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“O amor segue,”
As vezes tinha a sensação de que ele queria saber o que se passava na sua cabeça. Lílian olhou para os lados com aquela sensação outra vez, sabendo que vinha do olhar dele. Verde com castanho e o ar sumiu por alguns instantes.
Ela quis correr.
“E faz fugir.”
“O amor não magoa,”
Lílian olhou para a companheira de poções – uma lufa simpática – e percebeu que até mesmo ela estava braba com a ruiva. O que era aquilo afinal? Só porque dissera algumas verdades para o Potter não queria dizer que era o fim do mundo.
E muito menos que a culpa disso era dela.
“Você foi cruel” a voz de Alice ecoou na sua cabeça com ódio. “Com alguém que te ama. Isso não é humano, Lily. Não é.”
Ela nunca garantira que era humana de qualquer forma.
“Mas fica magoado.”
“O amor não dói,”
Ainda assim algo doía ao olhar pros olhos dele.
Ficar sem as amigas era suportável tendo tanta coisa pra estudar. Ficar sem falar uma palavra durante todo o dia era fácil com sua voz ocupando-a por dentro.
Mas algo doía ao olhar para os olhos dele, magoados, feridos, desapontados, perdidos.
Havia tanta dor ali que a ruiva começou a sentir culpa.
Lílian Evans se viu desejando poder transferir o sofrimento dele para si mesma.
Levantou-se da grama dos jardins e lançou um ultimo olhar ao garoto que a encarava, sentado debaixo de uma árvore com uma grande quantidade de pessoas.
Devia estar ficando louca.
“Mas faz doer.”
“O amor se regorzija,”
Lílian chorou.
Por um mínimo momento se viu chorando, e se viu chorando uma dor que não era sua. Ao olhar para os olhos do Potter naquela noite as lágrimas simplesmente escaparam de seus olhos avermelhados.
Ela se olhou no espelho vendo que algo lhe roubara o brilho. Não parecia mais ter aquela beleza arrasadora da qual o garoto de óculos falava antigamente. Agora parecia pálida e morta – apesar de estar corada e tudo mais. Era como se algo em sua alma tivesse morrido, mas ela não tinha certeza do que era.
Afinal, nem ao menos estava sofrendo.
“E também se compadece.”
“O amor não inveja,”
Observou ele e Sirius brincando na água um mês depois. Alice já voltara a falar com ela, e estavam na beira do lago. Os dois se moviam como se fosse sincronizado, combinado. Cada movimento com uma intimidade casual, como se eles estivessem ligados pela alma, um laço no qual ninguém se interporia.
Não pôde evitar sorrir, e quando percebeu o que fazia, se repreendeu veementemente – internamente, claro.
“Coitada da moça que casar com algum deles” pensou com desgosto – forçado, sem que percebesse – “casando com um, ganha-se os quatro”.
Enquanto isso, no fundo do seu coração morto, a única célula viva que restava gritava que quem queria aquilo era ela.
“Mas causa-a.”
”O amor constrói,”
- Mas ela pode ir sozinha, Potter – Minerva McGonagal argumentava contra o seu melhor aluno, que além de irreconhecível em um claustro de dor, parecia estar irredutível.
-E ainda assim eu vou com ela. Não vou deixar Líl... a senhorita Evans ir sozinha até a floresta proibida, professora. – Ele olhou para a mulher um tanto perigosamente – A senhora querendo ou não.
A professora se sentou na cadeira, derrotada. Deu um suspiro.
-Tudo certo então. Vão os dois. – Enquanto o casal se virava para ir embora, a professora levantou-se novamente – Mas não admitirei outra teimosia contra as minhas ordens por sua parte, senhor Potter. -Avisou.
O garoto somente virou para ela e sorriu-lhe, um sorriso quebrado, um sorriso triste.
E a professora não dormiu, pondo-se a imaginar o que quebraria um espírito tão forte quanto o de James Potter.
“Mas destruir também lhe é fácil.”
“O amor esmaece,”
-Não precisava vir comigo – A ruiva disse em voz baixa, amuada, além de envergonhada. O que ele pensava que estava fazendo? Não a odiava até segundos antes?
Ela olhou para o lado e observou-o. O andar cansado de um velho, a expressão fechada de quem sofreu demais, os olhos fundos com seu brilho preso pela agonia. Ele era o retrato da discórdia, se ela fosse humana.
-A ronda também era minha – Ele disse sucintamente.
Ele olhava-a pelo rabo do olho de tempos em tempos, como uma criança magoada. Lílian olhava-o de tempos em tempos, como uma criança envergonhada.
Um momento seus olhos se cruzaram, e não se desgrudaram mais.
Lílian mergulhou nos poços fundos de dor, o castanho dominando o esverdeado e o dourado que antigamente os olhos dele possuíam com graça. E por alguns momentos ele sorriu, e só aí
Lílian pôde ler a verdade, incrustada no coração gelado – outrora irradiando calor.
Conseguiu ver o resto da chama, o resto do calor que emanava do sol apagado que era o peito dele. Então arregalou os olhos e seu queixo caiu levemente, os lábios tremendo.
“Eu ainda te amo”
- Mas como? – A voz dela não passava de um sussurro chocado, mas foi o suficiente pro sorriso dele sumir.
-Ja... Potter? – A voz dela aumentou de volume quando ele continuou a caminhar, se afastando.
Lílian de algum jeito ouviu que seu coração pulsava no mesmo ritmo do dele. Pareciam tambores ecoando pelas paredes de pedra naquela noite enluarada, retumbando um ritmo esgotado, triste.
Ela suspirou e continuou a andar.
Ele não respondeu.
“Mas nunca, nunca desaparece.”
“O amor é feliz,”
Lílian não estava feliz.
Decidiu-se que não estava feliz.
Então olhou de novo para a mesa da grifinória. E olhou para a loira peituda que sentava-se naquele momento no colo de James Potter.
Não, Lílian não estava nem um pouco feliz.
Mas por que não?
Levantou-se da mesa da lufa lufa – Prewitt a tinha convidado para sentar ali com ele e os amigos – e foi se enfiar na biblioteca com seus fiéis livros.
Mas nem seus fiéis livros conseguiam tirar de sua cabeça a verdade. Eles não conseguiam iludi-la por mais tempo.
Porque ela não estava feliz.
“Mas entristece.”
“O amor não causa discórdia,”
-Potter – Ela chamou-o no final de uma aula, e ele atendeu-a indiferente. Imediatamente as memórias das coisas horríveis que tinha dito a ele voltaram à sua mente, fazendo-a sacudir a cabeça.
-Está tudo bem? – Um último resquício de amor saiu pelos lábios do garoto, e Lílian voltou seus olhos para ele rapidamente.
-Não, não está – Disse aquilo com os lábios tremendo. Então tropeçou em alguma coisa e tombou para frente, sendo amparada pelos braços do rapaz.
-D-desc... – Ele calou-a com um olhar e fez o coração da ruiva perder o ritmo com um sorriso.
Ela sorriu também, com lágrimas nos olhos. – Desculpa, Potter – Disse sinceramente, mas não pelo tropeço. Ele riu levemente.
“Ele ainda me ama”.
“E faz conciliar o coração avesso.”
“O amor não é egoísta,”
Ela não tinha que ceder, pois já tinha perdido tudo. Não tinha o que humilhar, porque não mais possuía algo para se envergonhar. Depois de toda a dor e culpa e raiva que a tomaram em um furacão, o que restou foi algo puro. Puro, pequeno e dourado, que a ruiva segurou delicadamente com as duas mãos. Um sorriso suave brotou em seus lábios e ela acalentou o brilho que se infiltrou nela, inundando tudo.
Não tinha nada a perder.
O amor era dela.
E agora, só agora entendia como ele conseguia continuar a amá-la.
“Mas é só seu.”
“O amor por vezes se esconde,”
“Nada vai mudar o meu sentimento por você” era o que estava escrito pelas bordas do livro de
Potter, que ele deixara cair enquanto corria para a aula de feitiços.
- O que está lendo aí? – Alice perguntou chegando por trás da ruiva, que fechou o livro imediatamente.
- Nada – Alice olhou-a desconfiada, mas sorriu e não disse nada. O namorado estava logo á frente, então não havia mais o que conversar. O casal se abraçou e se beijou apaixonadamente, enquanto Lílian continuava a caminhar com um leve sorriso nos lábios.
De repente percebeu que Potter a olhava. Sustentou o olhar dele, sem deixar esmaecer o sorriso, até que percebeu a cara embasbacada de Lupin e Sirius do lado de James, e não quis se olhar no espelho. Porque então veria.
Sabia que seu sorriso era de amor.
“Mas nos detalhes se faz revelar.”
“O amor brilha,”
Ela descobriu por que não brilhava naquela noite na aula de astronomia.
- Então, crianças, vocês poderão observar aqueles cometas e desenhá-los assim que eles entrarem na rota de Júpiter. Agora eu vou separar as duplas, vamos ver... Lupin e Black, Longbottom com Fillibet, Evans com Potter... – James olhou-a e ela sentiu um calafrio na nuca.
Os dois partiram para a luneta, mas um clarão no céu fez todos pararem.
-Isso é... magnífico! – O professor exclamou maravilhado, olhando para o brilho azul que tomava o céu. Aparentemente os cometas haviam se chocado e causado alguma reação gigantesca, pois naquele momento uma grande nuvem azul-claro se prostrava brilhante no céu. Mas não foi isso que desencadeou a primeira faísca.
Um roçar de dedos e os dois olham para baixo. Os olhares sobem de forma cadenciada,o fogo no olhar dando mais uma vez o ar das graças. Num ato de suprema coragem e gentileza ele toma a mão dela com a sua, e Lílian a aperta levemente.
Ela sorriu e rapidamente percebeu que se sentia brilhar.
Agora entendia.
“A lua só brilha com a ajuda do sol.”
James era o seu sol.
“Mas não faz isso sozinho.”
“O amor permanece,”
-Não poderia haver uma subida sem uma descida – Uma voz grave disse repentinamente, enquanto uma mão forte arrastava uma cadeira da biblioteca para se sentar ao lado da ruiva.
Não haveria uma vitória sem uma luta. – Ele sorriu quando ela olhou-o, e ela sorriu de volta.
Não precisavam dizer nada.
- E o amor venceu – a voz dela foi baixa o suficiente para somente ele ouvir. E então o beijo foi a inevitável demonstração da vitória, o maior troféu e o maior triunfo contra a o ódio e a indiferença.
“... e o amor prevalece.”
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