chapter two
She & Him
chapter two
Dorcas Meadowes, Casa dos Holbrooke, Notting Hill – Londres, 07:17
Eu acordei no dia seguinte sem ter dormido muito, na verdade. Não que o fuso tenha me impedido, ou algo assim, mas porque a ansiedade estava brava, mas tão brava, que eu podia sentir os dedos dos meus pés formigando. Mesmo que isso não tivesse nenhuma ligação direta.
Levantei e fui ao banheiro tomar aquele banho para abaixar o nível de estresse e ainda dar uma refrescada na cabeça. Na verdade, a essa hora, eu deveria estar dormindo em Everwood, já que seriam meia noite. Nossa, que tenso. Enfim, peguei a toalha e me enrolei, assim que tinha terminado de tomar banho (óbvio).
Peguei minha saia preta e cintura alta, uma podrinha branca de mangas curtas e decote em V. Calcei meus Louboutins que eu ganhei de Natal de mim mesma, afinal, eu trabalhava feito uma mula naquele jornal de fundo de garagem por quê? Não que trabalhar naquele... jornal, acrescentasse alguma coisa para a minha carreira. É o tipo de lugar que você tem vergonha de por nas suas experiências no currículo, então eu prefiro ficar com o meu currículo em branco, a sujá-lo com o nome daquele... lugar.
Enfim, coloquei meus scarpins Loubotin pretos, e peguei a minha LV Speedy (a Louis Vuitton que “todo mundo” tem, sabe?) e joguei tudo o que eu ia precisar lá dentro. IPhone, suporte de crachá, espelhinho da Marc Jacobs, que eu ganhei numa das Fashion Weeks em NY que eu fui, um moleskin, algumas canetas e um lipbalm. E pronto, estava me sentindo a própria editora chefe da Vogue agora.
Fui ao banheiro, sequei o meu cabelo normalmente, e fiz uma maquiagem super levezinha, só para esconder a maldita espinha que tinha surgido no meu nariz de ontem para hoje, depois de passar um secante, claro.
Logo após de arrumar a minha cama, porque ninguém merece viver num muquifo. Desci para tomar café da manhã. O dia aqui na casa da tia Lizzie começava cedo, porque os meninos tinha aula às 07:50, então nada de dormir até tarde, ainda mais porque eles estavam no começo do segundo semestre, e se eu bem conheço Nate, ele vai precisar estudar muito para passar do último ano.
Assim que cheguei à cozinha, a tia Lizzie já estava colocando meu café para mim.
- Bom dia! – eu falei animadamente.
- Bom dia, Dorquinhas. Senta, o café vai esfriar. – ela disse me observando em pé ao lado da mesa.
Nate me encarava de cima a baixo. OMG! Emagreci uns cinco quilos nessa secada. Não pude deixar de corar, já que eu estava me sentia nua. Ele estava totalmente me despindo com o olhar.
Sentei, ainda envergonhada. Qual é, eu não tinha ficado tão gostosa assim, tinha? Dei uma checada no meu rosto (na colher) para ver se ele não estava me olhando porque aquela espinha gigante estava pulsando de criando garras, nada aparentemente muito gritante. Nada de espinha com olhos, boca, e garras. Tudo normal.
É, ele estava me secando mesmo.
Tomei meu café calmamente, sem olhar para os lados, porque eu sabia que se eu olhasse, veria Nate me encarando ainda, então me concentrei no café, até que minha tia anunciasse que ia sair para levar os meninos. Dei tchau e relaxei. Relaxei até o momento em que eu olhei do relógio e constatei que eu estava atrasada, para uma pessoa que tinha que chegar ao centro da Cidade de Londres de táxi, porque o meu bebê ainda não tinha chegado.
Coloquei a minha xícara na pia, me sentindo uma inútil por estar atrasada o suficiente para não poder lavá-la, e saí correndo tomando cuidado para não quebrar o meu salto. Digitei o número no ponto de táxi que minha tia tinha me dado no dia anterior no jantar e pedi para que o taxista me pegasse na esquina de Bread com a Toast (bizarros esses nomes das ruas aqui, daqui a pouco eu acho uma butter e uma cheese).
O taxi me pegou cinco minutos depois, e o trajeto até o prédio da Vogue não foi lá muito comprido. Mas foi o suficiente para eu chegar em cima da hora.
Entrei correndo, no prédio, sem nem agradecer o taxista.
Cheguei ao balcão com as inscrições “VOGUE”, parei ofegante, e a moça começou a olhar para mim como se esperasse que eu falasse algo. Abri minha bolsa, peguei meu super crachá e a entreguei. Respirei fundo e falei:
- Dorcas Meadowes.
- AAH! – ela quase que gritou pegando meu cartão de identificação que tinha uma foto minha 3x4, aquelas que você fica super linda e a luz te favorece assim, tremendamente – Aqui seu crachá, bem vinda a Vogue. Você vai adorar aqui. É tudo o que eu pedi a Deus, pelo menos. Venha, eu vou te acompanhar até lá em cima.
- Ah, certo.
- Enfim, aqui não é exatamente o prédio da Vogue. Você pode perceber que há várias recepções pelo saguão. Vem. – ela me puxou para o elevador, que continha mais duas pessoas.
Uma delas era uma garota linda, de cabelos escuros longos, e de pele bem clarinha. Provavelmente modelo. E o outro, para minha não-surpresa eu o conhecia. Remus Lupin, queridinho da Vogue, saia em todos os editorais da Armani, Hugo Boss e etc, impossível não conhecê-lo.
Ele me olhou de cima a baixo e parou os olhos no crachá, no meu pescoço, com as inscrições: Dorcas Meadowes, Estagiária. Sorriu e revirou os olhos. Eu pude sentir o desprezo emanando de seu corpo.
Balancei a cabeça e revirei os olhos.
- Bom dia, Marlene, Remus. – a recepcionista falou para os dois, que acenaram com a cabeça.
- Ei, você é a estagiária que veio dos Estados Unidos, não? Colorado? – Marlene perguntou parecendo interessada.
Eu sorri ao saber que pelo menos algum modelo não era antipático naquele lugar. Acenei com a cabeça e ela riu.
- Você teve muita sorte. Muita gente daria os braços e as pernas para estar no seu lugar.
- E eu dei a minha alma. Brincadeira. – eu falei rindo, fazendo Marlene e a outra garota rir enquanto o Lupin se limitou a revirar os olhos e esboçar um sorriso nos lábios. Eu fiz a minha melhor expressão vitoriosa e olhei para frente.
- Vamos, chegamos. – a recepcionista me informou.
Saímos do elevador e eu me deparei com o meu sonho. Tudo era exatamente igual e grotescamente diferente da Vogue dos meus sonhos. Era igual porque o pessoal corria e digitava, e ia de lá para cá sem parar, como nos meus sonhos. E diferente porque a estrutura da Vogue não era nada parecia com o que eu imaginei. Tudo era muito mais organizado e muito mais glamoroso do que eu jamais tinha imaginado. As paredes e o chão vertiam glamour, e as garotas que trabalhavam ali esbanjavam graciosidade e um senso de moda incrível.
Mas havia uma parede em especial que me chamou mais atenção. Ela era todinha forrada com as capas que todas as edições possíveis e imagináveis da Vogue. Ela era incrível, e eu daria um dedo para ter uma dessas em casa. Mentira, não daria não.
Olhei para o meu lado e vi Marlene rindo de mim, que estava de boca aberta olhando e memorizando todos os detalhes do lugar. Lupin já tinha sumido, e a recepcionista estava logo atrás de mim conversando com um cara de cabelos compridos e barba, que segurava uma pasta de fotos.
- Ei, Colorado, vamos, eu te apresento aqui em cima. – Marlene falou e a recepcionista se virou para ela.
- Obrigada, Marlene, eu preciso mesmo voltar lá para baixo. Dorcas, seja bem-vinda. mais uma vez. E meu nome é Isabella. – ela disse e saiu andando com o cara de cabelo comprido.
- Tenta falar Isabella. – Marlene disse enchendo a boca para falar.
- Isabellã. – eu falei rindo em seguida. – Agora entendi porque aquele Taylor Lautner não consegue falar no nome da Bella. Parece que a gente tem uma batata na boca.
- Vem, aqui é a edição, como você tá vendo. Para a esquerda – ela indicou um corredor amplo – é o closet, onde ficam as roupas que os estilistas mandam para os ensaios, que são feitos no estúdio no andar de cima. Para a direita, fica a sala de montagem da capa. E por ali – ela apontou um pequeno corredor entre as mesas – ficam as salas da Emmeline, administradora da revista, e do Sirius, editor chefe.
- Ainda é estranho saber que o cara que manda numa revista de moda. – eu comentei.
- Depois você se acostuma. – Marlene riu. – Mas vem, vamos para o estúdio primeiro, está tendo um ensaio para a Vogue Men com as roupas da nova coleção da Armani de verão.
Ela me puxou para uma escada bem ampla e clara, que provavelmente dava no andar de cima.
Quando nós chegamos lá em cima vi o mesmo cara cabeludo tirando fotos todo animado de alguns modelos com as roupas da coleção da Armani, segundo Marlene. Eu olhei maravilhada para aquilo. Nem em meus melhores sonhos eu imaginei que eu estaria vivenciando isso algum dia.
- Vamos lá! Agora vem você, Remus! – o cara gritou.
Marlene tinha me trazido para ver o ensaio do cara que tinha sido mais antipático comigo no dia. Assim que o cabeludo notou nossa presença, parou de tirar as fotos e veio ao nosso encontro.
- Ei, Lene! Trouxe a novata? – ele perguntou me dando um beijo na bochecha.
- Colorado, Peter, Peter, Colorado – ela fez as apresentações e eu ri com a expressão confusa que se formou em seu rosto.
- Dorcas Meadowes. – eu esclareci.
- Ah. Prazer. Peter Pettigrew, a sua disposição. – ele brincou beijando minha mão.
- Ei, não se esqueça que a Emmy pode aparecer a qualquer hora. – Marlene alertou, brincalhona.
- Sinto muito, tenho muito trabalho a fazer, terei que deixá-las a sós. – ele disse e voltou para dar as coordenadas ao Lupin.
- Você quer ver? – Marlene perguntou e eu afirmei com a cabeça.
Remus começou a fazer suas melhores “caras e bocas” para que Peter fotografasse. Era incrível o bem que ele tinha para se fotografado. Como se a própria câmera o seguisse e procurasse seu melhor ângulo. Sua afinidade com a câmera parecia ser assim mega blaster, coisa que eu nunca terei.
Eu o observava sendo fotografado mais maravilhada do que quando eu o observava na revista. Além disso, ele parecia se divertir, soltando comentários ocasionais. Peter começou a cantar uma musica em italiano, enquanto fotografava, e Remus ria.
- Vamos, você tem mais para ver além do Remus se exibindo para a câmera. – eu ri e começamos a descer as escadas.
Marlene começou a assobiar uma musica que eu não reconheci, e, ao chegarmos à edição, percebi que o movimento tinha aumentado. Olhei para ela confusa e ela riu.
- O Sirius está chegando e ele disse na sexta que se ele não tivesse a capa da Vogue de Fevereiro em mãos hoje, ele faria corte geral de empregados. Mas ele é cão que ladra e não morde. Ele só fala. – ela explicou. – Vem, vamos para a sala da Emmeline.
Eu a segui até o fim do corredorzinho por entre as mesas e ela bateu na porta e entrou.
- Bom dia, gatas! – Marlene cumprimentou uma garota loira que aparentava seus 24 anos e uma ruiva de olhos muito verdes que parecia ter 22.
- Ei, Lene! Ei... – a ruiva começou e logo parou ao perceber que não sabia o meu nome.
- Dorcas.
- Conhecida também como Colorado – Marlene riu e foi pegar café na garrafa térmica. – Ah, Emmy, o que é isso?
- Qual é o problema em aceitar chá de erva-cidreira no lugar de café? Sério, o preço do café está um absurdo, e ainda a revista não vendeu lá essas coisas esse mês, estamos em política de contenção de gastos. Não venha reclamar do chá!
- Para de reclamar, a Vogue sempre vende bem, não me venha com essa. – Marlene resmungou tomando o chá num gole só.
- Então, Colorado, como foi de viagem? – Lily me perguntou.
- Fui bem. Estou um pouco cansada, claro, mas tudo bem. – eu sorri e Emmeline atendeu ao telefone.
Ela trocou algumas palavras rápidas com alguém, desligou e se virou para mim.
- Marlene, será que você poderia levar a Dorcas para falar com Sirius? – Emmeline perguntou e Marlene assentiu.
Saimos da sala, e assim que atravessamos o hall, Marlene bateu em uma porta e entrou. Entrei atrás dela e vi um cara lindo, muito lindo, só não mais lindo que o Lupin. Ele tinha os cabelos negros, olhos cinzas e tomava café num copo da Starbucks. Ele sorriu assim que entramos e levantou.
- Dorcas, bem vinda.
- Muito obrigada.
- Bom, presumo que a nossa Marlene já tenha te apresentado a redação. Enfim, eu queria te explicar o seu encargo aqui. Dorcas, você vai ser a minha sombra. Onde eu for, você terá que ir junto, certo? Uma espécie de assistente, mas mais sofisticada. – eu assenti. – Certo, você terá uma mesa logo aqui no hall amanhã já. E eu acho que por enquanto é isso.
“Ah, seu crachá é indispensável, sem ele você não entra e não sai da revista, e não acessa algumas salas, como o closet e a sala de criação. Bom, agora você pode ficar a vontade para conhecer mais da revista, até eu te chamar. Alguém já te deu um BlackBerry?” ele perguntou e eu neguei “Como ninguém deu um BlackBerry para ela ainda?” ele revirou os olhos olhando para Marlene, que deu de ombros. “A Emmeline vai te dar um, pode ir até a sala dela. Ah, e nunca, nunca deixe de atendê-lo” ele alertou e eu assenti.
- Vem, vamos para a sala da Emmy enquanto o pessoal acerta suas coisas. – Marlene disse, e eu acenei para Sirius, que sorriu.
Voltamos para a sala de Emmeline, que ainda conversava animadamente com Lily, que estava sentada na poltrona, tomando chá de erva cidreira.
Sabe o que mais me deixa indignada? Ok, eu vou parecer obcecada com a opinião das pessoas sobre mim, mas não é isso. O pior é o poder delas de me julgarem. Não estou dizendo isso por Peter, Sirius, ou nenhuma das garotas, mas sim pelo idiota do Lupin que nem ao menos falou comigo, trocou um diálogo de duas meras palavras, mas que me ignorou completamente, e ainda revirou os olhos para mim como se eu fosse um bicho ou tivesse uma doença contagiosa.
Está certo, eu devo estar parecendo uma garota de 12 anos de idade que acabou de ser ignorada pelo seu ídolo, mas, na real, eu não entendo! Não entendo! Qual é o problema dele? UGH!
- Colorado? Alou? – Marlene me chamou estalando os dedos na frente do meu rosto. – Está tudo bem?
- O Lupin tem algum problema? – eu falei sem pensar. Ótimo, eu odeio ter a língua solta. – Comigo.
- Uh, você percebeu, não é? – Marlene disse.
- Aham. – as outras duas pararam de conversar para prestar atenção em mim.
- Bom, ele não é a favor desse negócio de estagiárias americanas por aqui. – ela falou e eu revirei os olhos. – É, mas relaxa, ele melhora com o tempo. Ele é assim com todo mundo no começo, é um sinal que vocês vão se dar bem no final.
- Esquece isso! – Lily comentou rindo e voltando a contar algo para Emmeline animadamente.
Eu senti a antipatia emanando dele. Realmente não acredito que “melhore depois”.
Remus Lupin, Ethan Cassay Editorial Office, Cidade de Londres – Londres, 12:47
Eu não retiro o que eu disse anteriormente. Sou totalmente contra esse negócio de estagiarias estrangeiras. Quero dizer, por que não dar a chance para uma garota igualmente qualificada daqui? Por que contratar uma garota que vem do outro lado do oceano para um cargo que seria facilmente ocupado por uma garota daqui?
Não é xenofobismo, ou algo do gênero, é só que eu acho completamente desnecessário. Além do mais a garota parece ser a maior metidinha dos infernos. Não que eu tenha falado com ela, mas eu realmente prefiro me privar de tal companhia.
- É isso aí, por hoje é só pessoal! – Peter falou encerrando o editorial e vindo falar comigo. – Cara, as fotos ficaram muito legais. Espero que o Sirius se contente dessa vez. Para um macho ele é muito perfeccionista. – ele riu.
- Quer almoçar? – perguntei com Nigel ainda mexendo no meu cabelo.
Ele tinha uma fixação, ou melhor, obsessão incrível com o meu cabelo, sendo que ele sempre dizia que o meu cabelo tinha sempre que ser o melhor, afinal eu tinha o melhor cabeleireiro/maquiador de toda a Grã-Bretanha.
- Fechado. Vou chamar o Sirius e o James, ok? – Peter falou e eu assenti com a cabeça, quando Nigel soltou um resmungo de reprovação pelo meu movimento.
- Pronto, está pronto, bofe! Ui, que escândalo! – Nigel disse e eu me levantei para olhar meu cabelo no espelho e constatar que eu estava idêntico àquele astro teen o... aquele que faz o Edward em Crepúsculo.
Comecei a rir, pensando nas possíveis possibilidades de ser confundido com o Edward na rua e ter menininhas gritando e correndo atrás de mim. Não que isso não aconteça naturalmente, mas você entendeu.
Desci para a redação, para encontrar com os caras para ir almoçar, e avistei a garota Meadowes dentro da sala de criação, mexendo nas capas animadamente, como um cãozinho em sua nova casa. Ela me encarou bem na hora que eu passei. Desviei o olhar e continuei andando. Pude perceber que ela ainda olhava para mim, mesmo que eu estivesse de costas, não que eu me importasse, nada me faria mudar de opinião.
x
Acordei com uma baita dor de cabeça no dia seguinte. Quando dizem que Deus castiga por certas coisas acho que estão certos. Não que eu me arrependa de pensar dessa maneira sobre aquela garota, mas eu deveria pelo menos mentir, e dizer que está tudo bem e que somos amiguinhos.
Ou posso simplesmente continuar a ignorando e seguir minha vida, como sempre, sem nenhuma estagiária americana metida a besta só porque conseguiu um emprego na Vogue aqui.
Levantei da cama e fui tomar a minha ducha matinal, para tirar toda aquela nhaca e ver se aquela dor de cabeça dos infernos passava. Não foi um banho demorado, mas foi quente o suficiente para esquentar todas as partes do meu corpo e fazer com que a dor de cabeça se amenizasse.
Saí do banheiro, coloquei minha boxer preta e fui até a cozinha do loft, comer alguma coisa. Não achei nenhum pão, o que significava que eu teria que falar para Abgail fazer o mercado. Abgail era a minha empregada desde que eu resolvi me mudar para Londres, e era quem fazia o meu mercado e pagava minhas contas e cuidava de tudo mais referente a casa.
Peguei um cereal qualquer que encontrei no armário, coloquei um pouco de leite e o comi, distraidamente. Assim que terminei, coloquei o pote do cereal na pia e fui me trocar para ir a Vogue, como sempre.
É meio que inevitável quando todos os seus amigos trabalham lá, e quando eu não tenho nada para fazer. O bom de ser um modelo famoso e mais velho no ramo, é que você pode escolher os dias que quer trabalhar, o que quer fazer, e ninguém mais reclamar que você está fazendo corpo mole.
Coloquei rapidamente uma jeans bem escura, uma pólo rosa, um paletó creme e um sapato de couro marrom, peguei minhas chaves do carro e do loft.
O mais legal de tudo era que eu morava bem perto da Vogue. Se bobeasse, dava para me ver da janela da sala do Sirius, então a viagem até lá foi bem breve. O suficiente para que eu não conseguisse nem colocar uma música para tocar. Eu não ia ouvir nenhuma inteira, de qualquer forma.
Entrei no prédio, logo depois de deixar meu carro com os manobristas, e adivinha quem foi a primeira pessoa que eu vi? Parece que quanto menos você quer que algo aconteça, tenha certeza de que essa coisa vai acontecer.
Dorcas Meadowes estava conversando animadamente com Isabella, da recepção quando eu passei pela porta. Passei pelo guichê da Vogue, cumprimentei Isabella com a cabeça e fui para o elevador. Entrei no elevador e me virei para frente. O elevador estava vazio, e eu agradeci mentalmente por Dorcas ter entendido o recado e querer manter distância. Ou era isso que eu achava segundos antes de ela segurar a porta e entrar no elevador.
Ela me encarou e soltou um risinho irônico.
Apertou o número, que eu tinha me esquecido de apertar e virou de costas para mim. Isso até trinta segundos depois de o elevador começar a subir, e ela apertar o botão vermelho, para o elevador parar. Eu arregalei os olhos assustado. Eu tinha razão, ela é uma americana louca e terrorista! Ela vai me violentar, depois me cortar em pedaços e me jogar no lixo. É.
- Olha só! – ela começou apontando o dedo indicador para mim – Qual é o seu problema?
Eu fiquei um pouco assustado com a reação dela. Quero dizer, geralmente garotas eram acostumadas a serem ignoradas por mim, porque, sabe como eu, eu sou Remus Lupin, super modelo, muito gato, e sem coração.
- Meu? Você tem certeza que não está me confundindo com ninguém, garota?
- A única pessoa arrogante e estúpida o suficiente para nem se quer trocar duas palavras comigo aqui é você, portanto, não errei de pessoa. E não desconverse. Qual é o seu problema? – ela falou e eu me inclinei para frente para poder apertar o botão vermelho novamente para o elevador voltar a se mexer, mas ela entrou na minha frente. – Estou esperando.
Ela cruzou os braços e eu revirei os olhos.
- Não gostei de você. – eu falei, passando a mão nos cabelos.
Ela abriu a boca num sinal de indignação.
- Você é louco.
- Eu? Eu que entro num elevador e paro o elevador para acusar o outro de ser arrogante, estúpido e louco? Você está no meio de um atentado contra a minha vida? Ah, já sei, você está aqui porque você tem um grande potencial – falei acidamente – e mais tarde, quando eu já tiver morto por asfixia aqui dentro, você vai colocar seu namorado no ramo, acertei?
- Escuta aqui! Você não tem ideia do que está dizendo! Cala a sua boca agora, você não me conhece.
- Por isso mesmo acho que você é uma terrorista maluca que está tentando me matar. Americana. – eu disse, fazendo cara de nojo.
- UGH! – ela grunhiu, virou para frente e apertou o botão.
Eu estava certo, ela é perigosa. Muito perigosa, e eu devo manter distancia se eu quiser viver ainda. Quero dizer, que tipo de pessoa entra num elevador e o para só para acusar a outra pessoa de ser arrogante, estúpida e maluca? Sério, só pode ser uma terrorista da Al Qaeda por trás aqueles olhos verdes e penetrantes dela. Admito, fiquei com medo de como ela apontava o dedo para mim, autoritariamente.
Chegamos ao andar de cima e ela saiu disparada para dentro da edição, pisando duro no chão. Eu ri e sai do elevador, indo cumprimentar Peter que falava com umas das editoras que fazia a montagem da página com as fotos do editorial das Its e dos Its Hits do verão.
- Ei, Pete! – eu cumprimentei.
- E aí, cara? – ele me deu a mão.
- Beleza. Vou dar bom dia para o pessoal lá. – falei, ouvindo o elevador apitar, alguém tinha chegado.
Olhei para trás e vi James saindo do elevador, amparando sua avó.
- Bom dia! – eu falei educadamente. – Bonjour! – cumprimentei a avó de James em sua língua original, lhe beijando as costas da mão.
- Bonjour, monsieur. – ela disse sorrindo.
A avó de James só visitava sua revista ocasionalmente. Ela era meio que “dona” da Vogue na Bretanha. Ela que abriu a revista, tanto que ela conhece os fundadores da Vogue e é amiga deles, de longa data. Geralmente vinha para se certificar de que todo mundo estava trabalhando seriamente, sem fazer corpo mole.
Assim que eu soltei sua mão, ela tratou de sair em seus passos curtos e rápidos para dentro da revista. Apesar da idade ela era o que eu diria de uma mulher de meia-idade elegante, em seus melhores e mais altos Louboutins pretos.
- Tudo bom? – James perguntou, depois de um longo momento observando sua avó.
- Sim e não. Aquela nova estagiária é louca. Sério.
- Sua imaginação, isso sim. A Lily disse que ela é um amor. Por que você acha isso?
- Ah, só porque ela apertou o botão vermelho do elevador e me acusou de ser arrogante, maluco e estúpido, isso tudo apontando o dedo indicador para a minha cara. Mas, que nada, deve ser da minha cabeça. – eu ironizei revirando os olhos e ele riu.
- Sério? – ele riu mais ainda quando eu comecei a andar.
- Você diz isso porque você não foi quase morto asfixiado por uma americana terrorista e doida com seu perfume floral super forte. Dou graças a Deus por não ser alérgico. – eu falei suspirando e James concordou.
- E o que você disse a ela?
- Que ela era uma terrorista maluca. – eu revirei os olhos como se fosse óbvio, e bem, era.
- Não! Você não disse!
- Disse, e logo depois ela deu as costas para mim e saiu pisando duro. – eu falei chegando à sala de Emmeline.
- Sorte sua que ela não portava uma arma, se não você ia ver só! – James disse rindo da minha cara.
- Muito engraçado, James, estou morrendo de rir, sua gazela. – falei rindo e entrei na sala de Emmeline.
Para dar de cara com quem? Pois é, que coisa mais previsível. Que chatisse.
Assim que me viu revirou os olhos e se jogou na poltrona, cruzando os braços como uma criança mimada. Eu tentei conter um sorriso, enquanto James cumprimentava Emmeline e Lily.
Lily me lançou um olhar do tipo “o que houve entre vocês? Vocês brigaram de novo, casal?”. Ri por simplesmente pensar nas palavras remus, casal, dorcas, americana e estagiaria juntas, e Lily arqueou uma sobrancelha e sorriu. Eu simplesmente adorava as expressões faciais de Lily. Era fascinante a maneira que você conseguia saber o que ela estava pensando somente olhando em seu rosto.
Algumas vezes era engraçado.
Senti meu iPhone vibrar no meu bolso.
Sala de criação, DJÁ!
Marlene @ 09:03
Saí da sala de Emmeline sorrateiramente, para que ninguém sentisse a minha falta, cruzei a sala de edição e entrei no corredor que dava na sala de criação. Marlene estava ali sozinha folheando algumas capas da revista. Entrei na sala ainda em silêncio.
- Remus, ta bom, você venceu, chega, cansei de jogar. Eu estou apaixonada pelo Sirius. – ela falou tão rapidamente que eu tive que repassar a frase várias vezes na minha cabeça para entendê-la.
- Você o que... jura? – eu estava mesmo incrédulo. Era o tipo de coisa que eu jamais pensei ouvir saindo da boca de Marlene.
- Ok, agora você vai tripudiar? Fala sério, eu sei que você só trata a Colorado desse jeito não é porque ela é americana ou whatever, é porque você tem medo, Remus! – Marlene falou e eu comecei a rir.
- É, você está fora de si. Você se drogou hoje, Leninha? – eu perguntei ainda absorto por ela pensar que eu tenho medo.
- Não, Remus, só acho que não é assim que você deve tratá-la. E, na real, eu te chamei para perguntar o que fazer. – ela disse se sentando num banquinho e apoiando a testa na mão.
- Você sabe que eu não... Bom, enfim, no seu lugar, eu acho que eu diria para ele. Marlene, está mais do que óbvio que vocês se gostam. Não tem porque vocês ficarem jogando esse jogo besta de eu-não-sou-de-ninguém.
- Você está certo.
- Eu sempre estou. – eu sorri abertamente.
- Nem sempre.
- Ah, qual é, se você ainda está falando da Colorado, desiste. A garota quis me matar hoje mais cedo, ela é completamente pirada. – eu falei arregalando os olhos e ela riu.
Quero dizer, a garota era pior do que eu imaginava, além de ser americana ainda fez um atentado contra a minha vida. Completamente maluca. Eu ein.
N/b: ‘arrogante, estúpido e louco’, ouviu, Remmie? Você é isso tudo. Ela só esqueceu de falar hot e cat. Mas não tem problema, eu falo por ela e por toda a população feminina, sério. *-*
Gih, este capítulo ficou simplesmente mara, eu adorei *-*. Eu simplesmente adoro as narrações do Remmie, sério. Ficou muito bom e eu quero o três logo, ok? *-*
kissus,
Chel Prongs
N/a: Eu ainda estou ouvindo Today Was A Fairytale, e eu acho que deveria estar estudando paralelismo, mas eu não estou nem aí, quero que matemática de exploda (mentira, preciso de matemática para passar de ano, unfortunatelly) e eu só quero saber do Edward. Eu ainda can’t believe que estou hiperventilando depois de ver Twilight pela 11963723815238621937927ª vez. É, bizarro. Principalmente depois que eu li os livros de novo... sei lá, eu sou tensa assim mesmo. Aaah, alguém gostou desse capítulo? Porque eu, tiop, gostei, e não é segredo para ninguém que eu sou apaixonada por essa fic e pelo Remus cat e hot, né Chels? Enfim, estou com uma dúvida cruel sobre que capa por agora... Vou escolher aleatoriamente, acho. E depois vou escrever o capítulo 4 que está mara (?). Tem 4 páginas já e nem chegou no meio, como que faz? Enfim, falei demais, estava com saudade de fazer n/as, principalmente depois dessa semana que eu passei com a cara enfiada nos livros, mas ninguém quer saber da minha vida, né, então tchau.
Gih Meadowes
PS: Créditos da capa da Vogue Mens para a Laura (best luv u) e eu não paro de olhar para ela ainda. E nem para as outras capas e páginas que você fez. Ai, vou entrar em colapso. Adeus
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