;vampira




Lily Evans é uma vampira. Mas não era uma vampira normal, das que suga sangue e tudo mais. Não, essa garota é muito pior. Ela suga sua alma.


Primeiro foi Sirius. Descobri que no primeiro ano – quando eu ainda não falava com ele direito, por ele ser um Black arrogante e tudo mais – ele era apaixonado por ela. E ela deu corda pra ele, um dos motivos pelos quais eu o odiei ainda mais. Quem aquele Black metido pensava que era para dar em cima da ruiva que eu achava bonitinha? Além do que, ela ficava com uma cara engraçada quando estava irritada. Ele não ia tirar ela de mim.


Então eu fui ficar amigo dele, contra vontade. Mantenha seus amigos perto, e seus inimigos mais perto ainda, dizia uma voz na minha cabeça. Eu assim fiz e fiquei amigo do tal Black, percebendo logo depois que ele era um cara legal – um cara muito legal aliás. A Evans desistiu de dar corda nele e nós permanecemos amigos, ficando juntos desde então.


Lily Evans era uma vampira. O segundo foi Remus Lupin, um garotinho tímido e franzino na época, que depois de algum tempo de convivência conosco se tornou mais solto e, er... de acordo com as garotas, bonito. Isso não vem ao caso.


De qualquer jeito, descobri que ele foi o primeiro beijo dela, e ela o dele. Mas ela logo depois se desculpou e dispensou-o delicadamente, como só ela conseguia. E mais um garoto saía derrotado das garras de Lily Evans. Eu fiquei amigo do cara depois de ele fingir me dar uma detenção só pra McGonagal largar do meu pé. E descobri que ele também era um cara muito legal.


E eu comecei a irritá-la ainda mais, me vingando por ele. 


Lily Evans era uma vampira, e depois de ter dois amigos ferrados por ela eu me decidi que não faria a mesma coisa que eles. Que nunca deixaria ela sugar a minha alma. Eu não permitiria.


Lily Evans era uma vampira, e no quarto ano, com os hormônios á flor da pele, comecei a desejá-la. Os cabelos vermelhos contrastando com a pele perfeitamente alva e macia, as curvas sinuosas nas quais meus olhos se perdiam contornando, a voz macia e doce que saía pela boca carnuda e avermelhada... ela era um vórtice de tentações para um garoto como eu.


Comecei a sair com todas as garotas que conseguia para ver se a esquecia, se o meu desejo por ela podia ser aplacado. Nenhuma das outras garotas conseguiu. Então comecei a chamá-la pra sair, sem ter sucesso. Ela recusava e eu não entendia por que – até divagar que o motivo poderia ser apenas infernizar. Finalmente me dei conta de que estava parando de sair com as outras meninas. Ela já tinha começado. Já estava me sugando.


Minha atenção começou a ser toda pra ela. E vi que ela não era tão ruim assim. Sirius e Remus eram amigos dela, e Pedro a adorava. Meu sangue borbulhava quando eles a pegavam no colo brincando ou beijavam-na no rosto, e a razão já não era mais a raiva. Eu só não sabia dizer o que é. Os sorrisos doces e sua face pensativa agora não saíam mais da minha cabeça. Ela já me sugara.


Lily Evans era uma vampira. E eu não resisti em roubar aquele beijo voraz, quase desesperado, dos lábios dela, no corredor numa noite fria. Ela correspondeu com força e enlaçou a minha cintura com as pernas, o que me deixou confuso. Eu devia ou não devia estar com ela?


“James” ela me chamou e eu olhei para ela, iluminada somente pela tocha atrás de nós. Havia um sorriso malicioso nos lábios inchados. “Vem aqui” chamou com uma intimidade estranha, e eu entendi que estava perdido. Ela me beijou de novo, e eu quase senti os dentes de vampira proeminentes na boca doce, enquanto a enlaçava pela cintura.


“Eu acho que eu amo você” eu disse numa tarde vazia com ela nos jardins. Era inverno e eu estava morrendo de frio, mas ela estava somente de saia e casaco leve. Mais um motivo para eu achar que ela era um ser sobre-humano.


Lílian sorriu e apoiou a cabeça no meu peito. “Que meigo” foi tudo que ela disse de volta, e eu me senti derrotado. Depois disso ela me evitou por uma semana, e eu fui ficando cada vez pior, enquanto a observava brilhar. Ela sugara a minha força inteira, e agora me descartava como um papel velho.


Lily Evans era uma vampira, e me chamou para sair com ela de noite, após duas semanas sem ter trocado uma palavra comigo. Eu a segui, sem ter opções. O meu peito já não agüentava mais ficar longe dela.


Fomos para o mesmo corredor no qual roubei o primeiro beijo dela, e ela se sentou em uma das janelas. Seus olhos se tornaram avermelhados e algumas lágrimas saíram rapidamente deles. Meu coração se quebrou, e toda aquela imagem ruim que eu tinha dela também. Ela olhava pela janela, tão doce, tão fragilizada, que eu quis acabar com o sofrimento dela. A abracei e ela me olhou, um fraco sorriso nos lábios. As ultimas palavras que escutei dela naquela semana foram “Eu acho que eu também.”


Lily Evans era uma vampira, e sugou todo o meu amor e a minha proteção para ela naquele momento.  E a minha vampira teve também a audácia de trazer para o mundo outra coisa para me sugar: Um filho, causador de toda a minha alegria e toda a minha preocupação.


Lily Evans era uma vampira, mas me dei conta que no final, era não sugava a alma das pessoas. Ela as manipulava. E usava tudo que tinha para fazer com que as pessoas dessem de bom grado suas almas para ela.


E eu dei a minha.


Então Lily Evans não era uma vampira. Era o próprio demônio. Especialmente grávida e com desejos durante a noite.


Mas essa já é outra história.


Lily Evans, afinal, era dona da minha alma. Ela só não sabia que sempre foi dona do meu coração.


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