se encontrava largada no peito do homem. Sentiu as mãos de Harry percorrendo seus cabelos até o final de sua cintura.

- Tira a mão daí, tarado – brincou enquanto puxava o lençol para cobrir o corpo. – Ou eu chamo os aurores.

- Querida, eles só atacariam se eu mandasse – disse Harry sorrindo para Hermione. A garota sentiu calafrios ao olhar o peito nu masculino e lembrar-se da noite passada que tivera.

- Nesse caso, eu mesma faço o trabalho – virou-se para resistir à tentação de continuar. Procurou a roupa que usara anteriormente, achando-a em cima de sua escrivaninha.

- Mi, volta pra cama – pediu Harry carinhosamente vendo a mulher percorrer o quarto com o lençol sobre o corpo. – E tira esse lençol de você.

- Não para a primeira e... não para a segunda. Acho que você está super confortável sem minha companhia – sorrindo timidamente, se encaminhou para o banheiro.

- Fala sério, Mione. Volta. Você não precisa ir trabalhar tão cedo!!!

- Por que os homens sempre fazem isso? Vocês não se contentam com apenas uma noite de sexo? Precisam ficar olhando para a parceira a manhã inteira?

- Apenas parte dela. E isso é o normal quando se está... – Harry não terminou a frase. Hermione olhou-se no espelho ao terminar de colocar a roupa.

- “Quando se está” o que? – Perguntou saindo do banheiro. Harry sorriu e ergueu os braços.

- Quando se está fazendo sexo com sua melhor amiga.

- Aff Harry! Eu tenho que trabalhar. Vocês, homens, devem ser tudo preguiçosos. Levanta daí, o dia já começou.

- Meu Deus, até aqui você é mandona – reclamou, esticando-se melhor na cama.

- Não gostou? Caí fora.

- Opaaa! Calma Mi, eu estava brincando. – Harry aproveitou quando Hermione passara, e puxara-a para cima da cama.

De todo o relacionamento que tivera com Rony, e um pouquinho da sua experiência com o Krum, Hermione sabia que homem amava ser desdenhado. Eles só podiam possuir alguma espécie de tesão pelo desdenho. Realmente, homem sempre foi uma raça estranha.

- Você realmente vai trabalhar? – Perguntou Harry enquanto beijava lentamente o pescoço de Hermione.

- Se você me largar... sim.

- E se eu não te largar? – Perguntou Harry passando os beijos para a orelha, e novamente para o pescoço.

- Eu te mato – brincou Hermione rindo. Os beijos até que estavam bons, poderia acabar ficando por ali.

- Vamos ficar aqui, Mi! – Insistiu Harry percorrendo as mãos pela cintura da mulher.

- Harry... eu tenho que ir – antes que mudasse de ideia, levantou-se ligeira deixando um moreno com cara de palhaço.

- Você é má, Mione – reclamou Harry jogando um travesseiro em Hermione.

- E você um preguiçoso! Levanta daí, bunda mole.

- Ohhh! Bunda mole não! Minha bunda é durinha, obrigada.

- Não foi isso que eu senti noite passada.

- Querida, o que você sentiu não foi minha bunda.

- Canalha! – Exclamou Hermione rindo. Aquilo não era uma frase típica de Harry Potter, e sim de Draco Malfoy. Falando em Draco Malfoy, ela tinha que terminar os preparativos da festa. Tinha que se encontrar logo com ele.

- Mione, você ainda está aí? – Perguntou Harry parando em frente à morena. Hermione sacudiu a cabeça, olhando para o parceiro despido.

- Estou. – Sorriu inclinando a cabeça. O desejo de percorrer as mãos sobre o corpo a sua frente estava se tornando cada vez maior.

- Sabe, você pode tocar se quiser. – Brincou Harry percebendo o que Hermione encarava. A mulher corou ligeiramente.

- Eu sei. Mas não quero! Tchau Harry.

- Caramba, você é realmente uma bruxa!

Hermione riu enquanto saía do quarto para preparar-se para mais um dia de trabalho duro.

- Você fez sexo – acusou Draco Malfoy quando Hermione entrou no escritório. Os olhos da morena se arregalaram.

- Não fiz não.

- Ahh... errei? Droga, estou perdendo o jeito! Então... você comprou um vibrador?

- MALFOY! – Exclamou a chefe ao entrar na própria sala.

- O que?? Estou realmente curioso – falou Draco piscando. – Vamos chefinha, eu não tenho o dia inteiro.

- Não aconteceu nada – Hermione sentiu que estava corando. – Malfoy, você e sua mania com sexo.

- Granger, pode apostar... é uma boa mania. – Hermione riu com Draco. – Nãooooo!

A morena se assustou com o berro do secretário.

- Não o que?

- Você dormiu com o Potter!

- Você virou o que, Malfoy? Detetive? Você andou me espionando?

- Sim. Na realidade eu sou seu vizinho, tenho um binóculo e fico olhando toda hora para o seu quarto. Fala sério, Granger. Você acha que eu tenho quantos anos? Treze? Não sou um adolescente com os hormônios a flor da pele. Sou apenas realista, e já saquei o que aconteceu.

- Cacete... não dá para esconder nada de você – reclamou Hermione fazendo bico e cruzando os braços. Draco riu da cena. Não sabia o porquê, mas aquilo fora extremamente fofo.

- Desculpe, minha jovem. – Brincou enquanto colocava uma pilha de papéis em cima da mesa de Hermione. – Bom trabalho, chefinha.

- Você vai me abandonar? – Perguntou Hermione ao ver Draco dando as costas e caminhando para fora da sala. O loiro parou, virando-se sem entender.

- Desculpe?

- Aqui. Você vai me abandonar aqui, com essa pilha de papéis? – Hermione fez o que considerava um bom biquinho de persuasão. Draco não pode deixar de apreciar a tentativa da mulher de fazê-lo ficar com ela.

- Eu tinha trabalhos para fazer – falou ponposamente, quando na realidade pretendia ler o livro que Hermione escrevera.

- Por favor, me ajuda – pediu Hermione apontando para uma cadeira ao seu lado. Draco relutou, sentindo vontade de ajudá-la só para jogar mais um pouco de conversa fora como sempre faziam.

- Já que você insiste, e como eu sei que você não vive sem mim... fazer o que, Granger? Eu te ajudo.

- Obrigada.

Draco sentou ao lado de Hermione, trabalhando como verdadeiros colegas de trabalho.

Era uma equipe completamente diferente do que eles dois poderiam imaginar:

Uma Grifinória e um Sonserino.