O SOFRIMENTO



Harry Potter andava de um lado para o outro no quarto. Seus pensamentos estavam confusos e ele não conseguia se concentrar em nada. Ele só conseguia pensar em Gina e no que tinha acontecido. Ela ir embora, dizer que estava apaixonada por outra pessoa. Uma lágrima doída escorreu pelo seu rosto e ele sentou na escrivaninha. Precisava desabafar, gritar, bater, qualquer coisa. Só não podia continuar com aquele sofrimento entalado na garganta. Gina tinha voltado para Bruxelas há poucas horas, mas nem conseguir voltar para o curso ele voltou. Apenas escreveu uma carta para o coordenador e pediu dispensa por alguns dias. Precisava pensar e colocar a cabeça no lugar. Era orgulhoso demais para procurá-la. Mas era apaixonado demais para esquecê-la.

Levantou-se novamente e andou inquieto de um lado para o outro dentro do quarto. Várias lágrimas inundaram seus olhos, ele tirou o óculos e o colocou em cima da mesa. Por fim, derrotado, deitou na cama e tirou uma caixa de sapato de uma das gavetas do criado mudo. Abriu a caixa e pegou um pegaminho amarelado.

“Tú de tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Lembre-se sempre disso. Amo você. Gina”

Ele olhou para o pergaminho, incrédulo, e enxugou as lágrimas. O que faria? O bilhete tinha sido escrito há pouco mais de dois anos. Ele lembrava-se muito bem de tudo o que tinha acontecido desde o começo. Deitou na cama, lutando contra as lágrimas que teimavam em lhe ocupar os olhos. Deixou as lembranças voltarem, uma a uma.


Harry esperava ansiosamente por esse dia. Afinal, era a sua formatura. E o mais importante: Era o dia que ele declararia todo o seu amor por Virgínia Weasley. Ele tinha se preparado para o grande dia. Levou para Hogwarts no começo do sétimo ano a tiara que seu pai tinha dado a sua mãe no baile de inverno quando se formaram. Aquela tiara simbolizava o amor que ele sentia por ela. Tinha que ser dada a alguém especial. E Harry sabia que Gina era essa mulher especial. Ele olhou para o relógio e viu que marcava quinze para as quatro. Tinha marcado com Gina de se encontrarem a tarde antes do baile. Ele queria lhe dar um presente e mesmo ela insistindo muito, ele não contou. Pegou uma caixinha preta e colocou-a no bolso da capa. Olhou para o espelho, tentou arrumar o cabelo (em vão) e desceu as escadas rumo ao Salão Comunal. Gina ainda não tinha aparecido quando Mione sentou do seu lado e o olhou séria.
— Vai encontrar com a Gina?
— Vou sim. – Ele respondeu sorrindo.
— Harry, tome cuidado com o que vai fazer. Quero dizer, não a faça sofrer, entende? Lembre-se que estamos nos formando. Ela vai continuar aqui. Não prometa nada que não poderá cumprir.
— Do que você está falando Mione?
— Você sabe. – Ela olhou para trás e viu Gina descer as escadas – Lembre-se do que te falei.

Gina se aproximou e deu um abraço apertado nos dois. Harry fez um aceno com a cabeça para Mione, que deixou os dois sozinhos. Ele passou o braço no ombro dela e a convidou para irem ao jardim. Conversaram sobre as perspectivas para o futuro, o que fariam dali para a frente. Harry tinha sido aprovado para ser auror, o que significava que passaria um longo período viajando. Ele preferiu não dizer nada a respeito. Chegaram em um banquinho e os dois se sentaram. Harry a olhou e sorriu, colocando a mão sobre a dela.
— Gina... – ele começou – Nos conhecemos há muito tempo. Muito mesmo. – Ele a olhou e ela sorria. Ele sentiu suas bochechas corarem. – O que eu quero dizer é que passamos por muitas coisas nesses últimos anos. Coisas que me fizeram ver o quanto você é importante para mim. – Ele colocou a mão no bolso da capa e apertou a caixa preta. – No baile de formatura dos meus pais... O meu pai, deu isso a minha mãe – Ele tirou a caixa preta de dentro do bolso e estendeu a ela – E eu queria muito que você também a usasse.
As mãos de Gina tremiam um pouco quando ela pegou a caixa. Harry a olhou nos olhos e, por um segundo, pode jurar que estavam levemente molhados. Ela abriu a caixa lentamente e colocou uma das mãos no peito.
— Harry... é absolutamente linda! – Exclamou.
— Somente as pessoas especiais podem usar essa tiara. – Ele disse sorrindo. – E você é uma pessoa muito especial. Vai usar?
— Claro! – Ela respondeu sorrindo - Sem dúvida!
— Gina... – Ele sentiu um nó na garganta. Queria dizer o quanto a amava e o quanto queria ficar perto dela para sempre. Mas não conseguia. As palavras de Hermione ressoavam na cabeça dele. Gina o olhou sorrindo e ele apenas sussurrou – Não é nada. Você precisa voltar? Quero dizer, para se arrumar...
— Preciso! – ela disse se levantando imediatamente – Prometi a Mione que voltaria rápido.
— Ok então. Eu vou ficar um pouco aqui no jardim. Te vejo a noite. – Ele segurou a mão dela e a apertou levemente. – Até mais.

Harry ficou olhando para trás até vê-la sumir no portão do castelo. Quando Harry a olhava tinha certeza que Gina não andava: Ela flutuava. Ele olhou para os lados sem saber o que fazer. As palavras de Hermione não o deixavam em paz. A última coisa no mundo que ele queria era fazer sua querida Gina sofrer. Mas ele não podia deixar seu sonho de ser auror de lado. Ele não podia escolher entre um ou outro. Enquanto não soubesse ao certo o que faria, preferiu não dizer nada sobre viagens ou treinamentos. A única coisa que desejava era aproveitar a companhia da pessoa amada o máximo possível. E era isso que ele ia fazer a noite.

Quando Harry entrou no salão principal viu Gina, Hermione e Rony conversando. Ela estava absolutamente fabulosa. Ele sentiu seu coração bater acelerado. Suas pernas ficaram bambas. Ele sorriu e caminhou decidido até ela.
— Harry! – Ela exclamou, feliz em vê-lo.
— Vamos dançar?
— Claro!

Ele a levou para o centro da pista e a enlaçou com os braços. A música lenta e o jogo de luzes faziam com que o momento fosse perfeito. Gina encostou a cabeça delicadamente no peito do rapaz. Ela usava a tiara.
— Você está usando a tiara que eu lhe dei hoje a tarde.
— Claro que sim... – Ela respondeu tímida.
— Ficou linda em você, assim como imagino que tenha ficado na minha mãe. – Ele sorriu daquele jeito manso e ela o encarou nos olhos. Em seguida encostou a cabeça novamente no peito dele e ele a abraçou apertado.

Depois de três músicas que tocaram e um piscar de olhos Harry a olhou no fundo dos olhos novamente e sem dizer uma palavra a beijou. Ele sentiu suas pernas tremerem e o coração bater acelerado. Seu pensamento ficou vago e a única coisa que ele quis naquele momento era sentir. E a sensação era maravilhosa. Ele a beijou várias vezes e eles resolveram sair da pista. Foram para o jardim e apreciaram a vista. Ele enlaçou sua mão na dela e eles pareciam feitos um para o outro. Naquele momento ele soube que ela era sua única paixão. Eterna. Mas ele ia embora. Não podia fazê-la sofrer em hipótese alguma.



Harry chorou tudo o que tinha para chorar. Será que ela não entendia que ele tinha feito tudo aquilo pensando apenas nela? Nela e em mais ninguém? Que ele não tinha assumido o namoro com medo de fazê-la sofrer mais tarde. Que ele tinha feito todas aquelas coisas desejando apenas que ela se desvinculasse, para que a dor da perda fosse menor depois. Isso não podia acontecer. Ela não podia simplismente deixá-lo de lado, como se ele fosse uma pessoa qualquer. E todo o amor? E tudo o que sentiram um pelo outro? Ele tinha sido um estúpido, mas era tudo por amor.

Agindo por impulso pegou uma pena e um pergaminho. Olhou a foto de Gina na cabeceira da cama e sentiu o coração dar um nó.

Gina,

Existem pessoas que passam por nossas vidas e são inesquecíveis. É como aquele texto: Cada pessoa é única, leva um pouco da gente e deixa um pouco de si. E quando a pessoa vai embora e não volta mais fica a saudade, que dilacera o coração e a alma. Mas os dias vão passando e a correria cotidiana nos faz esquecer aos poucos aqueles que tanto amamos. As vezes acordamos com a pessoa na cabeça, pensamos nela o dia inteiro, e em seguida passamos dois dias sem sequer lembrar das coisas que aconteceram. Mas e quando a saudade te sufoca e o coração te aflige? E quando você tenta montar o seu futuro relembrando o passado, esquecendo as partes ruins e lembra apenas as boas, idealizando uma situação que, de ideal, não teve nada? O que fazer? É fácil dizer apenas “continue”. Porque nada é assim tão simples. Se as pessoas são lembradas com tanto carinho é porque tiveram e têm um papel fundamental na sua vida. Você tem um papel fundamental na minha vida. É a pessoa que eu amo. E não vou deixar você escapar assim tão facilmente. Você vai ver que eu mudei. E que eu te amo.
Harry.

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