ESPANCAMENTO



Gina correu pelos corredores escuros em zigue-zague sem saber exatamente para onde ia. A única coisa da qual tinha certeza era que precisava ficar longe de Draco Malfoy. Sentia seu sangue ferver e seus olhos encherem-se de lágrimas. Enquanto corria sentia-se ridícula, tola, enganada. Como pôde? Perguntava-se enquanto sentia seu sangue bombear por suas veias como se fosse ácido, queimando-lhe por dentro. Foi então que sentiu algo quente escorrer pelo seu rosto. Passou a mão levemente e olhou para a ponta dos dedos. Sangue. Correu para o quarto sentindo o desespero cada vez maior. Colocou a ponta da varinha na porta e entrou cambaleante no banheiro. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, mas não foi isso que a chocou. Estava chorando sangue. Ouviu um risinho abafado vindo de trás da cortina do chuveiro. Pé ante pé se aproximou e a última coisa que viu foi uma luz vermelha em sua direção.




Três homens usando longas capas pretas com capuz conversavam baixinho enquanto uma menina ruiva permanecia desacordada no meio do imenso galpão. Ela estava sentada, cabeça tombada para a frente, mãos amarradas para trás, abraçando um imenso poste de madeira. Seu rosto estava sujo de terra e ela estava com o corpo cheio de hematomas.

Foi então que ela fez um pequeno movimento, e acordou. No primeiro momento sentiu sua cabeça rodar. Abriu os olhos lentamente e sentiu que o esquerdo estava fechado de tão inchado. Sem dúvida alguma, ela tinha apanhado muito enquanto estivera estuporada. O corpo inteiro estava dolorido e ela já sentia as mãos roxas e dormentes. Abriu a boca para gritar, mas só então viu os três homens a poucos metros de distância. Ela escutou apenas algumas palavras. “menina... segredo... mortos... Seth”

Ela os olhou por um longo momento com o intuito de lhes reconhecer, mas as capas e um olho completamente fechado não ajudaram em nada. Um dos homens fez um leve movimento, como se fosse se virar, e ela fechou os olhos no mesmo instante.

Foi então que sentiu uma fina lâmina invisível na altura da sua cintura, do lado esquerdo. Assim que a lâmina começou a lhe cortar a delicada pele, ela gritou. Os três homens vieram correndo com máscaras tampando os rostos e viram a mancha de sangue empapar a camiseta da garota. Gina urrava de dor, enquanto a lâmina deslizava por sua pele cirurgicamente. O fato de suas mãos estarem amarradas para trás faziam com que sua pele esticasse. Em um ato único e impensável de bondade, um dos homens soltou suas mãos. Ela gritou mais uma vez e o sangue começou a escorrer.
— Vocês acham que... – o homem olhava fixamente para o sangue - ... o livro?
— Por favor... – Gina gemeu baixinho, praticamente sem forças – me levem para o St. Mungus. Por favor...

Um homem alto e forte se abaixou e pegou Gina no colo. Ela gritou de dor e quando abriu os olhos estava sozinha na porta do hospital dos bruxos.



A Sra. e o Sr. Weasley chegaram apavorados ao hospital.
— Aonde está a minha filha?? – Molly perguntou desesperada à recepcionista. – Virgínia Weasley, em que quarto está?
— Quarto 519, mas o curandeiro responsável pelo caso, Tim Castle deseja conversar com os senhores antes. Só um momento por favor. – A recepcionista disse indicando algumas poltronas a poucos metros de distância.

Os dois foram se sentar, Molly torcendo nervosamente as mãos enquanto Arthur passava um lenço na testa a cada três segundos. Não demorou muito e o curandeiro Castle apareceu.
— Sr. e Sra. Weasley? – Os dois assentiram com a cabeça e ele indicou uma porta a direita. – Vamos conversar no meu consultório.

Um pouco contrariados e a contra-gosto, ambos entraram na sala e sentaram-se nas cadeiras, ficando de frente para o curandeiro.
— Sr. e Sra. Weasley – ele disse mais uma vez, mas desta vez naquele tom “cada um com os seus problemas” – em primeiro lugar quero dizer que nunca, em toda a minha vida, tinha visto um ferimento como aquele que a Srta. Weasley possui. E menos ainda como conseguiu sobreviver a ele. – A Sra. Weasley soltou um grito de pânico e o curandeiro tentou tranqüiliza-la. – Eu quero dizer, ela está bem e fora de perigo. Mas o que realmente quero conversar com os senhores é que fui obrigado a chamar a Agência Policial Bruxa para que a Srta. Weasley preste depoimento. – Arthur e Molly arregalaram o olho e ela soltou outro grito de pânico. O curandeiro os olhou penalizado – Os senhores estão conscientes de que a Srta. Weasley foi espancada e torturada – uma leve pausa – não estão?

Foi então que Molly soltou um grito de angústia e deixou as lágrimas rolarem pelo rosto. Arthur a abraçou com os olhos brilhantes fixos no curandeiro.
— Ela está realmente bem?
— Claro! – Ele respondeu se levantando. – O corte estará cicatrizado em poucos dias. O olho roxo vai sarar daqui poucas horas. As mãos devem melhorar daqui a pouco também e...
— Por favor! – Arthur o interrompeu bruscamente – Onde está a nossa filha?

O curandeiro os guiou até o quarto 519 e abriu a porta. Quando Molly entrou sentiu o grito e o choro entalarem na garganta. Arthur deixou as lágrimas rolarem livremente pelo rosto. Ele se aproximou da cama onde a filha dormia profundamente.
— Preferimos sedá-la. – O curandeiro disse em tom de desculpas. – Por causa das dores.

Nenhum dos dois lhe deu atenção. Foi então que Molly se jogou sobre o corpo da filha, abraçando-o ternamente.
— Gina, querida... Eu lhe pedi tanto, tanto, que não voltasse aquele lugar... – Ela olhou para Arthur com olhos desesperados – Quem fez isso com o nosso bebê? Eu quero saber quem fez isto com a nossa filha!
— Eu vou saber, Molly querida. Vou encontrar essa pessoa nem que seja a última coisa que eu faça na minha vida.



Dois homens conversavam com quatro garotos no campus da Escola de Bruxelas. Um dos homens tirou três sacos pequenos de dentro do bolso interno do casaco. Os jovens os pegaram e, sem dizerem uma palavra, saíram.

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