Capítulo 2
Petúnia teve um ótimo dia. Fofocou bastante ao telefone e passou o dia inteiro arrumando a casa para a Ceia de Natal. A árvore enfeitada, a mesa posta na melhor porcelana da casa. Apenas lamentava o tempo frio, pois não poderia abrir as janelas para expor sua belíssima e enfeitadíssima sala. Mas não ficaria chateada, tiraria muitas fotos para mostrar aos vizinhos o próximo mês inteiro.
Saiu da cozinha e foi para o quarto terminar de se arrumar. O vestido verde estava magnífico, combinando com seus cabelos loiros e o colar de pedras vermelhas para o tema natalino. Petúnia olhava-se no espelho, sua imagem refletida. Quanto tempo havia passado desde seu ultimo Natal com Lily!
"Por que estou pensando nela agora?" perguntou-se "Não é como se eu estivesse sentido falta dela.”
Petúnia tentou afastar esses pensamento, mas não conseguiu. Teria alguma coisa a ver com o sobrinho não morar mais naquela casa? Ela lembrava como fora quando Harry chegara. Uma semana pensando na irmã. Por vezes ódio, outras raiva, rancor. Por sua irmã a ter deixado, por ter partido para um lugar estranho, um lugar além da compreensão de Petúnia. O fato era que Petúnia se sentia abandonada pela irmã. Ela crescia em direção a novos horizontes, horizontes que a mais velha não tinha o menor controle.
Quando Harry veio com a notícia de que Lily havia morrido, Petúnia não sabia o que sentir. Indiferença? Impossível! Não quando o sobrinho, a marca viva e sólida de que a irmã existira, estava ali, morando com ela. Felicidade? Não. Por mais que houvesse um atrito entre as duas, Petúnia não podia negar, pelo menos a si mesma, que se importava com a irmã. De fato, era Lily quem ligava para sua casa, quem enviava correspondências, pedindo que se encontrassem. Mas Petúnia não poderia jamais ignorar o fato de que o mundo de sua irmã era completamente desconhecido para ela. A própria Lily se transformara em uma incógnita. Aquele marido dela, quem seria ele? Petúnia não falava com a irmã por vários motivos, e um deles era o medo. Mas ela sempre estava lá, pedindo, convidando-a a ver seu mundo, sua casa, sua família. Petúnia achara que ela estaria sempre lá, para um dia, quando Petúnia criasse coragem, as duas poderem conversar. Como antes. Quando Lily morreu, apagara-se a luzinha que Petúnia alimentava, a luzinha que dizia que ela voltaria a falar com a irmã.
Harry se tornou a presença constante de sua mãe em casa. Petúnia não podia esquecer nem deixar de sentir raiva pelo menino. Ele, que trazia a lembraça de Lily estampada, não apenas nos olhos, mas também nos gesto e atitudes. Quem conhecia o Potter lembrava dele ao ver Harry. Mas para Petúnia, que viveu com Lily, era muito mais marcante o que a mãe deixou ao filho.
Uma batida de porta tirou-a de seus pensamentos. Era Válter que chegava do trabalho. Petúnia desceu as escadas para encontrar o marido que falava com o filho, Duda.
-Feliz Natal a todos! - Válter abriu um enorme sorriso por trás de seu enorme bigode.
-Feliz Natal, querido. Guida não vinha com você?
-Não, ela disse que teve um problema com os cachorros. Parece que alguns ficaram doentes, e Guida se recusa a deixá-los no Natal - disse Válter enquanto Petúnia tinha uma expressão de alívo pelas costas do marido.
-E aí Dudão, como foi seu dia? Saiu com algum dos seus amigos?
-Não. Pai, o Harry me disse que ia falar com você para comemorarmos o Natal juntos. Ele não ligou ou disse alguma coisa - perguntou Duda, com a melhor cara de intrigado que pôde.
-Er, bem... Ora Duda, faz anos que comemoramos o Natal sem ele. Por que ele iria vir este ano? - Válter evitou responder a pergunta. Não queria que seu filho soubesse que o primo ligara, sabia que ele iria dizer sobre "nossa obrigação de mantermos contato depois de tudo que eles fizeram por nós" e um monte de outras asneras assim.
-Mas pai, ele disse...
-Dudinha querido, vamos logo jantar - falou Petúnia, para encerrar o assunto.
A família jantou parfeitamente. Tudo estava maravilhoso, exceto por um estranho vento que corria pela casa, apesar de todas as janelas fechadas...
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