O Jovem Severus



O JOVEM SEVERUS


Ótimo... Eu havia regressado quase vinte anos e não poderia mais voltar. Restava-me agora viver neste mundo estranho e desconhecido que era o passado...


A propósito, para não levantar escândalos, Dumbledore fez o favor de dizer a todos que eu era nova aluna em Hogwarts. Todos pareciam muito curiosos quanto à minha chegada.


Logo que sai da sala do diretor, encaminhei-me para minha aula de Trato de Criaturas Mágicas. Obviamente, o professor não era Hagrid, e sim um tal de professor Kettleburn, o qual, eu tinha que admitir, era bem melhor que o guarda-caças.


Depois de umas duas aulas, já reconhecia alguns rostos. Uma menina que se sentou ao meu lado em Aritmancia me acompanhou até o Salão Principal na hora do almoço. Seu nome era Lilian (e eu tinha certeza de que era a mãe de Harry).


Sentamos à ponta da grande mesa da Grifinória, cheia de vários de seus amigos, que ela me apresentou, mas que eu esqueci, assim que ela os mencionou. Eles pareceram impressionados com sua coragem de falar comigo.


O menino da aula de História da Magia, Sirius (que agora eu tinha certeza de que era o padrinho de Harry) acenou para mim do outro lado do salão.


Foi ali no salão principal, enquanto tentava conversar com sete estranhos curiosos, que eu os vi pela primeira vez:


Estavam sentados no canto da grande mesa da Sonserina, à maior distância possível de onde eu me encontrava no salão comprido. Eram cinco. Não estavam conversando e nem comiam, embora cada um deles tivesse um banquete imenso colocado diante de si. Nenhum deles me encarava, ao contrário da maioria dos alunos. Por isso era seguro observá-los, sem temer encontrar um par de olhos excessivamente interessados. Mas não foi nada disso que chamou e prendeu minha atenção.


Eles não eram nada parecidos. Dos três meninos, um era grandalhão, musculoso, com cabelos escuros e crespos. Outro era mais alto, mais magro, mas ainda assim, musculoso e levemente familiar. Seus cabelos eram pretos, lisos e desciam até os ombros. O último era esguio, menos forte, com um cabelo desalinhado, cor de bronze.


As meninas eram o contrário. A alta era escultural, com cabelos dourados que caíam delicadamente em ondas até o meio das costas. A menina mais baixa parecia uma fada, extremamente magra, com feições miúdas. O cabelo era de um preto intenso, curto, picotado e desfiado para todas as direções.


E, no entanto, apesar de tão diferentes, todos tinham características comuns, que os tornavam de certo modo, parecidos. Cada um deles era pálido como giz. Todos tinham olhos muito escuros e olheiras.


Mas não era por nada disso que eu não conseguia desgrudar os olhos deles. Fiquei olhando, porque seus rostos, tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidos, eram completa e arrasadoramente lindos.


- Quem são eles? – perguntei à garota da minha aula de Aritmancia.


Enquanto ela olhava para ver do que eu estava falando, o rapaz de cabelos compridos olhou para ela só por uma fração de segundo e depois seus olhos escuros fulguraram em mim.


Ele desviou os olhos rapidamente, mais rápido do que eu, embora em um jorro de constrangimento, eu tenha baixado o olhar de imediato. Naquele breve olhar, seu rosto não transmitiu nenhum interesse – era como se a garota ao meu lado tivesse chamado seu nome e ele a tivesse olhado numa reação involuntária, já tendo decidido não responder.


Lilian riu sem graça, olhando a mesa como eu.


- Aquela loira é Narcisa Rosier, a outra é a irmã dela: Bellatrix Rosier. O grandalhão se chama Mulciber e aquele é o Avery. O de cabelos compridos é Severus Snape.


Senti minhas entranhas se comprimirem quando ouvi aqueles nomes, em especial o último. Aquele lindo garoto de cabelos compridos iria se tornar em alguns anos, meu temido professor de Poções... Como poderia? E Narcisa Rosier era a mãe de Malfoy? Os demais iriam se tornar comensais mais tarde...


Olhei de lado para o jovem Snape, que agora fitava a própria bandeja, desfazendo um pãozinho em pedaços com os dedos pálidos e longos. Sua boca se movia muito rapidamente, os lábios perfeitos mal se abrindo. Os outros três pareciam distantes, no entanto eu sentia que ele estava falando em voz baixa com eles.


- Eles são... Muito bonitos. – lutei contra a patente atenuação da verdade.


- Ah, sim... São mesmo... Mas estão todos namorando, com exceção do Snape.


Meus olhos ainda não haviam desgrudado de Severus. Enquanto eu o examinava, ele se virou e encontrou meu olhar, desta vez com uma expressão de evidente curiosidade. Quando desviei os olhos rapidamente, me pareceu que o olhar dele trazia uma espécie de expectativa frustrada.


- Por quê? – indaguei, enquanto espiava o garoto pelo canto do olho. Ele ainda estava me encarando, mas não aparvalhado como os demais alunos. Tinha uma expressão frustrada. Olhei para baixo novamente.


- Ele é lindo, é claro. Mas não perca seu tempo, pois ele não namora. Ao que parece, nenhuma das meninas daqui é bonita o suficiente para ele.


Mordi o lábio para esconder meu sorriso. Depois olhei para ele de novo e vi que seu rosto estava virado para o outro lado.


Depois de um tempo, os cinco saíram juntos do Salão Principal, todos muito elegantemente. O jovem Snape flutuava sobre sua capa comprida, assim como meu mestre de Poções.


 

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