Reflexão
Capitulo II – Reflexão
NT: PdV Ron
Após a cerimônia do Chapéu Seletor, e das boas vindas do prof. Dumbledore, as mesas das Casas se encheram de comida. Para a surpresa de Hermione, Harry e Gina, Ron não estava pegando nada das travessas, ao contrario, olhava para a comida, depois para Hermione e novamente para a comida. E com um olhar significativo, olhou para o prof. Dumbledore.
- Não vai comer, Ron? – perguntou Hermione apreensiva
- Hummm... – olhando ainda para Dumbledore.
- O que foi? – perguntando Harry para o amigo, mas voltando sua atenção também para o diretor, para ver se descobria o que era que ele tanto olhava.
Depois de dois minutos, Ron murmurava angustiado.
- Porque ele escolheu Malfoy? Porque escolheu a mim? Porque...... – mas parou de chofre.
Harry sabia porque o diretor havia escolhido Ron e não ele como monitor, mas nunca contara ao amigo.
- Ah, vamos Ron, se anime..... – disse Hermione com entusiasmo na voz – Olhe, batatas assadas, você gosta muito disso! – enchendo o prato do amigo.
Ron olhou horrorizado para Hermione, como se ela estivesse maluca. Bateu o garfo na mesa, e se levantou em um pulo.
- Aonde você vai? – perguntava Hermione com a voz alta, pois Ron estava longe.
- Andar. – disse sombriamente para quem quisesse ou pudesse ouvir.
Depois disso, Harry, Hermione e Gina, não falaram mais durante o banquete.
****
Ron andava decidido pelos jardins do castelo até chegar próximo do lago, onde a Lula Gigante aparecia de vez em quando na superfície ondulando a lamina fria da água. Atirando-se de costas na grama molhada pela noite, Ron fechou os olhos e começou a reviver cada segundo que o aborrecia.
- Alunos do primeiro ano, sigam para aquela direção e o prof. Hadrid irá chamá-los. Vamos andem mais depressa. – dizia Ron com muita dificuldade, pois a gaiola de Pichi, era demasiadamente pesada se sacudisse tanto como ele estava fazendo, fora o estardalhaço que a corujinha fazia.
- Ora, ora, ora.... se não é o Weasleyzinho. – dizia uma voz arrastada e cheio de malicia, era Draco Malfoy, seguido de perto por seus gorilas, Crabbe e Goyle. – Vendendo essa a coruja, Weasley? Será que o imprestável do seu pai não tem mais dinheiro para sustentar a família, e agora está vendendo essa porcaria? – Crabbe e Goyle urravam de tanto rir.
- Pelo menos o pai dele é digno e não está preso como o seu Malfoy – disse Hermione com rispidez, surgindo da porta do vagão.
Os olhos de Malfoy se encheram de veneno ao encontrar o rosto de Hermione. – Sua fedelha de Sangue-Ruim, defendendo seu namoradinho pobretão? É Weasley – se virando para Ron - você não tem calças para se defender sozinho e precisa da ajuda de uma pirralha-trouxa – voltando novamente seus olhos para Hermione. – Porque você não volta para.....
Malfoy havia parado de falar bruscamente, estava com uma varinha cutucando sua nuca, e a voz de Ron parecia um bloco de gelo, pois era fria e cheio de ódio. Draco transpirava e com seus olhos fechados e bem apertados pareciam que rezam. Grabbe e Goyle estavam com uma cara de quem levava uma bofetada, ficaram zonzos, como se estivessem esperando instruções de Malfoy.
- Malfoy, essa é a ultima vez que ofende minha família e a H-e-r-m-i-o-n-e - disse, destacando o nome da amiga.
- NÃOOO, RON, NÃO VALE A PENA – berrava Hermione da porta do trem e saltando em direção ao amigo para segurar sua mão, antes que fizesse alguma loucura.
Ron tremia de raiva, e apertava mais e mais a varinha em sua mão.
- VAMOS WEASLEY, VAMOS... SE USAR ESSA VARINHA EM MIM, VOCE VAI PERDER MAIS DO QUE SEU DISTINTIVO – gritava Draco, em um súbito de coragem.
- Não, Ron, por favor, não... – implorava Hermione, sua voz estava embargada como se estivesse chorando – Não quero te perder agora, deixe ele ir – soluçava agora.
****
Com um vento gelado e cortante, Ron voltava de seu pensamento, ainda tonto e com uma particular dor de cabeça. Levantando as costas do chão e ficando sentado com os braços cruzados em apoio aos joelhos, suspirou.
- Não quero te perder agora.... – murmurava Ron, ficando corado. – O que ela quis dizer com isso? Não me respondeu quando perguntei. E quando insisti, ela foi uma estúpida comigo, disse aquilo porque eu era seu amigo e não queria me ver expulsou ou em Azkaban, e ainda tendo a ousadia de dizer que eu sempre fazia burrices e coisas sem pensar, e ainda me chamou de Trasgo, por ter retrucado sua última ofensa – falando agora em tom raivoso, perdendo toda a cor do rosto.
E continuou dizendo, mas agora sua voz estava mais parecendo um desabafo: - Me esforcei tanto no verão.... li uma porção de livros chatos..... ahhhhh nem sei porque fiz isso.
CRAC
- Quem está ai? – perguntou Ron, apertando os olhos em direção ao ruído.
Saiu da moita, uma enorme bola peluda de cor amarela, balançando um rabo que mais se parecia com um espanador de garrafas, ronronando e se esfregando nas costas de Ron.
- Bichento, o que faz aqui? – com um olhar indagador ao felino.
- Bom, como você não jantou, achei que gostaria de comer um pedaço de torta de caramelo.... estavam realmente muito gostosas hoje.... e como você gosta de torta de caramelo, eu pensei em trazer um pedaço para você – disse uma voz que saia da mesma moita que Bichento, mas era uma voz que Ron sabia perfeitamente quem era... Hermione. – Espero que não se importe em come-la fria....- acrescentou ela estendo a torta em um guardanapo.
Por um segundo suas mãos se tocaram e as retiraram imediatamente, e ambos ficaram constrangidos.
- O-Obrigado... m-muito obrigado. – disse Ron gaguejando e receoso do quanto Hermione havia escutado, mas não dispensou a torta que cheirava tão bem, e sua barriga não estava disposta a recusar.
Hermione se sentou do lado de Ron, e eles ficaram ali, parados contemplando o lago que refletia uma bela lua em sua superfície.
O gato de Hermione pulou no colo de Ron, e ali ficou aconchegado, uma coisa que raramente Bichento fazia, pois por muitas vezes, quase levara chutes da sua “atual” almofada.
Ron ouviu uma respiração ruidosa lenta, mas profunda, e não vinha do felino ao seu colo, e sim de Hermione. É como se ela se preparasse para dizer algo, mas tinha medo de falar.
- Estou ouvindo, Mione – disse em voz calma. – Pode falar.
- Esse.... esse lago.... me fez lembrar do Vitor Krum – dizia lentamente Hermione, ficando com a orelha vemelho-pálido.
Por um momento fugaz, Ron teve vontade de agarrar o Bichento pelo pescoço e atirar no meio do lago.
- Vitinho? Faz você lembrar do Vitinho? – amarrando a cara para a amiga, ficando com a orelha na cor vermelho-carne. – BOM.... É hora de entrar, está ficando muito tarde – disse Ron levantando em um pulo o que fez Bichento se assustar e mirar os olhos com censura.
Quando deu meia volta e seis passos em direção ao castelo, ele parou e olhou por cima do ombro e viu a imagem de Hermione, sentada sozinha na beira do lago, perdida em pensamentos. Seu estômago deu solavancos, mas não era de fome, era algo pior. Sua mão começou a suar e seus pés estavam perdendo a sensibilidade na ponta dos dedos. Uma voz, parecida com de Harry, começou a se manifestar em seus pensamentos.
“Vai lá..... Vai lá... Vai lá.... FALA ALGUMA COISA!!!”
- Mione? Está ficando frio, e estamos sem casacos. É melhor entrarmos agora, antes que fiquemos resfriados. – disse Ron. “Heh? Entrar antes que fique resfriado? Boa saída meu jovem, boa saída” aquela voz na cabeça de Ron ainda latejava de forma bem desdenhosa e sarcástica.
- Ah, claro, estou indo – parecia que a voz de Hermione estava vindo do além-túmulo.
Os dois caminharam de volta ao castelo. Naturalmente, Hermione não falara mais nada, e Ron estava tentando falar alguma coisa, mas só mexia os lábios, como um peixe no aquário e aquela voz insistente no seu cérebro “Anda moleque, vai... fale, antes que cheguem no castelo, fala logo moleque. O que está esperando, amanhecer?”.
Em poucos minutos estavam na entrada do castelo e mais alguns momentos, no quadro da Mulher-Gorda que estava conversando com sua amiga Violeta.
- Amor Encantado – disse Ron pensativo “Que nome bobo para uma senha”
- Olha Vi, os dois pomb......
- AMOR ENCANTADO – berrou Hermione, assustando Ron, a Mulher-Gorda e a Violeta.
Com cara de desagrado, o quadro da Mulher-Gorda girou, mostrando uma passagem para o salão comunal da Grifinória.
A sala estava vazia, mas ainda tinha uma lareira muito reconfortante.
- Boa noite – disse Hermione sem olhar para Ron e saiu com pressa para o dormitório das meninas.
Ron viu Hermione sumir em poucos segundos pela escada e logo em seguida olhou para baixo, tentando visualizar algo no tapete.
- Noite, Hermione – com um suspiro profundo.
Foi se arrastando para o dormitório dos meninos e todos estavam dormindo, Harry, Neville, Dino e Simas, ou pelo menos fingiam estar dormindo. Ron observou que os óculos de Harry, que normalmente ficavam em cima do criado-mudo não estavam lá, tão pouco se ouvia os roncos costumeiros de Neville. Dino e Simas pareciam que nem respiravam..... Certamente estavam falando de mim a poucos minutos.
Ron vestiu o pijama e se deitou. Ficou grato que ninguém o interpelasse com perguntas, pois não estava a fim de conversar mais naquela noite. Só queria descansar, só descansar. Mas não parava de lembrar da imagem de Hermione sozinha na beira do lago.
***
Nota do Autor: Bom, aqui está o segundo capitulo. Espero que gostem e comentários se possíveis. Bjos e Abraços.
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