Becos e Confissões



  As férias foram perfeitas, sim sempre seriam perfeitas... Richard Geller fazia o possível e o impossível pra que fosse assim. Ele adorava mimar a filha, miniatura de sua esposa. Ele ainda se espantava como quanto mais ela crescia, mais parecida ficava com a mãe.


Maísa Geller era uma linda garota que estava crescendo, crescendo fisicamente, mentalmente, e em outros setores. Ela se pegava muitas vezes sonhando com os marotos, mas sempre Sírius, Lupin e o ratinho sumiam e ela ficava só com James, os olhos dele penetrando a alma dela, o sorriso encantador, os cabelos despenteados...


 E então ele vinha...Vinha chegando perto dela, quando uma revoada de cabelos ruivos aparecia, uma revoada de cabelos ruivos que mudava toda a cena, ela via, via Lílian e James se beijando. Então acordava no meio da noite, e uma janela sempre explodia.


Isso não era comum, mas ela estava começando a entender o que se passava, ela não era tão burra assim. Sempre as cartas maiores eram pra ele, sempre a cobrança de cartas e fotos, os encontros que ela queria marcar, a saudade. Ela estava se apaixonando...Por James Potter.


Naquele dia Richard achou que a filha estava doente, ora, ela passara o tempo inteiro dizendo a ele que queria ir ao beco diagonal, e encontrar os amigos, comprar os livros, sempre contava quantos dias faltavam, mas hoje...Hoje que finalmente iriam, ela desceu lentamente as escadas, deu um sorriso mínimo e se pôs a mexer nos ovos com bacon.


- Filha, não é hoje que você vai ao Beco?


- É pai, é hoje...- disse ela fingindo animação.


- Então por que essa cara? Eu sei que você quebrou outra janela... Mas não precisa se preocupar...-ele tentou começar a conversa, mas não adiantou muito.


- Eu só não dormi muito bem paizinho, não se preocupe.- ela sorriu, e não convenceu o pai, ali tinha.


Saíram de carro até o caldeirão furado, Maísa havia pedido ao pai para deixá-la lá e buscá-la quando chamasse, ele confiava na menina, apesar da pouca idade dela, então havia aceito. Mas agora...Talvez fosse melhor acompanhá-la, ela estava tão silenciosa durante o caminho.


- Chegamos Maísa.


- Obrigada pai.- ela desceu do carro, beijou o pai e entrou no bar. Nem mais uma palavra.


- O que essa menina tem...?- Richard ficou se perguntando enquanto olhava a frente do bar.


- Olá Tom!


- Olá menina Geller.- sorriu o barman.


- Você pode me ajudar com a passagem? Eu não lembro de cor...-ela  pediu.


- Tudo bem, venha.


  Tom era um cara legal, desde que haviam se encontrado ano passado ele era muito legal com ela. Fora ele que ensinara a passagem naquele ano, mas ela ainda não decorara. Pronto, a passagem estava aberta, ela agradeceu a Tom e entrou no Beco, estava agitado, era um dia antes da partida pra Hogwarts, e estava cheio de alunos da escola.


Ela ia pela rua procurando um corte de cabelos tigelinha, ou cabelos despenteados negros, ou os óculos finos, onde estavam os marotos? Ela simplesmente não conseguia encontrá-los. Ela estava cansada, não dormira mesmo a noite, com medo de ter o mesmo sonho se adormecesse de novo.


- Geller!


- O que...- ela se virou para trás. Não, não era um maroto. Era um menino, usava a capa de Hogwarts, cabelos loiros, pele pálida, lábios finos e ríspidos, olhos azuis frios, Lucius Malfoy.


- O que você quer Malfoy?-ela disse seca.


- Não me trate assim Geller, só vim conversar. -ele sorriu cínico.


- Pelo amor de Merlim, o que você quer?-ela cruzou os braços e o encarou impaciente.


- Levar um murro se continuar aqui. Chispe Malfoy.- Sírius viera por trás de Maisa e encarara o loiro.


- Black, sua prima é muito mais cordial que você .-Lucius sorriu de canto acentuando o "muito".


- Sim, por isso ela está na Sonserina, agora se puder ter um pouco de inteligência, você vai sair daqui correndo.


 Sírius não estava de brincadeira, os olhos negros ameaçavam, davam medo, mas ela não podia ter medo, ele estava abraçando-a por trás, protegendo-a, agarrado a ela como se fosse um tesouro. Ela se sentiu tão bem, tão confortável naquele abraço... Que o mundo acabasse, ela sabia que Sírius a salvaria de qualquer jeito. Ela estava confusa. Por que se sentir assim? Com o Sírius? Se fosse o James, mas...


- Maísa você está bem?-ele cortou seus devaneios.


- Sim Sírius.- ele finalmente tinha soltado-a e olhava-a de frente, abaixando-se um pouco, só então ela notou os cabelos compridos até a altura dos ombros- Virou Punk?- ela sorriu apontando o cabelo.


- Punk?- ele perguntou confuso.


- To brincando. Amei!- ele sorriu, um sorriso que só ele sabia dar.


- E aí marotinha, como você está?-ele disse quase docemente.


- Melhor agora que o Malfoy saiu da minha frente.-ela lançou um olhar de esguelha para onde Malfoy se encaminhara.


- Eu não sei o que minha prima viu nele.-disse Sírius realmente confuso.


- Nem eu!- ela riu.


 Maísa lembrava da prima de Sírius, na verdade das primas, Bellatrix e Narcisa. Andavam sempre juntas, e eram da Sonserina, ela ficara feliz por isso quando as conheceu. Bellatrix tinha cabelos negros, longos, espessos e brilhantes, tinha algo em sua expressão que lembrava Sírius, mas era só isso. O resto dela era puro veneno, nem ela sabia como uma Black podia ser tão...Odiosa.


Aí ela viu Narcisa,a irmã de Bellatrix, e temeu que o mal fosse de família. Narcisa diferente dos Blacks era loira, pele muito alva, cabelos lisos e brilhantes, olhos cinzentos, como se fosse uma névoa a esconder seus segredos. E era extremamente insuportável. Não era a toa que as duas andavam sempre juntas.


Também havia o irmão de Sírius, era mais novo, Regulus Black se não se enganava, Sírius não gostava de falar nele, parecia que os dois não se davam bem, Thiago havia comentado algo sobre Sírius ser a ovelha branca da família. Regulus tinha muitas feições de Sírius, de uma coisa havia certeza, os olhos eram totalmente diferentes. Sim eles eram negros, mas ela não queria ter aqueles olhos sobre ela por mais que um segundo. Ele também iria para a Sonserina, aparentemente chegaria a Hogwarts esse ano, Sírius era o primeiro e único Black a ir para a Grifinória. Ainda bem.


- Maísa, você está me ouvindo?- perguntou Sírius quase rindo.


- Desculpe Sírius, eu estava lembrando da sua família.-ela sorriu sem jeito.


- Não lembre, eu ainda estou tentando esquecer.- ele suspirou e ela soriu.


- Onde estão os outros?-ela mudou de assunto.


- Eu quase esqueci, estão na Floreios e Borrões. Eles devem estar nos esperando.- ele pegou a mão dela e saiu a levando.


Sírius não percebeu que Maísa corara um pouco. Ela estava ainda se perguntando por que seu rosto estava avermelhando, a cinco minutos eles estavam abraçados, então ela começou a corar de verdade. Ela ficava implorando, pare de ficar vermelho, pare de ficar vermelho. Mas o rosto não a obedecia.


- Espere Sírius, eu tenho que ir ao Gringotes.-ela parou de repente.


- Se quiser eu vou com você.-ele se ofereceu.


- Nem pensar Sírius. Você já se exibiu demais com ela. É minha vez.-sorriu James que acabar de chegar.


- Potter!-Sírius disse um pouco espantado, mas com um pouco de mágoa na voz.


- O que foi?- ele perguntou assustado, enquanto ela ria.


- Vamos, eu to com pressa!-ela chamou.


- Sim senhora.- ele abriu um sorriso, fez uma reverência e deu o braço a ela, na maior elegância.


- A gente não demora Si!-ela acenou pra ele.


- Si? Que intimidade é essa?- ele arqueou a sobrancelha.


- Eu amo encurtar o nome das pessoas Jay.- ela riu.


- Vai chamar o Pedro de Pe, é?- ele zombou.


- Esse eu dispenso.- ela fez cara de enjoada.


- Não sei por que você implica com ele.-comentou James enquanto chegavam ao banco.


- Eu não confio nele. Só isso!-ela deu de ombros.


- Está bem. Chegamos.


  Eles entraram no banco, Maísa foi logo entregando a chave do cofre de sua mãe, ficar sozinha com James era bom, mas ela ficava extremamente preocupada com o que faria. Então ela viu a revoada de cabelos ruivos, acompanhada de suas duas amigas. Alice Klaus e Anne O’Connel. Alice não era uma pessoa ruim. Mas andava com Lílian... Já Anne, dessa ela queria distância.


Ela apressou o duende e puxou Thiago, que parecia ter intenção de cumprimentar as garotas, o que ela com certeza não queria que acontecesse. Ele a acompanhou até o cofre meio contrariado, talvez por que percebera a intenção dela. Mas Maísa não queria conversar com o trio patricinha.


  Eles não demoraram, Maísa apenas pegou o ouro necessário para as compras e para passar o ano em Hogwarts, afinal sempre havia os presentes de natal, e dessa vez ela decidira passar o natal em Hogwarts. O pai não ficou muito feliz, mas não reclamou... Muito. Eles já estavam de novo na rua, e para alegria dela, nem sinal da ruivinha.


- Jay, pelo que eu vi nas cartas o Sírius passou o verão com você...-ela comentou enquanto fechava a mochila.


- Ah foi, passou acampado no jardim lá de casa. Apesar dos apelos de minha mãe pra ele entrar e dormir como gente. Mas o Sírius nunca foi gente mesmo. Pelo menos ele almoçava em casa, ou minha mãe ia morrer!-os dois riram.


- Olha lá o pessoal!- ela falou quando viu Remo, Sírius e o rato procurando-os.


- Vem cá!- ele a puxou rapidamente para um beco escuro, onde nenhum dos dois podia ser visto.


- James, por que você fez isso?-ela sentiu um frio na barriga por estar sozinha com ele.


- Porque eu preciso te contar uma coisa primeiro.- ele coçou a cabeça sem jeito.


- O que? -ela disse um tanto insegura.


- É difícil falar isso Maísa- ele parecia mesmo sem jeito.


- Então fala de uma vez!-ela estava quase tendo um ataque, seu coração batia forte.


- Eu gosto de você. Muito!- ele a olhou nos olhos, como no sonho dela....


-  James, mas..-ela ficou branca.


- Shh...- ele colocou o dedo sobre seus lábios- Não pergunte nada agora...


Eles se beijaram, era seu primeiro beijo, seu primeiro amor...E não havia cabelos ruivos roubando-o dela. Não havia mais nada. Foi rápido. James parecia confiante e medroso ao mesmo tempo, ela ainda estava de olhos fechados, sem acreditar que acontecera. Foi um leve encostar de lábios, um beijo inocente e puro. Mas ainda era um beijo, um beijo com James.


 Ela abriu os olhos e ele estava lá, tão real como antes, olhando-a, uma interrogação nos olhos, como se pedindo uma resposta... Ela abriu a boca, e não conseguiu dizer uma palavra, não saía, não ia. Ela estava abrindo e fechando a boca não conseguia falar o que sentia, ela não conseguia...


- JAmes, Maísa, vocês estão aí...SÍRIUS ACHEI!-dise Lupin sorrindo sem suspeitar de nada.


- Oi Remo.- disse Thiago desanimado.


- Oi.- ela conseguiu falar, mas sabia que devia estar vermelha, não fosse o beco estar meio escuro isso seria facilmente visto.


- James, nós...


Ele parou. Não Lupin não havia percebido, não tinha se tocade que ela e JAmes estavam num beco escuro, estranhos e pelo menos rosados. Mas Sírius percebeu, Sírius se tocou, Sírius entendeu o que se passara ou devia ter se passado ali. Por que ele olhou de um pra outro, ainda surpreso, ainda espantado, e ela não gostou do olhar dele. Sírius Black pela primeira vez não estava sorrindo em estar com os amigos, estava com uma expressão... Aflita.


- Sírius, deixa eu te explicar...- começou James.


- Eu vou... Eu vou tomar uma cerveja amanteigada.- ele saiu rápido como uma flecha.


Pettigrew ainda tentou entender algo com aqueles olhos de rato, mas ela não deu chance largou os três marotos e foi atrás de Sírius. Ela não viu quando a cara de James murchou, ela não viu quando Lupin finalmente percebeu, nem viu os olhos de rato a espreitarem com raiva. Não ela não via nada, só via um dos seus melhores amigos se sentindo traído. E ela só pensava em ajudá-lo.


- James, o que...-começou a perguntar Lupin, mas foi cortado.


- O Sírius, por que eu não percebi...-ele bateu a mão na testa se achando tolo.


- Percebeu o que?-Lupin arqueou a sobrancelha.


- Ela gosta do Sírius.- ele olhou a menina que se afastava correndo atrás do seu melhor amigo. Quando cabelos ruivos tamparam sua visão- Lupin, vá com eles, eu tenho coisas a fazer...


- James...-o menino já tinha ido atrás da ruivinha- Ele vai fazer besteira. Vamos Pedro.


- O que?- disse ele sonso


- Vamos!- Lupin riu, indo em direção aos marotos que conversavam mais a frente.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 - Ok,eu sou Maísa Geller. Acho que isso eu ainda sei.


 Ela estava se perguntando se ainda sabia seu nome. Por que ela estava extremamente confusa. Não só por que pela primeira vez ela estava sentada numa cabine sozinha, não só por que Lílian e Thiago andavam juntos de um lado pro outro, mas por que ela simplesmente estava perdida.


Não, ela sabia que estava no trem de Hogwarts, mas o dia que deveria ser perfeito...Foi um caos. Depois de beijar o James, depois de correr atrás do Sírius, ela descobriu coisas que não queria. Sorte que Lupin chegara. Foi mais ou menos assim.


- Sírius, me desculpa, aliás...Por que você saiu assim?-ela estava cansada por correr atrás dele.


- Ma...-o que ela tinha feito, Sírius olhava com ela com os olhos cheios de lágrimas ela abriu a boca mas não sabia o que dizer- Você não fez nada, eu fiz...


- Si...


- Psiu!- ele colocou o dedo indicador encostado nos lábios dela- É sério, eu só fiquei chocado- ele tentou sorrir e foi em vão.


- Desculpa.-ela o abraçou e foi aí que o Lupin apareceu.


- Que dramalhão é esse aqui?-Perguntou o menino sorrindo.


- Que dramalhão aluado?- disse ele rindo.


- Aluado?-ela ergueu a sobrancelha.


- Ah é... Tem uma coisa que você precisa ficar sabendo.-Sírius sorriu para a menina.


- Sírius.


-Tão me escondendo o que?- ela colocou as mãos na cintura autoritária.


- Em Hogwarts, aqui a lua tem ouvidos.-brincou Sirius.


- Sírius!


- Calei, calei.-ele fez uma cruz sob os lábios com os dedos indicadores.


- Cadê o Jay?-ela percebeu q Lupin chegara só com o Pettigrew.


- Fazendo uma burrada.-Lupin deu de ombros.


- Como é?


- Olhe você, se bem que não aconselho.- ele apontou uma cena atrás dela.


 E ela deveria não ter olhado, por que o pesadelo havia voltado. A ruivinha havia roubado-o dela, novamente, como no sonho. Eles se beijavam, e não era um encostar de lábios inocente, não era um selinho...Era um beijo de verdade. Daqueles que se vê no cinema. Sírius viu a cena também, na mesma hora ele a puxou para um abraço.


- O JAmes é um bobo. Não liga pra ele.-ele a segurava com força, por dentro queria matar o amigo. Ela não conseguiu abrir a boca, apenas aceitou o ombro do amigo e chorou, chorou enquanto ele acariciava os cabelos dela.


- Sir..


-Sh...- Sírius não deixou Lupin acabar a frase. Fosse o que fosse, e não o deixou ficar, por que olhou o amigo com cara de: Eu mato o James, dá uma volta, e depois aparece.


 Mas Remo não apareceu, ela foi consolada por quem ela tentara consolar, ela chorava e era consolada por quem fizera chorar. Ele era tão...Amigo, tão fofo, tão bonito, e tão protetor. Por que gostar do James e não do Sírius? Por que?


- Mai...Você ta melhor?-ele perguntou baixinho.


- To Sírius, to...Você é um anjo sabia.-ele sorriu.


- Eu?- ele sorriu- Você que tem cara de anjo, você que é assim... Linda.- ele alisou os cabelos dela sorrindo.


- Vamos às compras?- ela sorriu tentando disfarçar a vermelhidão do rosto.


- Vamos, mas eu não vou sair com um tomate. -ele riu.


- Seu...


E foi assim o dia todo, um dia quase perfeito, Sírius mudava a direção para que ela não visse James e Lílian juntos, apesar deles sempre estarem de alguma forma no caminho deles. E quando chegou em casa e sentou em sua cama, Maísa pegou a foto dos dois amigos sorrindo e lhe acenando. E se ela tivesse acabado com aquela amizade? E se ela tivesse acabado com os marotos?


Ela chorou durante a noite, e chorava agora, se recordando dos seus temores. Se lembrando que num trem que sempre estava abarrotado, ela estava numa cabine sozinha. Ela deitou nas poltrona e fechou os olhos, tentando parar de chorar.


De repente um ruído mostrou que a porta da cabine fora aberta, ela sabia, tinha alguém a olhando... Ela deveria sentar e olhar quem era, mas não queria, não podia, ela apenas se deixou ficar, sendo observada por alguém. A porta se fechou e nenhum barulho foi escutado, Maísa voltou a chorar mais forte, achando que a pessoa já havia ido.


Mas ainda havia alguém com ela, alguém que se deixava chorar silenciosamente, apoiado na porta, olhando a linda menina lá deitada, soluçando. Ele se sentia um idiota, devia ir até ela, consolá-la, fazê-la parar de chorar, e ele sentia, que era tudo sua culpa. Maísa limpou as lágrimas com as mãos, os olhos ainda fechados, os cabelos e o rosto amassado, ela mordeu o lábio inferior e se sentou, os olhos ainda fechados.


Ele sentiu a necessidade de abraçá-la, e a necessidade de sair correndo, como um covarde, é o que ele era, um covarde.


- Sírius?- ela perguntou abrindo os olhos.


Não houve resposta, a porta ainda estava aberta, alguém saíra correndo, esbarrando em várias pessoas, os olhos vermelhos. Ela não viu, ela se sentia mal, olhando a porta se fechando lentamente, sem ninguém ao seu lado, ela se levantou lentamente e foi em direção ao corredor.


- Você viu alguém sair correndo?- perguntou à menina mais próxima.


- Vi. Vi sim, ele saiu que nem furacão.-respondeu a lufana.


- Você viu como era?-ela queria uma pista apenas.


- Hm..Quase não deu, mas tinha cabelos negros.-afirmou a menina solícita.


- Compridos ou curtos?- ela perguntou atenta.


- Não deu pra ver...


Ela voltou para a cabine e se sentou olhando a janela. Sírius ou James estivera naquela cabine. Mas quem? Fosse quem fosse, ela magoara novamente...


 


 


Já fazia uma semana que estava na escola, e ela parecia que ia ter um treco, já vira o que se afastar dos marotos a tornara uma vez, e não queria que acontecesse de novo. Mas já não podia suportar Lílian. Era James pra cá, James pra lá, James beija bem, James é lindo...


- EU SEI DISSO LÍLIAN!-ela explodiu um dia.


-Oh estressada, inveja mata...-ela riu.


- Mata não...- sorriu maliciosa- Eu já provei do mel..


- Como é?- Lílian olhou curiosa, Maísa não ia deixar a briga barata.


- É. Você acha que ele aprendeu com quem?- ela riu, ah se James ouvisse, ela estava morta.


- Você está dizendo...Que você namorou com ele?-a Lílian disse espantada.


- Não. To dizendo que eu já provei dele...Esqueceu com quem ele andava direto?-ela deu de ombros.


- Maísa...- valia ver a cara de Lílian, pasma, derrotada, valia muito...


Mas isso não derrotou Lílian, se Maísa havia provado James primeiro, Lílian se gabava de estar com ele mais tempo...Ou dele estar caído aos pés dela...Os marotos andavam sempre juntos, só que dessa vez a marota estava mais afastada. Sírius não falou o assunto de Lupin, e este não comentou, Pedro não parava de enjoá-la, e James... Simplesmente nunca mais falou com ela.


De resto tudo bem...Ela ainda disputava o posto de CDF da Grifinória, James entrara na briga com Lupin, Sírius continuava adorando acabar com o Snape, e ela adorava ajudar sempre que podia. Só que agora havia o fato de haver testes para Quadribol, e os meninos não falavam em outra coisa.


- Será que eu vou ter que entrar no time pra vocês lembrarem de mim?- ela sorriu, estavam no café, num sábado, na manhã das seleções.


- E vai ser o que?-perguntou Lupin.


- Sei lá, qualquer coisa Re, passa a manteiga Si.-pediu pro amigo.


- O Jay vai ser apanhador, ele é muito bom- Lílian adentrara em seu território mais uma vez, ela não tinha noção do perigo.


- Bom pra ele- disse dando de ombros.


- Maísa vem cá.- James a puxou pelo braço para fora do salão, enquanto ela ainda tentava comer uma torrada.


- O que é Sr. Evans?-ela o encarou.


- Pare com isso.- ele a olhou de forma tenebrosa.


- Como é?- ela arqueou a sobrancelha.


- Pare de me evitar, pare de fingir que eu não estou presente, pare de me odiar.-ele estava muito sério.


-  Já...mes - ela o olhava estupefata- eu não te odeio.


- E o que é isso que você está fazendo? Por que tudo isso?-perguntou ele já exaltado.


- Por que.- ela colocou a torrada inteira na boca enquanto o olhava, esperando uma resposta.Ela engoliu a torrada- Ah James..


- Fala!-ele a encostou na parede a olhando ameaçadoramente.


- Por que a idiota aqui...- aqueles olhos...Aqueles olhos..Não a deixavam mentir...-A idiota aqui te ama.-ela sussurrou.


Ele a olhou, espantado, sem crer no que falava. Se afastou ainda olhando-a, boca aberta, tentando balbuciar algo. Ela olhou os pés interessada, olhou-o, olhou o corredor e correu. Correu como nunca, sem saber aonde ia.


- MA, VOLTA!


Tarde demais, os olhos já deixavam escapar as lágrimas, os pés a levavam a algum lugar, que ela não fazia idéia, e ela tinha ânsia de morrer. Quando se viu estava numa torre, uma torre que nunca vira antes. Era a mais alta de todas, onde ela estava não havia cobertura, se podia ver tudo, Hogwarts inteira. O muro era mais baixo que sua cintura.


- Maísa...


- Sírius?-ela se voltou espantada- Como...Como você sabia?


- Você o ama?-ele disse sério.


- Que?-ela o olhou ainda mais espantada.


- Me diga, você o ama?-a cara dele era de enterro.


- Sírius...-como ela queria dizer que não, que não amava James, que amava o menino a sua frente, que a olhava sério- Eu..Eu..


A cada palavra que ela tentava dizer, dava um passo pra trás, num segundo estava encostada a mureta, sem saída. E ele a olhava, esperando uma resposta, ela queria se voltar e pular de onde estava. O vento soprava, seus cabelos voavam, assim como os de Sírius, ela tateou a mureta, de costas pra ela, e começou a subir nela.


- Maísa, pare, isso é perigoso.-ela sorriu, já de pé na mureta.


- Mas é tão gostoso...-ela abriu os braços e fechou os olhos.


- Maísa!- Sírius correu até ela, enquanto a menina se deixava pender pra trás.


Foi tão rápido, que ela parecia nem ter sentido. Num minuto ela estava caindo da torre, no outro estava nos braços de Sírius, abraçando-o com força. Ele havia tomado-a nos braços quando percebeu o que ela estava fazendo, a abraçava com medo de perdê-la, um medo infantil, um amor infantil, mas com dimensões imensas.


- Sírius, não posso te enganar... Eu..-ela tentava dizer em meio às lágrimas.


- Sh...Eu sei -ele sorriu- Eu também. Eu também amo minha melhor amiga...-ele acariciou o rosto dela.


Ela o olhou, nossa ela só tinha doze anos...O que mais faltava? Talvez fosse melhor ela não ter perguntado. Sua linda coruja Isa apareceu no céu, machucada.


- Isa, mas o que...- ela pegou a coruja, havia uma carta, antes um bilhete


 


[i]Ma,


Me desculpe. Mas acho que vou me juntar a sua mãe.


Beijos seu p[/i]


 


Mas não havia o fim da carta, apenas um risco.Uma lágrima rolou do seu rosto. Um sussurro.


- Pai...-e ela desabou naqueles braços.


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.