Greve de fome
Na manhã seguinte, Gina não desceu para o café, e embora Hermione tivesse reparado não deu importância, se ela quisesse ficar sem comer, problema dela.
Saiu para entregar seu artigo ao Jornal, assim que terminou seu desjejum. E para seu azar, acabou esbarrando com Rony, que havia ido até a cidade para vender seus queijos na feira.
- Bom dia, Hermione. - Cumprimentou Ronald, sorrindo animado.
Hermione empinou o nariz e virou o rosto com arrogância, ignorando o cumprimento e a presença do rapaz, e seguiu seu caminho sem olhar para trás.
- Quanta educação! - Falou Grúnio, olhando para Hermione que caminhava de cabeça erguida.
Rony riu, enquanto seguia Hermione com os olhos.
- Mas é linda a diabinha. - Conclui mais para si mesmo do que para o outro.
Grúnio sacudiu a cabeça incrédulo. Não podia acreditar que seu patrão teria que se casar com uma moça tão mimada e mal educada.
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- Arleta... Arleta....
Hermione chegou em casa, como sempre, gritando a plenos pulmões. Ela tinha esse costume desde criança. Já se passavam das 6 horas da tarde; havia ficado o dia todo no jornal.
- Sim Hermione, estou aqui, aconteceu alguma coisa? - Arleta entrou na sala correndo e ofegante.
- Não, por quê?
- É que a senhorita entrou aos berros e...
Hermione interrompeu a governanta e voltou a falar:
- Onde está a minha irmã?
- Ah Hermione, ela continua trancada no quarto e não comeu nada o dia inteiro.
Arleta tinha uma nota de preocupação na voz. Sempre fora demasiadamente preocupada com o bem-estar das meninas.
Hermione não disse mais nada e subiu as escadas, indo em direção ao quarto da irmã.
- Ginaaa... Ginaaa... abra essa porta.
Não ouve resposta.
- Gina, não me faça perder a paciência, abra essa porta agora mesmo.
Quando Gina abriu a porta, Hermione percebeu que ela tinha os olhos vermelhos, inchados e enormes olheiras.
- O que você quer? - perguntou a menina com a voz fanha.
- Quero que você desça agora mesmo para comer algo. Tá com uma cara péssima, sabia?
- Eu não quero comer. - A voz da garota não era mais que um sussurro.
- Mas você vai. - Disse Hermione com seu habitual tom autoritário.
- Não, não vou, não voltarei a comer até que você aceite se casar.
- Pois veremos se você não vai comer.
Hermione desceu as escadas apressada.
- Arletaaaa....
- Pois não senhorita. - A governanta novamente entrou na sala praticamente correndo.
- Prepare todos os pratos prediletos de Gina e leve até o quarto dela.
- Sim... providenciarei agora mesmo.
Arleta e Hermione levaram uma bandeja com pratos deliciosos até o quarto de Gina, dentre eles havia quindins, pudim, rocambole de carne e outras iguarias que despertariam o apetite de qualquer um, mas Gina não comeu.
- Arrrggg... Garota mimada. - Bradava Hermione furiosa com a irmã. – Se você quer morrer a míngua que morra!
Os dias se passaram e Gina insistia em sua greve de fome. Já estava fraca e pálida. Hermione já não sabia mais o que fazer para convencê-la a comer.
Inevitavelmente começou a ficar preocupado com o estado da irmã.
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- Gina... Pelo amor de Deus, alguém me ajude.
- Arleta, o que aconteceu? - O Sr. Batista correu para ajudar Arleta a erguer a filha que havia desmaiado.
- Ah Sr. Batista, ela não come há dias.
Levaram a menina depressa para o quarto, e chamaram o médico da família.
Depois de ser examinada, Gina foi diagnóstica com uma anemia profunda e desnutrição.
O médico recomendou soro caseiro e alertou que se ela não voltasse a se alimentar regularmente teria que interná-la, pois o quadro de anemia poderia se agravar drasticamente.
- Essa menina é maluca, está tentando se matar.
- Ah Sr. Batista, ela está fazendo isso para convencer Hermione a se casar.
- Deus, uma filha mais maluca que a outra. - Lamentou-se o homem com uma expressão preocupada.
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- Hermione, sua irmã está correndo risco de ser internada em um hospital, ela está com uma anemia profunda e com desnutrição.
- Pois ela que volte a comer. O Sr. mimou demais essa menina. - Embora Hermione tentasse parecer despreocupada, estava com o coração em frangalhos pelo estado da irmã.
- Mimei tanto quanto a você. Se você não quiser ver sua irmã dentro de um caixão com apenas 17 anos, trate de casar-se o quanto antes. - O homem parecia ter perdido o pouco de paciência que lhe restava.
Hermione respirou fundo na tentativa de controlar a raiva e a vontade que tinha de socar o próprio pai.
Aquela situação estava passando dos limites. Sua irmã estava desnutrida e anêmica e tudo por sua culpa. Não podia acreditar, mas parecia que a única solução seria abdicar da sua própria vida pela felicidade da sua irmã.
Naquela noite, Hermione tomou a decisão que mudaria definitivamente sua vida.
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- Papai, mande chamar o grosseirrão aqui, preciso conversar com ele.
O Sr. Batista sorriu satisfeito. E mandou o mais rápido que pôde um dos seus empregados até a fazenda de Ronald.
Não demorou muito e Rony já estava na frente da casa do banqueiro. Estranhamente seu coração batia acelerado.
Não fazia idéia do que Hermione poderia querer com ele, mas o simples fato de poder olhar para ela fazia seu coração se aquecer.
- Hermione. - Cumprimentou Rony retirando o chapéu, num gesto educado.
- Ah você já está ai. - Disse ela com descaso.
- Sim, o que queria falar comigo? - Perguntou ele deixando as gentilezas de lado.
- Serei breve Ronald, pois tenho coisas muito mais importantes a fazer. Pois bem, eu aceito me casar com você.
Havia tanto nojo na voz de Hermione, que Rony teve vontade de dizer que não se casaria mais com ela, mesmo que ela implorasse; mas teve de engolir o orgulho por ora, ele precisava do dote.
No fundo, sabia que não era apenas do dote que precisava, mas diante de tanto desprezo precisava se convencer de que esse era o único motivo para aceitar casar-se com ela.
- Mas... terás que concordar em assinar um contrato. - Ela continuou falando, cada vez com mais amargura.
- Um contrato? - Perguntou confuso.
- Sim, um contrato. E nele vou impor algumas condições para que esse casamento aconteça.
- Enviarei uma cópia para você, se estiver de acordo assine e envie de volta. Depois combinaremos a data.
Rony estava chocado demais para falar ou argumentar. Aquela mulher falava com tanta frieza que era impossível não se sentir a pior das criaturas.
O olhar de asco que ela lhe lançava era, sem dúvida, a pior das ofensas que já havia recebido na vida.
- Certo, Hermione, envie o contrato que assinarei. - Dizendo isso, Rony deu as costas a ela e foi embora.
Ele casaria com Hermione, independente das condições que ela impusesse, e depois de casados ele faria com que ela se sentisse exatamente como ele se sentia agora, ou seja, terrivelmente humilhado.
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N. da A.: Qualquer semelhança com a novela "O cravo e a Rosa" não é mera coincidência, visto que essa novela foi baseada na obra "A megera domada", de Shakeaspeare.
Gente obrigado pelos comentários... Espero que continuem me dizendo o que estão achando.
Para aqueles que lêem e não comentam, gostaria de pedir encarecidamente que dessem sua opinião.
Bjs a todos.
Comentários (2)
Di, eu já li muitas fics sua e as adoro! Porém, eu real e verdadeiramente amo A Megera Indomável -e sei que não sou a única. Gostaria de saber se vai concluí-la e, também, pedir que conclua -seria um disperdício abandonar a história! Por favor, se puder, responda. Beijos; Thata. ♥♥♥
2012-01-04Por favor Di, não para de escrever, está tão bacana!
2011-12-18