Despedidas e Surpresas
Até que enfim. Ela estava se sentindo bem, quase feliz, se não fosse a guerra ter se expandido mais. O irmão de Sírius, Regulus Black desaparecera, ninguém sabia onde ele estava, o próprio Sírius se preocupara um pouco.
Hoje faria um ano de namoro com Sírius, era mágico. Não escondiam de ninguém, tinham o maior orgulho de passearem juntos, as mesuras e as brincadeiras da dupla satisfaziam aos professores e alunos.
Mas nada é tão simples, e nem tudo é perfeito. A guerra quase chegara a Hogwarts, Hogsmeade fora atacada semana passada, muitos feridos, muitos mortos, muita tristeza... Dumbledore queria fechar a escola, mas o Ministério não permitiu, era o único lugar que ainda era seguro. Hogwarts. E sempre seria assim.
Mas hoje ela não queria se lembrar de coisas ruins. Combinara de se encontrar com Sírius à meia noite perto da floresta, os dois iriam dar um belo passeio para comemorar o aniversário. Ela se esmerava enquanto olhava seu reflexo no espelho, queria estar a mais bela mulher para ele.
Vestia um belo vestido vermelho de seda, longo, decotado, exatamente como ele gostava. Os cabelos caíam em cascata pelas costas dela, e se equilibrava em belas sandálias douradas. Desceu as escadas com cuidado, utilizava hoje um artigo que os meninos produziram, o Mapa dos Marotos!
Era um artigo de extrema utilidade, com todas as passagens secretas do castelo e ainda podia-se ver quem estava por perto, procurou Sírius Black, o mapa apontava o quarto, achou por bem deixá-lo lá e esperá-lo no local marcado.
Fez todo o trajeto até a estátua de Grin Dritch, onde ficava a passagem para o exterior, entrou por um corredor mal iluminado quando chegou a uma espécie de porta, mas não se lembrava dela ali, parecia algo novo. Ela abriu com cuidado, era um quarto.
Mas o que um quarto fazia ali? Ela não sabia, mas estava iluminado por velas, numa penumbra inebriante, a cama vermelha parecia convidativa, pensou em consultar o mapa, mas algo a impediu.
Era ele, Sírius estava ali na sombra, como ele chegara ali tão rápido ela não sabia, mas reconhecia aquela cabeleira negra, era ele, quem mais poderia ser?
- Sírius?
- Shhh...-ele saiu da penumbra, estava elegantemente trajado, e uma máscara cobria seu rosto.
- Baile de fantasia é?- ela sorriu ele também.
- Não fale nada...- ele sussurrou, a voz não era a dele, não parecia...
- Mas...-ela calou-se com o beijo.
Era um beijo de saudade, um beijo apaixonado. Ela nunca sentira aquela ânsia de Sírius, parecia outra pessoa. Mas o beijo a sufocava, a convidava, a enfeitiçava.
Uma por uma as velas foram se apagando, deixando os dois jovens a sós, na escuridão do quarto, no silêncio dos lençóis. Uma noite única, para ser lembrada.
Quando ela acordou se assustou ao não ver ninguém ao seu lado, se lembrava de como adormeceram fazendo carinhos um ao outro, tinha sido um momento mágico. Esperou que ele aparecesse, mas não apareceu, ela estranhou, mas deixou. A noite havia sido importante demais para se preocupar com pormenores.
Se dirigiu ao salão comunal tentando esconder-se, impossível, o salão estava lotado, e lá estava ele. Ela sorriu para o seu namorado. Ele caminhou até ela, mas vinha transtornado, magoado, talvez... Se sentindo culpado...
- Me perdoa Ma, por favor.
- Perdoar? Por quê?- ela não entendia.
- Eu não sei como, dormi a noite inteira, te deixei plantada. Ma? Ma?Maísa, alguém me ajuda.
Desmaiada. Estava desmaiada nos braços dele, surpresa, não, transtornada. Acabara de se entregar a um estranho que pensara ser ele, quem poderia ser? Como pudera ser tão burra, e Sírius? O que falaria a ele, o que?
Não disse nada a ele. Por que nem ela sabia o que dizer. Limitou-se a esconder a noite que passara, ainda se martelava tentando descobrir quem afinal era seu amante misterioso. Se Sírius dormira, talvez fosse por efeito de poção, a pessoa que se parecia com Sírius havia feito um encanto do sono e se transfigurado nele, mas só havia três pessoas que podiam fazer isso: Lupin, James... E Rabicho. Não queria acreditar que um dos três fizera aquilo, era asqueroso, malvado. Era...Horrível.
Não conseguia mais beijar Sírius, se sentia culpada, estar perto dele era como se olhasse para a pessoa que ela enganara. Ela fora enganada. Mas se entregara, ela também tinha culpa, tanta culpa como aquele homem. Em pouco tempo se separaram, se sentia mal demais para continuar com ele. Ele, no entanto, achou que ela o usara, que ela ainda amava James...
Talvez amasse, mas não fora por isso que o abandonara. Sírius teve ódio mortal dela daquele dia fatídico em diante. Mas o tempo não parava por isso. Se formaram, todos com louvor. Mas ela nunca mais os veria. Sabia daquilo... Tinha certeza. Mas foi na formatura que algo estranho aconteceu. Ela encontrou James encostado numa parede, sentado. O olhar perdido na imensidão..
- O que foi Jay?- ele se assustou com a presença dela, pensava justamente nela.
- Nada Maísa, nada... - ela se sentou ao lado dele.
- Não me chama mais de Ma?- o olhava sem ânimo.
- Claro que sim... Ma.- ele sorriu.
- Depois de hoje, não vou mais te ver, não é?-ela olhou o chão triste.
- Claro que vai, é a irmã do aluado... -ele tentou convencê-la.
- Lupin vai sair de casa, você sabe. Vocês vão me esquecer. -ela suspirou.
- Claro que não. De onde você tirou essa idéia?- ele a olhou brincalhão.
- De você. - silêncio que durou minutos.
- Ma... Me perdoa?-a voz dele tinha um que de arrependimento que ela não entendia.
- Por quê?-ela perguntou estranhando.
- Por algo que eu fiz... Algo, errado...-ele mantinha a cabeça baixa.
- O que você fez?- ela espantou-se.
- Ma... - ele olhou o chão ressabiado- Eu...Era eu...
- O que?- ela arregalou os olhos.
- Me perdoa... Me perdoa mesmo, foi minha culpa, você e o Sírius acabarem, mas eu não sabia como... Eu não podia ficar longe de você, eu tive que fazer aquilo.
- JAMES COMO VOCÊ FOI CAPAZ?- ela se levantou já aos prantos.
- Eu não disse nada por que... Tinha sido tão maravilhoso. Não queria estragar e depois...-apesar dos gritos de Maisa ele se mantinha sentado no chão, falando baixo.
- VOCÊ DEVIA TER DITO, VOCÊ ME ENGANOU ESSE ANO TODO. -ela não se importava que seus gritos fossem ouvidos no salão.
- É que depois...
- James por quê?- ela chorava
- Eu não queria te magoar mais. Eu me apaixonei. -ele a fitou com os olhos marejados.
- Por aquela Lílian, aquela trouxa. -ela cuspiu as palavras com raiva.Tinha sido usada...
- Ela não tem culpa, perdão.
Ele saiu pelos corredores, deixando-a lá, encostada á parede, chorando.
Chorando por descobrir que aquela noite fora realmente mágica, enganadora, mas mágica. Por que despertara um sentimento adormecido. Aquele amor...
Ela se deixou chorar até a noite cair, chorar de dor... De amor... De desespero.
Dois anos já haviam se passado desde a formatura. Como ela mesmo previra, perdera contato com todos os marotos, até com seu irmão querido e adorado. Passou um ano com a mãe postiça, Sra. Lupin, até que um dia depois de ir ao Beco, encontrou a casa destruída com uma caveira flutuando sobre o local, ela já sabia o que isso significava. Morte.
Lupin a chamara para morar com ele em Londres, e ela recusara, não podia ver James, não ainda... O ministro havia sido morto no mesmo dia, Dumbledore recusou o cargo dele gentilmente e indicou Cornélio Fudge, um pastelão inseguro, mas leal a Dumbledore. Ela se mudou para um apartamento minúsculo no centro de Londres, pagava pouco e trabalhava até então numa lanchonete trouxa, estava se isolando do mundo bruxo, quando veio a proposta.
- Ministério?
- Sim Maísa, eu a acompanhei durante todo esse tempo na escola, e sinto que você é a pessoa essencial pro cargo. -Dumbledore estava acomodado no pequeno sofá de Maisa.
- Mas Dumbledore...Departamento de mistérios? Não são só os aurores mais conceituados que vão pra lá. - ela nunca imaginara trabalhar no Ministério.
- É verdade menina, mas você é um caso especial, não posso deixá-la sumir no esquecimento. -ele sorriu bondosamente.
- Eu...Eu não sei.
- Devo avisá-la que alguns dos seus amigos estão trabalhando lá...Com exceção de Sírius e James que estão no batalhão de frente dos aurores.
-Bem sendo assim...- ela pensou por alguns segundos, talvez fosse uma boa- Eu vou.
- Ótimo, você começa hoje mesmo, aqui está a localização da entrada para o Ministério. Esteja lá às dez.
Nove e meia ela já estava em frente á cabine telefônica indicada no papel, entrou e utilizou o telefone, discou os números e em minutos estava num belo saguão, havia muitas lareiras e uma imensa fonte no meio.
Ela parou por um instante, havia visto raios sendo disparados, escuridão, um menino....Mas estava tudo normal, havia sido apenas uma ilusão.
Se dirigiu aos elevadores, parou no último andar e desceu uma escadinha escura, abriu a porta que ficava no fim do corredor, nenhum movimento por lá, apenas várias portas em todas as direções. A sala pareceu girar antes de uma porta em especial se abrir... Estava no Depto. de Mistérios.
A partir desse dia ela trabalhou arduamente em várias coisas, aprendia muito com cada integrante, e sentia uma aura de leveza e sabedoria no emprego. Seu maior trabalho começou meses depois, fora escalada para estudar um véu misterioso, dimensional, com ninguém menos que Lílian Evans.
Em pouco tempo descobrira que ela e James estavam namorando, quase noivos, trabalhavam para Dumbledore e estavam completamente imersos na guerra. Abrir antigas feridas não ajudou, mas ela se dedicou cada vez mais a desvendar o segredo daquela peça.
Um dia Evans faltou ao trabalho, o que foi extremamente estranho. Naquele dia ela ficou ali até tarde, saiu de madrugada da sala onde ela trabalhava, era um imenso auditório, coliseu, ou algo do tipo, ela não entendia direito o que era.
Ao passar pelo salão da dúvida, onde ficavam as portas, encontrou um vulto familiar, mas não o reconheceu de imediato, foi ao virar-se que ele deixou--se ser conhecido.
-James?!?!?!- ela se espantou.
-Maisa, você... Pensei que...Tinha ido embora...-ele estava triste, parecia extremamente mal.
-O que houve Jay?- há quanto tempo não o chamava assim?
- Meus pais... Ma, meus pais eles...- o homem de 20 anos feitos debulhou-se em lágrimas perante ela.
- James...- ela o abraçou com força, sabia o que ele sentia, sempre saberia...Aquela dor...
- A Lily... Ela também, a mãe dela...Ela me culpa, el...
- Não é sua culpa Thiago, sabe disso... -Maisa tentou acariciar os cabelos revoltos do amigo.
- Mas ela... -ele tentou continuar.
- James, pare de chorar por ela, ela não o merece. -o que estava falando?
- Eu também não merecia uma única lágrima sua.
- Merecia sim- ela sorriu limpando as lágrimas do rapaz- Merecia por que eu te amava...Por que eu ainda te amo...- ela o beijou com toda a saudade que tinha, com todo amor que segurara... Não estava sendo racional, apenas queria acalmá-lo, consolá-lo, vê-lo bem apesar de tudo.
Aquilo era estranho, acabavam sempre se encontrando, sempre nessas situações, parecia que tinham um elo... Forte demais pra se apagar, forte demais pra se quebrar.
Talvez pelo momento, pela carência, ela se entregou demais a ele àquele dia, e ele também. Entre os beijos apaixonado e cheios de saudade, entraram numa porta, a sala vazia, e ali mesmo retomaram aquela noite em Hogwarts, a noite que ambos tanto relembraram e até amaldiçoaram.
Naquela sala do Departamento de mistérios, em plena madrugada, dois amantes eternos se entregaram e conceberam um filho, logo ali. Aquela sala criou uma aura diferente a partir deste dia, ela própria viraria um mistério, ficou ali uma magia inquebrável e que anos mais tarde seria alvo de estudos por sua magnificência.
Na manhã seguinte àquela noite de amor, ela acordou mais cedo que ele, beijou-lhe levemente os lábios, vestiu a roupa, e se dirigiu para o trabalho, sabia que aquela tinha sido apenas mais uma noite, apenas mais um capítulo no livro que era seu romance com James Potter.
Lílian fora trabalhar, estava triste, deprimida, mas se dedicou ao véu. Maisa se sentiu traidora ao vê-la assim. Talvez ela tivesse sido a pior das criaturas ao se deixar levar pelo amor que sentia, pela paixão... Durante os dias seguintes ela se sentia cada vez mais culpada, não o viu mais, e não pôde continuar trabalhando. Se demitiu sem satisfações, Lílian não entendeu nada, até estavam se dando bem...
Não demorou muito tempo pra Maisa perceber, estava esperando um filho de James... Um filho... Ela sorria, os olhos dela brilhavam, havia esperança no meio das trevas.
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