Espionagem
O tempo passou relativamente rápido para James desde o dia do aniversário de Lily. Ele ajudava o time de Quadribol, dando dicas ao apanhador e criando táticas com o capitão. Além disso, ele fizera amigos no time.
Outro jeito que James achara para ajudar a equipe da Grifinória na competição era espionar os treinos das outras casas e criar contra-jogadas para criar surpresa durante o jogo.
Foi numa desses espiadas que ele encontrou Snape sozinho. Ele estava prestes a gritar “Ranhoso” e fazer uma piada para que todos rissem da cara do garoto de cabelos oleosos e nariz de gancho. Ele já havia até pensado no que iria dizer quando alguém se aproximou do sonserino e deu-lhe um abraço. James fez uma cara de nojo e, para sua surpresa, as roupas eram vermelhas e douradas. Snape sorriu e olhou para o rosto da menina. Seus olhos eram verdes e seus cabelos eram ruivos escuros.
Ele percebeu que a garota que estava fazendo o dia de “Ranhoso” mais feliz, isto é, menos triste, era Lily. Ele engoliu o que ia dizer, anotou a última tática da Sonserina e se encaminhou para os colegas. A garota olhou para cima, receosa, e, ao perceber o sorriso malicioso de James, levantou-se para encará-lo.
-O que você quer, Potter? – Ela perguntou secamente.
-Wow, calma aí com o veneno na boca, Lily. Só vim conversar com o Ranhoso um pouco.
-Pare de chamá-lo assim! – Ela rosnou para o garoto.
-Você vai deixar uma garota te defender, Ranhoso? – James gargalhou. Snape olhou para cima, seus olhos negros deixando transparecer o seu ódio.
-Ela não está me defendendo, Potter.
-Claro, Ranhoso.
-Saia daqui, Potter! – Snape silvou.
-É proibido ficar aqui, na beira do lago? Acho que vou à cozinha pegar um pedaço de pão para a lula... Querem vir?
-Tudo o que queremos é ficar longe de você, seu verme nojento – Lily vociferou.
-Então, Evans, já descobriu quem te mandou aquele perfume? Quem é o seu “amigo”? – James perguntou, desenhando as aspas no ar. Lily corou furiosamente e Snape fechou os punhos. Ali estava uma chance de zoá-los. – Foi você, Ranhoso? Foi realmente tocante... – James desdenhou.
-Foi um gesto lindo, seu palerma sem cérebro. Exatamente o que qualquer garota gostaria de ganhar. Um presente sensível, que mostra quem são os verdadeiros românticos e aqueles de fachada. Pelo o que eu pude perceber você não é nenhum dos dois.
O coração de James deu um pulo. Mas por fora ele deu mais umas gargalhadas e disse:
-Vejo você no Salão Comunal, Evans. Ranhoso... Até mais – Havia um sorriso malicioso no rosto de James.
Quando ele se afastou, pode ouvir Lily gritar “Eu ODEIO Potter e Black! Vou MATAR os dois um dia desses!”. James gargalhou de novo e correu para a torre da Grifinória.
***
Era uma sexta-feira. James estava com Sirius a caminho da Floresta Proibida. Ambos estavam com as varinhas em riste, apagadas. Eles iriam acendê-las quando chegassem à Floresta. Estava indo bem, eles haviam passado pelo zelador, a porta não estava trancada e ninguém os havia visto. Até agora.
O barulho de enormes pés assustou os garotos. Eles se esconderam atrás de uma abóbora gigante e ouviram a voz do guarda-caça.
-Quem está aí? Apareça! Estou armado!
Os garotos mal conseguiam parar de rir, até que eles ouviram o barulho de um nariz de cachorro. Eles fizeram silêncio imediatamente. Então uma luz de lanterna apareceu.
-Potter e Black, huh?
Os meninos olharam para o gigantesco homem. Sua barba se misturava ao cabelo desgrenhado e seus olhos eram negros. O sorriso era tão caloroso quanto o de Dumbledore.
-Estamos em problemas? – Sirius perguntou.
-Vou deixar passar. Mas só hoje! Vocês estavam indo para a Floresta, não?
-Er...
-Sim, estávamos – James disse. Hagrid olhou para eles amigavelmente.
-Venham. Vocês dois não podem estar aqui. São mais de onze da noite. Vou levá-los de volta ao castelo.
-E se nos acharem? Um Monitor...? – James perguntou.
-Bem, vocês estão comigo. Eu digo que vocês estavam me ajudando com os vermes ou algo assim...
Mas não foi preciso. Ninguém apareceu até o retrato da Mulher Gorda, que ainda não havia adormecido.
-Hagrid, Hagrid! – O quadro disse – O que esses meninos estão fazendo a essa hora aqui?
-Eles estavam me ajudando. Com uns vermes.
-Você não podia pedir a ajuda de um Monitor?
-Eles se ofereceram. Gostam muito de animais.
-Entrem logo que eu quero dormir. Tchau, Hagrid.
O Guarda-caças se despediu dos meninos e foi embora. Sirius e James entraram no Salão Comunal suspirando. Peter estava lá, esperando por eles.
-Cadê Lupin? – Sirius perguntou.
-A mãe dele está doente de novo.
-De novo? Nossa, ela deve estar mal mesmo.
-Parece que sim. Ele faz aparatação acompanhada várias vezes para vê-la.
James e Sirius sentaram no sofá e decidiram que deveriam começar a estudar. Apesar das notas nove ou dez em todas as matérias, as provas finais seriam mais difíceis. Como a manhã seguinte era um sábado, eles ajudaram Peter em alguns deveres de casa, tanto práticos quanto teóricos. Depois de uma hora de trabalho duro, eles descansaram.
-Conseguiu pegar alguma coisa hoje? – Sirius perguntou para James.
-Sim. Eles estão com uma jogada de ataque boa, mas já sei como posso desarmá-la.
-E qual é?
-Um artilheiro vem pelo centro com a goles, o mais ágil deles. Então os batedores lançam balaços nele. Mas os dois outros abrem um de cada lado, para que, quando dois artilheiros adversários vão para cima do central, este toca para o que ficou livre e aí é gol. Engenhosa. Porém, para bloqueá-la é tão simples que até Peter entende.
-E como é? – Pettigrew perguntou, animado.
-Ao invés de dois marcarem um, cada um marca o seu e os batedores lançam os balaços para qualquer artilheiro.
Então eles ouviram passos vindo do dormitório feminino.
-Então é assim que você passa seu tempo, Potter? – Lily perguntou. Ela vestia um pijama e um robe que combinava.
-Assim como? Conversando com meus amigos? Pensei que você também fizesse isso! Ou Ranhoso não é seu amigo?
-Não quis dizer agora. Quis dizer sobre a espionagem.
-O que você tem com isso, Evans? – James perguntou.
-Eu só acho que isso é errado.
-Vai virar Sonserina, Evans? – Sirius perguntou. James escondeu uma risada.
-Não, Black, eu só estou falando o que eu acho.
-Mas você não estava nos espionando, também? Para descobrir o que eu faço...
-Não. Severus me contou.
-Ah, então ele me espiona!
-Claro que não! – Lily exclamou, corando. Sirius entendeu o que James estava fazendo. E escondeu o sorriso.
-Então como é que ele sabe?
-Ora, todos sabem! O time da Sonserina todo sabe. E eles também estão espionando vocês!
-Eu sei.
-Como você sabe? – Lily cruzou os braços desafiando. Ela se afastou da escada e James levantou.
-Eu estou espionando a espionagem deles.
Lily arqueou uma sobrancelha perfeita.
-Vá sonhando...
-Sabe, Evans, acho que você mudou de lado. Seu pijama deveria ser verde e prata, não vermelho e dourado.
-E você, Potter, não deveria nem ter entrado em Hogwarts. Nenhuma casa merece o pesadelo que você é! Um moleque sem caráter nem princípios...!
-Eu tenho caráter sim! E tenho princípios! A minha diferença é que eu me divirto! Eu aplico meu caráter e meus princípios em coisas realmente importantes! Eu sei que faço coisas erradas, como a espionagem... Mas eu faço para ajudar quem eu me importo! Quem se importa comigo! Não com qualquer Zé Mané que eu veja por aí!
-Se você tem tantas coisas assim, porque ninguém as viu ainda? Porque ninguém, ninguém, exceto esse idiota do Black, Lupin e Pettigrew confiam em você e são seus amigos?
-Porque eu me importei de mostrar meus valores para quem é agradável comigo, para quem, ao menos, me respeita, mesmo que for minimamente!
-Vou prestar atenção para ver se você realmente tem valores, Potter... – Lily disse sarcasticamente. Sirius assoviu quando Lily passou e seu robe, atrás, levantou. Os três garotos rolaram de rir no tapete e ouviram a porta do dormitório feminino bater. Umas batidas na janela fizeram James olhar para trás. Sua coruja estava ali. Ele admirou a lua cheia por uns minutos antes de fechar a janela.
O pacote era uma cesta com diversos doces: Sapos de Chocolate, Feijõezinhos de Todos os Sabores, Penas de Alcaçuz e várias outras gostosuras.
-Quem mandou tudo isso? – Sirius perguntou. Os olhinhos de porco de Peter seguiram a comida e ele lambeu o beiço.
-Tem um cartão... Diz: Querido James, Quem lhe mandou isso fui eu. Eu, uma admiradora secreta. Uma menina apaixonada por você e pelo seu cabelo. Te AMO.
Os três riram mais ainda e foram dormir. Quando deitou a cabeça no travesseiro, viu a cama de Lupin vazia banhada pela luz da lua cheia.
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