Rony
RONY
Eu não hesito em dizer que os últimos anos da década de 1970 foram os piores anos de minha vida, e não tenho dúvidas ao afirmar que a maior parte da bruxandade viva naquela época concordaria comigo. O longo processo de ascensão e imposição do terror executado do Lorde das Trevas havia chegado ao pico. Em todos os lugares, os rumores de guerra, morte, sangue, dor, haviam deixado de ser rumores e se transformado na realidade da maioria dos bruxos de então. Arthur e eu havíamos nos juntado à Ordem da Fênix, uma organização secreta de resistência Àquele-que-não-deve-ser-nomeado, fundada por Alvo Dumbledore, onde todos aqueles que eram contra o regime de terror que o infame Lorde queria impor no mundo da magia se juntavam. Não éramos muitos, é verdade – a formação original contava com pouco mais de trinta bruxos, entre membros ativos e colaboradores, mas o número não importava; afinal, esses poucos trinta bruxos eram o mais próximo de elite mágica que eu conheci em toda a minha vida e, juntos, dávamos muito trabalho a Voldemort e às suas centenas de seguidores.
A decisão de me juntar à Ordem não foi fácil; afinal, eu acreditava que, mais do que qualquer outra coisa, minha missão no mundo era cuidar das cinco vidas que eu trouxera a ele da melhor forma possível. Por mais que me fosse doloroso ficar de fora da luta, eu não podia deixar de pensar que seria muito pior para Gui, Carlinhos, Percy, Fred e Jorge ter uma heroína morta do que uma covarde viva como mãe. Escondi-me com as crianças na casa de tia Muriel – que, apesar de um pouquinho louca, sempre foi forte nas épocas de tempestade, e não teve dúvidas ao acolher a mim e aos meus cinco filhos em sua mansão de mármore rosa quando foi necessário – enquanto meu marido, meus irmãos e meu pai resolveram que a atitude mais correta para um bruxo honrado era se alistar nas linhas de defesa da Ordem e lutar até a morte pelo ideal no qual acreditavam. A mulher Molly Weasley se sentia fraca e covarde ao passar seus dias num oásis de mármore enquanto seu mundo caía em ruínas, seus amigos morriam e seus entes mais queridos corriam perigo, mas a mãe Molly Weasley não podia estar mais satisfeita em outro lugar do que estava ali, com seus filhos sob suas vistas e disposta a dar a vida para evitar que qualquer coisa abalasse a inocente felicidade deles. Mas então eu descobri que estava grávida de Ron, e tudo mudou.
Fazia pouco mais de três semanas que estávamos na casa de tia Muriel quando descobri minha gravidez. Dessa vez, não houve enjôos, mal estares ou quaisquer sintomas que me fizessem desconfiar que eu estava grávida: apenas a certeza, na manhã de uma quarta-feira ensolarada de agosto de que havia uma nova vida sendo gerada dentro de mim. De início, me desesperei. Aquele era o pior momento possível para trazer uma nova vida ao mundo. Mas não demorou muito para que o desespero se transformasse numa placidez como jamais havia sentido antes, e que fez com que eu tivesse certeza da atitude que devia tomar: deixar meus filhos sob os cuidados de minha tia e partir para me juntar definitivamente à Ordem, como uma combatente ativa, e não apenas como uma simpatizante sem ações. Não contei a ninguém que estava grávida, pois sabia que se o fizesse ninguém concordaria que eu deixasse a segurança da mansão Weasley para apoiar uma causa que muitos acreditavam ser perdida. Poucos dias depois de me dar conta do que estava acontecendo, despedi-me dos pequenos com beijos e o coração apertado, e parti, junto com aquele filho que só eu sabia que existia, para lutar e dar tudo de mim para que ele nascesse e crescesse em um mundo sem guerra.
Minha chegada ao quartel-general da Ordem foi bem recebida. Poucos dias antes, havíamos perdido cinco membros em uma emboscada dos Comensais, e a chegada de uma nova combatente que – modéstia à parte – conseguiria não apenas dar conta de alguns Comensais, mas também fazer as melhores poções curativas que a Ordem poderia precisar deu um novo ânimo aos membros que ainda estavam na luta. Arthur não tentou me fazer mudar de idéia quando eu aparatei no meio de uma reunião: sua parte marido me conhecia bem demais para tentar me convencer a voltar para junto de nossos filhos, e sua parte combatente sabia que minhas habilidades mágicas eram necessárias naquele momento. Depois de um abraço, ele me apresentou aos membros que eu não conhecia, pediu a autorização de Dumbledore para que eu me alistasse à Ordem e me explicou da melhor maneira que pôde as ações que eles estavam colocando em prática e qual poderia ser minha utilidade nelas.
Pouco a pouco, eu fui me integrando à realidade do quartel-general, e passei a ser útil. Minhas poções e feitiços de cura eram eficientes contra a maior parte dos ferimentos que os membros da Ordem pudessem sofrer, e eu me transformei numa espécie de enfermeira-chefe da Ordem. Minha gravidez prosseguia aos poucos e sem preocupações. Eu conversava com meu filhinho enquanto preparava as minhas poções, tricotava seu enxoval enquanto os outros membros estavam fora e, nas noites em que passava sozinha no quartel-general, contava para ele todas as histórias que um dia minha mãe me havia contado enquanto acariciava meu ventre antes de dormir. Não me espantava notar que nenhum dos membros da Ordem, inclusive meu marido, houvesse sequer desconfiado que eu estava grávida; cada um de nós estava tão envolvido com suas próprias atividades que era difícil que alguém reparasse nas mudanças que iam acontecendo no corpo de uma mulher grávida. Eu tinha recém-entrado no oitavo mês de gestação quando descobri que minha gravidez não estava passando tão despercebida quanto eu imaginava. Jamais me passou pela cabeça que Dumbledore soubesse de minha gravidez até o dia em que ele me chamou ao seu escritório para me comunicar que meus dois irmãos, Gideon e Fabiano, haviam padecido numa luta com os Comensais. Ao ver meu estado de desespero ao receber essa notícia, ele se levantou de sua enorme cadeira de veludo vermelho e me envolveu em seus braços como se eu fosse novamente a sua aluna preferida, e não uma mulher casada, mãe de família.
- Molly, querida, eu sinto muito. Seus irmãos eram dois de nossos mais valorosos membros. Eles morreram lutando, e levaram junto com eles oito Comensais. – Dumbledore disse baixinho, com as mãos ao redor dos meus ombros. – Mas há uma coisa que você precisa saber, minha cara... A jovem Sibila Trelawney me procurou há alguns dias, e em um de seus delírios proféticos me informou que, bem, que a única pessoa capaz de acabar com Voldemort é um bebê, filho de pais membros da Ordem, que nascerá nesse ano. A profecia diz que o bebê nascerá um julho, mas profecias podem ser muito imprecisas, e dadas as suas condições, eu preciso saber se...
Eu arregalei os olhos e levei as mãos ao ventre enquanto sentia o sangue se esvair de minhas faces:
- O que? Professor, mas por que o senhor está me contando isso? Eu não estou...
- Ora, Molly. Eu sabia que você estava grávida no dia em que você chegou ao quartel-general, querida. Entendo que você não queira contar para os outros, e eu também não contarei. Mesmo assim, me sinto responsável. Você provou ser um membro de valor para a Ordem e tem o direito de ser informada dos riscos que corre, especialmente depois de perder duas pessoas que amava. Você deve estar consciente de tudo o que se passa, antes de decidir se está disposta a perder mais alguém, antes de decidir permanecer lutando ou não. A escolha é sua, querida Molly. – ele disse, com sua voz suave e seus olhos bondosos.
Eu sabia que Dumbledore estava certo. Não queria partir, mas a prerrogativa de que ficar pudesse fazer com que meu filho que sequer havia nascido tivesse um futuro negro congelava meu coração – afinal, o desejo de um futuro seguro e feliz para os meus filhos tinha sido minha principal razão para me juntar definitivamente à Ordem, mas se ficar nela fosse causar mal a qualquer um deles, eu preferia desistir. Naquela mesma noite, procurei Arhur e contei-lhe da minha já adiantava gravidez, fiz minhas malas e retornei para a segurança cálida da casa de tia Muriel.
Pouco menos de um mês depois, na tarde azulada e morna do dia 1 de março de 1980, Ronald Bilius Weasley nasceu. Era um rapazinho forte, com olhos azul claro e o cabelo tão vermelho quanto o de todos os seus irmãos. Fiquei imensamente feliz ao segurá-lo em meus braços: havíamos passado por tantas coisas juntos que eu me sentia conectada a ele como nunca me senti a nenhum dos meus outros recém-nascidos. Arthur compareceu alguns dias depois de seu nascimento para conhecer o filho. "É um milagre, Molly", ele me disse com o peito estufado de orgulho paterno, enquanto o pequeno bebê em seus braços chupava seu dedo mindinho, "que em meio a todo esse caos uma vida nova se inicie. É um milagre, e nos traz esperança para continuarmos a lutar pelo que acreditamos.". Eu sorri e guardei em meu coração a preocupação com o fato de que aquele bebê tão pequeno pudesse carregar em seus ombros o peso do futuro da bruxandade.
Os meses que se passaram foram de desespero para os bruxos. Os Comensais estavam cada vez mais cruéis, matavam todo e qualquer bruxo que cruzasse seus caminhos com requintes de maldade, e o Lorde das Trevas parecia obcecado em destruir todos os bebês que encontrava pela frente. Ele chegou ao cúmulo de atacar uma maternidade trouxa, fazendo-a explodir em uma bola de fogo, levando consigo dezenas de vidas inocentes. Eu temia pelos meus filhos, pelo meu marido e pelos meus amigos. Permanecia enclausurada na casa de tia Muriel com os pequenos, atenta a qualquer anormalidade que pudesse acontecer, mas a vida dentro da mansão protegida por um Feitiço Fidelius cujo fiel era o próprio Dumbledore permanecia calma e plácida.
Ron era um garoto esperto e trapalhão: com menos de um ano, já sabia usar o peniquinho e destruir as louças chinesas da tia com o mesmo talento. Foi pouco depois de ele dizer suas primeiras palavras ["mama", "papa" e "quebou"] que a notícia da queda de Voldemort chegou até nós: aparentemente, o bebê da profecia de Sibila Trelawney era o pequeno Harry Potter, e o bruxo havia matado seus pais e tentado matar o bebê, mas algo virou-se contra ele e o destruiu. A alegria por saber que Aquele-que-não-deve-ser-nomeado havia sido destruído juntou-se ao alívio por descobrir que o meu pequeno Ron não era o alvo da profecia, e eu não poderia estar mais satisfeita. Entretanto, não pude deixar de lamentar por James e Lily, bruxos corajosos e talentosos que eu havia conhecido durante meu tempo na Ordem, e muito mais pelo pequeno Harry, que havia perdido seus pais tão cedo e de maneira tão brutal. Mais do que um simples lamento, o que meu coração meu coração sentia pelo herdeiro dos Potter era uma profunda gratidão: o fato de ele ter sido O Escolhido aliviava, de certa forma, o peso que durante tantos meses eu havia temido que pudesse ser o fardo do meu bebê.
Depois disso, a vida voltou ao normal. Arthur, eu e nossos filhos nos mudamos para uma pequena propriedade que meu marido havia herdado quando do falecimento de seu pai, e resolvemos chamá-la de A Toca. Era um local adorável: a casa, apesar de pequena, era aconchegante, com jardins imensos, um lago, um pomar e até mesmo um pequeno campo campo de quadribol para a diversão dos pequenos. Ron, já com quase dois anos, não sossegou até que seu pai transfigurasse as paredes azuis de seu quarto num laranja berrante, que, ao longo dos anos, ele foi cobrindo com pôsteres e mais pôsteres de seu time de quadribol preferido, os Chudley Cannons. Eu e meu filho mais jovem éramos muito ligados: ele estava junto de mim em todos os lugares, tagarelando a respeito de cada uma de suas descobertas e se esquivando de toda e qualquer tarefa doméstica que eu designava para ele. Ele só deixava a minha companhia nos domingos à tarde, quando Arthur o levava para seu barracão de "ferramentas" [onde, obviamente, eu sabia que ele colecionava toda e qualquer geringonça trouxa que chegasse às suas mãos] e pai e filho passavam horas desvendando os segredos dos motores movidos a combustível e das lâmpadas que se acendiam com eletricidade.
O pequeno Ron era um aficcionado por quadribol: juntava todas as suas raras economias para comprar pôsteres de seus jogadores preferidos, acompanhava as ligas de quadribol dos vários países ao redor do mundo e obrigava os irmãos mais velhos a relatarem cada uma das partidas de quadribol que haviam acontecido em Hogwarts quando eles retornavam para casa no final do ano letivo. Até mesmo o desenvolvimento de suas habilidades mágicas esteve ligado ao esporte preferido dos bruxos: aos quatro anos, arrancou a cabeça de sete bonecas de Gina e sabe-se lá como conseguiu fazer com que cabeças e corpos flutuassem dois palmos acima do chão, imitando uma formação de ataque enquanto sua irmã menor, em prantos, tentava recuperar os brinquedos.
Uma coisa que sempre estranhei em Ron foi a natureza das relações que ele mantinha com seus irmãos. Todos os meus outros filhos mantinham entre si relações de amizade admiráveis, mesmo quando se levava em conta seus laços sanguíneos: Gui e Carlinhos eram inseparáveis tanto quando crianças e continuaram assim mesmo depois de se formarem em Hogwarts; Percy estava sempre preso à barra das vestes de seus irmãos mais velhos e considerava a opinião deles incontestável; Fred e Jorge eram tão próximos que agiam como um só; Gina, sendo a única menina, era mimada e superprotegida pelos irmãos, e sempre que precisava encontrava apoio na força de seus irmãos mais velhos. Era dolorosamente interessante observar que Ron era diferente. Apesar de admirar a inteligência de Gui e o sarcasmo dos gêmeos, de louvar o desempenho em quadribol de Carlinhos e a perseverança de Percy quando se tratava de estudar Transfiguração Avançada nas férias, de cuidar de Gina com carinho e protegê-la sempre que era necessário, ele nunca desenvolveu laços de amizade com os irmãos tão fortes quanto os que eles mantinham entre si. Gostava de brincar sozinho, não ficava atrás dos irmãos quando eles voltavam de Hogwarts para passar as férias em casa e, nas poucas vezes em que foi brincar na casa de algum amiguinho, voltou dizendo que não gostava de outras crianças e não iria mais à casa de ninguém. Muitas vezes, eu achei que isso talvez fosse culpa minha; acreditava que a proximidade que eu mantinha com meu filho mais novo talvez fizesse com que seus irmãos se afastassem dele, e o fato de eu mimá-lo velada, mas constentemente, dificultava sua integração com as outras crianças. Demorou anos para eu perceber que o melhor amigo de Ron não era nenhum de seus familiares simplesmente pelo fato de que o destino havia reservado esse posto para alguém que, embora não tivesse o mesmo sangue dos Weasley, acabaria se tornando tão irmão de Ron e tão parte de nossa família quanto qualquer um dos filhos que nasceram de mim eram.
Talvez por ter sido durante anos um solitário entre tantos irmãos, talvez pela cumplicidade dos momentos que passamos juntos e sozinhos durante minha passagem pela Ordem da Fênix, a posição de filho mais mimado por mim sempre foi impreterivelmente de Ron. Mesmo Gina, duplamente protegida e privilegiada por suas posições de caçula e única menina da família, em momento algum teve as mesmas regalias que seu irmão teve durante toda a sua vida. Na hora de escolher o prato principal do almoço de domingo, eu sempre preferia fazer o de Ron. Quando dividia as tarefas domésticas na limpeza das férias de verão, as mais simples sempre eram para Ron. Apesar de nossas condições financeiras muitas vezes complicada, sempre fiz tudo o que estava ao meu alcance para que ele tivesse sempre tudo o que queria. Talvez ele nunca tenha percebido isso. Talvez o fato de eu tantas vezes ter esquecido que ele prefere sanduíches de atum aos de carne enlatada fizessem-no pensar que eu o amei menos do que aos meus outros filhos. Talvez jamais tenha passado pela cabeça de Ron que ele sempre foi o filho mais querido ao meu coração, o mais próximo da minha alma. Talvez tenha sido melhor assim.
No ano de seu décimo primeiro aniversário, Ron estava em polvorosa. Ele nunca havia dado muita importância ao fato de que um dia iria para Hogwarts, mas depois de ter recebido a carta, revelou-se animado por finalmente ter chegado sua vez de partir para a escola, e não parava de falar sobre as partidas de quadribol que jogaria, as vassouras que pilotaria e os feitiços que aprenderia. A proximidade da data em que ele finalmente passaria a freqüentar a escola para a qual vira seus irmãos indo, ano após anos, durante toda a sua vida, causou uma transformação no menino que, apesar de profunda, apenas os olhos bem treinados de uma mãe amorosa conseguiam enxergar: de repente, o garoto que sempre gostara de brincar sozinho e nunca se dera ao trabalho de estabelecer laços muito profundos de amizade com ninguém parecia desesperado para ter um amigo. Ron não precisou confessar para que eu soubesse que, ao contrário de Percy, que temia não ser um bruxinho bom o suficiente quando fosse para Hogwarts, ou de Carlinhos, que não queria ficar sob a sombra do brilhantismo do irmão mais velho, o maior medo de Ron era continuar sendo tão solitário na escola quanto sempre havia sido fora dela. Nos meses que antecederam a sua primeira partida para o castelo, eu constantemente o flagrava treinando sozinho apresentações aos novos amigos que faria, inventando diálogos nos quais parecesse inteligente e interessante para os outros garotos, e mesmo ensaiando na frente do espelho poses que o fizessem parecer confiante e moderno. Eu queria conversar com ele, dizer-lhe que ele não precisava tentar parecer outra pessoa para impressionar os outros, que os amigos viriam naturalmente ao longo de sua vida, mas conhecia-o bem o suficiente para saber que era tímido demais para assumir seus medos para mim, e orgulhoso demais para que o fato de eu saber o que se passava com ele não o magoasse.
Quando o dia primeiro de setembro finalmente chegou, Ron estava animado como jamais havia estado antes. Corria de um lado para outro da casa em busca de objetos que havia esquecido de colocar no malão, prometia a uma chorosa Gina que lhe escreveria sempre que possível e tentava se esquivar das provocações dos irmãos mais velhos atirando-lhes almofadas, canetas e até mesmo seu rato, Perebas, depois de uma zombaria de Fred e Jorge sobre o fato de que talvez tivessem chamado Ron para treiná-lo na Escola de Abortos que o zelador Filch comandava. Quando chegamos a King's Cross, em meio a uma consufão de filhos gritando, corujas piando e trouxas observando, encontrei tempo para ajudar um garotinho magrelo, com cabelos negros e incríveis olhos verdes, a encontrar o caminho para a Plataforma 9 ¾. Os olhos de Ron brilharam quando ele viu a grande locomotiva vermelha que o levaria para Hogwarts, e eu não pude deixar de sorrir para mim mesma, feliz por ver o contentamento e a curiosidade estampados nos olhos de meu filho mais novo. Quando o trem apitou pela última vez, anunciando sua partida, despedi-me de Ron e de meus outros filhos com beijos apressado, dado meio à força - meninos odeiam demonstrações públicas de afeto. A confusão era tanta que eu mal prestei atenção quando Fred e Jorge me contaram que o garoto que há pouco havíamos ajudado a chegar até a Plataforma 9 ¾ era o famoso Harry Potter, e que ele e Ron estavam na mesma cabine. Meu coração perdeu um compasso quando ouvi o nome do garoto, e, de repente, todo o temor que havia sentido pela vida de Ron e toda a gratidão que senti pelo pequeno Potter quando ele, ainda bebê, derrotou o Lorde das Trevas voltaram à minha memória num flash. O grande trem começou a se mover enquanto meu coração se enchia de dó e gratidão pela criança órfã, e, antes da locomotiva vermelha sumir na primeira curva da estrada, eu disse baixinho, observando-a se afastar, levando dentro de si seis de meus filhos e o grande pequeno herói do mundo bruxo: "Até mais, filhos queridos. Até mais, Ron. Cuide de seu novo amigo. Ele salvou a sua vida antes mesmo de vocês nascerem.".
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