Capitulo Unico.
Gente, essa fic não foi exatamente baseada, mas foi de onde eu tirei inspiração pra escrever essa short. Eu tava lendo O Vencedor Leva Tudo da Nah Black ( uma das minhas autoras favoritas) quando veio a ideia de escrever a short. Então, obrigada Nah, pq foi por sua causa que eu me apaixonei por esse shipper e tive a ideia de escrever sobre ele. Espero que principalmente você goste dela.Sem mais, vamos direto ao que interessa.....
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Eu estava sentada na Sala Comunal com Lills, Dorcas e Emmeline terminando a redação de Herbologia quando o quadro girou e o time de quadribol da Grifinória entrou fazendo algazarra, seguidos por Peter. Emmie deu um sorriso tímido quando Remo se aproximou e deu um selinho, depois dizendo que ia tomar banho para que eles fossem jantar, Doc estava ignorando mais uma vez Peter que tentava de qualquer forma chamar sua atenção e Lilly, bom, ela estava de novo discutindo com meu primo, James.
- Você é repugnante, Potter. – ela disse com nojo.
- Aah, qual é Evans, você sabe que quer sair comigo. – falou James abraçando ela pela cintura.
- Sai daqui, Potter, você está suado, nojento e fedorento! – ela falou empurrando ele, tentando esconder um sorriso que teimava em formar em seus lábios.
- Posso ta suado e nojento, mas fedorento eu não to. – ele retrucou falsamente ofendido – Mas já que você está dizendo que eu estou suado e nojento, Evans, eu vou lá em cima, tomar um banho para jantarmos depois, ta?
- Sai daqui, Potter. – ela falou tentando se livrar dos braços fortes de Jay.
- To indo.
Mas antes de se levantar, ele roubou um selinho dela e pulou o sofá depois, evitando os braços e os gritos de Lilly. Ele subiu correndo as escadas, sendo seguido por uma Lilly raivosa. Eu estava rindo tanto de Jay e Lills que nem me dei conta quando Sirius chegou por trás de mim.
- Não sei por que eles não se acertam logo. – ele disse com a voz rouca como um latido em meu ouvido.
Eu senti os pelos da minha nuca se eriçarem e meu coração disparar. Dei um sorriso de lado quando ele pulou o sofá e deitou a cabeça em meu colo. Seus cabelos molhados de suor estavam colados em sua testa e seu uniforme de quadribol estava molhado da neve misturado com lama, ou seja, imundo.
- Me assustou, Six. – eu falei sem encostar nele – Sai daqui, você ta nojento.
- Mérlim, essa é a frase preferida das garotas hoje? – ele disse melodramático fechando os olhos. – Acho que só a Emmie não chamou o Aluado de nojento.
Eu ri do comentário e respondi:
- Sirius, meu amor, vocês estão realmente nojentos, acabaram de chegar do treino de quadribol. Acho que o único que não ta nojento no grupo de vocês é o Peter, mas pra compensar, ele já é nojento por natureza. – eu ri meu comentário jogando a cabeça pra trás encostando no sofá de olhos fechados.
Senti quando Sirius se levantou de meu colo e levei um susto quando abri os olhos e vi aquele par de olhos cinza me encarando, próximo demais. Prendi a respiração, enquanto tentava dar um sorriso debochado para ele.
- Não me chame de “meu amor”, Lene, um dia eu posso acreditar. – ele sussurrou sorrindo de lado.
- Você é patético, Six. – eu disse tentando parecer entediada – Sai daqui, está me sujando. – eu o empurrei para longe.
Ele piscou pra mim e subiu. Fiquei olhando para o ponto em que ele desapareceu com um sorriso nos lábios, só parei de sorrir quando vi minhas amigas me olhando com cara de “Ai meu Mérlim!”.
- O que foi? – eu perguntei sem entender.
- Você e o Sirius! – respondeu Lills que tinha voltado de sua “Caça ao James”, meio emburrada meio feliz.
- O que quê tem eu e o Sirius? – eu falei rindo.
- Lene, vocês quase se beijaram! – disse Doc histérica.
- Vocês estão viajando! – eu ri – Eu e o Six? Mérlim! Nós sempre fomos assim, não sei por que vocês estão fazendo esse drama todo.
- Lene, se você não abrisse os olhos, ele não ia parar, ele ia te beijar. – eu ouvi Emmeline dizer.
- Vocês estão ficando loucas! – eu falei recolhendo o meu material e o guardando na mochila – Vou guardar minhas coisas e vou descer pro jantar, alguém vem comigo?
- Vou esperar o Remo. – disse Emmie.
- Vou esperar pra bater no Potter. – falou Lills fechando o rosto.
- E eu quero ver o Jay ser espancado. – disse Dorcas sorrindo – Vai ser hilário.
Eu rolei os olhos e subi para o dormitório. Fechei a porta e guardei a mochila e me joguei na cama pensando no que Emmie me disse. Sirius ia me beijar!
Era bem verdade que eu e Sirius ficávamos nesse joguinho de sedução há uns dois anos, mas recentemente, esse joguinho tem ficado um pouco mais serio do que o esperado. Semana passada, quando eu ia pra aula de Transfiguração sozinha Sirius me abordou no corredor e foi no mínimo... estranho.
***Flash Back***
Eu caminhava distraidamente pelo corredor apinhado de alunos que estavam indo para outra sala lendo O Semanário das Bruxas, quando senti um braço me puxar pra um corredor deserto. Minha reação na hora foi puxar a varinha e atacar meu agressor, mas relaxei quando vi quem era.
- Um dia ainda vou acabar te machucando se você continuar com essas brincadeiras de me abordar nos corredores, Six. – eu disse sorrindo.
- Você jamais vai me machucar, Lene. – ele disse jogando os cabelos negros sedosos. – Por que estava sozinha? – perguntou ele casualmente enquanto caminhávamos pelo que devia ser um atalho desconhecido pelo resto dos alunos. Essa era a vantagem de ser amiga dos Marotos.
- Emmie está com Remo, Dorcas e Lilly foram á biblioteca entregar uns livros. – respondi guardando minha revista na bolsa.
- Por que não foi com elas?
- Sei lá. – encolhi os ombros – E cadê o Jay e o rato? – falei referindo-me a Peter.
- Atormentando o Ranhoso. – ele respondeu entediado – E não se refira assim ao Peter, ele é gente boa.
- Não gosto dele, nunca gostei. Aturo mais por vocês. – eu falei – E por que você não foi atormentar também o Snape? Pelo que eu saiba, é o seu passatempo preferido.
- Vi você passar sozinha. – ele disse parando. – E você é muito mais interessante que o Ranhoso. – ele disse sedutor.
Eu parei e um pouco mais a frente e me virei pra ele. De repente, senti meu coração disparar quando nossos olhos se encontraram. Sirius também pareceu ficar um pouco desconsertado, mas logo pareceu se recompor, dando-me seu sorriso torto mais safado.
- É claro que eu sou mais interessante, Six. – falei tentado parecer indiferente.
- É. Você é. – ele disse se aproximando e me prendendo na parede.
Eu dei uma risada debochada, tentando transparecer calma quando na verdade estava nervosa. Senti uma das mãos de Sirius acariciar minhas costas enquanto a outra me mantinha presa contra a parede. Eu deliberadamente passei os braços por seu pescoço e mergulhei minhas mãos nos cabelos negros dele.
Sirius começou a beijar meu pescoço e eu podia escutar um gemido rouco, como se fosse um latido preso em sua garganta sempre que eu arranhava sua nuca com minhas unhas. Sirius tremeu e colou ainda mais nossos corpos quando eu mordi a curva de seu pescoço. Teríamos ficado mais tempo nesse joguinho se uma garota não aparecesse e gritasse:
- VOCÊ NÃO PODIA TER FEITO ISSO COMIGO, BLACK! – depois ela saiu correndo.
Eu dei uma risada fraca enquanto Sirius continuava a beijar meu pescoço.
- Está me usando para dar o fora nas suas garotas? – a pergunta foi inevitável.
- Claro que não, Lene. – ele respondeu debochadamente – Não sei nem como ela chegou até aqui. Deve ter nos seguido.
- Qual é, Six? – eu falei empurrando ele para longe e comecei a andar – Eu percebi que essa garota ai estava nos seguindo faz um tempão!
- É, eu também. – ele riu e começou a me seguir – Mas sério, eu não te usei pra o fora nessa aí, o problema é que está ficando cada vez mais difícil resistir a você.
Eu ri alto e respondi:
- Você usa essa com todas, Sirius, não vai funcionar comigo. E mesmo assim, eu não sou igual a essas garotinhas que você está acostumado a sair não, Sirius. Comigo as coisas funcionam diferente.
- Eu não comparei você a elas. – ele falou sério. – Você é diferente. Você é só minha, assim como eu sou só seu. Pertencemos um ao outro. – ele disse sorrindo – Elas.. elas são só elas, não tem significado.
- Six, não vai funcionar você vir com esse papo de novo. – eu falei entediada – A verdade é que você nunca superou o fato de eu não ter ficado com você uma segunda vez. Isso foi há dois anos, Sirius, supera!
Ele segurou meu braço e me virou de frente pra ele, colando nossos corpos, nos encaramos. A força do olhar dele sobre o meu era sobrenatural, eu me permiti mergulhar no azul acinzentado por uns breves segundos, e senti minhas pernas amolecerem quando percebi que ele mergulhava nos meus azuis claros com a mesma intensidade. Eu vi o par de olhos cinza chegando mais perto, perigosamente perto e parar a centímetros do meu rosto. Nossos narizes se tocavam, e eu podia sentir a respiração dele em meu rosto.
- A questão não é superação, Lene, a questão é que eu nunca consegui esquecer. – ele falou e eu pude sentir o gosto de seu hálito invadindo minha boca, me entorpecendo. – Eu ainda sinto o seu gosto antes de deitar, quando eu acordo.
- Isso não... não vai... funcionar... Six – consegui gaguejar sussurrando. Usando todas as minhas forças para não agarrá-lo ali mesmo.
- Será mesmo?
Sua voz rouca baixa como um latido invadiu meus ouvidos e eu pude ver nossos rostos se aproximarem mais. Teríamos nos beijados ali mesmo se Sirius não tivesse fechado os olhos com uma cara de desagrado e me soltado. Ele virou o corpo e colocou as mãos nos bolsos da calça e falou alto:
-Estamos aqui, Pontas. – ele virou para mim e viu a confusão estampada em meu rosto – Minha audição ficou um pouco mais aguçada com o passar do tempo. Existem vantagens em ser um animago.
***Fim do Flash Back***
Eu balancei a cabeça afastando a lembrança. Peguei meu moletom e desci para Sala Comunal, perguntando mais uma vez às meninas se elas não iam mesmo descer comigo. Acabei por descer sozinha.
Quando cheguei ao Salão Principal, ainda estava vazio. Olhei para as mesas das Casas, uma meia dúzia de Lufa-Lufas jantavam, um grupinho de secundanistas ou primeiranistas na mesa da Corvinal, e uma turminha macabra estava na mesa da Sonserina. Sentei-me à mesa da Grifinória sozinha, me servi de um delicioso pudim de rins com batatas assadas e comi calmamente. Terminando a comida decidi por dar uma volta lá fora. Estávamos no inverno, minha estação favorita, eu adorava a forma que a neve caia em mim.
Eu caminhava pela beira do lado distraída, pensando no que Emmie disse, ele não ia parar ele me beijar, lembrando de semana passada, se James não tivesse chegando ele ia mesmo me beijar. Sentei embaixo do carvalho em frente ao lago, vendo a Lula- Gigante quebrar a fina parede de gelo que se formava na agua. Eu tentei ignorar o frio que eu sentia, o vento gelado batia em meu rosto cortante. Eu puxei as pernas para o peito, abraçando-as e escondi meu rosto ali.
Minha cabeça estava longe, tentando entender como eu deixara ir tão longe com Sirius. Era tão estranho, eu e ele éramos amigos desde sempre, até quando Lills e James implicavam um com o outro, eu e Six nos divertíamos às custas deles. Quando foi que esse joguinho começou a ficar tão perigoso? Tão sério? Como foi que nós deixamos isso ficar assim?
- Você não me esperou para jantar. – aquela voz de latido rouco soou ao meu lado, me assustando.
- Ai, Sirius, me assustou! – eu reclamei – É a segunda vez só hoje.
- Desculpe. Tome. – ele disse me entregando uma tortinha caramelada – Você nem mesmo esperou a sobremesa e eu sei que essa é a sua favorita.
- Obrigada. – eu disse mordendo a tortinha – Cadê os outros?
- Aluado e Emmie estão em algum canto se aquecendo, Doc foi ajudar o perdedor do Diggory, Rabicho foi chorar no banheiro quando viu Doc indo pra biblioteca com o perdedor lá e Pontas estava levando um outro fora de Lills quando eu saí da mesa. – ele falou e se encostou ao tronco da árvore – Não sei o que vocês vêem no Amus Diggory, ele é tão lesado!
- Aah, Six, o Amus é legal, ele sabe como conquistar um garota. – eu respondi dando a ultima dentada na tortinha.
- Eu também sei! – ele falou ofendido – Tanto que tenho todas que eu quero. Ou melhor, quase todas...
- Ta vendo, isso prova que você não é tão bom quanto pensa, Almofadinhas. – falei usando seu apelido de animago para provocá-lo, ele deu uma risada que mais pareceu um latido ao escutar.
- Quem disse que você pode me chamar assim, Lene?
- Eu disse. – falei dando um sorriso de lado.
- Tudo bem então.
Ficamos em silêncio. Eu não consegui encarar ele por muito tempo, então virei meu rosto para frente, olhando para o lago. O silencio que se instalara era desconfortável, nada parecido com os que se instalavam das outras vezes. Esse estava repleto de coisas estranhas, sentimentos estranhos, de ambas as partes. Sim, eu podia sentir Sirius tenso ao meu lado, tentando se encontrar no meio daquela confusão em que nós dois nos metemos sem ao menos perceber, tentando encontrar a razão para aquele turbilhão de coisas que passava em nossa cabeça.
- Lene? – ele me chamou baixinho, eu virei o rosto para ele em resposta – Você acha que o Jay e a Lills vão se acertar? – a pergunta que ele queria fazer estava escondida por trás dessa.
- Acho que sim. – eu respondi dando um sorriso fraco.
- Acha que vai demorar?
- Não sei, Six. – eu falei virando para frente de novo.
O silencio caiu mais uma vez sobre nós. Vi Sirirus abrir os braços para que eu me recostasse ali, e eu o fiz, dando a desculpa que era para nos aquecermos, afinal, o frio era descomunal. Ficamos recostados um ao outro, sentindo o calor e o tremor percorrer por nosso corpo. De repente ouvimos alguém nos chamar, e eu rapidamente saí relutante do abraço de Sirius. Vimos Jay, Lills, Dorcas e Peter correndo em nossa direção.
- Estávamos procurando vocês. – falou Lilly se jogando entre mim e Sirius.
- Estávamos aqui o tempo todo. – falou Sirius mal humorado.
- Por que desse mau humor todo, Almofadinhas? – falou James debochado, fazendo Peter rir.
- Nenhum, Pontas. – ele disse recostando-se de novo ao tronco do carvalho e olhou serio para Peter – Ta rindo do que, Rabicho? Tomou alguma poção pra ficar rindo igual a um idiota.
- Não... é que.. é que – gaguejou ele sem graça.
- Cala a boca, Rabicho. – mandou Sirius – Aluado e Emmie?
- Ainda se aquecendo em algum canto. – respondeu James. – Tentei convencer a minha ruiva a fazer a mesma coisa, mas ela me deixou de pernas para o ar quando eu propus. Se é que você me entende, Almofadinhas.
- Levicorpus, Lills? Achei que você era contra. – falou Sirius.
- Cala a boca, Six. – ela murmurou sem jeito.
- Por que vocês estavam aqui fora, nesse frio? – perguntou Doc.
Eu olhei de Sirius para Dorcas e respondi:
- Estávamos nos aquecendo de forma mais intima, mas aí vocês chegaram e a nossa festinha particular acabou. – fiz uma cara falsamente decepcionada.
- Você às vezes consegue ser nojenta, Lene, isso que dá andar pra cima e pra baixo com esse cachorro do Sirius. – falou Lills se abraçando – Vamos entrar, está tão frio aqui fora.
- Não quis aceitar minha oferta... – falou James como quem não quer nada
- Eu não estava brincando quando disse que ia te estuporar, Potter, então não teste minha paciência. – retrucou Lilly.
Eu olhei para James e Lilly discutindo, eu não estava com a mínima paciência de escutar outra briga deles. Olhei enojada para Peter que apesar de ainda parecer sem graça, olhava para Sirius de uma forma estranha que me deu arrepios, desviei o rosto para Dorcas que brincava com a varinha distraidamente fazendo com que os flocos de neve mudassem de cor e finalmente meu olhar recaiu em Sirius. Ele estava com a cara emburrada, os cabelos caindo graciosamente sobre os olhos, ocultando-os; a boca estava retorcida em um bico perfeito. Eu fiquei olhando para ela por alguns segundos, desejando intimamente sentir o gosto dela novamente, de repente vi os lábios dele se curvarem em um mínimo sorriso e eu rapidamente desviei os olhos para os dele. Ele me encarava, tinha as bochechas coradas por causa do frio, e eu também tinha, mas não era de frio e sim de desejo. Nossos olhos se encontraram e eu senti um tremor percorrer por todo o meu corpo, sabendo exatamente o porquê disso. Nada tinha a ver com o frio, como sempre, tinha a ver com Sirius. Aquilo estava me enlouquecendo, me tirando do serio, me deixando completamente insana. Para evitar alguma atitude burra, eu me levantei em um salto e disse:
- Vocês vêm? Eu vou subir, está realmente frio aqui, não sei o que deu em mim.
E saí na frente, sem esperar por ninguém, mas logo eles me alcançaram. Senti os braços de Lills e Doc me abraçando por trás, quase me derrubando de cara na neve. Rimos. Vimos Sirius e James correndo atrás de Peter, que fugia desengonçado das bolas de neve arremessadas pelos outros dois.
- E ai, o que ta rolando entre você e o Sirius? – escutei Dorcas perguntar.
- Mérlim! – exclamei – Vocês cismaram com isso!
- Nós não cismamos, Lene, nós vimos. – concluiu Lilly – Mas se você não quiser falar, tudo bem, não vamos pressionar. – ela falou.
Pronto! Conseguiram! Elas sempre fazem esse joguinho quando querem saber de alguma coisa. Tudo bem que às vezes eu também fazia parte desse jogo. Foi assim que arrancamos de Emmie seu segredo, que ela gostava de Remo e foi assim que fizemos Lilly contar que estava se sentindo fortemente atraída por James, mas que não ia dar o braço a torcer enquanto ele não amadurecesse e era assim que elas iam me fazer falar sobre Sirius.
-Eu não sei o que é, ta legal? – falei baixo impaciente, para que os garotos não escutassem – Esse jogo ta ficando perigoso demais. Quero dizer, Sirius e eu.
Eu parei para pensar em minhas palavras. Tudo não passava de um jogo? Será que para ele era um jogo? Não, não podia ser. E o que ele me disse na semana passada? Que pertencíamos um ao outro, não importava com quem ficássemos ou namorássemos, sempre seriamos levados um ao outro. Meu Mérlim, o que está acontecendo comigo?
- Lene? Você está ai? – perguntou Lilly.
- Desculpe, eu estava pensando em algumas coisas... – falei distraída.
- Sirius? – cochichou Dorcas, eu fiz que sim com a cabeça.
- Mérlim, eu não faço a mínima ideia do que está acontecendo. – eu despejei – Eu não consigo mais ficar longe dele, não consigo mais parar de pensar nele, eu não consigo mais parar de desejar o beijo dele! Isso ta me enlouquecendo! É sério! Pára de rir Lilly Evans ou eu conto para o Jay que você gosta dele! – eu ameacei e ela parou de rir imediatamente
- E qual é o problema você sentir alguma coisa por ele? Vocês sempre foram tão amigos e já até ficaram no 5° ano. É natural se sentir assim. – falou Dorcas.
- O problema é que é o Sirius! Entendeu o grande “quê” da questão? É de Sirius Black que estamos falando! – eu falei aumentando uma oitava, mas depois abaixei quando vi a cabeça de Sirius se mover um pouco para trás – O garoto mais cobiçado de toda Hogwarts, o mais galinha, o mais lindo, o mais tudo! Isso é loucura, é insano.
- Acho que está exagerando, Lene. - falou Lilly enquanto passávamos pelo retrato da Mulher Gorda.
- É fácil pra você falar, Lills, já que tem o James caído aos seus pés! – retruquei me jogando no sofá, no meio delas, e vi quando Emmie veio se juntar a nós, depois que James, Sirius e Rabicho decidiram que ela já tinha roubado por tempo demais Remo – É tão complicado.
- O que é complicado? – perguntou Emmeline sentando no colo de Dorcas.
- Lene está gostando de Sirius. – falou Doc.
- Shhhi, Dorcas! Ele pode escutar! – pedir alarmante.
- Desculpe.
- Sério? Bom.. o Remo comentou alguma coisa comigo sobre isso. – falou Emmie sem parecer surpresa.
- Meu Mérlim! – eu falei sentindo o coração começar a bater mais forte.
- Bom...
Emmie ao começar a dizer, mas fomos grotescamente interrompidas de nossa conversa graças a James que tacou uma almofada em cima de Lills, fazendo com que ela se enfurecesse e começasse a discutir com ele. Por um breve momento eu pude ver Sirius com cara de poucos amigos falando alguma coisa para Remo, mas este logo se livrou e pegou Emmie pela mão, levando-a para fora da Sala Comunal para uma provável sessão de amassos em uma sala de aula vazia. Dorcas se levantou e subiu para o dormitório alegando sono e eu fiquei ali sentada, sozinha, perdida em meus próprios pensamentos.
Puxei as pernas para cima, abraçando-as contra o peito, estremecendo de frio, minha roupa estava gelada e úmida devido à neve. Senti o sofá afundar ao meu lado e eu sabia quem havia se sentado. Eu reconheceria aquele cheiro há milhas de distancia, mas eu o ignorei, continuei calada, abraçando minhas pernas, fingindo está distraída com a briga idiota de Jay e Lills.
- Eles estão ficando cada vez mais exagerados. – a voz macia e rouca entrou pelos meus ouvidos.
- Acho que sim. – concordei.
- Não sei por que a Lills não assume logo que gosta dele. – falou ele jogando a cabeça para trás.
- De onde você tirou isso, Six? – perguntei levemente assustada finalmente o encarando.
- Está na cara. – ele riu – Ontem ou anteontem, não sei, Lills viu Amanda Jorkins dando em cima do Pontas, foi uma cena engraçada. – ele falou coçando os olhos.
- O que houve? Lilly não comentou nada com a gente no quarto. – perguntei curiosa olhando para ele e apertei suas costelas, fazendo-o rir.
- Aah... é bem obvio que o Jay não deu muita bola pra Jorkins, mas Lills chegou e começou a meter o dedo na cara dele alegando que ele tinha mexido em seu material, mas foi só pra afastar a Jorkins e bem, deu certo e no final, Pontas ficou bem feliz.
- Lills definitivamente é louca. – falei rindo.
- Vem caminhar um pouco comigo. – ele falou serio em olhando e aquela seriedade momentânea me deu um certo medo.
- Não Six, eu to com frio. – falei virando a cabeça novamente para Jay e Lills.
Senti quando ele levantou do sofá e vi os pés dele parado na minha frente. Ergui os olhos para ele e o vi com a mão estendida para mim eu fiz uma careta e ele sacou a varinha e murmurou algum feitiço, fazendo com que minhas roupas ficassem quentes e secas, ele sorriu. Dando-me por vencida aceitei a mão.
Quando levantei, vi o retrato girar com Remo e Emmie entrando. Emmeline tinha um sorriso estampado no rosto e eu pude perceber Remo piscar para Siris discretamente.
- Não aguento esses casais. – disse Sirius tentando parecer debochado, mas o nervosismo emanava de sua voz – Aluado tem estado realmente na lua desde que começou a sair com Emmeline. Irônico isso, ele andar no mundo da lua. – ele deu uma risada pelo nariz – Pontas é literalmente um veadinho. Com tantas garotas caindo aos pés dele, ele só quer a que o despreza e Rabicho, bom... esse ai vai morrer virgem mesmo. – ele riu.
- E você, Six, é o cachorrão dos Marotos, que pega todas que quiser e que jamais vai ser encoleirado. – minha voz saiu amargurada.
- Talvez. – ele falou momentaneamente distraído, aquilo me deixou confusa. Não era uma resposta ao estilo “Black” - Vamos sair daqui.
Saímos despercebidos as Sala Comunal. Caminhávamos lentamente pelo corredor deserto e mal iluminado em silêncio. Minha cabeça trabalha com coisas inúteis, como por exemplo, se Argo Filch aparecesse com aquela gata dele nojenta que parecia ser imortal, estaríamos muito encrencados. Olhei para o céu quando passávamos por uma janela, contatei que logo seria lua cheia.
- Estou achando Remo tão bem. – comentei.
- É claro que ele está bem, Lene, vive sumindo com Emmie durante o dia. – Sirius falou debochado – E a noite também, devo acrescentar. Ai ai, meu lobinho está crescendo. – fingiu estar emocionado e depois riu.
- Você é um babaca. – eu ri – Estou falando por que é quase lua cheia.
- Aah sim. – ele ficou sério – Acho que Emmie está fazendo muito bem a ele. Ele não está tão abatido. – concluiu.
- É. O que o amor não faz, não é mesmo? – falei.
- Acho que sim.
O silêncio caiu como um iceberg, o mesmo silêncio desconfortável de antes. Descemos um lance de escadas sem falar nada. Aquilo estava me incomodando, ainda mais o fato de que Sirius não ter falado nenhuma gracinha para mim desde que saímos da Sala Comunal.
- Lene. – chamou.
- Hum?
- Quero te perguntar uma coisa. – falou de supetão.
- O que? – senti meu coração disparar.
- Consegue me imaginar com alguém? Sério? – ele parecia meio desconfortável. – Quero dizer, hipoteticamente falando.
- Acho que não. – respondi com certo rancor. Estão Sirius estava afim de uma garota.
- Por quê?
- Olhe só pra você, Six, é o simplesmente o garoto mais cobiçado de toda Hogwarts, tem qualquer garota e você gosta de ter elas. Você não se importa de ter ficado com uma ontem, uma diferente hoje e outra amanhã. Você fica com grifinorias, lufa-lufas, corvinais e até com algumas sonserinas eu já te vi. – eu despejei – Você não se importa se vai ferir o coração de umas ou se vai destruir a amizade de outras, você gosta de ficar todas. Tem fama e gosta de mantê-la, faz questão de ser quem é. Faz questão de brincar com os sentimentos dos outros. – falei aquilo sem pensar, meu coração parecia ter sido ligado em uma corrente de “esletricidade” porque batia tão rápido que chegava a doer.
- É isso que você acha de mim? – ele pareceu triste.
- Não é isso Sirius. – eu falei cansada – É que hipoteticamente falando não consigo imaginar você com uma garota.
- Ta. – ele faliu. – Você e eu juntos, hipoteticamente falando, consegue imaginar?
- Hipoteticamente falando, não sei Sirius. – eu o olhei – Somos tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Temos a personalidade forte, brigaríamos muito. Mas isso é hipoteticamente falando. – essa conversa estava ficando embaraçosa.
- Claro, hipoteticamente falando. – ele resmungou. – Então você não tentaria nada comigo? Quer dizer, hipoteticamente falando.
- Não sei, Six. – respondi. – Nós somos amigos, não sei se teria coragem de arriscar nossa amizade por uma coisa que talvez não tivesse futuro, anão sei se suportaria te perder. – confessei e era verdade. – Hipoteticamente falando. – murmurei.
- Aah. – ele falou.
- Aonde você quer chegar com isso, Sirius. – perguntei parando.
- Lugar nenhum. – ele falou levemente irritado. – Vamos embora, esquece isso.
- Sirius, sabe que pode conversar comigo. Me fala o que tá acontecendo. – pedi – Essa conversa tem que ter um propósito, por que sinceramente, não combina com você.
Ele me olhou e eu senti um calafrio na espinha. Nossos olhos se encontraram e parecia que o resto do mundo tinha sumido, tudo que existia era aquele azul acinzentado em minha frente. Era como mergulhar nos mais profundo oceano, um local desconhecido, misterioso, sem respostas, mas maravilhosamente lindo.
Eu tentei desviar os olhos, mas não conseguia. Alguma coisa me prendia, como um imã. Eu vi aquela imensidão azul acinzentado de aproximar de mim, então de repente senti duas mãos segurar meus braços, ofeguei.
- É complicado, Lene. – escutei Sirius murmurar.
- O que é complicado? – escutei minha voz sair um pouco esganiçada.
- Isso.
Eu vi o rosto dele se aproximar, mas parou quando nossos narizes quase se tocavam. A mão direita dele pegou a minha e levou até seu coração. Eu me assustei com a atitude, mas me assustei mais ainda ao perceber com que tamanha intensidade o coração de Sirius batia. Parecia que ele ia rasgar o peito de Sirius e pular para fora.
- É assim que eu fico quando to perto de você.
Eu encarei os olhos azuis acinzentados dele por um breve instante e depois baixei os meus para nossas mãos unidas sobre seu peito. Era lindo ver nossas mãos unidas sobre seu peito, não pude deixar de notar como a mão grande dele encobria totalmente a minha, pequena. Mas havia alguma coisa errada, muito errada. Aquela cena era extremamente clichê para mim. Quantas vezes eu já não tinha visto Sirius fazendo isso com tantas outras garotas em um corredor deserto e escuro? Mérlim, ele estava usando a mesma tática comigo que usava com as outras. Eu levantei os olhos de novo para ele, decepcionada.
- Eu não sou só mais uma peça desse seu joguinho, Sirius. – eu falei de súbito.
Depois o empurrei e me afastei correndo. Ainda escutei os passos apressados dele atrás de mim, e os chamados dele, mas não parei até atravessar o buraco do retrato da Mulher Gorda.
Eu podia sentir meus olhos úmidos, mas não ia deixar que as lágrimas caíssem ali, na frente de toda a Grifinória. Lills que conversava pacificamente com James viu meu estado e fez menção de se levantar, mas eu neguei com a cabeça, Emmie também pareceu perceber. Não olhei para trás quando o retrato girou, eu sabia quem era. Eu corri para o dormitório, mas ainda pude escutar o berro de Emmie.
- O que você fez com ela, Sirius Black?
Emmeline era um doce, mas não era uma boa ideia irritar ela. Quando entrei no quarto, Dorcas ainda estava acordada lendo o capitulo de Herbologia, ela se assustou quando eu passei direto e me tranquei no banheiro. Eu encostei-me à porta sentada, afundando o rosto nas mãos, deixando que as lágrimas caíssem. Ignorei por completo os socos que Dorcas dava contra a porta, minha cabeça estava a mil. Sirius não tinha o direito de brincar comigo daquele jeito só por causa de um beijo. Aquele papo todo de um hipotético relacionamento com uma garota era ridículo, só pra me amolecer. A voz severa de Lilly me despertou de meus pensamentos:
- Marlene McKinnon, abra imediatamente essa maldita porta ou eu vou derrubá-la! – eu ignorei, as batidas foram mais fortes – Eu to falando sério!
Eu me levantei, esfregando o rosto e abri a porta. Lills estava na frente com uma expressão preocupada, atrás Emmie e Doc com a mesma expressão. Eu olhei pras minhas amigas e não aguentei, avancei para Lilly e chorei.
- Por Mérlim, Lene, o que houve? – perguntou Doc me abraçando também.
- O Si... o Si... ele.. é um b-babaca,. – eu solucei no ombro de Lills.
- Calma, Lene. – disse Emmie – Vem, senta aqui.
Elas me guiaram pra minha cama e me sentaram. Eu chorei, chorei como uma criança que acaba de perder seu brinquedo preferido no colo de Lills. As mãos me afagavam e as vozes me diziam coisas tranquilizadoras embora eu não as conseguisse absorver. Nada estava bem, não ia ficar tudo bem. Sirius havia colocado nossa amizade de lado para conseguir um beijo meu para provavelmente depois me largar. Os meus truques e praticamente as mesas palavras – menos o papo de um hipotético relacionamento – que ele usava pra conseguir as garotas, ele tentou comigo. O papinho de “vamos dar um volta comigo”, a cara de cãozinho abandonado, o sorriso torto charmoso. Mérlim, como eu fui me interessar por um garoto assim!
De repente gritos foram escutados. Eu sabia de quem era, eu conseguia reconhecer aquela voz em qualquer lugar, eu a reconheceria em meio a uma multidão berrante. Sirius gritava meu nome do lado de fora, do meio da escada e James e Remo gritavam para ele parar. Eu chorei ainda mais ao som de sua voz, me encolhi de olhos fechados.
- Lene. – a voz de Emmeline veio á minha frente – Lene, olha pra mim.
Eu abri os olhos. Eles estavam ardendo e deviam estar vermelhos e inchados por causa do choro.
- Sirius contou pra gente o que houve.
- Ele não tem o direito de brincar com os sentimentos dos outros. – eu resmunguei entre soluços.
- E quem disse que ele está? – Emmie falou.
- Os meus truques, praticamente as mesmas palavras que ele usou com as outras ele usou comigo. – falei.
- Lene, ele também ta tão assustado quanto você. – pronunciou-se Lills.
- Eu não to assustada. – menti.
- Ah, claro que não. Só está chorando por que o Sirius praticamente se declarou para você a menos de dez minutos. É realmente você não está assustada. – Dorcas falou.
- Cala a boca, Doc. – resmunguei.
- Mas é verdade, Lene, Sirius realmente está assustado. Ele falou do papo que teve com você como seria se ele se relacionasse com alguém e blá, blá blá. – disse Emmie – Ele não falaria essas coisas a toa né, e pode ter certeza que ele nunca disse isso pra garota alguma a não ser você.
Eu olhei para Emmie e sequei meu rosto bruscamente, obrigando-me a parar de chorar.
- Eu não quero falar sobre isso agora – falei para as meninas me levantando e indo em direção ao banheiro – Doc, avisa ao Six que amanhã eu falo com ele. Vou tomar um banho para me acalmar.
Me tranquei no banheiro novamente, deixando que as lágrimas invadissem meus olhos e caíssem pelo meu rosto. Ainda pude escutar Emmie, Lills e Doc falarem que eu estava confusa e que estariam também se estivessem no meu lugar antes da porta do quarto bater.
Entrei no box e liguei o chuveiro no mais quente possível e deixei que a água batesse em minha cabeça e em minhas costas. Minha mente longe, muito longe, estava anos atrás. Para ser mais precisa, quatro anos a trás.
***Flash Back***
- Você é ridículo, Potter, se acha o maioral! – escutei Lilly brigar com James – Não é porque você entrou pro maldito time de quadribol que pode ficar ai fazendo brincadeiras de mau gosto com os outros.
- Você ainda está falando, Evans? – falou James para ela, e depois olhou para Sirius – Mérlim, essa garota não para de falar nunca!
- E você não deixa de ser um idiota nunca! – Lilly gritou me assustando – Você podia ter machucado o Severo seriamente com essa sua brincadeirinha!
Eu rolei os olhos, entediada, cansada daquela historinha de Lilly bancar a advogada do “pobre” Severo Ranhoso Snape. O cara não era nenhum santo e todo mundo sabia, menos Lills. Ela e a sua mania de ver somente o lado bom das pessoas, a única diferença é que o Ranhoso não tinha o lado bom.
Olhei para Sirius, ele olhava com um ar arrogante para um grupinho de sonserinos a nossa frente. Segui seu olhar e notei que ele olhava para um garoto em particular.
- Esse é o idiota do meu irmão mais novo. – ele falou com um desprezo carregado na voz.
- Regulo, certo? – perguntei, ignorando a discussão de Lills e Jay que se seguia.
- É. – ele falou – Olha só os idiotas com quem ele anda.
Eu reparei no grupo. Todos os garotos pareciam ser mais velhos que o irmão de Sirius e todos tinham a mesma expressão maléfica. Regulo parecia estar impressionado por ser incluído em um grupo assim. Ele parecia levemente angustiado, mas estava feliz.
- Eu sou assim, Lene? – escutei ele me perguntar. Graças a Jay e Lills, eu e Sirius tínhamos ficado muito amigos. – Quero dizer, eu sou tão desprezível assim?
- Claro que não, Six! – eu respondi surpresa com a pergunta – Você só inconsequente, mas você não é desprezível.
- Mesmo? – aquela insegurança não combinava nada com ele.
- Mesmo. Você é um grifinório, se fosse desprezível estaria junto com seu irmão naquele grupinho e naquela Casa. – eu respondi firme dando meu melhor sorriso.
- Obrigado. – ele abriu pra mim um sorriso magnífico – Ainda bem que não somos que nem Jay e Lilly.
- É, ainda bem – concordei.
- Vem, vamos indo para as estufas, eles nos encontram lá. – ele falou puxando a minha mão.
***Fim do Flash Back***
Voltei à realidade abrindo os olhos. Naquela época era tudo tão mais simples, por que tínhamos que dificultar tanto agora? Por que não podíamos ter treze anos de novo? Por que tínhamos que crescer e sentir essas coisas estranhas? Por a amizade simplesmente já não bastava? Por que queríamos ter mais?
Foram com essas perguntas que eu adormeci e foram com essas com que eu acordei. Eu virei à cabeça preguiçosamente para o lado procurando pelo relógio, e vi que ainda era cedo demais. Tentei inutilmente dormir, mas não consegui. O mais silenciosamente que pude, abri a cortina de minha cama e me levantei. Reparei que todas as outras cortinas ainda estavam fechadas, “Ótimo!”, foi o que pensei, assim não teria que dar explicações para ninguém.
Tomei meu banho e me troquei. Enquanto penteava o cabelo em frente ao espelho, notei as olheiras em meus olhos, resultado de uma noite muito mal dormida. Peguei o corretivo e o pó de arroz – maquiagens trouxas apresentadas por Lills – e as escondi, passei um pouco de blush também pra dar uma cor no meu rosto.
Peguei minha mochila jogando uns livros que tinha que devolver à biblioteca e saí do dormitório antes das meninas acordarem. Desci a escada rapidamente e já estava quase no buraco do retrato quando escutei aquela voz. Paralisei:
- Lene! – disse urgente.
Aquela voz rouca como um latido invadiu meus tímpanos, embaralhou minha mente e confundiu meus sentidos. Eu fechei os olhos e cerrei os punhos buscando o autocontrole e me virei para encará-lo.
- Oi, Sirius! – eu respondi dando um sorriso, ou pelo menos foi o que eu tentei fazer – Estou indo à biblioteca entregar uns livros. Depois falo com você.
- Vamos juntos então. Tenho mesmo que pegar um livro pra fazer a redação de DCAT. – ele se ofereceu.
-Não! – minha voz saiu uma oitava mais alta e Sirius arqueou as sobrancelhas com isso – Não posso riso com você.
-E por quê?
- Bom... porque... porque a tenho que ver a professora Minerva. – menti descaradamente – É isso, ela quer falar comigo.
- Ok. – ele falou decepcionado sacando a minha mentira. – Conversaremos depois, então? – perguntou.
- Te procuro no intervalo. – concordei.
- Estarei naquele carvalho em frente ao Lago Negro. – ele disse.
Eu balancei a cabeça e saí correndo pelo corredor, só parando quando cheguei à porta da biblioteca. Devolvi os livros às prateleiras corretas após a severa inspeção de Madame Pince. Tomei meu café da manhã rápido na esperança de evitar encontrar Sirius de novo. Funcionou.
Andava distraída pelo corredor enquanto ia para aula quando esbarrei em alguém. O barulho de pergaminhos e livros caindo me despertou. Eu abaixei para ajudar a pessoa sem ver quem era.
- Oh, Mérlim! Me desculpe, eu estava distra... – parei de falar quando vi aqueles cabelos negros tão familiares, prendi involuntariamente a respiração, mas soltei aliviada quando reconheci a pessoa – Black! – minha voz saiu carregada de desprezo ao ver o irmão mais novo de Six.
- McKinnon, como sempre inutilmente desastrada. – ele disse debochado. Até seria parecida com a forma que Sirius fala se não houvesse o carregado tom maldoso. - Por que está sozinha, McKinnon? Onde está a sangue-ruim Evans, a idiota Vence e a retardada Meadowes?
- Vai se foder, Regulo!
Eu joguei os pergaminhos que tinha recolhido no chão e dei as costas para ele, mas o ouvi dizer:
_ Vá por aí e encontre o traidor de sangue do meu irmão atracado com uma lufa-lufa nojenta.
Eu o ignorei, assim como seu conselho estúpido. Contudo, quando virei o corredor, desejei não tê-lo feito. Vi Sirius com uma garota. Ela tocava seu braço muito intimamente, aquilo me enfureceu. A garota me viu e falou alguma coisa com Sirius, que virou a cabeça imediatamente para mim.
- Lene, não é nada disso...
Eu balancei a cabeça negativamente e saí correndo pelo lado oposto. Mérlim, como ele podia ser tão canalha? Eu senti as lágrimas invadir meus olhos, mas não as deixei cair.
Entrei na masmorra antes mesmo da aula de Poções começar. Sentei em uma mesa no fundo e abaixei a cabeça. A sineta tocou e eu ouvi as pessoas entrarem conversando agitadas na sala. A cadeira ao meu falo foi arrastada, Lills provavelmente. Ela não puxou assunto comigo e eu a agradeci mentalmente por isso. Levantei a cabeça quando ouvi a voz do professor Slughorn.
- Lills, você já viu o cabelo da Jordan.... – a pergunta ficou perdida no ar quando vi que Sirius era meu parceiro – O que você está fazendo aqui?
- Concordo que o cabelo da Jeneely está realmente esquisito! – ele falou entediado – Estou tendo aula de poções, e você?
- Eu nã... – eu virei à cabeça para frente – Vamos prestar atenção na aula, Six. – eu falei com uma voz nitidamente falsa.
O resto da aula passou tranquilamente, ou pelo menos era o que aparentava. Em intervalos de cinco minutos Lills, Doc, Emmie, Jay e Remo nos olhavam. Eu fingia estar indiferente a Sirius, e ele, bem, ele tentava a todo custo chamar minha atenção, tentando explicar o que fazia em um corredor deserto com uma garota que tocava muito intimamente seu braço.
- Você ainda vai me procurar no intervalo, né? – ele perguntou quando a sineta tocou informando o término das aula.
- Claro! – falei – Tenho que ir pra aula de Runas. A gente se vê daqui a pouco.
Obviamente não o procurei no intervalo, nem no almoço, muito menos no jantar. Passei o resto do dia na sessão restrita da biblioteca e quando voltei a Sala Comunal, subi direto para o dormitório. Essa foi a minha rotina durante três dias, e durante os três dias, Sirius me mandou bilhetes na sala, recados pelas garotas e até uma coruja pro dormitório ele mandou, contudo, eu estava decida a não falar com ele.
Eu estava sentada embaixo do carvalho salpicado de neve em frente ao lago Negro. Aquele era o meu lugar favorito em toda Hogwarts. Eu estava lendo um livro quando escutei a voz latida de Sirius.
- Finalmente te achei, Marlene.
Eu levei um susto e deixei o livro cair. Levantei os olhos para ele. Sirius estava parado à minha frente com os braços cruzados, seus cabelos negros jogados estavam molhados por causa dos flocos de neve que caiam, suas bochechas estavam coradas devido ao frio e grandes olheiras embaixo dos olhos.
- Como me encontrou aqui? – perguntei.
- Você é a única pessoa que gosta de ver a neve do lado de fora do castelo, a única que gosta de sentir frio sentada embaixo desse carvalho. Reconheci você lá de cima. – disse ele apontando para uma janela da Torre da Grifinória.
- O que você quer? – minha voz saiu insolente.
- Conversar com você. – ele respondeu sentando ao meu lado.
- Não quero falar com você, Sirius, caso ainda anão tenha notado.
Eu me levantei em um pule e ele fez a mesma coisa e segurou meu braço, me impedindo de ir embora.
- Estou cansado, Lene, há duas noites que não durmo direito porque fico naquele maldito Salgueiro Lutador cuidando de um dos meus melhores amigos. – ele falou cansado – Por favor, não me fala perseguir você por esse castelo, por que você sabe que eu vou fazer isso até te achar, e sabe também que eu tenho recursos para isso.
- Vai se foder, Six. – mandei.
- Me evitar não vai tornar as coisas mais fáceis, Lene. – ele falou exasperado.
- O que você quer conversar, Sirius Black? Quer explicar por estava com uma garota em um corredor deserto depois de ter falado aquelas coisas para mim? Qual é a sua, Sirius? Eu já falei que eu não sou igual a essas garotas ai que você fica! – eu falei quase gritando.
- Exatamente, Lene! Você não é igual, você é diferente! Você é única! Você é única garota em toda Hogwarts que eu fiquei e me dispensou depois, a única que eu corro atrás há uns dois anos, a única que é minha melhor amiga, a única que...
Mas fomos interrompidos pó uma pessoa, ou melhor, garota.
- SIRIUS!
Eu balancei a cabeça e ri inconformada. Sirius passou a mão nos cabelos enquanto víamos a garota correndo em nossa direção. Hera Dixon era uma corvinal simpática do nosso ano. Ela era filha de uma bruxa grega, por isso o seu nome era da deusa da sabedoria, segundo o mito trouxa. Dixon além de ser simpática era linda. Os cabelos loiros enrolados estavam presos, seus olhos azuis eram como uma lagoa cristalina. Mesmo cheia de agasalhos, suas curvam ficavam evidentes. Ela me intimidava.
- Oi, Lene. – ela me cumprimentou sorrindo.
- Oi, Hera. – falei.
- Sirius, podemos adiar a nossa “sessão de estudos” para sábado? – ela falou – Amanhã tenho treino de quadribol.
- Eu quase acreditei em você, Sirius. – eu falei antes de dar as costas e sair.
Eu andava p mais rápido que meus sapatos que não eram de neve permitiam, tentando impedir inutilmente que as lágrimas frias caíssem arranhando meu rosto por causa do vento. Eu não olhei para trás e nem cumprimentei a Dixon quando ela passou correndo por mim. Ignorei os chamados desesperados de Sirius, só parei quando um grande cão negro derrapou na minha frente.
- Você é louco, Sirius? – briguei enquanto ele se transformava – Imagina se alguém vê você em forma de animago!
- você não ia parar e assim é mais fácil pra correr na neve. – ele se defendeu.
- Está fazendo isso em vão Sirius. – eu falei passando por ele. – E não se esqueça da sua sessão de estudos com a Dixon.
- Por Mérlim, Lene, pára com isso! – ele pediu implorando.
Eu parei e fechei os olhos, deixando mais algumas lágrimas caírem. Parecia que a temperatura tinha diminuído significativamente, ou era eu que estava mais gélida por dentro? Eu não sei. Só sei que eu sentia uma raiva tão grande que parecia não caber mais dentro de mim, então eu simplesmente explodi.
-PÁRA COM ISSO VOCÊ, BLACK! – eu gritei de costas para ele, as lágrimas caindo – E se eu escuto você e amanhã você ta com outras? Porque você é assim, dez no mesmo dia!
- PRO INFERNOS AS OUTRAS! – ele gritou.
- Não grite comigo, Sirius Black! – eu me virei e apontei ameaçadoramente o indicador para ele.
- Você gritou antes! – ele disse chegando perto para me enfrentar.
Eu dei uma risada sem humor e enxuguei as lágrimas, balançando negativamente a cabeça.
- Não vai funcionar, Six. – eu disse.
Eu dei as costas para ele e comecei a andar, mais parei quando ouvi um ganido de cachorro. Eu me virei e vi um enorme cão negro andando na neve. Era um contraste bonito, o negro dos pelos do cão e o branco dos flocos de neve. Aquela cena acabou comigo, ver o cão negro caminha sem destino com a cabeça baixa e o rabo entre as pernas. Finalmente cedi. Abaixei, ficando de joelhos na neve, molhando minha meia calça grossa vermelha.
- Almofadinhas! – chamei, o cão negro virou a cabeça para mim – Vem aqui, garoto.
O cão negro veio correndo para mim. Pôs a cabeça na curva de meu pescoço e eu acariciei seu dorso com as mãos.
- Por que, diabos, tem que fazer as coisas tão difíceis, Almofadinhas? – perguntei chorando com o rosto enterrado em seus pelos – Por que não podemos mais ter treze anos e rir às custas de Lills e Jay? Por que ser apenas sua amiga já não é suficiente? Por que você tem que ser um idiota mulherengo? – eu falei batendo nele enquanto o sentia se transformar.
- Por que só desabafa comigo quando sou cachorro? – ele falou com a boca no meu pescoço – Se eu soubesse, teria tentando isso há três dias atrás.
- Então sabia que ia funcionar? – perguntei com a cabeça encostada em seu ombro.
- Não. Eu realmente estava triste por você não querer me escutar. Estou triste por não querer me escutar.
- Eu estou confusa e com medo, Six.
Confessei a ele o que eu vinha relutando a admitir a mim mesma. Era bom falar aquilo em voz alta; dividir com alguém, mesmo que esse alguém em questão seja o causador da minha confusão.
Sirius se afastou um pouco de mim para me encarar. Notei que seu queixo, assim como o meu, estava batendo de frio, mas isso não parecia importar. Seus olhos cinza encontraram os meus, e eu senti o costumeiro tremor percorrendo meu corpo, aquele que nada tinha haver com o frio. Eu tentei me desgrudar daquele oceano azul acinzentado, mas não consegui, era como se um feitiço adesivo permanente me prendesse a eles.
- E você acha que eu não, Lene? – ele me questionou. – Eu não consigo parar de pensar em você, eu não....
Ele se interrompeu e olhou para o céu alvo como se ele fosse resolver tudo. Sirius olhou de novo para mim e continuou frustrado:
- Você era pra ser só mais uma! – eu arregalei os olhos – Me deixa explicar! – pediu ao ver minha reação, concordei – Eu não vou ser hipócrita para dizer que era pra ser especial quando ficamos no quinto ano porque não era pra ser. Eu achei que não tinha sido até aquela noite que eu fui deitar e seu gosto não saia da minha côa e você não saia da minha cabeça. Eu não sabia o que era, mas isso se intensificou mais quando você se recusou a sair comigo de novo. – ele falava exasperado – De início eu associava aquilo que eu estava sentido a uma imensa frustração. “Como uma garota havia se recusado a sair com Sirius Black?”, era essa pergunta que eu me fazia quando eu te olhava conversando com Lills e as outras garotas. Nenhuma garota havia me recusado, eu jamais havia recebido um “não”, eu não sabia como era. – confessou.
- Mal acostumado! – falei baixinho com um leve sorriso.
Ele riu. Uma risada rouca que me fez estremecer mais ainda. Ele levantou a mão e acariciou meu rosto, desde a têmpora até a ponta do meu queixo e depois ficou brincando com uma mecha molhada e gelada de meu cabelo.
- Nenhuma jamais havia me recusado, a não ser você. Então eu tive a “brilhante” ideia de ficar dando em cima de você na frente de todo mundo e em lugares desertos. Obviamente, o feitiço saiu pela culatra. Você em vez de se render, entrou no meu jogo. – ele disse com um sorriso torto - E eu gostei disso. Marlene McKinnon, a única garota que não se rendia a Sirius Black. A única garota em toda Hogwarts que respondia as minhas provocações, a única que não dava risadinhas quando eu a olhava, a única que não gritava como uma histérica quando me via no campo de quadribol. Minha melhor amiga chamou a minha atenção a tal ponto, que agora estou falando essas coisas que nem Jay e Remo sabem. – ele revirou os olhos – Não têm certeza. – ele suspirou – Você é diferente, sempre foi.
- Six, por favor. – implorei.
- Mas é, Lene, você é diferente. Você não é como elas. Eu dispensei todas as garotas nesses últimos dias, a Dixon foi a ultima delas. Sabe por quê?
- Não. – murmurei.
- Por você. – ele respondeu – Elas podem ser lindas, simpáticas, gostosas, mas nenhuma delas me faz sentir o que eu sinto quando estou perto de você. Nenhuma delas tem seus olhos, seus cabelos, seu cheiro, seu brilho, sua personalidade, seu jeito, sua espontaneidade, sua alegria, seu sorriso, sua boca... – ele avançou, mas eu virei o rosto, então ele concluiu – Nenhuma delas é você, Lene.
Eu o encarei, olhei dentro de seus olhos, procurando algum vestígio de mentira ou truque. Os olhos de Six era seu ponto mais vulnerável, eles não sabiam mentir, não para mim. Não havia mentiras, não havia truques, porém havia um brilho diferente. Aquele oceano azul acinzentado não era mais um mistério para mim.
Lentamente, eu vi o rosto de Sirius se aproximar. Vinha devagar, como se temesse uma recusa. A recusa não veio. Ele parou, com o nariz encostado no meu, me esquentando de novo.
- Posso? – murmurou.
Seu hálito soprou em meu rosto, afastando todas as minhas duvidas e incertezas. Eu me esqueci do frio, dos últimos três dias de tormento, de todas as outras, esqueci absolutamente de tudo.
Sirius não precisou de uma resposta para vencer os centímetros que nos separava, só queria ter certeza de que eu não daria para trás. Eu não dei, não precisava mais.
Eu senti o gosto doce de sua boca. Não havia um gosto de nostalgia no beijo, ao mesmo tempo em que era igual era completamente diferente daquele primeiro. Era inexplicável.
Sirius já havia provado o que sentia por mim, agora vai ter que provar que é fiel. Vou dar essa chance a ele. Sei que ele não vai me decepcionar. Era como se fosse um jogo, e Sirius Black não entrava pra perder... e nem eu.
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E aí? Gostaram? ( Gostou Nah?) Sei lá, eu achei que ficou bem legal! hahahaha.
Eu só sei que eu quero muiiiito um Sirius pra mim. Ele é tão...tão TÃO né? xD
Sei lá, hoje eu to sem muiito o que falar.
Boom. comentem.
Beiijos
Carol. :D
Comentários (1)
Simplesmente perfeita!!
2013-03-31