PRÓLOGO
O sol estava nascendo quando Virgínia Weasley acordou. Depois de uma longa e inquieta noite tudo o que ela queria era levantar e dar uma caminhada pelas ruas desertas de Londres. Ao chegar no banheiro ajeitou o cabelo com os dedos e escovou os dentes. Ficou impressionada ao constatar que estava péssima: suas olheiras revelavam que há noites ela não dormia bem e no seu rosto fino transparecia que não comia direito há meses.
Chegou na porta do prédio e respirou fundo enquanto apertava mais o casaco de encontro ao corpo. Estava extremamente frio, mas isso não parecia fazer muita importância. Entre a direita e a esquerda ela ficou com a segunda opção, e com passos largos e compassados foi-se embora concentrada em seus próprios pensamentos.
Depois de uma longa caminhada que lhe rendeu fortes dores nos joelhos ela retornou ao apartamento. Logo que colocou a chave na porta soube que algo estava diferente e quando a abriu encontrou várias sacolas com compras de supermercado sobre a mesa.
— Quem está aí? – Perguntou enquanto entrava e tirava o grosso casaco. – Oi!
— Oi amor! – O garoto vinha do quarto sorrindo feliz e a abraçou apertado – Onde você estava?
— Dando uma volta... – Ela o beijou nos lábios – Você não me avisou que vinha.
— Mas eu também não sabia que vinha. Ontem a noite o Spacey me liberou e eu resolvi vim te ver. – ele a abraçou novamente – Eu estava morrendo de saudades de você.
Ela o olhou séria durante alguns segundos, mas logo se desmanchou em um imenso sorriso.
— Eu também estava com saudades de você. – Disse enquanto o abraçava apertado novamente.
— Você não está com uma cara muito boa Gin. O que aconteceu?
— Nada de mais – ela disse dando os ombros - apenas cansaço.
— Ô pequena... – ele a abraçou tão apertado que ela pensou que fosse morrer sufocada - Eu vou cuidar de você ok? Não sei quantos dias vou poder ficar dessa vez, mas prometo que vou ficar o máximo possível!
— Eu sei amor... – ela foi até o sofá levando ele pela mão e os dois sentaram – você sabe o quanto eu gosto de ser bajulada por você.
— E você sabe o quanto eu gosto de fazê-lo. – ele passou a mão no rosto dela. – Agora vou fazer um café da manhã caprichadíssimo para nós dois. – disse enquanto se levantava e andava até as sacolas com compras. – Eu estou morrendo de fome!
Enquanto ele arrumava todo o café da manhã Gina deitou no sofá e sentiu o cansaço tomar conta até da ponta dos seus dedos. "Eu não posso dormir" pensou, mas já era tarde demais. Seus olhos já estavam fechados e seu consciente quase não respondia mais.
Gina corria desesperada sem saber para onde ou porquê. O corredor era comprido, escuro e cercado por portas de vários tamanhos e cores. Tudo que ela usava era uma camisola branca e o vento soprava tão gelado que cortava seu rosto e o sangue congelava em poucos segundos. Logo seus joelhos estavam tão roxos e doídos que ela não tinha mais como andar. Sabia que se ficasse ali nunca mais descansaria, mas seu corpo inteiro palpitava e pedia um momento de paz.
Foi então que o homem mais desprezível do mundo bruxo apareceu sorrindo cinicamente. Lucio Malfoy usava uma roupa preta com detalhes prateados e o seu cabelo loiro balançava como se uma eterna brisa pairasse sobre ele.
— Isso não vai doer nada Weasley. – Disse com um tom debochado enquanto tirava uma faca prateada cravejada de pedras pretas da bainha da calça. Sua lâmina reluzia mesmo sem luz alguma no ambiente e Gina imediatamente compreendeu o quão perigosa era.
.
— Por que está fazendo isso comigo? – Ela perguntou beirando as lágrimas. – Será que não vê que eu estou morrendo há muito tempo?
— Exatamente por isso estou aqui. – o homem agachou perto dela e tocou levemente sua mão, fazendo uma onda de calor se espalhar pelo corpo gelado da garota. – Você está sofrendo Weasley, será que não percebe? E eu estou aqui exatamente para aproveitar essa situação.
— Eu quero viver. – Uma lágrima doída escorreu pelo seu rosto – O que está acontecendo?
— Você foi longe demais, mais do que sequer ousou imaginar e agora precisa pagar o preço. – ele disse enquanto se levantava e segurava a maçaneta de uma porta amarela - Está condenada para sempre, e sabe disso. – O homem abriu a porta e a olhou friamente – Eu vou voltar Virgínia Weasley.
Gina continuou sentada no mesmo lugar enquanto o observava sumir atrás da porta. Levantou-se e deu alguns passos, mas sentiu que alguém a segurava pelos cabelos.
Não deu para pensar em mais nada além do quanto a lâmina da faca reluzia enquanto cortava sua garganta.
— Gina! Gina! – Ela estava embolada em um canto do sofá, chorando copiosamente. – Acorda meu amor,... acorda,... eu estou aqui, o que está acontecendo?
Gina abriu os olhos molhados e como uma aranha encurralada saltou para trás no sofá. Só então se deu conta de que estava em casa e o rosto conhecido a olhava com olhos transbordando de amor e preocupação. Ela se atirou sobre ele em meio a lágrimas e soluços e o abraçou apertado.
— Eu não quero mais dormir, eu não quero mais sonhar!
— O que está acontecendo Gin?! Por favor, conte-me o que aconteceu!
— Tem alguma coisa errada comigo... – disse enquanto se afastava dos braços do amado e o olhava nos olhos. – Eu não sei o que é, está na minha cabeça, tenho tido o mesmo sonho todas as noites,... é sempre o mesmo sonho.
— E o que acontece nesse sonho? - Gina olhou para ele e sorriu de uma maneira cínica e particularmente conformada. Ele a abraçou novamente e quando se separou percebeu que um filete de sangue escorria pelo pescoço dela. – Gina, você está sangrando.
— Exatamente como no meu sonho. – Ela o olhou novamente com os olhos fundos e vidrados. – Eu vou morrer assassinada. E o autor do crime, meu grande amor, será o seu pai.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!