Lágrimas e amigos



Maísa não sabia como acordara uma manhã na enfermaria, Sírius e James dormindo em cadeiras, um de cada lado. Ela olhou os meninos, quase que não parecendo acreditar, esfregou os olhos e os direcionou à janela. E tudo voltou a sua mente, vento, abraço, queda, carta, choro, pai...


Ela mordeu os lábios tentando não chorar, mas um soluço adentrou a enfermaria, um soluço e um choro, de quem havia ficado só no mundo.


- Maísa.- Não era Sírius, nem James, mas Dumbledore que estava à sua frente.


- Dumbledore, meu...-ela mordeu os lábios.


- Infelizmente Maísa, seu pai foi vítima de um ataque, o primeiro de uma série de ataques...-ele tentou dizer calmamente.


- Mas... Por que?-ela não entendia, o que tinham contra seu pai?


- Talvez sua mãe pudesse responder a essa pergunta, mas assim como seu pai ela não está mais entre nós.-ele falava baixo medindo as palavras, e ela o olhava, deixando as lágrimas escorrerem- Maísa, você tem consciência de que não tem mais nenhum parente vivo. E que nessas condições deveria ir para um orfanato.


- COMO É???-ela gritou- ORFANATO?


- Mas o q...- Sírius acordara assustado assim como James.


- Dumbledore do que o senhor está falando?- perguntou James sério.


- Sr. Potter... James. E Sírius.- ele sorriu para os garotos bondosamente- A amiga de vocês não tem nenhum parente vivo, e é menor de idade.


- EU NÃO VOU PARA UM ORFANATO. FICAR ORFÃ NÃO BASTA?-ela gritou chorando, desesperada.


- MAS QUE GRITARIA É ESSA NA MINHA ENFERMARIA. -adentrou a enfermeira séria.


- Nada Pomfrey, apenas uma conversa. - ele disse calmo.


- No estado em que ela está, eu não acho acons...-a enfermeira tentou advertir.


- NO MEU ESTADO?


- MA, CALMA.- Sírius a abraçou, e ela pendeu a cabeça sobre o ombro dele. Sempre Sírius, sempre ele, sempre a ajudando, sempre a consolando, sempre... A amando.Ela sorriu em meio as lágrimas que caíam.


James se sentiu um intruso, parado, imóvel, vendo seus dois melhores amigos se abraçarem. Mesmo ela tendo dito que o amava, será que ela não se enganava? Ela e Sírius, ali, parados, abraçando-se, pareciam ter uma cumplicidade sem fim, pareciam ser perfeitos um para o outro.


- Bem. É lógico que eu não permitiria que a senhorita. fosse para um orfanato senhorita Geller. Até por que Hogwarts é de certa forma sua casa. -ele sorriu.


- Como...?


- Isso é assunto para outra hora. O importante é que você não irá para um orfanato Maísa, mas terá guardiões.


- Guardiões?-ela indagou ainda nos braços do amigo.


- Sim.-ele se dirigiu até as portas da enfermaria e as abriu- Podem entrar.


Mas ela já conhecia quem entrou na enfermaria, Remo estava abraçado com uma mulher alta, com cabelos castanhos escuros, olhos amendoados castanhos claros, e uma expressão bondosa no rosto. Maisa sorriu ao ver James e Sírius se levantarem para abraçar a Sra. Lupin.


- Vejo que os escolhi bem.


- Remo Lupin, se você está pensando em conviver com a nossa marota, acho bom termos uma conversinha. - Sírius sorriu e o puxou para fora da enfermaria, enquanto Lupin ria e piscava pra ela.


- Olá Maísa, meu nome é Valquíria Lupin, mas pode me chamar de Val. Sei que você deve estar sofrendo, mas espero que não se importe em se integrar à nossa pequena família. Você deverá obviamente saber de algumas coisas... -a senhora tentou dizer, mas Dumbledore a interrompeu.


- Explicações depois Valquíria. Agora temos que saber se a Maísa aceita você como guardiã.


- Vejamos... Claro.- ela sorriu, a morte do pai ainda doía, como uma ferida que incomodava, e que não sararia nunca. Mas naquele momento, ela estava feliz apenas por não ser mandada para um orfanato, e por morar com um dos seus melhores amigos.


- Sra. Lupin, será que eu poderia...


- Entre na fila espertinho. - disse Sírius pra James enquanto entrava novamente na enfermaria trazendo Remo pelo pescoço.


- Bem, acho que é hora da Maísa descansar...-sorriu Madame Pomfrey.


- MAIS?-disseram em uníssono.


- Mais sim senhores, agora fora da minha enfermaria.


Pomfrey deu fim a qualquer conversa ou possibilidade de ter um pouco de divertimento, fazendo-a engolir uma poção de sono. Ela adormeceu profundamente.


 


No outro dia de manhã ao adentrar o salão ela foi abraçada pelo seu novo “irmãozinho” enquanto os marotos, até mesmo Pedro, tentavam fazê-la esquecer do que ocorrera, o que era muito difícil, ela simplesmente deixara-os pensando que conseguiam o impossível. Mas não por muito tempo, já que o Profeta Diário chegou junto com as corujas, e estampou em sua primeira página os vários ataques sofridos por trouxas.


O mais interessante desses ataques, é que todos os trouxas envolvidos tinham alguma relação com o mundo mágico, ou tinham em sua família um bruxo. Além disso, todos os ataques foram marcados por um grande crânio verde, com uma cobra no lugar da língua, flutuando sobre o local. A notícia talvez não houvesse abalado Maísa tanto como todos esperariam, mas a manteve calada o resto do dia.


Durante muito tempo Sírius e James simplesmente esqueceram qualquer outra forma de sentimento por Maísa que não fosse amizade, e ela não sabia se isso era bom...Ou ruim. A verdade é que os ataques continuavam assustando o mundo bruxo, ela não tinha pais, e não tinha idéia do que faria na vida. Ah, Remo finalmente lhe contara o tal segredo, ele era um lobisomem. Em vez dela ficar chocada com a notícia, ele ficou chocado por ela responder simplesmente:


- E?


- Como assim “e” Maisa? Você ta entendendo o que eu...-Lupin a encarou espantado.


- Sim Remo, você é o melhor aluno de Hogwarts, com certeza vai ser monitor no quinto ano, é bonito, e além disso é especial. Você também é...-Remo calou a boca dela.


- Não fale tão alto.


- Re, você não tem do que se envergonhar, por que isso não se escolhe. E todo o resto da sua vida é perfeita, não é? Então, um defeito que nem é mesmo um defeito... Não tem nada. -ela sorriu amigável.


- Ma, você ta falando sério?


- Re, tem certeza que você me ouviu direito? Eu estou falando que isso não importa, nem a mim nem aos outros. -ela bateu na cabeça dele de leve.


- Ma, sua menininha.


- Epa, você pode ser meu maninho, mas me chamar de menininha é demais. -ela brigou.


- Ta bom... Menininha.


- REMO!- ele saiu correndo com Maísa atrás dele. Ambos rindo.


Demorou até Maísa notar o irmão do Sírius rondando por alí, ela o tinha visto na seleção, e ela não se enganara, ele fora sem piscar pra Sonserina. Felizmente pra ela, entrou também a outra irmã das azedas Black, como ela chamava. Andrômeda, caiu direto na Lufa-Lufa, Sírius murmurou algo como “melhor que a Sonserina pelo menos”, enquanto as irmãs iam ralhar com ela por esse “ultraje à família Black”. Enquanto o irmão de Sírius se juntava a gangue Malfoy, Andrômeda provou ser uma grande garota... Embora muito atrapalhada. Elas ficaram amigas, mesmo tendo dificuldades de se encontrar para conversar.


Mas uma coisa boa tinha acontecido...


- VOCÊ TERMINOU COM A EVANS?-gritou Maísa em pleno café da manhã


- Você precisa espalhar pra toda escola?- disse James comendo uma torrada.


- Eu não acredito!-ela sentou-se novamente de boca aberta - Ela finalmente não vai mais poder te passar na minha cara.


- Não, ela não vai mais... -ele disse baixo e sem olhá-la.


- Mas por que vocês terminaram James?-ela perguntou curiosa.


- Digamos que ela é... -ele abaixou a voz olhando a mesa- Muito...Patricinha


- AHÁ! EU SABIA, VOCÊ IA ABRIR OS OLHOS UM DIA.-ela quase pulava de alegria.


- Maísa, SENTA!- Sírius se levantou e voltou a sentá-la do seu lado- Você não está vendo que o James não está feliz com isso?- Sírius tentou por juízo nela.


- Ah... Mas não foi você que terminou James?- perguntou ela mais baixo


- Foi...


- Então... Ta... Arrependido?- ela o olhou com medo da resposta.


- Não, só estou... Confuso.-ele se levantou da mesa e sumiu.


- Eu falei besteira?


- Você só fala besteira, Ma.- disse Sírius comendo uma torrada


- Ah seu... -ela saltou pra cima de Sírius, derrubando-o do banco, e recebendo olhares de todos- Ahn... Meu brinco caiu- ela sorriu amarelo.


- Você me paga Geller. -ele sussurrou a olhando.


- Tchauzinho!- ela saiu correndo do salão.


 


 


Inacreditavelmente James não havia pego a vaga no time de quadribol... Ela ainda se sentia meio culpada por isso, mas ano que vem ele podia tentar de novo, já que o apanhador escolhido era do sétimo ano, Lílian se recuperara rápido demais pro gosto dela, pois já estava implicando com ela mais que o normal. E o ano passava mais rápido que nunca, em pouco tempo eles já estavam embarcando para casa, dessa vez o destino de Maísa era outro, era a casa dos Lupins. Isso a fez se sentir mal, saber que seu pai não a esperaria na estação, saber que não tinha mais a quem mandar corujas...


- Vamos, Ma.


- To indo, Lupin.- ela sorriu descendo com as malas.


- Deixa que eu levo. - ele pegou as malas e andou até a mãe, ela ainda estava parada na porta da cabine.


- Não se preocupe Ma, a gente vai estar com você. - Sírius a abraçou por trás, e ela não conteve uma lágrima.


- Obrigada Si.


- Não chora ta... -ele colocou o queixo de encontro a cabeça dela- Não posso vê-la chorar.


- Não vou... - ela sorriu- Vou tentar...- ele a virou pra ele, se abaixando um pouco.


- Eu vou estar sempre com você ouviu?- e a abraçou com força, enquanto ela tentava segurar as lágrimas.


- Oh Sírius, larga minha mana aí... Quer encarar um irmão ciumento?-Lupin chegou ralhando.


- Ah vai uivar pra outro lado vai.-zombou Sírius.


- Sírius.


- Eu?- disse ele fazendo cara de santo, então todos riram.


- Vamos Má.-chamou Lupin.


- Tchau Sírius.


- Tchau minha menina.


- Eu não posso te chamar de menina, mas ele pode, né?- disse Remo enquanto iam pra casa.


- É que ele não é meu irmão.- ela deu língua pra ele, e Remo começou a dar uns cascudos na cabeça dela. No volante a Sra. Lupin sorria ao ver o filho tão feliz.


 


 

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