27/03



Desde o dia que James recebeu a primeira cesta de doces até a véspera de seu aniversário, mais sete surpresas foram enviadas pela mesma menina e mais duas por outra.


Quando Lupin voltou, foi a primeira coisa que os meninos contaram para ele. O garoto começou a rir, a gargalhar. Mas nada se compara à cara do salão comunal quando o próprio Lupin recebeu uma.


Todos os estudantes da Grifinória viram, pois a cesta chegou pouco antes das 21h horas, quando estava quase todos estudando ou conversando no Salão Comunal.


James esperava que fosse para ele novamente, que a sequencia de presentes e mimos continuara. Mas a coruja entregara os doces no colo de Lupin.


Ora, aquilo era inesperado! Todos no Salão ficaram em choque, principalmente o presenteado. James se recuperou primeiro, pulou do sofá e pegou o recadinho que viera junto.


-Posso ler? – Ele pediu.


-Claro... – Lupin disse atônito.


-Queridinho Remus, - James recitou – Quero que você saiba que existe alguém nessa escola que gosta de você. Quero dizer, que gosta muito. É claro que não direi o meu nome. Me deixa mais misteriosa. Vai fazer você pensar mais em mim. Só queria te dar um presente e dizer que você é um lindo fofo! Te amo... Sua Amiga.


James leu de uma forma tão cômica que ninguém deixou de rir.


-Bem... Veja pelo lado bom... Temos mais doces! – Sirius constatou, para gargalhada geral. Remus só ria, assistindo. Pettigrew já tinha um Sapo de Chocolate na boca e estava ocupado, dividindo-se entre rir e engolir.


Alguns dias depois disso, chegaram duas cestas para Sirius e uma para Paul. O pobre Peter foi o único que não recebeu nada.


Nesse período, James resolveu dar ouvidos a Remus e começar a estudar para os exames. Sirius não via sentido nisso, mas resolveu acompanhar os amigos. Peter acompanhou os outros, que foram bondosos com o amigo menos estudioso e mais necessitado, explicando e ensinando.


Às vezes, até mesmo Lily se apiedava do trapalhão Peter e lhe ensinava os assuntos, ajudando o garoto nos feitiços.


James era bom mesmo em Transfiguração. Ele já era o melhor do ano na matéria, batendo até mesmo Lily. Mas essa e Defesa Contra as Artes das Trevas eram as únicas que a garota perdia para alguém. E esse alguém, em ambos casos, era James.


Ele e Sirius não pareciam, mas eram uns dos melhores do primeiro ano. Lily e Remus completavam a lista. Um dia, Remus deu a ideia dos quatro se reunirem com uma intenção: ajudar Peter.


James aceitaria de qualquer jeito, pois Peter era seu amigo. Sirius idem. Lily só ajudou por dois motivos: ela tinha o ímpeto de ajudar qualquer um e ela não sabia da participação de James e de Sirius.


Na tarde de sexta-feira que o encontra fora marcado, dia 25/03, os quatro rapazes foram para a beira do lago, onde Lily estaria esperando por, supostamente, Remus e Peter. Ela estava deitada na grama, com uma garrafa de suco de abóbora ao seu lado. Seus livros estavam jogados ao seu lado, e ela havia trocado de roupa. Estava com uma camisa simples e bermuda jeans. Seu cabelo ruivo estava espalhado na grama, fazendo um contraste chocante com o verde. Estava começando a esquentar, a temperatura alta, lá pelos 18ºC.


James e Sirius se olharam e sorriram. Remus olhou para Lily e para os amigos, com apenas uma palavra os conteve: Não!


Os outros dois pararam de sorrir maliciosamente e deixaram um sorriso natural no rosto. James limpou os óculos e balançou o cabelo de novo. Chegaram ao lado dela e James percebeu que Lily estava de olhos fechados. Então, silencioso e rápido como um gato, ele deitou-se ao seu lado.


-Boa tarde, Raio-de-Sol!  - Ele disse em seu ouvido. Lily olhou para o lado, reconhecendo a voz detestável de uma das suas pessoas menos favoritas. Ela abriu os olhos e rapidamente se sentou.


-O que você faz aqui?


-Ora... Vim ajudar meu amigo, Peter!


-Você o quê?! Remus!


-Desculpe, Lily. Eles insistiram – Remus explicou quando sua amiga olhou para ele.


-Eles só vão atrapalhar!


-Juro que não! – James replicou.


-Tá...


-Juro solenemente que não vou fazer nada de...


-Bom?


Todos riram, inclusive James.


-Ruim. Nada que vá atrapalhar. Sabe, Evans, eu estudei. E sou bom, também.


-É, eu consigo me virar, Evans – Sirius disse.


-Devo dizer que é verdade... – Remus concordou. Lily olhou para ele como se ele estivesse louco. Ela cruzou os braços e encarou os dois morenos brincalhões.


-Se vocês me irritarem de alguma forma, ou eu saio ou saem vocês. Entendido?


-Sim, mãe! – James disse. Houve um risinho entre os presentes. James logo pegou o cobertor que trouxera do dormitório e estendeu na grama, colocando uns pedaços de pergaminho e um estojo com penas e tinta.


Eles começaram a ensinar a Peter, conferindo se ele realmente aprendera. Tudo que Lily falava, Sirius dizia para Peter de uma forma que este pudesse compreender. James e Remus não precisavam de tradutor e cada um dos quatro acrescentava um pouco de informação à fala do outro. Remus anotava tudo o que ele julgava importante para Peter, de um jeito que ele fosse entender e se interessar, fazendo ligações do dia-a-dia deles.


Algumas horas se passaram, mas não parecia, pois a “aula” estava divertida, se é que isso é possível. Peter estava prendendo pelo menos o básico, o necessário, enquanto os outros trocavam informações que não sabiam e complementavam o banco de dados. Lily ficou surpresa com o comportamento quase maduro de James e Sirius e com o conhecimento que eles realmente tinham. Eles só saíram de lá umas 20h, quando um monitor os avisou que estava na hora do jantar. Eles juntaram seus materiais e foram juntos para a mesa. Lá, encontraram os outros Grifinórios do primeiro ano, e começaram a conversar com todos.


No dia seguinte, boa parte da escola ficou sabendo que seria aniversário de James no dia 27/03, domingo. Todos que passaram por ele comentaram. Até Lily ficou sabendo disso. James, Sirius, Remus e Pettigrew passaram a tarde de sábado na biblioteca fazendo um dever de poções. Depois foram jogar Snap Explosivo e xadrez de bruxo. Lupin ganhou todas.


Quando James acordou no domingo, seu aniversário, se surpreendeu com a quantidade de presentes na beira de sua cama; Tinha de todo mundo: seus pais lhe deram a melhor vassoura (dessa só havia foto) e um relógio bonito, seus avôs lhe deram uniforme completo do seu time de Quadribol, Chudley Cannons, os outros dois lhe deram logros da Zonkos. Além disso, ganhara milhares de chocolates e doces em geral de seus colegas.


Os presentes especiais foram de seus melhores amigos: Sirius lhe dera um boné com um Pomo costurado e o símbolo dos Chudley. Peter lhe dera uma camisa que sua mãe fizera. Ela tinha óculos estampados e olhos castanhos atrás deles. O de Lupin foi o que teve um valor sentimental imenso. Ele dera uma foto dos quatro garotos que eles haviam tirado semanas antes em um porta-retratos.


Ele vestiu um casaco da Seleção de Quadribol da Inglaterra que um tio lhe dera e o boné que Sirius lhe dera. Quando chegou no Salão Principal, a maioria das pessoas lhe desejou parabéns, exceto a mesa da Sonserina.


Quando sentou-se na mesa, era hora do Correio. Seus pais lhe enviaram mais doces, assim como seus outros familiares. Dylan lhe dera uma carta, que James nunca esqueceria. Na mesa, todas as meninas do primeiro ano da Grifinória lhe deram abraços. A última foi Lily.


-Parabéns, James. - Ela disse enquanto o abraçava.


-Bem, - ele respondeu – ainda estou esperando um perfume com meu nome... Será que tem algo assim...?


A ruiva riu e lhe deu um tapa na cabeça. James sorriu e fingiu dor para ela e seus colegas, motivo de mais risos.


-Pare com isso ou eu lhe darei motivos para sentir real dor!  - Sirius ameaçou, com o apoio de Paul. Eles tomaram café rindo e conversando, o primeiro ano todo da casa vermelha e dourada. Todos eram muito amigos, mas aquele momento estava sendo especial.


Pela manhã, James, Sirius, Remus e Peter saíram da escola e ficaram na beirada do lago, deitados na grama como Lily estivera antes. Ficaram lá até Lucius Malfoy aparecer.


-O que vocês estão fazendo aí? – o monitor Sonserino perguntou rudemente.


-Estamos simplesmente deitados na grama, relaxando e curtindo o sol dessa belíssima manhã. Podemos? – James perguntou.


-Não se atreva a falar assim comigo, Potter!


-Não disse nada demais. Estou em dúvida. Eu acho que podemos fazer isso, mas pode ser que no regulamento tenha algo que nos proíba sair da escola e deitar na grama em pleno domingo. Ora, eu não li as regras todas... Mas você? Você, um exemplar Monitor deve ter lido tudo. Podemos ou não? – James perguntou em tom inocente. Ele se sentara e ajeitara os óculos nos olhos, para enxergar Malfoy melhor. O garoto loiro espreitava os olhos, tentando enxergar algo proibido no que eles faziam.


-Sabe, Potter, acho que lhe darei uma detenção por desacato... – Ele disse depois de alguns minutos.


-Desacato?


-Sim, Potter... Sabe o que isso significa?


-Claro, que sim. Mas não acho que eu o cometi, no entanto, Malfoy. Mas o fato de eu ter cometido ou não, seria diferente em minha opinião e na sua, assim como seria, obviamente, na de Dumbledore, ou na de Minerva, ou na de Slughonr, ou na dos meninos ou na de qualquer outra pessoa. Particularmente, acho que não foi cometido nenhum desacato por mim para com você, já que eu tive uma dúvida genuína, e perguntei-lhe, pois, como você também deve achar, um Monitor Chefe conhece mais das regras da escola do que um simples... – James suspirou – garoto do primeiro ano. Também não usei indevidamente do sarcasmo, já que foi uma dúvida verdadeira...


Malfoy estava boquiaberto com a falação do garoto, e os outros meninos do primeiro ano estavam, aparentemente, segurando a risada. Malfoy começava a falar, mas foi interrompido por uma voz feminina e alegre.


-Remus, você já terminou de ler o livro? – Lily chegara perguntado radiante. Seus cabelos ruivos estavam presos num coque, presos pela sua varinha. Quando ela percebeu a situação, soltou uma gargalhada.


-Tem algo a dizer, Evans? – Malfoy perguntou, com evidente nojo na voz.


-Não hoje, Malfoy. Não hoje...


O Sonserino saiu enfurecido.


-O que vocês fizeram? – Lily perguntou sorrindo.


-Nada – James disse inocentemente – Só tive uma dúvida em relação aos regulamentos da escola.


Os outros meninos explodiram na gargalhada e Lily acompanhou-os.


-Bem, eu só vim para lembrar Remus do livro e de que temos de estudar com Peter de novo. Se ele quiser, é claro...


-Sim, sim! – O garoto gordinho exclamou animado. James lhe deu leve tapa na cabeça e Peter esfregou a mão no local.


-Por favor... – ele acrescentou. Os outros riram.


-Quando vocês quiserem – Lily respondeu. Ela parecia satisfeita com alguma coisa. James notou, mas não quis perguntar. De repente, os olhos verdes da garota focaram em algo que estava atrás deles. Ela sorriu e disse ‘tchau’ toda animada. Quando os meninos se viraram para ver quem era, James gemeu.


-O que ela vê demais em Ranhoso? Por Merlin, o garoto é um tapado! – Ele resmungou.


-James, esquece isso. Vamos lá, vamos jogar Quadribol. Aposto que o time faria esse favor para você! – Sirius disse animador.


 


***


 


James estava jogado na poltrona do Salão Comunal. Depois da conversa com Malfoy, estava perto da hora do almoço, então ele e seus amigos foram para o Salão Principal comer.


Quando deram duas horas da tarde, o time de Quadribol da Grifinória, James, Sirius, Remus e Peter desceram para o campo. Os dois últimos só iriam assistir.


James nunca jogara tanto quadribol assim!  Ele tinha total controle da sua vassoura, voava mais rápido que todos e capturou o pomo sete vezes em uma hora de partida. Mas eles só saíram do campo às cinco da tarde. Exaustos, tomaram banho e esperaram pelo delicioso jantar. Comeram até não puderem mais e subiram para a torre.


Os quatro garotos estavam relaxando, depois de um dia cheio. James estava quase pegando no sono, quando um grito explodiu o silêncio da noite.


-JAMES POTTER! – O garoto se levantou imediatamente, assustado.


-Quê? – Ele reconhecera a voz de Lily. Aquele grito era difícil de se esquecer.


-O QUE VOCÊ FEZ COM ELE?


-Ele quem?


-NÃO SE FAÇA DE CÍNICO, POTTER!


-Eu juro por Merlin que não sei o que você está falando!


-AH, ENTÃO NÃO FOI VOCÊ QUE PÔS PÓ-DE-MICO NAS ROUPAS DE SEV?


-Pó-de...? O que é isso?


-VAI SE FINGIR DE DESENTENDIDO?


-Mas eu não sei o que houve! O que é pó-de-maco?


-Pó-de-mico é um pó utilizado por trouxas para fazer com que uma pessoa se coce. – Remus explicou.


-Bem, não fui eu! Como eu poderia ter feito isso? Nem sabia o que era esse pó! Do mesmo jeito, qual o grande problema? É só uma coceira!


-Não, sua grande anta! Severus tem alergia a pó-de-mico! Ele está na ala hospitalar, agora mesmo, com falência respiratória e enormes placas de pus no corpo!

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