Na Sede da ordem
- Bom... - Dizia Dumbledore, com os olhos brilhando, indecifráveis, por entre as lentes redondas. - Acho que o melhor, então, é dar por terminada a reunião.
- Muito bem! Muito Bem! - Exclamou Mundungo Fletcher, aplaudindo, enquanto todos os outros membros da Ordem da Fênix o olhavam, com ar de desprezo.
Molly Weasley resmungou qualquer coisa imperceptível e deixou a sala, dizendo:
- Vou cuidar do jantar.
Tonks se levantou, solícita, derrubando a cadeira em que estava sentada:
- Eu ajudo! - Se ofereceu, sacudindo os cabelos, que estavam agora ruivos, longos e lisos.
- Não, querida, obrigada. - Suspirou Molly, temendo o jeito desastrado de Tonks na cozinha. - É melhor não. Tem coisas que só uma... uma mulher experiente pode fazer!
Tonks encolheu os ombros, endireitou a cadeira e tornou a se sentar, enquanto Carlinhos a observava pelo canto do olho, rindo baixinho.
Snape se levantou, fazendo menção de ir embora, mas, nesse momento, um sonoro estalido sobressaltou a todos e, em cima da mesa, surgiu uma jovem loira, de cabelos volumosos pelos ombros, olhos castanhos e ar atarantado, olhando em seu redor, com ar aflito. Vestia uma túnica em tons de rosa e branco e calçava sandálias de saltos incrivelmente altos.
Snape semi-cerrou os olhos e bufou, ao reconhecê-la.
- Bem, bem, bem! - Exclamou, em tom de enfado. - Senhorita Hollow... Há quanto tempo! Só faltava você aqui... E vejo que continua desastrada como sua amiga Tonks. Não conseguiu Aparatar no lugar certo.
A recém-chegada olhou para ele, com ar espantado:
- Professor Snape... O senhor aqui?
Dumbledore soltou uma gargalhada profunda:
- Mary, querida, o chame de Severo mesmo. Ele não é mais seu professor faz muito tempo.
O rosto de Mary se iluminou ao encarar o velho feiticeiro:
- Dumbledore! - Murmurou, emocionada. - Quanto tempo...
Snape pigarreou antes de comentar em tom frio:
- Muito tocante... mas eu não posso ficar assistindo o resto desse reencontro tão emocionante. Vou indo. Já está na minha hora.
- Até amanhã, Severo. - Disse Dumbledore, sem olhar para ele.
Lançando a Mary um olhar de desprezo, Snape comentou, antres de se retirar:
- Gostaria de saber quando é que ela vai sair de cima da mesa, mas conhecendo a peça, acho melhor não esperar.
Severo Desaparatou, enquanto Lupin segurava a mão de Mary, a ajudando a descer da mesa. Mary corou até a raiz dos cabelos. Não estava acostumada a segurar na mão de um homem desconhecido e um arrepio estranho percorreu a sua espinha. Nada parecido com o que já havia sentido até então.
- Obrigada. - Balbuciou, sem olhar para ele.
- Sempre cavalheiro, Remo. - Comentou Dumbledore, com um sorriso dúbio.
- Sempre! - Corroborou Tonks, derrubando de novo a cadeira, para correr para abraçar a amiga. Ao abriu os braços quase fez voar os óculos de Artur, mas, ao contrário da maioria das vezes em que era protagonista de algum incidente, nem ligou. Abraçou Mary com força, exclamando:
- Caramba, é tão bom ter você aqui!
Mary sorriu e falou com um sotaque diferente, fruto dos muitos anos que passara em Portugal:
- É muito bom estar aqui, com todos vocês, na Ordem... Ah, Ninfa, tinha tanta saudade de você!
Elas apertaram ainda mais o abraço, até que, nesse momento, Molly entrou na cozinha e soltou um grito:
- Mary!! Mary, querida, você aqui?!
Também Molly correu para abraçar Mary e, depois do abraço, segurou as mãos dela, falando:
- Como você está pálida, querida! A sua mãe sabe que você está aqui!
Mary riu:
- Claro que sabe, tia Molly. Não se preocupe.
-E o que é que você está fazendo aqui, minha querida? - Perguntou a Srª Weasley, passando a mão pelos cabelos rebeldes da sobrinha.
Foi Dumbledore quem respondeu, calmamente:
- Molly, a Mary é o mais novo membro da Ordem da Fênix.
Com a perplexidade estampada no olhar, a Srª Weasley olhou de Dumbledore para Mary, depois de novo para Dumbledore e, finalmente para o marido, esclamando:
- Artur! Artur Weasley, como é que você não me contou que a nossa sobrinha vinha lá da Espanha...
- Portugal, tia! - Interrompeu Mary, com tom ligeiramente enfastiado.
Molly continou:
- Portugal! Isso! Como é que você teve coragem de me esconder que a nossa sobrinha ia chegar lá de Portugal e ainda por cima ia fazer parte da Ordem?
Artur suspirou, abanado a cabeça:
- Molly, querida, eu não te contei nada porque não sabia de nada. Estou tão surpreso quanto você.
- Só eu e o Dumbledore sabíamos. - Rematou Tonks, com um sorriso de orelha-a-orelha.
- Viu? - Disse Artur para Molly. Depois, ele se levantou e foi até Mary, que abraçou. - Tudo bem, querida? Como foi de viagem?
- Estou ótima, tio. - Foi a resposta. - Mas a viagem não foi lá grandes coisas. O senhor sabe que eu não levo o menor jeito para Aparatar e fazer isso em longas distâncias, para mim, seria quase suicídio. Então, peguei o avião até Londres e só então Aparatei aqui.
O rosto de Artur se iluminou com um sorriso:
- "Afião"? Aquelas casas voadoras dos Trouxas? Ah, como eu adorava viajar de "afião".
- É "avião", tio. - Corrigiu Mary.
Nesse momento, Tonks chegou até ela e lhe segurou numa mão, exclamando:
- Artur, desculpe interromper, mas acho que a Mary precisa conhecer o resto dos membros da Ordem.
- Claro, Tonks. - Disse o Sr. Weasley, sorrindo. - Faça as honras da casa.
- Bom... - Começou Tonks, apontando um homem alto, negro e com um brinco na orelha. - Esse é Quim Shacklebot. - Mary cumprimentou Quim, que a presenteou com um sorriso muito simpático. Quem se seguiu foi Mundungo. - Esse é Mundungo Fletcher. - Os dois se cumprimentaram e ele a olhou com ar de cobiça. Tonks continuou. - Bom, tem gente faltando, porque, desde que "Quem Nós Sabemos" resolveu fazer a sua retirada estratégica, não faz sentido ter aquelas reuniões pesadas que nós tínhamos até o ano passado. - Finalmente, chegou perto de Lupin e sorriu maliciosamente. - E esse é Remo Lupin, de quem eu tanto falei para você... E aí, Remo, está achando ela tão feia assim?
Mary corou até a raiz dos cabelos, mas tentou manter a compostura. Remo apertou sua mão, tentando esconder o constrangimento e fazendo uma nota mental para não se esquecer de matar Tonks por tê-lo feito passar por uma cena daquelas.
Na mente de Mary passava exatamente a mesma coisa...
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